Os assuntos
da imprensa em geral, e em particular os do blog Outras Palavras de 17/04/2020,
juntamente com o comentário filosófico que diariamente é apresentado na rede
Globo, puseram a mente a girar em torno de ponderações a respeito da questão de
saber se é realmente impossível à humanidade viver bem ou ela tem
necessariamente de viver tão mal como vive. A esta questão junta-se esta outra
não menos intrigante em torno do porquê de a filosofia, que se diz arte de
pensar, envolver-se com futilidade, assuntos totalmente irrelevantes no que diz
respeito à maior aspiração de todo ser vivente e que é a vontade de viver bem.
Na verdade, esta questão não é tão difícil de ser compreender. Todo o problema
está no fato de ter sido o almejado bem-estar deixado a cargo da política e de
ter sido a política transformada em maracutaia por seus executores de forma tão
exuberante que vieram as autoridades a fazer com que a sociedade chegasse à
conclusão de não poder contar com elas para coisa nenhuma. Mas se é fácil a
identificação do problema de não se viver bem, o mesmo não acontece com sua
solução por depender de um movimento coletivo inteligente, coisa totalmente
descartável por absoluta falta tanto de solidariedade humana quanto de inteligência
popular.
Daí a
referência ao programa filosófico da Rede Globo que abre com a afirmação de que
pensar bem nos faz bem, o que é, na verdade, uma grande verdade, mas uma
verdade que não se apresenta como tal porque se se pensasse bem, estaríamos
todos bem. A arte de pensar bem passa anos luz de distância das igrejas, do axé
e do futebola onde o povo tem o pensamento, mas um pensamento tão incompatível
com a realização do sonho de viver bem que os sábios ensinamentos de Jesus
Cristo pregados nas igrejas se comparados com o real comportamento humano foram
não só totalmente ignorados, mas também deturpados de forma tão estúpida que
foram transformados em rituais ridículos para arrecadação de dinheiro. Se não
se sabe ainda o procedimento correto para levar ao viver bem, sabe-se
perfeitamente não ser este procedimento que aí está de trocar a natureza por
dinheiro. Se não se sabe onde buscar o bem-estar, quem não é um completo asno
não pode deixar de perceber não estar nas igrejas, no axé e nem no futebola
cuja real finalidade está demonstrada de forma insofismável no livro O Lado
Sujo do Futebol, de Amaury Ribeiro e outros.
É
impossível não intrigar a quem tenha se livrado da condição de imbecil
futucador de telefone diante da conclusão a que se chega ante a realidade de
serem os próprios seres humanos que impedem a realização do seu sonho do viver
bem. O fato de corresponder um por cento de desmatamento a vinte e três por
cento de aumento de doença, dentro de qualquer lógica, em vez de se limitar aos
inúteis rogos do papa pela sensatez, deveria causar comoção capaz de fazer
cessar o desmatamento. Entretanto, ele segue firme em frente de forma tão
brutal que segundo consta da página 122 do livro Capitalismo e Colapso
Ambiental, de Luiz Marques, o comércio mundial de madeira gira em torno de cento
e cinquenta bilhões de dólares anuais. Portanto, evidente não se estar pensando
bem.
Os assuntos
de que trata o blog Outras Palavras, escola de alfabetização política, que
merecem muita reflexão a respeito, são os seguintes:
1 – A cada 1% de floresta derrubada por ano, a malária
aumenta 23%.
2 – Quando um vírus que não fez parte da nossa história evolutiva sai
do seu hospedeiro natural e entra no nosso corpo é o caos. Está aí o novo corona
vírus esfregando isso na nossa cara.
3 – No caso do novo corona
vírus, batizado de Sars-CoV-2, muito antes de infectar os primeiros humanos e
viajar a partir da China, abrigado no corpo de viajantes, para outras partes do
mundo, ele habitava outros hospedeiros num ambiente selvagem – morcegos,
provavelmente.
4 – Se a Amazônia virar uma grande savana, não dá nem para imaginar o
que pode sair de lá em termos de doenças.
5 – A crise da pandemia é consequência da ilusão da inutilidade das
finanças do consumismo e do poder em contraponto à utilidade da água, alimento,
ar, palavra e afeto.
Diante do exposto pela realidade contida nas notícias está a humanidade
diante do impasse de não poder abrir mão da natureza e, ao mesmo tempo, de ser necessário
que a natureza seja transformada em riqueza para que imbecis possam ostentar
fortunas infinitamente superiores às suas reais necessidades. Por que os seres
humanos não se empenham em buscar as causas de uma realidade tão
estapafurdiamente oposta a qualquer racionalidade, preferindo assuntos chulos
sobre “famosos”, “celebridades”, igreja, futebola e futucação de telefone? Cadê
um brado retumbante dos homens e mulheres que ostentam o título de
intelectuais, filósofos e filósofas contra este estado suicida de coisas?
É de se concluir tristemente ser perda de tempo ler livros. Na página
87 do livro Ciência Política, de Jônatas Luiz M. de Paula, consta que segundo o
pensamento de Rogério Bacon a autoridade é fonte do saber. Onde estaria a
sabedoria da Inquisição cuja autoridade era tamanha que queimava pessoas e
tomava-lhes o que possuíam? E o livro 36 Argumentos Para A Existência de Deus,
da filósofa Rebecca Newberger Goldstein, o que dizer de tal livro se todos os
argumentos nesse sentido são fruto de completa ignorância ou de muita sabedoria
entre aspas, como mostram as imensas fortunas que os representantes de deus
mostram na revista Forbes e no Banco do Vaticano?
Efetivamente, não pode o ser humano deixar de viver de modo inferior ao
modo de vida dos bichos uma vez que estes além de não serem orientados pela
avareza não podem ser considerados estúpidos, porquanto irracionais. Inté.
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