Quando escreveu o livro A servidão
Voluntária, assunto ao qual se dedica também Marilena Chauí no livro Contra a
Servidão Voluntária, certamente que o jovem Etienne de la Boétie, autor do
primeiro livro citado acima, não obstante a grandiosidade do trabalho deixado
para a posteridade em apenas trinta e três anos de vida, certamente lhe faltou
a maturidade necessária para concluir que a servidão não é voluntária. É
imposta à humanidade por parasitas que predam de modo tão sofisticado que as
pessoas não sabem estar sendo vítima de parasitas.
Este é um assunto que apesar de já
ter sido tratado neste cantinho de pensar, é de tamanha importância que não
deixa de merecer incansável recorrência principalmente pelos senhores pais,
posto que dele depende o futuro das gerações vindouras.
O ser humano nunca foi livre. Se a
princípio eram obrigados a enfrentar perigos a fim de poder comer para que
pudessem continuar vivos, mais adiante, na estrada da vida, a fim de
conseguirem estas mesmas coisas passaram a depender de pessoas ricas
denominadas empresários que lhes deem um emprego por maio do qual produz tão
grande riqueza que seus exploradores se assemelham aos deuses do Olimpo. São
tão grandes os recursos materiais de que dispõem estes parasitas que dariam
para lhes assegurar um milhão de vidas faustosas se não tivessem de morrer
muito antes disso, realidade de que eles não têm tempo de perceber tamanha e a
ocupação em descobrir maios de ter mais riqueza.
Veja-se, por exemplo, os doutores. Se
eles que são doutores acreditam-se homens e mulheres livres, que dizer, então,
da grande massa de pobres diabos mentais a levar escadas e encher igrejas, terreiros
de axé e futebola?
Boétie não teve tempo de observação
suficiente para perceber que a adesão do povo às ideias de seus exploradores é
que permite a servidão que só existe justamente pelo desconhecimento desta
realidade de servir uma vez que para as pessoas elas são livres, na verdade livres
para escolher a igreja onde buscar proteção enquanto que os recursos de lhes
assegurar o que buscam na igreja são usados em armas sofisticadas e bilhões de
homens que também se acham livres mas que no entanto vão para campos de batalha
convencidos de valer a pena matar morrer pela glória pátria. Não de seus
algozes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário