quinta-feira, 30 de outubro de 2025

ARENGA 855

 

Os livros de filosofia são unânimes em afirmar que filosofar nada mais é do que meditar para chegar a conclusões. Mas se é assim, e é assim que é, as conclusões a que chegaram os filósofos em suas meditações não tinham como não têm por objetivo a preocupação com a qualidade de vida dos estúpidos seres humanos uma vez que nenhuma meditação já foi direcionada no sentido de aprimorar o comportamento destes seres levados intencionalmente à bestialidade capaz de superar a brutalidade das feras que se matam é porque a natureza lhes deixou esta condição de sobrevivência. Por vezes e apenas por vezes se contra alguma referência como a de Sócrates relacionada à qualidade de vida na afirmação de que a vida não refletida não vale a pena ser vivida. Mas, há alguém que reflita sobre a vida? Esta observação do filósofo não é observada por ninguém, principalmente pela juventude que tem o poder de mover montanha, mas que justamente por causa desse imenso poder precisa ser envolvida no pão e circo a fim de não perceber a realidade de completos idiotas que a envolve e que não deve aparecer uma vez que para bancar o idiota é preciso desconhecer esta realidade. A esse mesmo respeito disse Honoré de Balzac haver duas histórias a que nos contam, uma história mentirosa e falsa e outra história, a verdadeira, onde se encontra a realidade dos fatos.

A falsidade da primeira história mencionada por Balzac pode ser percebida por quem aprendeu as lições que a vida dá de graça. São exemplos desta falsidade e podem ser percebidos de várias maneiras desde que não se esteja submetido à idiotia do comportamento infantil de adultos que tiveram fixada no cérebro tamanha importância às brincadeiras que chegam a se matar em função do resultado de determinada brincadeira.

Se os bares estão cheios de homens vazios como disse o poeta Vinícius de Morais, estes homens vazios só demonstram interesse por assuntos também vazios de alguma importância no que concerne à vida. Jamais passaria pelo pensamento dos homens vazios o porquê da grande importância das tais celebridades e dos tais famosos, pessoas tão destituídas de capacidade meditativa que assim como os homens vazios também se acham realmente merecedoras do valor e da riqueza que o pão e circo lhes dá para utilizá-los como chamarizes que desviam dos homens vazios o interesse pelo futuro de seus filhos cujo destino é se tornarem também vazios.

 

arenga 854

 

Diz o historiador que a indiferença das autoridades francesas ao desmantelamento da política resultou na grande revolução começada em 1789 e que terminou com o surgimento de um baixinho encapetado que, como diz o mesmo historiador, sua falta de escrúpulos o talhava para ser bom político. Nosso momento político só não é igual porque a diabrura dos baixinhos daqui resulta nos Anões do Orçamento. Mas há muita semelhança.

Depois de sempre terem sido indiferentes, coniventes e promotores do desmantelamento da política, permitindo que os criminosos sem direito de exercer esta profissão chegassem a açambarcar o poder de também cobrar impostos da população e formar como forma o Estado imensa riqueza, vendo-se desprestigiadas as autoridades, sobretudo correndo o risco de perderem a doce vida para os bandidos, resolvendo acabar com a concorrência que as ameaçava e mandaram um monte de policias baixar o cacete prá cima da bandidagem, resultando num tremendo alvoroço da papagaiada de microfone em torno da morte de cento e vinte e duas pessoas durante os dois dias de conflito quando se sabe que no Brasil a cada dia são assassinadas mais do que isso, entre as quais trabalhadores e pessoas também honestas e cumpridoras do dever de cidadão.

O certo é não haver motivo de espanto ante a desarrumação da sociedade humana em qualquer parte do mundo se é impossível haver uma igualdade de opinião no sentido de que todos devem ter direito a uma vida digna. Portanto, havendo indiferença quanto à qualidade da vida social, impossível será não haver situações como a atual. Daí, talvez, quem pode dizer não ter razão a turba ignorante, festiva de lavadores de escadas de igreja, comedores de hóstias e admiradores de “famosos” e “celebridades”?