domingo, 10 de agosto de 2025

ARENGA 837

 

Mestre Paulo Freire sugeriu que educação incluísse no currículo método capaz de desenvolver nos jovens capacidade de raciocinar. A sugestão custou ao mestre perseguição política que o expulsou do país. Se nenhum dos poucos jovens que conhecem o fato é capaz de alcançar-lhe a significação, a causa é justamente a incapacidade de raciocinar porque dela os algozes da humanidade fogem como o diabo foge da cruz. Mas, e por que haveria de querer evitar o desenvolvimento da capacidade de raciocinas a educação proposta pela política, se o raciocínio leva ao conhecimento e à elevação espiritual sem os quais a sociedade se mantém na mediocridade mental de considerar riqueza material desenvolvimento social? O resultando de tal comportamento, a afirmação de que tempo é dinheiro, erro tão monumental que a sociedade mais rica e que inventou tal idiotice nada em riqueza e nem por isso está livre da tormenta de ser assediada por um pouco do seu ouro.

A necessidade de ser superior ao povo legou aos inventores de deus e a todos os demais falsos líderes da humanidade o direito de usufruir de exuberante padrão de vida advindo da incapacidade de percepção dos impedidos de raciocinar e concluir poderem eles mesmos fazer o trabalho de seus enganadores que também enganam a si mesmos porque a sociedade ideal para eles é uma sociedade como a religião que não admite especulações a respeito dos princípios sobre os quais se fundamenta. Tal sociedade tem como destino a incivilização e a brutalidade eternas.

Ao escorraçar junto com Paulo Freire seu ideal de estimular o raciocínio nos jovens seus algozes  tornou a juventude indiferentes a especulações sobre o funcionamento da mecânica da vida, exatamente  como querem os parasitas da humanidade, exploradores que não dão aos jovens um minuto sequer para pensar em coisas menos rasteiras do que orações, futebola, axé, “famosos” e “celebridades”.

Uma vez alheia à necessidade de raciocinar, a juventude segue pela estrada da vida sem se interessar para onde está indo. O pavor à palavra morte, por exemplo, demonstra ignorância absoluta da realidade de ser a vida tocada por emoções que vão umas dando lugar a outras até não restar mais nenhuma para algum estímulo. É por isso que se perde o interesse pelas bonecas, os velocípedes, os carrinhos, as bicicletas, as motos, os carrões, os iates. As emoções, no dizer perfeito de Schopenhauer, vão se esvaindo até não haver mais interesse por coisa nenhuma. Não havendo nada em que se interessar, resta um caco jogado de lado a dar o trabalho de precisar de quem o ajude nas necessidades íntimas que se fazia com total independência. Nesse momento, ó juventude desatenta, a ideia de morte representa repouso absoluto longe da algazarra próprio dos ignorantes.          

 

     

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