quinta-feira, 20 de março de 2025

ARENGA 800

 

As peregrinações que em vez de proteção deixam cadáveres pelo caminho, inclusive de inocentes criancinhas, por culpa única da ignorância de seus pais, nos ensinam que o nível de discernimento dos adultos nunca foi além do de quando a gente era criança e a mãe contava as diabruras de Phortos, D’Artagnan e Aramis. Mas uma peregrinação de chamar a atenção mais do que as outras é uma que serve para mostrar aos posudos e ridículos poderosos entrincheirados atrás de montanhas de riqueza os acontecimentos tenebrosos que envolveram seus posudos colegas de ridículo e de riqueza dos tempos da Revolução Francesa que também podem lhes acontecer visto que a desmoralização da política atualmente não é tão diferente daquela que ensejou os referidos acontecimentos tenebrosos. No livro 1882, mestre Laurentino Gomes conta pormenorizadamente a história e estória que é a seguinte:

No século XVI, um religioso chamado Dinis e que depois virou São Dinis foi enviado por seus superiores à região da Gália para converter ao cristianismo aquele povo bárbaro retratado na divertida revista Asterix e Obelix, para quem alcançou. Como nunca foi novidade acontecer com os representantes divinos, Dinis foi condenado a ter a cabeça cepada fora corpo e depois de executado levantou, apanhou sua cabeça no chão e marchou por seis quilômetros até um cemitério onde, finalmente, caiu, foi sepultado, e seu túmulo virou objeto de peregrinação, o que mostra que em todo canto e época povo é sempre povo. Eis que um governante desses que que não têm pena nem dó de dinheiro e que se chamava rei mandou construir uma igreja no lugar do túmulo de Dinis destinada a guardar os restos mortais dos reis a partir daquela dada em diante.

Esta segunda parte da história e estória é de dar o que pensar aos posudos do mundo porque na fase do terror da Revolução Francesa séculos depois, os revoltosos botaram abaixo a tal igreja do santo Dinis, violaram os túmulos e esparramaram ossadas de reis no matagal. Quando baixou a poeira da revolução, sendo impossível saber a quem pertenceu determinado osso, o governante de então que como todos não precisam se preocupar com dinheiro mandou reconstruir a igreja, ajuntar toda a ossada que encheram malas a puxar de gancho, de modo que tíbias, crâneos, de reis se encontram tudo misturado, lembrando que o destino dos posudos é o mesmo do lavrador da música de nosso grande Chico Buarque de Holanda.

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