domingo, 12 de abril de 2020

ARENGA 602


A História da Filosofia mostra como o estudo da filosofia é de total inutilidade e desperdício de tempo do ponto de vista do primeiríssimo princípio que deve orientar a humanidade e que é o agir no sentido de se viver da melhor maneira possível em vez de se viver da pior maneira possível como se vive. Tratando-se de seres capazes de raciocinar o viver bem deveria vir em primeiro lugar. Mas os livros de filosofia em absolutamente nada contribuem nesse sentido. O mais recente que adquiri, A HISTÓRIA DA FILOSOFIA, de James Garvey e Jeremy Stangroom, apesar da ótima encadernação e beleza exterior, em nenhuma das 384 páginas existe uma só palavra de orientação para os procedimentos indispensáveis para que se posse viver harmoniosamente em coletividade. Apesar do exagero, pode-se dizer que nesse sentido é uma inutilidade. Na página 179 consta que na Súmula Teológica de Tomás de Aquino há 358 perguntas e respostas sobre anjos. Nas livrarias podem ser encontrados verdadeiros tratados sobre a questão de se saber se Jesus Cristo é deus ou se não é, e não menos é a especulação sobre a gravidez de Maria desse filho sendo ela virgem e se continuou virgem na gravidez dos outros filhos.

 Pensadores desperdiçam seus pensamentos discorrendo enfadonhamente sobre o que pensou fulano, o que disse beltrano, inclusive sobre assuntos mitológicos envolvendo a figura de deus. Quando Nietzsche afirmou que deus morreu, certamente se referia à ideia de deus porque aquilo que não existe não pode morrer. Se a ideia de deus ainda não morreu, para o bem da humanidade precisa morrer. Por meio da proibição de se questionar os mistérios divinos a religiosidade procura a todo custo inibir a capacidade de raciocinar, razão pela qual Nietzsche comparou a religiosidade à feiticeira Circe da Odisseia, que transformou homens em nos irracionais porcos. A obediência cega exigida por deus faz o ser humano se aproximar da irracionalidade dos irracionais, daí a comparação do genial filósofo do bigodão. Na página 45 do livro Uma Breve História da Riqueza, de William J. Bernstein há um bom exemplo da ojeriza que tem a religiosidade a tudo que se relacione com a evolução mental: “... A ideia de que camponeses quase analfabetos pudessem ler e discutir a Bíblia era repulsiva para o clero, pois tudo o que se esperava de 90% da população era analfabetismo e obediência cega”.  Nutrindo-se da ignorância, a religiosidade refuta o conhecimento a que leva inevitavelmente o ato de raciocinar. É justamente a incapacidade de raciocinar que sustenta a ideia de deus. Se não fosse incutida nas crianças inocentes tal ideia não existiria a figura de deus em mente alguma.

Todavia, como os seres humanos são movidos por informações que lhes chegam de fora, espertalhões se aproveitam da curiosidade e infantilidade que caracterizam o ser humano e o induz a acreditarem em coisas totalmente inverossímeis tais como numa proteção para quem for salpicado com água benta. Esta crença era comum entre os povos ainda mais inocentes e bárbaros do que os povos atuais quando em vez de água benta aspergiam sangue de animais ou, conforme a importância da cerimônia, de membros do próprio grupo que prazerosamente se ofereciam para morrer e ir gozar as delícias da vida depois da morte com a qual também contam as pessoas atuais, embora atualmente ninguém aceitaria ser enviado para lá espontaneamente.

Daí a necessidade de se encarar a realidade o assunto sobre o qual devem os filósofos se debruçar porque se viver bem é a aspiração de cada ser humano, tal objetivo jamais será alcançado enquanto não for buscado em vez de esperar que venha de líderes políticos ou religiosos, todos, absolutamente todos, preocupados com seu próprio bem-estar, haja vista a qualidade de vida deles e de seus inocentes e ardorosos liderados. Os sindicatos são exemplo da bobagem que é contar com líderes. Criados para ajudar os trabalhadores na luta contra a brutal opressão dos empregadores lá nos inícios da Revolução Industrial, vieram a se tornar meio de enriquecimento dos líderes sindicais. Inté.




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