terça-feira, 25 de março de 2025

ARENGA 803

 

Só que eu saiba, duas grandes personalidades, Einstein e Edward MacNall Burns disseram que a humanidade é estúpida. E é tão estúpida que não lhe ocorre poder viver melhor do que vive, conformada com um sofrimento na verdade injustificado se o bem-estar depende exclusivamente dos recursos matérias que no mundo há de montão. Muito ao contrário de pensar em viver bem, pensa-se em viver mal uma vez que as pessoas infelicitam deliberadamente umas às outras. Nem é preciso ser mentalmente superior ao comum das pessoas, sendo bastante ter o hábito da meditação para perceber a dimensão da estupidez humana. Não lhe permitindo a dimensão extraordinária de sua estupidez gerar líderes e muito menos dispensá-los, gera monstros de cuja liderança resultam prantos de incontáveis famílias que amargam a perda dos filhos para os quais sonharam com um belo futuro, mas foram estraçalhados em campos de batalha para regozijo de falsos líderes na busca jamais saciada de poder e riqueza se quanto mais tem, mais quer.

Absolutamente nada do que a humanidade mais preza tem valor. Tanto não tem que enaltece fantoches desprezíveis com título de reis, figuras tão ridículas que se acreditavam ungidos por deus como seus representantes para usufruírem de vida faustosa e depravada às custas da estupidez humana. Tais Reis não eram menos ridículos que os idiotas que se acreditam realmente importantes como os atuais reis por práticas de bobagens, inclusive pelo crime de trocar socos com um oponente até que em consequência das pancadas venham a sofrer males irreversíveis e a morrer.

Faça isso não, humanidade, deixa a estupidez prá lá.

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 22 de março de 2025

ARENGA 802

 



    Por ser objetivo único deste cantinho de pensar a tentativa talvez inútil de mostrar à juventude a realidade por ela tão desconhecida que a leva não só a aceitar, mas também compartilhar com os muitos tipos de aberrações da cultura atual como considerar diversão a monstruosidade de transformar em diversão a brutalidade de serem dois seres humanos levados a trocar socos até que morram das consequências da prática brutal ou levados a disputar velocidade em carros preparados para esta finalidade, com objetivo de banalizar a violência de tal forma que passa a ser apresentada como boa a notícia de que o número de assassinatos caiu de cem para noventa quando na realidade não deve haver assassinato algum. Sendo a cultura da violência resultado de viver apenas por viver, como os bichos, mas sem refletir sobre a vida, prática da qual resulta em sofrimento, daí a insistência desse cantinho de pensar no assunto tratado pelo filósofo Stephen Law sobre a diferença entre aquilo em que se acredita SER aquilo que realmente É. A lição ensinada por mestre Stephen, se aprendida, incentiva a prática da reflexão.

    Já vimos na prática a diferença entre verdade e falso no exemplo de alguém certo de que o elefante é um animal cor de rosa, quando, na verdade, não é porque é cinzento. Assim é que para este alguém a crença de ser cor de rosa o elefante é apenas crença, mas não é conhecimento. Aprendemos, pois, nesse exemplo, que uma crença pode não ser conhecimento.

    O que vem a seguir no ensinamento do mestre pode despertar a crença de ser a filosofia complicada e sem importância para a qualidade de vida, o que não é verdade como veremos nesta outra reflexão do mestre. Vimos em publicação anterior que no exemplo do elefante a crença não é conhecimento por ser uma crença falsa. Nessa outra reflexão o mestre veremos que mesmo uma crença verdadeira não basta para ser conhecimento. Calma aí porque não há complicação nisso e vamos ver porque não há: supondo que um jurado (preconceituoso) seja levado à crença de ser culpado o réu em julgamento apenas pelo modo esquisito como ele se veste. Esta crença pode ser verdadeira porque o réu pode ser realmente culpado. Entretanto, a conclusão do jurado não se baseou em conhecimento (como se tivesse presente ao crime cometido). O modo de se vestir não basta para ser o conhecimento da culpabilidade. Este é um tipo de prosa sem aspas. Veremos mais do mesmo em outra oportunidade. Mas, pense nisso, quem passa por aqui.

sexta-feira, 21 de março de 2025

ARENGA 801

 

É na filosofia onde está o incentivo à função meditativa de responsabilidade do pensamento, atividade esta cuja falta faz a humanidade desconhecer o que seja tranquilidade espiritual ou ausência de infelicidade. Do capítulo Crença e Conhecimento do livro FILOSOFIA, onde o autor, filósofo Stephen Law nos mostra a diferença entre a verdade e aquilo em que se crê ser verdade. Há um abismo a separar os seres humanos sem exceção entre estas duas realidades a separar a humanidade da mentira e da verdade ou realidade tornando-a incapaz de experimentar o sabor da ausência de infelicidade.

E não são apenas as pessoas vitimadas pelo analfabetismo político que desconhecem a verdade porque intelectuais de sinceridade comprovada, desejosos de uma sociedade normal, relevam a parte realmente importante para a concretização de seus objetivos que é o fato de ser este o tipo de sociedade defendida pelos donos do mundo (porque o mundo tem donos) e eles compraram a opinião do povo (que nunca foi dono senão de obrigações), de modo a que ele faça opção pelo tipo atual de sociedade na qual tem pior parte. Por desconhecer a diferença entre crença e conhecimento é que há quem pense que a tormenta da infelicidade será recompensada à larga pelas benesses de uma vida depois da morte. Também em função deste desconhecimento é que a noveleira Glória Pires escreveu para o jornal de hoje matéria censurando a pretensão de mudança social da parte do socialismo, cometendo ato falho que denuncia defesa da cultura antissocial do venha a mim e ostros que se danem para a qual está na incapacidade e não a falta de oportunidade pessoal a razão pela qual é desnecessária a preocupação sobre haver quem não tenha as mesmas necessidades comuns aos seres humanos, o que se traduz em violência ainda tão perversa quanto a censurada pela senhora Gloria Pires na tentativa de mudança das ideias socialistas, o que realmente é censurável, mas nunca a vontade de mudar este modo de vida no qual para puro deleite gatos pingados se assenhorearam do mundo e fazem dele seu tesouro privado quando em vez disso o mundo não pode ser privado por ninguém em particular por ser a moradia coletiva da humanidade.      

 

quinta-feira, 20 de março de 2025

ARENGA 800

 

As peregrinações que em vez de proteção deixam cadáveres pelo caminho, inclusive de inocentes criancinhas, por culpa única da ignorância de seus pais, nos ensinam que o nível de discernimento dos adultos nunca foi além do de quando a gente era criança e a mãe contava as diabruras de Phortos, D’Artagnan e Aramis. Mas uma peregrinação de chamar a atenção mais do que as outras é uma que serve para mostrar aos posudos e ridículos poderosos entrincheirados atrás de montanhas de riqueza os acontecimentos tenebrosos que envolveram seus posudos colegas de ridículo e de riqueza dos tempos da Revolução Francesa que também podem lhes acontecer visto que a desmoralização da política atualmente não é tão diferente daquela que ensejou os referidos acontecimentos tenebrosos. No livro 1882, mestre Laurentino Gomes conta pormenorizadamente a história e estória que é a seguinte:

No século XVI, um religioso chamado Dinis e que depois virou São Dinis foi enviado por seus superiores à região da Gália para converter ao cristianismo aquele povo bárbaro retratado na divertida revista Asterix e Obelix, para quem alcançou. Como nunca foi novidade acontecer com os representantes divinos, Dinis foi condenado a ter a cabeça cepada fora corpo e depois de executado levantou, apanhou sua cabeça no chão e marchou por seis quilômetros até um cemitério onde, finalmente, caiu, foi sepultado, e seu túmulo virou objeto de peregrinação, o que mostra que em todo canto e época povo é sempre povo. Eis que um governante desses que que não têm pena nem dó de dinheiro e que se chamava rei mandou construir uma igreja no lugar do túmulo de Dinis destinada a guardar os restos mortais dos reis a partir daquela dada em diante.

Esta segunda parte da história e estória é de dar o que pensar aos posudos do mundo porque na fase do terror da Revolução Francesa séculos depois, os revoltosos botaram abaixo a tal igreja do santo Dinis, violaram os túmulos e esparramaram ossadas de reis no matagal. Quando baixou a poeira da revolução, sendo impossível saber a quem pertenceu determinado osso, o governante de então que como todos não precisam se preocupar com dinheiro mandou reconstruir a igreja, ajuntar toda a ossada que encheram malas a puxar de gancho, de modo que tíbias, crâneos, de reis se encontram tudo misturado, lembrando que o destino dos posudos é o mesmo do lavrador da música de nosso grande Chico Buarque de Holanda.

ARENGA 799

 

De todos os “é preciso fazer isso e aquilo” que se ouve da parte de pensadores interessadas em melhor tipo de vida social, uma única coisa que sendo feita, a de atribuir à política a real importância que tem, é quanto basta para implantar civilização num mundo tão bárbaro que para o povo mais economicamente elevado tempo é sinônimo de dinheiro. Se nenhum agrupamento humano ainda foi capaz de encarar a realidade da importância que tem a política na vida de cada um e de todos, a isso se deve a infelicidade humana de viver apenas de ilusões, nada mais que ilusões. Os exemplos de como é a vida na realidade, não exercem reflexão alguma da parte de ninguém. O resto do que foram os Roberto Carlos, os Elvis Presley, os Mick Jagger da vida para os jovens é como se não lhes dissesse respeito quando tem tudo a ver com seu futuro e as fortunas daqueles que se empenham nesse mister uma vez que a ninguém, absolutamente ninguém é dado escapar do cansaço da vida, principalmente da vida dedicada à materialidade ilusória, que impediu reflexões menos rasteiras ou mais elevadas, o que só será notado quando já for demasiadamente tarde.

Deixar a política a cargo dos políticos teve como resultado o erro monumental da cultura do venha a mim e os outros que se danem quando na vida em sociedade não há espaço para egoísmo. Por isto é que é realmente de incalculável benefício para a humanidade refletir sobre o abandono a que foi relegada a política que se chegou ao absurdo de ser o cargo político mais importante ocupado por qualquer rebotalho mental que veio a cair na simpatia de um povo feito de religiosos, torcedores e carnavalescos.

Está completamente fora de qualquer parâmetro de racionalidade entregar ao povo a responsabilidade de escolha dos governantes porque daí resulta em lutador de box, escoiceador de bola, cantor de bobagens, papagaios de microfone elevados à categoria de legisladores e até de presidentes da república.  

domingo, 9 de março de 2025

ARENGA 798

 

Como em absolutamente tudo o mais, o elemento esquisito povo faz mais uma das suas quando torce o nariz para filosofia considerando-a coisa sem sentido. Na página 49 do livro FILOSOFIA, Editora Zahar, Stephen Law nos dá excelente lição da diferença entre crença e conhecimento, o que equivale ao pensar que sabe de quem não pensa e o realmente saber de quem pensa. E como prova do valor da filosofia, esta lição nos ensina de modo claro a diferença ente acreditar que algo é de jeito quando na verdade é de outro jeito, justamente esse o motivo pelo qual a humanidade não pode deixar de ser infeliz e ter uma vida menos sofrida se acredita estar correto o seu modo errado de encarar a vida como se os dias e as noites fossem para ser festejados apenas.

Mas vejamos o modo simples como o filósofo nos ensina a diferença entre crença e conhecimento. Ele cita o exemplo de alguém que certamente por nunca ter se deparado com um elefante e crê que os elefantes são rosados certamente porque alguém lhe tenha transmitido esta falsa crença. Nesse caso, aquilo que se tem como conhecimento (ser rosado o elefante) não pode ser conhecimento uma vez que a cor do elefante é cinza e para ser conhecimento é necessário haver correspondência com a realidade, como, por exemplo, continua o filósofo, quando afirma alguém que a rosa é vermelha porque ele viu ela e nesse caso tem conhecimento de ser vermelha.

Também cor de rosa é como o povo vê a vida quando ela só é pintada de alegria durante a melhor fase da vida que a juventude desperdiça se matando em guerras e drogas por seguir orientação dos falsos líderes que estão a destruir o mundo sob completa e injustificada indiferença dos jovens uma vez que eles arcarão com as pesadas consequências da cultura do venha a mim e os outros que danem, isto é, a juventude estupidamente indiferente e que por isso mesmo não terão um lagar honroso na memória de deus descendentes.

 

 

     

 

sábado, 8 de março de 2025

ARENGA 797

 

Há duas matérias nos jornais que se povo soubesse ler, lesse e fosse capaz de entender algo inteligente, estes dois assuntos por si sós seriam capazes de levar a tão profundas reflexões que mudariam o modo de pensar e agir da malta mundial festiva e estúpida de ratos de igreja, torcedores, foliões cultuadores do desenvolvimento dos bíceps em vez do cérebro. A primeira destas matérias é um artigo do jornalista J. R. Guzzo, publicado no jornal Gazeta do Povo do dia sete deste mês de março, com título JUDICIÁRIO TORNOU CORRUPÇÃO UMA ATIVIDADE LEGAL NO BRASIL. Trata da proteção ao banditismo político por parte da mais alta corte de justiça dessa nossa infeliz pátria de deus. O assunto é de tão grande seriedade que remete à lembrança tanto do que disse o historiador McNall Burns sobre os desmandos políticos que deram origem aos horrores da Revolução Francesa quanto ao que disse Georg Lichtenberg de que QUANDO OS QUE MANDAM PERDEM A VERGONHA OS QUE OBEDECEM PERDEM O RESPEITO. Que nossas autoridades perderam o respeito, isto fica claro pelas ofensas a elas dirigidas pelos comentaristas das notícias, especialmente dos comentaristas a esta notícia de que trata o jornalista Guzzo sobre o desmantelamento da Operação Lava Jata para evitar combate à corrupção. É para o inverso disso que o povo paga a peso de ouro uma alta corte de justiça. John Locke aconselhava que ao subverter a finalidade para a qual fora criado de servir ao povo o governo deve ser trocado por outro. Certamente não lhe teria ocorrido que esse outro faria a mesma coisa uma vez que o tamanho da estupidez humana não permite outro tipo de liderança.

A segunda notícia é tão importante para o bem da humanidade quanto a primeira, caso fosse analisada e acatada. Sob o título PASOLINI, O CORSÁRIO ANTICAPITALISTA, do escritor Giovanni Alves e publicada no jornal que é uma escola de alfabetização política, OUTRAS PALAVRAS, do dia 8/3/2025. A matéria nos reporta à questão da servidão voluntário citada pela primeira vez no século XIV pelo francês Ettiénne de La Boétie e desenvolvida entre nós pela filósofa e escritora Marilene Chauí. Trata-se do empolgante e intricado assunto que domina a humanidade com seus falsos líderes de  quando sem saber as pessoas passam a ser hospedeiras de parasitas por livre e espontânea vontade acreditando serem livres.

Guzzo lembra que Pasolini via a invasão da cultura como meio de dominação. Não é o que temos de sobra por aqui com adoção do inglês como segunda língua e festa do Halloween? A rádio Bandeirantes de São Paulo tem programa intitulado BRASIL COM Z, como se escreve em inglês.    

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 7 de março de 2025

RENGA 796

 

Dr. William Bernstein, ligado à área da agiotagem financeira que lá nos infernos fiscais rende imensas fortunas sem nada produzir a parasitas, começa seu livro UMA BREVE HISTÓRIA DA RIQUEZA contestando a opinião do jornalista Anthony Lewis a quem atribui pessimismo por dizer-se incrédulo no desenvolvimento econômico face aos acontecimentos ocorridos na Bósnia e vários outros lugares onde horrores foram também praticados (para conhecer os horrores a que se refere o jornalista, leia-se o livro NOVAS CONFISSÕES DE UM ASSASSINO ECONÔMICO, de John Perkins, para se ter ideia de como o governo americano destroça sociedades pobres para lhes tomar o que têm).

O doutor Bernstein rebate o argumento do jornalista que se diz decepcionado com o desenvolvimento recorrendo aos avanços proporcionados pela ciência tais como o prolongamento da vida e crescimento do PIB, entre outros avanços materiais. De fato, indiscutível é o progresso material. No próprio livro de louvação à agiotagem o autor cita Marx quando afirma que apenas em seu período de domínio a burguesia criou forças produtivas mais colossais do que todas as gerações precedentes somadas. No entanto, a quantos beneficia o desenvolvimento material senão a pequeno grupo de Midas predadores?

 A filosofia diz que toda informação deve ser virada e revirada antes de ser acatada como verdade. Seguindo esta orientação, apuramos tratar-se de defesa de um sistema insustentável de riqueza para poucos e miséria para muitos que vigora na cultura contemporânea. O doutor Bernstein se apega ao progresso material para tecer loas à cultura do venha a mim e os outros que se danem. Entretanto, por negligenciar o lado espiritual da vida e supervalorizar o lado material é que o mundo é infeliz em sua alegria de débil mental. Do progresso material enaltecido pelo defensor do parasitismo financeiro resulta o que diz mestre Ladislau Dowbor na página 15 do, este sim, um grandioso livro de verdades, O CAPITALISMO SE DESLOCA: “Estamos destruindo a natureza do planeta em ritmo absurdo, enfileirando a mudança climática, a destruição da biodiversidade, a degradação dos solos, a contaminação da água doce, a poluição dos oceanos com plásticos e outros resíduos, a geração de bactérias resistentes pelo uso de antibióticos na criação de animais. Basta olhar as imagens de crianças nos lixões que cercam tantas cidades do mundo, em disputa com ratos e urubus, para se dar conta do drama” e, na página seguinte: “Temos 850 milhões de pessoas passando fome no planeta, das quais mais de 150 milhões são crianças, ainda que seja produzido no mundo mais de um quilo de cereais por pessoa e por dia”.

Já não são tempos para a humanidade enxergar a animalidade de sua cultura? Ou não é monstruosidade enriquece parasitas ao custo dos sofrimentos decorrentes da pobreza para muitos?

Quanto à menção ao PIB, todos sabem que PIB significa aquilo que a sociedade produz. Mas, a quem serve esta produção senão àqueles que de coisa alguma precisam mais? Do produto resultante do trabalho coletivo (PIB) apenas o necessário para manter o vigor na classe trabalhadora vai para o povo. O restante vai abastecer as caixas-fortes dos Midas lá nos infernos fiscais. Portanto, devidamente examinada a informação do representante da agiotagem mundial, o doutor Bernstein, seus argumentos vão de encontro a uma sociedade menos infeliz. Sobre PIB, o doutor Dowbor, diz o seguinte: “Se dividirmos o PIB mundial, da ordem de oitenta e cinco trilhões de dólares, pala população mundial, constataremos que pode assegurar três mil dólares por mês por família de quatro pessoas”. Aí está, pois, a inconsistência dos argumentos do doutor

Para onde vai a diferença entre estes três mil e a esmola com que as famílias com mais de quatro pessoas dispõem para viver?

 

segunda-feira, 3 de março de 2025

ARENGA 795

 

O doutor Montesquieu inventou a divisão do governo em executivo, legislativo e judiciário para que cada um desses poderes fiscalizasse o outro a fim de garantir que nenhum exorbitasse de suas prerrogativas, uma vez que o poder corrompe. Entretanto, àquele mestre tanto quanto aos demais pensadores que se debruçaram sobre como evitar a corrupção política não ocorreu que o mal não está no sistema político, está no ser humano assombrado. Quem não sabe o que é não ter o que comer não pode imaginar a tortura que é. Vai daí que a lembrança no inconsciente dos tempos de caçadores coletores ainda assombra e leva quem quer que tenha à sua disposição recursos ainda que alheios a meter a mão neles. Juntando esta realidade à maldade natural do lobo a que se referiu Thomas Hobbes, o resultado são os arquitrilionários que para deleite se apossam de imensas fortunas indiferentemente da existência de outras pessoas com as mesmas necessidades fisiológicas.

É por isso que não existe como evitar a má política que governa o mundo. Pipocam notícias de governantes dando bilhões a outro governante para comprar armas. Pode uma cosa destas? Esse dinheiro não é do governante, mas de quem trabalha nas outras atividades. Isso até lembra o Plano Marshal que consistiu no seguinte: como o governo americano não teve seu território destroçado, emprestou montanhas de dinheiro para os países destroçados para que eles comprassem nos Estados Unidos o material da reconstrução. Mestres em dinheiro e não em paz e tranquilidade, tiveram de volta o dinheiro emprestado e muito mais.

Nessa vida está tudo errado. O Batuque na televisão lá da sala lembra não haver necessidade de cantaria no carnaval se a malta desprovida de intelectualidade se torce e retorce é ao som de batuque.

sábado, 1 de março de 2025

ARENGA 794

 

É notória a similaridade entre as falsas felicidades dos dois mundos que decidem o destino do mundo: o mundo da política e o mundo da televisão. Tanto são come gêmeos univitelinos que um e outro vivem com eterno sorrisão na cara. Embora haja no mundo da televisão quem chore, mas é de somenos importância. São pobres quando fogo ou água leva o sofá e estraga a televisão, o que enseja gordas emendas parlamentares no mundo da política. Outra das razões pelas quais no mundo da política ninguém chora é por não haver pobre por lá. Se por descuido pinta algum pobre por lá, os outros pobres logo providenciam para que ele deixe de ser pobre.

Sabem o que isso lembra? Lembra da servidão voluntária que pela primeira vez foi mencionada pelo jovem filósofo francês Etienne de La Boétie que no curto tempo em que viveu, faltando três meses para completar 33 anos, estudou direito, compôs poesias, traduziu clássicos gregos e legou à posteridade um dos mais geniais e vigorosos documentos da reflexão política: o Discurso da Servidão Voluntária. É o que nos diz o professor Homero Santiago, que escreveu a apresentação do livro Contra a Servidão Voluntária, da mestra Marilena Chauí.

Esta é uma questão deveras interessante, sobre a qual, apesar de já termos a ela nos referido, mas por outro ângulo.

 A grande importância da filosofia é levar à reflexão que é como se escolhe o melhor caminho por onde caminhar. Como a humanidade não tem tempo para a reflexão, vive na pior.

Aquela baboseira da recomendação filosófica para conhecer a si mesmo, a melhor maneira de encará-la é considerar como um chamamento à reflexão. Assim faz o mesmo professor acima citado. Ele diz que o bom senso vê como aberração falar-se em servidão voluntária e que por isso mesmo constitui um oximoro (palavra que o dicionário diz tratar-se de sentido contraditório e dá silêncio ensurdecedor como exemplo de oximoro.

Realmente, é grande a contradição que uma servidão voluntária encerra se até os pobres negros incultos submetidos à escravidão se rebelavam heroicamente contra a opressão que os sujeitava a exemplo de Zumbi dos Palmares. Por que, então, doutores haveriam de se submeter de bom grado?

Seguinte: entre a antiga servidão imposta pela força bruta sentida na pele pela chibata e a servidão moderna imposta pelo emprego há uma sutileza tão bem urdida que a privação de liberdade não é sentida, é camuflada e embora servis os servidores acreditam-se livres. Daí a felicidade dos festejamentos e as explosões de alegria, ao passo que os cantos dos escravos negros eram nostálgicos. Enquanto estes sentiam saudades do que lhes foi roubado, aqueles não veem motivo algum para saudade de nada posto acreditarem-se no melhor dos mundos.  Basta-lhes os filhos na escola onde aprenderão, como os pais, a cultura do venha a mim e os outros que danem, obrigação de respeitar deus, quando respeito não pode ser imposto.

Certamente por ter vivido em época anterior ao advento do poder da mídia e a razão de ter o jovem filosofo francês falado em servidão voluntária porque ela é imposta por imensa revoada de papagaios de microfone que faz a massa bruta de torcedores carnavalescos e ratos de igreja ver vermelho onde é verde. Enfim, a humanidade não precisa ser tão incapaz de ter seus próprios pensamentos. Fora disso, não há  como não viver de ilusão como as pessoas do exemplo de Platão na alegoria da caverna.