quarta-feira, 3 de abril de 2013

ETERNOS BOBOS


                 Uquié uquié é? Anda numa correria maluca prá lá e prá cá, é tomado por um misto de ridículo e loucura nos terreiros de futebola e de axé, trabalha para sustentar gigolôs de religião, politicagem, planos de saúde, axé, futebola e, principalmente, o carro-chefe da gigolotagem que são os meios de comunicação, e que quando não estão brincando é porque estão chorando? Resposta correta: um bobo arrematado. Só bobo teria tal comportamento. A bobagem tomou conta. As pessoas se encontram num estado tão degradante de bestagens, como diz meu amigo Movér, que aceitam indiferentes a permuta criminosa que o governo faz com os meios de comunicação. É uma coisa desgraçada mesmo. O governo repassa enorme quantidade do dinheiro do povo para os meios de comunicação, e estes devolvem com a prestação do trabalho de convencer as pessoas de que elas devem ser tão bobas quanto são. É por isso que há sempre uma televisão onde quer que se vá. A luminosidade dela atrai mais que pêndulo de mágico. Ela faz até o pai e os filhos conviverem harmoniosamente com negociatas de xoxotas. Os meios de comunicação anulam completamente nas pessoas a capacidade de pensar e tirar conclusão. Dois quadros recentes estampados na imprensa mostram a quantas andam as bestagens resultantes do trabalho dos meios de comunicação.

No primeiro quadro aparece um candidato ao único emprego de onde o empregado sai milionário, o de presidente da república, ao lado de um iletrado jogador de futebola. Todo candidato a alguma coisa procura mostrar capacidade de fazer aquela coisa. Entretanto, para quem pensa, a mensagem da propaganda deve ser entendida ao contrário. Deve ser entendida como declaração da continuidade dos governos que priorizam as brincadeiras em detrimento de salvar a vida de tantas menininhas que perdem o futuro por falta do dinheiro gasto com as brincadeiras destinadas a manter o povo incapaz de perceber a realidade existente do lado de fora dos eternos festejamentos que constituem uma verdadeira barreira pela qual não passa a percepção de quase a totalidade dos seres humanos.


Quem espiar do lado de fora do baile vai ver coisas escabrosas. Dá a impressão de estar a sociedade na rota do Titanic, mas, convencida pelos meios de comunicação de estar em rota muito boa. Tão boa que há muita festa. Uma das raras pessoas que observam a vida afirmou que “A propaganda é a arte de explorar a estupidez humana”. Não tem limite o alcance desta conclusão como também não há limite para a estupidez de quem vota num candidato pelo fato de se apresentar ao lado de um iletrado jogador de futebola porque este é o tradicional tipo de político cujo objetivo é o mesmo de sempre: manter o povo num salão de festa que é para não desconfiar de estar sendo enganado. O governo do Ceará está processando o jornalista Ricardo Boechat por ter criticado (como realmente é de se criticar) o pagamento de seiscentos mil reais por um espetáculo de axé, enquanto os cearenses pobres amargam os efeitos de mais uma seca que rende gordas liberações de verbas que fazem com que os responsáveis por elas sejam os únicos empregados que ficam ricos e tão importantes para o povo, que este, em reconhecimento pelo trabalho tão eficiente que não lhe deixa faltar nada do que precisa, constrói memoriais para que tão eficientes e honestos políticos possam perpetuar a imagem da ignorância de quem deseja ser perpétuo.
No segundo quadro, que também transmite mensagem oposta ao que a bestagem permite interpretar, as personalidades são a presidente ou presidenta Dilma e o governador do Rio na cerimônia em homenagem aos mortos que morreram por falta da aplicação correta do dinheiro de prevenir aquele resultado. É por isso que o mesmo atento jornalista Boechat analisou a sena retratada naquele quadro como a de alguém que vai prestar condolência à família de um morto que morreu por sua culpa. Perfeito o raciocínio do jornalista. Quando a presidente ou presidenta entrega a chave do cofre à sanha do colarinho branco como fez ao se reunir com empreiteiros para se aconselhar como melhor gastar os mais de cem bilhões nas estradas e portos, e quando o governador é flagrado em companhia do colarinho branco em alta farra em Paris, a conclusão lógica a que chega quem pensa é a de que nenhum dos dois está preocupado com os bobos que se sentem prestigiados pela presença de quem os infelicita.  
Cada povo tem o governo que merece” é outra frase saída de raciocínio privilegiado. Entretanto, como se vota enganado, como se vota por estar convencido de algo que não é a realidade, como aconteceu quando até as pessoas que pensam votaram em Lula, o fato de se estar certo de estar votando certo quando se está votando errado não justifica ser sancionado por comprar gato por lebre quem não conhece gato nem lebre. Não está certo ter-se de padecer os sofrimentos decorrentes de um mau governo porque ao votar estava-se certo de ser aquele “o cara” ainda que esteja completamente enganado como faz quem vota num candidato por se apresentar ao lado de um iletrado jogador de futebola. Todos os povos merecem ter um governo que use o produto do trabalho de todos em benefício de todos. Esta é a única maneira de se viver em paz e com a dignidade que merece todo ser humano. Se nosso governo é o contrário do que deveria ser como provam os gastos em festas e as menininhas mortas por falta de dinheiro, atitude de não bobo seria trocar tal governo por outro que gaste o produto de trabalho de todos em benefício de todos.
Uma destas raras pessoas que pensam também deixou o resultado de uma importante conclusão na seguinte frase “Aquilo de que você se arrepende de ter feito no passado não carece seu arrependimento porque por aquela ocasião você era outra pessoa”. Desta afirmação se conclui que aquele que faz algo de que vai se arrepender é porque não sabe o que está fazendo. Ninguém praticaria conscientemente atos danosos a si próprio. Quando, entretanto, inconscientemente, pratica, produziu para si mesmo o sofrimento futuro causado pelo arrependimento. Se o sofrimento resultante daquela prática fosse sentido de pronto, certamente seria evitada a prática. Caso os garotos e garotas barulhentos e barulhentas sentissem imediatamente os efeitos maléficos que os cientistas da ONU afirmam provir do barulho, é certo que eles teriam outra atitude. O inocente que conduzia uma moto que me ultrapassou na estrada da Barra e cujo zumbido me incomodaria por mais tempo antes de tomar distância se eu não fechasse os vidros completamente, tivesse aquela inocente criatura visão de sua pessoa no futuro, só continuaria daquele jeito se fosse muito bobo porque atrair sofrimento é papel de bobo. Como o povo não sabe o que está fazendo, procede como bobo e faz coisas das quais haverá de se arrepender como se arrependerá um dia de ter sido incapaz de aprender as lições que nos dão diariamente os doutores do saber. Quem estiver a fim de saber que a presença do governador do Rio na cerimônia não representa sentimento de solidariedade poderá ter uma excelente lição na coluna do jornalista Alex Ferraz no jornal Tribuna da Bahia do dia 28/3/2013. Entre as provas do “real interesse” pelo povo demonstradas pelo governador, há na matéria de Alex Ferraz o seguinte: “...ele esteve, no último sábado, quando as chuvas mais que previsíveis arrasavam os morros do Rio e matavam dezenas, no Madison Square Garden (foi fotografado lá), com o filho, onde, entre lautos goles de cerveja, assistia a uma partida de basquete”.
Como essa prosa já está uma prosa, fica aqui o meu inté.  Se algum infeliz acompanhou estas bestagens até aqui, pode estar certo de novas bestagens depois de devidamente recompostos os sacos de quem vê e de quem apresenta.
 

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