terça-feira, 6 de outubro de 2020

ARENGA 449

 

O homem primitivo, ao relento, quando descobriu que podia pensar, seu pensamento era tão curto quanto o pensamento do atual elemento asqueroso povo, que precisa ser enjaulado para não cometer desatinos. O primeiro pensamento do primitivo foi sobre como se proteger dos perigos que lhe representavam os fenômenos naturais. Pensou, depois, como ainda faz o povo, que uma proteção podia lhe ser dada de bandeja, vinda de alguma entidade superior a eles. Primeiro, pedia a entidades que pensou morar nas montanhas, nos rios, nas pedras. Depois, como o tempo convence mais que a razão, como lembrou Thomas Paine, foi convencido pelo tempo de ser aquilo uma bobagem e mudou de bobagem. Passou a pedir proteção a espíritos de pessoas que se em vida foram capazes de atos de grandeza, depois de ter morrido, então, seriam muito mais capazes ainda. Mas, da mesma forma, foram convencidas pelo tempo de também ser bobagem e novamente mudaram de bobagem. Desta vez, inventou uma entidade com a mesa forma de si mesmo a quem uns se dirigiam chamando de deus, outros de tupã e de jeová. Mas acontece que novamente incorreram em bobagem porque deus, o próprio, de dentro dum fogaréu (Êxodo 3:2) disse a Moisés que o nome dele era Eu Sou (Êxodo 3:14). E até hoje, embora com outros nomes, o homem espera que Eu Sou, lhe proteja, sem ter ainda pensado que ele não precisa de outra proteção senão de si mesmo.

Depois de ter aprontado o máximo que a insensatez permite e inviabilizado a própria vida, encontra-se a humanidade dividida em dois grupos de espécimes do elemento reles de povo. O primeiro, constituído de um punhadinho de nada de reles gatos pingados, assenhoreou-se de toda a riqueza do mundo para fazer bonito na revista Forbes. O outro grupo, constituído do resto da humanidade não menos reles, expurgada dos gatos pingados do primeiro grupo, produz a riqueza e a transfere rápido para o primeiro grupo como se tivesse nas mãos uma batata quente. Tendo se livrado dela, festeja a pobreza porque estará a cavaleiro ao lado de Eu Sou enquanto os ricos, no inferno, verão o que é bom prá tosse.




 

 

 

 

 

 

 

        

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