quinta-feira, 23 de abril de 2015

ARENGA 106



Tirando fora o cabresto da religiosidade, a bíblia é um livro de história cuja leitura revela a intenção dos historiadores bíblicos de manter a humanidade em nível mental correspondente ao das crianças. Mas eles se enganaram ao supor que a falta de discernimento fosse durar eternamente, coisa que não se verifica na prática porque ainda que mais lentamente do que devia, é inevitável à percepção humana adquirir algum conhecimento ante a realidade dos fatos que o cercam, de modo que aos poucos este conhecimento vai desnudando as trevas da ignorância alimentada pelas mentiras que vem iludindo os crédulos em sua inocência de criança, a quem se engana facilmente. A cada dia cresce o número dos que percebem ser a realidade bem diferente da que nos é apresentada pela religião e pela política, os dois polos de cultura que decididamente conduz a humanidade, mantendo-a em erro por interesse daqueles que conseguiram ocupar posição cômoda na sociedade em não querer compartilhá-lo com os demais. É um modo perverso de comportamento num livro que se propõe pregar o amor e a sabedoria, quando, na realidade, faz com que os que ficaram de fora das benesses que o dinheiro pode dar, convencendo-os através de mil artifícios ser melhor aguardar para depois da morte a conquista de alguma comodidade lá no céu. É muito difícil compreender o que se passa na cabeça de alguém convencido da existência de um lugar no espaço onde a vida continuasse. Felizmente, entretanto, já não são poucos os que desafiam esta farsa e desnudam sensatamente as mentiras que por séculos vem mantendo a humanidade distante da busca pela verdade. Se de um lado a religião convence da comodidade celeste, por outro lado, a política convence da necessidade de possuir muitas coisas como recurso para ter comodidade. Mas, a cada dia, mais pessoas percebem o papelão de inocente útil desempenhado por quem vive em meio a parábolas, milagres, santos, demônios, pecados, orações e igrejas, desperdiçando o dinheiro de comprar comodidade para sustentar um sem número de gigolôs da religião e da política. São nocivas à sociedade as pessoas que deixam de acreditar na verdade visivelmente materializada de que o bem-estar depende da boa aplicação dos recursos públicos, havendo necessidade de fiscalizar sua aplicação, apegando-se, ao contrário, em vez dessa atitude socialmente salutar, na mentira de que o bem-estar depende de observar as recomendações bíblicas. Inúmeros são os casos de superação dos sofrimentos oriundos do manancial de males com os quais a natureza nos castiga, desde quando se pode contar com os recursos provenientes do desenvolvimento científico, mas nunca se viu ninguém curado de um câncer ou tumor no cérebro através de oração. Só há uma explicação para tudo isso. Ela se chama IGNORÂNCIA porque o ignorante sofre mais os efeitos da maldade humana em sua boa fé de ignorante como se percebe olhando para a frequência nas igrejas, no axé e no futebola.


É necessário bradar contra a religiosidade com a mesma persistência com que o ferreiro malha o ferro à exaustão. É extremamente necessário montar uma OPERAÇÃO IGNORÂNCIA ZERO para eliminar o maior entrave a impossibilitar o avanço da verdadeira espiritualidade, aquele sentimento de solidariedade humana inexistente nas histórias bíblicas manchadas de sangue, escravidão, ouro, prata, bronze, rebanhos imensos e terras que não acabam mais, enfim, tudo que é contra a paz e o sossego, culminando na maldade suprema de ensinar a caridade em vez da dignidade. O conhecimento do mecanismo de funcionamento da vida social foi alcançado pelos Grandes Mestres do Saber. Mas como só por acontecimento fortuito alguém toma conhecimento de seus ensinamentos, a quase totalidade dos seres humanos vive dentro da previsão de infantilidade mental feita pelos historiadores que escreveram as histórias da bíblia com o intuito perverso de manter o sistema desumano em que muitos trabalham e poucos desfrutam. Eles representaram em sua época o mesmo papel hoje desempenhado pelos escritores grã-finos também buscando defender um lugar ao sol na sociedade. Como não há lugar ensolarado que caiba toda a humanidade, os que estão a gosto distraem os demais com Papai Noel e festas de Páscoa que todo ano mata centenas de idiotas em acidentes, razão pela qual devem ser punidos os pais que iniciam as crianças nesse mundo de falsidade e morte, eliminando nos jovens a capacidade de dar azas à inteligência porquanto a religião ensina a desnecessidade de raciocinar sobre as coisas de Deus. Como dizem os pobres coitados que Deus está em tudo, arredondaram a regra e não pensam em nada. Apenas acatam o que lhes é dado a conhecer ainda que em circunstâncias inaceitáveis de analfabetos contradizendo cientistas. Enquanto um analfabeto portando uma bíblia debaixo do sobaco garante que se pode ser o que quiser através do livre-arbítrio, o filósofo Aldous Huxley diz na página 12 do seu complicado livro Admirável Mundo Novo, que os seres humanos são dotados de livre-arbítrio para escolher entre a insanidade e a demência. Esta observação do Mestre do Saber confirma outra que diz decorrerem da ignorância todos os males da humanidade. Com efeito, só pode ser insano ou demente quem persiste no erro de conduzir sua vida para um caminho no qual aumentam os sofrimentos à medida que se caminha. A política de desbaratamento da riqueza pública, os tornados, furacões, enchentes, cheias, secas, o incremento das doenças e o fantasma da fome e da sede a rondar, absolutamente nada significa para os obcecados frequentadores de igreja que encontram sabedoria na bíblia.


Não há outro modo de encarar as histórias bíblicas submetidas ao crivo da razão senão como pura infantilidade ou histórias da carochinha. É totalmente desprovido de capacidade mental quem nada encontra de estranhável na narração encontrada em Mateus, 3: 16, ou Marcos, 1: 10,11, ou Lucas, 3: 22, segundo a qual Deus desceu das alturas na forma de uma pomba, ao tempo em que uma voz poderosa anunciava que Cristo era Seu filho. Tá certo um negócio desses por acaso? Certa vez um padre me disse que os mistérios de Deus devem ser aceitos sem maiores cogitações a respeito, prova de ter por escopo tal afirmação a idiotização dos frequentadores de igrejas. Não tem cabimento Deus virar pomba porque a Ele só se refere como masculino, caso em que não poderia ser uma pomba. Quando o padre disse que os mistérios de Deus não devem ser questionados, livrou-se de tentar o impossível de explicar o motivo pelo qual Deus faz tantos arrodeios. Ora conversa de dentro de fogo ou de nevoeiro, ora como pomba. Pregador algum no mundo será capaz de convencer a quem pensa haver justificativa para o fato de ter deixado Deus de usar seu superpoder e passar a mandar que os humanos se encarregassem das coisas que Ele queria fazer. E como seria que um pregador explicaria o fato de Deus aprovar a escravidão e gostar de sangue de gente e de bicho, além de matar crianças? Que bondade ou sabedoria demonstra Deus ao matar o pobre Uzá (Samuel, 6: 6 – 8), em troca da presteza com que o pobre coitado agiu em defesa da arca?


Como há tempo para cada coisa, como diz a própria bíblia, é chegado o tempo de se perceber que a religiosidade não presta prá nada e que é bobagem empregar nela recursos suficientes para proporcionar o bem-estar inutilmente buscado nos templos suntuosos. Todos os templos do mundo são inúteis e deviam se mirar no espelho do suntuosíssimo templo de Jerusalém, cujo custo pode ser conhecido pedindo ao amigão Google “templo de salomão”, tendo aquela suntuosidade se prestado apenas para gerar outros gastos para ser derrubado e mais outros para ser consertado. Para esperança de quem almeja uma sociedade civilizada, as entidades constituídas de ateus ganham adeptos entre a juventude que não tira zero na prova do Enem. Com o título FILHOS DE PAIS NÃO RELIGIOSOS TEM VALORES ÉTICOS MAIS FORTES, pode ser vista na internete a seguinte matéria: Um dos argumentos mais comuns aos que defendem a religião na vida de uma criança é que a fé ajuda a desenvolver fortes valores morais e éticos. Mas pesquisa da universidade do sul da Califórnia – O Longitudinal Study of Generations (Estudo Longitudinal de Gerações) -, que mapeou a relação entre a religião e a vida familiar na população norte americana por 40 anos, revelou que pais ateus tem conseguido melhor desempenho do que as famílias ligadas a alguma religião. Além disso, segundo o estudo, quando esses adolescentes tornam-se adultos, eles tendem a apoiar a igualdade feminina e os direitos dos gays, ser menos racistas, menos autoritários e em média mais tolerantes que os religiosos”. Aí está um comportamento de americano que os brasileiros como seu papel carbono deviam imitar e poupar seus filhos do aprendizado prejudicial da existência de Deus, ensinando-lhes, em vez disso, a terem por princípio, acima de tudo, o respeito à dignidade própria e alheia. Mas a notícia sobre a desvantagem da religiosidade também diz o seguinte: Os “nones” – como são conhecidas as famílias seculares e, de forma geral, as pessoas que não se identificam com nenhuma religião – estão em ascensão nos EUA e já representam um terço dos adultos com menos de 30 anos. No Brasil, essa parcela da população cresceu 580% nos últimos 30 anos – saindo de pouco mais de 2 milhões em 1980, para mais de 15 milhões de pessoas em 2010”.


A situação de calamidade em que se encontra a humanidade tem sua origem em coisa completamente diferente do pecado de adão. Procurar por ela em outro lugar que não na igreja dará melhor resultado tanto para quem faz pose na revista Forbes quanto para quem esmola na sarjeta. Inté.


 


 


 


 


 


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