As
peregrinações que em vez de proteção deixam cadáveres pelo caminho, inclusive
de inocentes criancinhas, por culpa única da ignorância de seus pais, nos
ensinam que o nível de discernimento dos adultos nunca foi além do de quando a
gente era criança e a mãe contava as diabruras de Phortos, D’Artagnan e Aramis.
Mas uma peregrinação de chamar a atenção mais do que as outras é uma que serve
para mostrar aos posudos e ridículos poderosos entrincheirados atrás de
montanhas de riqueza os acontecimentos tenebrosos que envolveram seus posudos colegas
de ridículo e de riqueza dos tempos da Revolução Francesa que também podem lhes
acontecer visto que a desmoralização da política atualmente não é tão diferente
daquela que ensejou os referidos acontecimentos tenebrosos. No livro 1882,
mestre Laurentino Gomes conta pormenorizadamente a história e estória que é a
seguinte:
No século
XVI, um religioso chamado Dinis e que depois virou São Dinis foi enviado por
seus superiores à região da Gália para converter ao cristianismo aquele povo
bárbaro retratado na divertida revista Asterix e Obelix, para quem alcançou. Como
nunca foi novidade acontecer com os representantes divinos, Dinis foi condenado
a ter a cabeça cepada fora corpo e depois de executado levantou, apanhou sua
cabeça no chão e marchou por seis quilômetros até um cemitério onde, finalmente,
caiu, foi sepultado, e seu túmulo virou objeto de peregrinação, o que mostra
que em todo canto e época povo é sempre povo. Eis que um governante desses que
que não têm pena nem dó de dinheiro e que se chamava rei mandou construir uma
igreja no lugar do túmulo de Dinis destinada a guardar os restos mortais dos
reis a partir daquela dada em diante.
Esta segunda
parte da história e estória é de dar o que pensar aos posudos do mundo porque
na fase do terror da Revolução Francesa séculos depois, os revoltosos botaram
abaixo a tal igreja do santo Dinis, violaram os túmulos e esparramaram ossadas
de reis no matagal. Quando baixou a poeira da revolução, sendo impossível saber
a quem pertenceu determinado osso, o governante de então que como todos não
precisam se preocupar com dinheiro mandou reconstruir a igreja, ajuntar toda a
ossada que encheram malas a puxar de gancho, de modo que tíbias, crâneos, de
reis se encontram tudo misturado, lembrando que o destino dos posudos é o mesmo
do lavrador da música de nosso grande Chico Buarque de Holanda.
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