Na introdução do livro 1889 o
historiador Laurentino Gomes observa que as comemorações da Proclamação da
República do Brasil são tímidas se comparadas com as comemorações à Declaração
de Independência. Frisa que os estudantes brasileiros titubearão na resposta à
pergunta sobre quem foi Benjamim Constant ou Quintino Bocaiúva ou Rui Barbosa
ou Deodoro da Fonseca ou Floriano Peixoto, figuras que dão nomes a ruas e
praças pelo país afora e que tiveram influência decisiva para a mudança de reinado
para república. O historiador conclui seu pensamento a respeito do pequeno
entusiasmo em relação à mudança de reinado para uma república mal-amada pelos
brasileiros. Observando a sensatez na recomendação de Machado de Assis para se
apurar bem apuradinha uma informação antes de acatá-la como verdadeira, e usando
deste proceder em relação às observações do historiador, conclui-se que
comemorar a Proclamação da República ou a Declaração de Independência têm a
mesma falta de sentido que tem a fracassada sugestão saudosista do atual governo
reacionário dependente de consultas ao oráculo para que fosse comemorado o
golpe militar de triste memória que o governo americano mandou os militares
brasileiros aplicarem contra os brasileiros e que tanto mal fez a este belo
país de tristíssima sorte. Chegou-se ao cúmulo do antipatriotismo do governo
“revolucionário” deixar a cargo do governo americano através do acordo MEC/USAID
o direito de fazer o programa educacional da juventude brasileira, resultando
desta aberração o amor roxo dos brasileiros pelo “American Way of Life” que os
impede de morrer antes de fazer compras em Me Ame, festejar o Halloween e
nominar em inglês seus estabelecimentos comerciais. Numa geringonça de vender
água de coco verde na rua Francisco Santos se lê FAST COCO.
Se o Brasil fosse independente suas
autoridades não teriam de estar a correr frequentemente para os Estados Unidos a
tomar a bênção e beijar a mão do presidente americano ao qual entregou um
pedaço do Estado do Rio Grande do Norte denominado Base de Alcântara,
localidade de onde se pretendeu participar da ridícula exploração do espaço
sideral lançando um foguete que pipocou assim que foi encostada a brasa no pavio. Como ridículo é o
quente por aqui, entregou a localidade ao patrão Donald Trump para que, como
disse ele mesmo, economize muito dinheiro na palhaçada de explorar o espaço em
vez de cuidar do planeta Terra. No que diz respeito à República, não há também
o que comemorar porque o conceito de república envolve a ideia de coisa
pública, de uma organização social onde absolutamente todos tenham acesso às
benesses que os recursos públicos possam patrocinar. Sendo assim, merece
comemoração, por acaso, uma república na qual a riqueza do país serve apenas a parasitas
aboletados em palácios e seus chefões, os ricos donos do mundo? Não sendo
independente e nem de fato republicano, não há realmente o que comemorar porque
infelizmente nenhum destes dois fatos históricos encontram respaldo na
realidade.
Por outro lado, o historiador
ameniza o desconhecimento dos jovens brasileiros sobre a história de seu país
quando afirma que os estudantes demorariam a responder sobre figuras
importantes da Proclamação da República. Na realidade, os estudantes não demorariam
a responder porque eles simplesmente não saberiam responder. E não saberiam por
serem burros. É que o sistema educacional do sistema capitalista tem por
objetivo emburrecer os jovens tornando-os mais interessados no resultado do exame
de urina do jogador de futebola do que no futuro dos seus filhos. Daí a declaração
de inimizade a Paulo Freire feita pelo governo atual chefiado por um militar em
cujas mãos um revólver ficaria melhor do que uma caneta. Aculturados os jovens
jamais, ficam as coisas ao saber dos malandros da política porque nada mais
conveniente a malandros do que ser indiferente à malandragem. Como o método de
ensino proposto por Paulo Freire sugere incentivar nos jovens a capacidade de
raciocinar, e como raciocinando chega-se à conclusão de estar tudo errado, e
como ao se descobrir estar tudo errado acaba a festa dos parasitas que vivem
mil mordomias custeadas pela juventude afastada de conjecturas deste porte pelo
pão e circo que transforma brutamontes intelectuais em celebridades, então,
excomunga-se Paulo Freire por representar a possibilidade de se tornar o fim da
malandragem dos malandros.
Uma vez capacitados os jovens a
raciocinar por si mesmos em vez de serem teleguiados pelas ordens vindas dos
meios de comunicação, teriam a lucidez temida pela cultura capitalista forjada
nas Harvards do mundo, organismos diabólicos que apesar de não dispensarem a
imagem de Cristo nas paredes, destinam-se a transformar pessoas inteligentes em
fantoches propagadores da infâmia de ser a competição a melhor forma de se
viver em sociedade. São exemplos perfeitos desta farsa o feioso Henry Kissinger
e o Secretário de Estado Americano da cara de cavalo John Kerry diante do qual
Michel Temer e José Serra posam ridiculamente embevecidos e subservientes como Abrão
diante de deus dentro do fogo que queimava a erva que não se queimava. É, ou
não ridículo o babaovismo destas duas tristes figuras? É entristecedor que a
juventude de um país tão exuberante como o nosso aceite ser representada por
pessoas desprovidas de amor próprio.

Mas a tristeza é suplantada pela
convicção de que a evolução natural à qual nada escapa, inclusive o
discernimento, por mais que demore trará à massa embrutecida de jovens
alienados apreciadores de “celebridades” e “famosos” de merda perceber o engodo
em que foi envolvida, induzida a botar fé em proteção divina e palavra de
políticos em vez de ter fé em si mesma. Dia chegará em que a juventude será
capaz de alcançar o sentido do que disse Paulo Freire quando afirmou que A
CLASSE DOMINANTE BRASILEIRA JAMAIS ACEITARÁ QUE AS MAIORIAS SEJAM LÚCIDAS”.
Então, juventude, vai permanecer eternamente de boca aberta enquanto ideias
bolorentas lhe induzam ao erro de considerar inimigo quem na verdade é amigo?
Marx por exemplo, inimigo para as ideias bolorentas, mostrou-se um grande amigo
ao advertir os filósofos de que eles se limitam a analisar o mundo, quando o de
que se necessita é modificar o mundo. Só há lucidez nesta afirmação porque
realmente precisa ser modificado um mundo no qual seus líderes, como disse
Maquiavel, precisam esconder a verdade de seus liderados através de uma
educação, além de sede de riqueza, ensine religiosidade cujo ridículo pode ser
visto nessa passagem bíblica de Êxodo 21:32 “Se um boi chifrar um escravo ou
uma escrava, dar-se-ão trinta siclos de prata ao senhor dos escravos, e o boi
será apedrejado”. A vida está a carecer de racionalidade. Inté.