“A respeito dos embustes dos milagres, frutos tanto da indisposição em raciocinar quanto da incapacidade de superar a crendice da qual resulta o medo da infundada ameaça do pecado, o filósofo Robert Green Ingersol levanta a interessante questão a respeito de milagres: Se Cristo tinha por objetivo provar o poder de deus, nada mais precisava fazer do que se apresentar perante seus algozes depois de ressuscitado, trazendo consigo Lázaro e o filho da viúva também revividos depois de mortos. Desta maneira, teria calado definitivamente os opositores visto ser inteiramente impossível contestar um poder capaz de trazer mortos de volta à vida. Como é a enganação a base da religiosidade, ela não admite raciocinar logicamente sobre seus alegados mistérios porque se eles forem encarados sem o tapa-olho da crendice mostrar-se-ão sem fundamento algum. Veja-se, por exemplo, que nenhuma lógica há na exigência de deus em ser amado (Lucas 4:8 – Salmos 100:2 – 150:1,6) porque o amor não pode ser uma obrigação, exigido, imposto, é espontâneo. Da mesma forma, o porquê de deus gostar de sangue e pedaços de animais esquartejados (Gênesis 15:9), (Êxodo 29: 20,21,22). E Nem se pode explicar como podia deus, apesar de onisciente, não saber que ia dar errado a criação dos homens para que viesse depois se arrepender de tê-los criado e afogá-los no dilúvio, se o arrependimento só acontece porque se desconhece o resultado do ato a ser praticado. Na baboseira do livre arbítrio, então, a inconsequência aflora pelos poros ante o raciocínio de não haver outra via para merecer as graças divinas senão puxar o saco de deus. Não há limite para os contrassensos da religiosidade. Raciocinar sobre o que diz Allan Kardec, de que a bondade de deus não permitiria que ele criasse o mal, sendo este, portanto, criação do próprio homem, leva à conclusão de ter o homem imposto sua vontade sobre a vontade de deus. A ser desse jeito, se deus não queria o mal e o homem o quis e pôs em prática é porque o homem se impôs à vontade de deus, o que é inaceitável para quem como Alan Kardec pensa que deus existe.”
Com alguma diferença que não altera o
sentido, este foi um comentário que fiz sobre matéria publicada no jornal Le
Monde Diplomatique Brasil onde havia referência ao milagre da ressurreição de
Lázaro, mas que foi censurado porque na cultura capitalista, como bem observou Orwell, a verdade representa ato revolucionário. Como revolução implica em mudança, o que não interessa aos ricos donos do mundo, não se pode falar a verdade.
Decorrem coisas do arco da velha em consequência da necessidade de esconder a verdade. Se a humanidade fosse capaz de raciocinar sobre as informações nas quais fundamenta seu comportamento descobriria ser vítima de ludíbrios que se evitados muitos sofrimentos deixariam de existir.
Não questionar é contraditório com a capacidade de raciocinar. Por não raciocinar é que se dialoga com estátuas, compra feijão santo,
água milagrosa e se festeja quando o momento exige muita cautela face às perspectivas negativas de futuro.
Não se pode deixar de questionar o fato de jovens aculturados serem alçados às alturas na estima coletiva por habilidades esportivas enquanto pensadores que contribuem com o desenvolvimento civilizatório do homem são ignorados e mesmo perseguidos a exemplo de Marx, Paulo Freire e tantos outros. Da mesma forma, ser a única preocupação dos seres humanos em relação à atividade de viver resumida ao aspecto material e de forma tão equivocada que torna o meio ambiente impróprio à vida para construir riqueza se para viver bem não não é preciso riqueza. Nem se deve negligenciar a realidade vivida de aparatos destinados a cultos religiosos, gastos astronômicos em armas quando basta observar o ensinamento de Cristo e dos Grandes Mestres do Saber para se concluir serem totalmente desnecessários. Nem se deve deixar de questionar porquê de ter a população de bancar de desembolsar imensas fortunas além do custo para enriquecer quem lhe fornece as coisas necessárias como águe, luz, moradia, remédios etc. Nem se deve ignorar o erro existente em deixar a juventude por inocência encarar a velhice como algo repugnante que não lhe acontecerá jamais.
É por não pensar que a vida humana não difere da vida de bicho na qual inexiste atividade mental. Nem intelectuais deixam "escorregar" pelo fato de não pensado melhor sobre o que diz. Ana Cláudia Quintana de Arantes, por exemplo, no livro A Morte É Um Dia Que Vale A Pena Viver, Pág. 88, diz que o amor é que traz alguém à vida, quando o que traz alguém à vida é o relacionamento sexual que independe de amor como acontece no estupro e entre os bichos. Também em equívoco por não ter meditado incorreu Abrão em Êxodo 32:22 ao afirmar ser o povo propenso ao mal, o que não é verdade. Segundo mestre Platão, o comportamento do adulto resulta da orientação dada à criança pela educação. Aqui, sim, explode a sabedoria. O povo poderia ser sábio e bom se tais sentimentos lhe fossem ensinados em criança. Se é mau, como é, deve-se a não aprender quando criança os sentimentos de nobreza de espírito e a necessidade de tratar os outros do jeito que queremos ser tratados como ensinado por líderes verdadeiros como Cristo, Marx, Paulo Freire, entre outros.
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