segunda-feira, 20 de março de 2023

ARENGA 668

 

Se ninguém deixa de saber quem é Pelé, Maradona e outros que tais, poucos sabem quem é Platão, Aristóteles, Voltaire e outros que tais. Por isso é que depois de uma noitada de orgia carnavalesca uma foliona exclamou: Ah! Nada como o amor platônico! Os alienados dos assuntos políticos são a quase totalidade dos seres humanos. O filósofo Bertold Brecht denominou essa gente de analfabetos políticos e a eles atribuiu a culpa pelos males do mundo. Por que teria o filósofo dito isto? Seguinte: na democracia é a maioria que decide quem vai ser as autoridades que às quais recairá a responsabilidade de decidir o futuro do mundo. Se a maioria é tão desprovida de conhecimento político a ponto de dar crédito a quem só merece descrédito e descrédito a quem merece crédito, o resultado é atribuir poder a pessoas com maior capacidade de convencer por meio do ópio colorido da televisão ser a pessoa ideal, não obstante a realidade de ser um espertalhão.

Moisés Naim, no livro O Fim do Poder, define poder como capacidade de conseguir que os outros façam ou deixem de fazer algo. E não é que é exatamente o que fazem os ajuntadores de riqueza e as autoridades seus comparsas? Daí que a democracia não pode merecer o endeusamento que lhes atribuem políticos, cientistas de politicagem e papagaios de microfone pela simples razão de caber à maioria a decisão de eleger candidatos, e, como se sabe, sendo a maioria absoluta dos seres humanos feita de pessoas desprovidas de conhecimento, mormente nos países mais atrasados, tais pessoas são facilmente iludidas por espertalhões. Daí ter o filósofo denominado estas pessoas de analfabetos políticos. Quanto a atribuir a elas os males do mundo é que tendo em vista que os males que afetam a humanidade são na maioria causados pela má política e sua malversação do dinheiro público, resulta daí e com razão atribuir aos que votam mal os males da humanidade.

Encarar sem preconceito os acontecimentos que nos envolvem levam à conclusão de estarmos no caminho errado. Como os pais orientam os filhos a seguirem pelo caminho errado que eles seguiram, a continuar assim eternizar-se-ão os desmandos, as mentiras, falsidades, sofrimentos e infelicidades. Se as guerras demonstram irracionalidade, a existência delas também no livro que para o povo é a palavra de deus, a bíblia, confirma a realidade de se viver tão enganadamente que até pessoas de saber requintado incorrem no erro de recorrer à divindade em busca de algo. Castro Alves, por exemplo, em louvável atitude de protesto contra a escravidão, ao bradar “Ó Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?” se enganou totalmente porque o deus a quem ele apelava aprova a escravidão conforme vários versículos da bíblia, inclusive muitos parágrafos do capítulo 21 de Êxodo.


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