sábado, 2 de agosto de 2025

ARENGA 836

 

Quando escreveu o livro A servidão Voluntária, assunto ao qual se dedica também Marilena Chauí no livro Contra a Servidão Voluntária, certamente que o jovem Etienne de la Boétie, autor do primeiro livro citado acima, não obstante a grandiosidade do trabalho deixado para a posteridade em apenas trinta e três anos de vida, certamente lhe faltou a maturidade necessária para concluir que a servidão não é voluntária. É imposta à humanidade por parasitas que predam de modo tão sofisticado que as pessoas não sabem estar sendo vítima de parasitas.

Este é um assunto que apesar de já ter sido tratado neste cantinho de pensar, é de tamanha importância que não deixa de merecer incansável recorrência principalmente pelos senhores pais, posto que dele depende o futuro das gerações vindouras.

O ser humano nunca foi livre. Se a princípio eram obrigados a enfrentar perigos a fim de poder comer para que pudessem continuar vivos, mais adiante, na estrada da vida, a fim de conseguirem estas mesmas coisas passaram a depender de pessoas ricas denominadas empresários que lhes deem um emprego por maio do qual produz tão grande riqueza que seus exploradores se assemelham aos deuses do Olimpo. São tão grandes os recursos materiais de que dispõem estes parasitas que dariam para lhes assegurar um milhão de vidas faustosas se não tivessem de morrer muito antes disso, realidade de que eles não têm tempo de perceber tamanha e a ocupação em descobrir maios de ter mais riqueza.

Veja-se, por exemplo, os doutores. Se eles que são doutores acreditam-se homens e mulheres livres, que dizer, então, da grande massa de pobres diabos mentais a levar escadas e encher igrejas, terreiros de axé e futebola?

Boétie não teve tempo de observação suficiente para perceber que a adesão do povo às ideias de seus exploradores é que permite a servidão que só existe justamente pelo desconhecimento desta realidade de servir uma vez que para as pessoas elas são livres, na verdade livres para escolher a igreja onde buscar proteção enquanto que os recursos de lhes assegurar o que buscam na igreja são usados em armas sofisticadas e bilhões de homens que também se acham livres mas que no entanto vão para campos de batalha convencidos de valer a pena matar morrer pela glória pátria. Não de seus algozes.

     

Nenhum comentário:

Postar um comentário