Se ninguém deixa de saber quem é Pelé, Maradona e
outros que tais, poucos sabem quem é Platão, Aristóteles, Voltaire e outros que
tais. Por isso é que depois de uma noitada de orgia carnavalesca uma foliona
exclamou: Ah! Nada como o amor platônico! Os alienados dos assuntos políticos
são a quase totalidade dos seres humanos. O filósofo Bertold Brecht denominou essa
gente de analfabetos políticos e a eles atribuiu a culpa pelos males do mundo. Por
que teria o filósofo dito isto? Seguinte: na democracia é a maioria que decide
quem vai ser as autoridades que às quais recairá a responsabilidade de decidir
o futuro do mundo. Se a maioria é tão desprovida de conhecimento político a
ponto de dar crédito a quem só merece descrédito e descrédito a quem merece
crédito, o resultado é atribuir poder a pessoas com maior capacidade de
convencer por meio do ópio colorido da televisão ser a pessoa ideal, não
obstante a realidade de ser um espertalhão.
Moisés Naim, no livro O Fim do Poder, define
poder como capacidade de conseguir que os outros façam ou deixem de fazer algo.
E não é que é exatamente o que fazem os ajuntadores de riqueza e as autoridades
seus comparsas? Daí que a democracia não pode merecer o endeusamento que lhes
atribuem políticos, cientistas de politicagem e papagaios de microfone pela
simples razão de caber à maioria a decisão de eleger candidatos, e, como se
sabe, sendo a maioria absoluta dos seres humanos feita de pessoas desprovidas
de conhecimento, mormente nos países mais atrasados, tais pessoas são
facilmente iludidas por espertalhões. Daí ter o filósofo denominado estas
pessoas de analfabetos políticos. Quanto a atribuir a elas os males do mundo é
que tendo em vista que os males que afetam a humanidade são na maioria causados
pela má política e sua malversação do dinheiro público, resulta daí e com razão
atribuir aos que votam mal os males da humanidade.
Encarar sem preconceito os acontecimentos que nos
envolvem levam à conclusão de estarmos no caminho errado. Como os pais orientam
os filhos a seguirem pelo caminho errado que eles seguiram, a continuar assim
eternizar-se-ão os desmandos, as mentiras, falsidades, sofrimentos e
infelicidades. Se as guerras demonstram irracionalidade, a existência delas também
no livro que para o povo é a palavra de deus, a bíblia, confirma a realidade de
se viver tão enganadamente que até pessoas de saber requintado incorrem no erro
de recorrer à divindade em busca de algo. Castro Alves, por exemplo, em louvável atitude de protesto contra a escravidão, ao bradar “Ó
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?” se enganou totalmente porque o deus
a quem ele apelava aprova a escravidão conforme vários versículos da bíblia,
inclusive muitos parágrafos do capítulo 21 de Êxodo.
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