quinta-feira, 23 de abril de 2020

ARENGA 604


Os assuntos da imprensa em geral, e em particular os do blog Outras Palavras de 17/04/2020, juntamente com o comentário filosófico que diariamente é apresentado na rede Globo, puseram a mente a girar em torno de ponderações a respeito da questão de saber se é realmente impossível à humanidade viver bem ou ela tem necessariamente de viver tão mal como vive. A esta questão junta-se esta outra não menos intrigante em torno do porquê de a filosofia, que se diz arte de pensar, envolver-se com futilidade, assuntos totalmente irrelevantes no que diz respeito à maior aspiração de todo ser vivente e que é a vontade de viver bem. Na verdade, esta questão não é tão difícil de ser compreender. Todo o problema está no fato de ter sido o almejado bem-estar deixado a cargo da política e de ter sido a política transformada em maracutaia por seus executores de forma tão exuberante que vieram as autoridades a fazer com que a sociedade chegasse à conclusão de não poder contar com elas para coisa nenhuma. Mas se é fácil a identificação do problema de não se viver bem, o mesmo não acontece com sua solução por depender de um movimento coletivo inteligente, coisa totalmente descartável por absoluta falta tanto de solidariedade humana quanto de inteligência popular. 

Daí a referência ao programa filosófico da Rede Globo que abre com a afirmação de que pensar bem nos faz bem, o que é, na verdade, uma grande verdade, mas uma verdade que não se apresenta como tal porque se se pensasse bem, estaríamos todos bem. A arte de pensar bem passa anos luz de distância das igrejas, do axé e do futebola onde o povo tem o pensamento, mas um pensamento tão incompatível com a realização do sonho de viver bem que os sábios ensinamentos de Jesus Cristo pregados nas igrejas se comparados com o real comportamento humano foram não só totalmente ignorados, mas também deturpados de forma tão estúpida que foram transformados em rituais ridículos para arrecadação de dinheiro. Se não se sabe ainda o procedimento correto para levar ao viver bem, sabe-se perfeitamente não ser este procedimento que aí está de trocar a natureza por dinheiro. Se não se sabe onde buscar o bem-estar, quem não é um completo asno não pode deixar de perceber não estar nas igrejas, no axé e nem no futebola cuja real finalidade está demonstrada de forma insofismável no livro O Lado Sujo do Futebol, de Amaury Ribeiro e outros.

É impossível não intrigar a quem tenha se livrado da condição de imbecil futucador de telefone diante da conclusão a que se chega ante a realidade de serem os próprios seres humanos que impedem a realização do seu sonho do viver bem. O fato de corresponder um por cento de desmatamento a vinte e três por cento de aumento de doença, dentro de qualquer lógica, em vez de se limitar aos inúteis rogos do papa pela sensatez, deveria causar comoção capaz de fazer cessar o desmatamento. Entretanto, ele segue firme em frente de forma tão brutal que segundo consta da página 122 do livro Capitalismo e Colapso Ambiental, de Luiz Marques, o comércio mundial de madeira gira em torno de cento e cinquenta bilhões de dólares anuais. Portanto, evidente não se estar pensando bem.

Os assuntos de que trata o blog Outras Palavras, escola de alfabetização política, que merecem muita reflexão a respeito, são os seguintes:

1 – A cada 1% de floresta derrubada por ano, a malária aumenta 23%.

2 – Quando um vírus que não fez parte da nossa história evolutiva sai do seu hospedeiro natural e entra no nosso corpo é o caos. Está aí o novo corona vírus esfregando isso na nossa cara.

3 – No caso do novo corona vírus, batizado de Sars-CoV-2, muito antes de infectar os primeiros humanos e viajar a partir da China, abrigado no corpo de viajantes, para outras partes do mundo, ele habitava outros hospedeiros num ambiente selvagem – morcegos, provavelmente.

4 – Se a Amazônia virar uma grande savana, não dá nem para imaginar o que pode sair de lá em termos de doenças.

5 – A crise da pandemia é consequência da ilusão da inutilidade das finanças do consumismo e do poder em contraponto à utilidade da água, alimento, ar, palavra e afeto.

Diante do exposto pela realidade contida nas notícias está a humanidade diante do impasse de não poder abrir mão da natureza e, ao mesmo tempo, de ser necessário que a natureza seja transformada em riqueza para que imbecis possam ostentar fortunas infinitamente superiores às suas reais necessidades. Por que os seres humanos não se empenham em buscar as causas de uma realidade tão estapafurdiamente oposta a qualquer racionalidade, preferindo assuntos chulos sobre “famosos”, “celebridades”, igreja, futebola e futucação de telefone? Cadê um brado retumbante dos homens e mulheres que ostentam o título de intelectuais, filósofos e filósofas contra este estado suicida de coisas?

É de se concluir tristemente ser perda de tempo ler livros. Na página 87 do livro Ciência Política, de Jônatas Luiz M. de Paula, consta que segundo o pensamento de Rogério Bacon a autoridade é fonte do saber. Onde estaria a sabedoria da Inquisição cuja autoridade era tamanha que queimava pessoas e tomava-lhes o que possuíam? E o livro 36 Argumentos Para A Existência de Deus, da filósofa Rebecca Newberger Goldstein, o que dizer de tal livro se todos os argumentos nesse sentido são fruto de completa ignorância ou de muita sabedoria entre aspas, como mostram as imensas fortunas que os representantes de deus mostram na revista Forbes e no Banco do Vaticano?

Efetivamente, não pode o ser humano deixar de viver de modo inferior ao modo de vida dos bichos uma vez que estes além de não serem orientados pela avareza não podem ser considerados estúpidos, porquanto irracionais. Inté.




























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