segunda-feira, 20 de março de 2023

ARENGA 669

 

Ou civiliza a raça humana, ou será inevitável o destino dos dinossauros. Mas, QUEM É QUE VAI CIVILIZAR OS HUMANOS SE TODOS ELES SÃO INCIVILIZADOS? Esperar que incivilizados ensinem civilização não seria o mesmo que esperar que analfabetos alfabetizem analfabetos? A princípio, dir-se-ia caber ao Estado a nobre tarefa de cuidar do seu povo porque para tal fim é que ele passou a existir. Porém, sendo as funções estatais desempenhadas por seres humanos também tão incivilizados quanto os demais, depara-se com um impasse tão evidente que os representantes do Estado se mancomunaram com os ajuntadores de riqueza e também passaram a se interessar por um povo inculto o bastante para ser indiferente aos horrores que sofrem em função do desaparecimento do dinheiro dos impostos que, paradoxalmente, em função das forças que subjugam o poder do Estado, os que possuem menos são os que pagam mais. E, como uma desgraça sempre se faz acompanhar de outra desgraça, substancial parte dos recursos arrecadados é gasta com métodos sofisticados que fazem com que os pagadores não percebam o malogro em que vivem. Daí ter Eduardo Moreira, na página 20 do livro Desigualdade, dito o seguinte: “Os donos do poder não querem que você saiba que a vida e as estruturas do poder funcionam de forma muito parecida às de um show de mágica. Enquanto ficamos distraídos olhando para o que não tem importância, não percebemos os truques sendo feitos”. Palmas e vivas para o doutor Eduardo! Embora ninguém da turba alegre e festiva saiba, os truques a que se refere o escritor de Desigualdade são os carnavais, os esportes com destaque para o futebola, as igrejas alienantes e as vulgaridades do tipo “famosos”, “celebridades” e reis de pau oco.

É justamente por não se ver como são feitos os truques dos aproveitadores que existem absurdos tipo Foro Privilegiado, Imunidade Parlamentar, Prescrição, e tantas invencionices para protegerem os maus.  Graças a tais malabarismos é que os exploradores evitam qualquer lampejo de curiosidade a respeito de absurdos como o porquê de haver tanta pobreza e fome não obstante haver tanto dinheiro e comida mandada para o estrangeiro em troca de fortunas das quais o povo não tem notícia e nem está aí para fatos como este de que dá notícia o mesmo escritor Eduardo Moreira na página 27 do mesmo livro Desigualdade: “Um por cento dos donos de terras concentram mais de cinquenta por cento das terras cultiváveis do país e o um por cento mais rico possui mais reservas acumuladas do que os noventa por cento mais pobres”. Aí está. não é por outro motivo senão pelos truques que ninguém se interessa por tais horrores em termos de sociedade, principalmente de objetivo comum que é como o dicionário define sociedade.

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