sábado, 27 de setembro de 2025

ARENGA 852

 

A desistência da ampliação da imunidade parlamentar com a PEC da blindagem só explicável por se tratar de Brasil onde o bom senso e a sensatez nunca prosperaram, prova que nem tudo está perdido como pensa a quase totalidade dos políticos. Embora a rejeição da permissão para delinquir à vontade não significa a redenção da política, não deixa de ser um passo nesse sentido que ao menos serve pra justificar valer a pena a esperança em uma sociedade menos má. Mas, que ninguém se engane, o fato de ter havido unanimidade na desaprovação da excrescência da PEC da blindagem não significa um senado realmente preocupado com a lisura que se espera de quem age em nome da sociedade. A realidade é bem outra porque senadores há que votaram como votaram forçados pela opinião pública, deixando claro a realidade mencionada por Rousseau de que a força impôs os primeiros grilhões e a covardia os perpetuou.

Na verdade, entretanto, o que faz a massa ignorar seu poder e conviver satisfeita com os grilhões, em vez de ser por covardia, é por desconhecer a existência de um poder, o poder da mídia, que apesar de exercido por um pequeníssimo número de pessoas em relação ao total das pessoas da humanidade, graças à facilidade com que o cérebro pode ser manipulado e a posse de quase toda a riqueza do mundo, usando dessa riqueza fabulosa estas poucas pessoas montaram um esquema diabólico do qual fazem parte as várias modalidades de brincadeiras como futebola, carnaval, corrida de carro, lavagem de escadas de igreja, copa do mundo, e muito mais, que absorvem a atenção do povo com tamanha eficiência que salvo gatos pingados a ninguém mais ocorre um despertar para a realidade de estar tudo tão errado que é grande o número de suicídios, cânceres e jovens alucinados matando colegas de escola.

O muito falar sobre tradição, principalmente na tradição da democracia, por exemplo, deve merecer grandes reflexões a respeito uma vez ter sido pela tradição que nos encontrarmos em festa e na alegria dos campeonatos, mas tudo isso acontecendo  à beira de um abismo.

    

 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

ARENGA 851

 

Em virtude de não haver costume de se escrever livros com apenas quatro ou cinco páginas é que os escritores discorram por várias centenas de páginas que na verdade, de tanto tergiversar, acaba dificultando compreender melhor a mensagem do autor. Rousseau, por exemplo, em DO CONTRATO SOCIAL, discorre por quarenta e oito páginas no último capítulo quando apenas o título desse capítulo denominado QUE A VONTADE GERAL É INDESTRUTÍVEL, suscita uma verdade que se observada ao pé da letra esclareceria quem lesse o livro onde se encontra o maior problema que impede a humanidade de organizar uma sociedade civilizada. Substituindo o “indestrutível” de mestre Rousseau, de modo que o título do capítulo fosse A VONTADE GERAL É CAPAZ DE REMOVER MONTANHAS ou A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS”, por ser realmente do povo que emana todo o poder de quem manda no mundo esquecidos desta esta realidade salvo quando a massa deixa de lado a festividade e se manifesta com cara de poucos amigos.

Como sabe quem observa a vida e a humanidade, dos dois poderes o bem e o do mal, este último supera o primeiro com larga vantagem, bastando para se chegar a esta conclusão observar que a criminalidade (poder do mal) se sobrepõe ao poder das autoridades (supostamente poder do bem) e nem podia ser de outra maneira visto que o poder do mal se fundamente em riqueza material enquanto que o poder do bem se fundamenta em divindades, orações, lavagem de escadas de igrejas e pedidos do Papa em prol da paz.

   

 

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

ARENGA 850

 

Nos livros consta que os gregos da antiguidade definiam filosofia como um interesse muito grande em aprender sempre mais sobre o mundo e a humanidade para que desse aprendizado se se concluísse por um modo de se viver da melhor maneira possível. É mais do que evidente que o desejo inteligente de se viver bem em coletividade, com qualidade de vida, tal desejo se perdeu no caminho percorrido desde caçadores e coletores até o presente quando à matança por brutalidade ajuntou a outra forma de matança por meio de doenças resultantes da agressão à natureza e pela fome.

Mas também pode ser que o motivo pelo qual o antigo desejo de viver bem não tenha vingado porque sendo a filosofia exigente da atividade de raciocinar, e sendo que tal atividade, como afirmavam os pensadores gregos, requer vontade aprender, de adquirir conhecimento, e sendo ainda que o único conhecimento a despertar interesse do elemento asqueroso povo e sobre futebola e axé, ambiente em que o raciocínio não pode alçar voos mais altos do que o solado do sapato, pode ser também por este motivo que em lugar de viver bem vive-se tão mal.

É impossível haver raciocínio em quem em vez fazer o que deve ser feito fica a esperar por um deus considerado de infinita bondade que de uma só tacada matou afogada toda a humanidade com exceção apenas de Noé, seus filhos, suas noras e uma bicharada cuja sujeira só não matou também a família de Noé porque a história tanto quanto tudo em que as pessoas acreditam não passa de mentira.

domingo, 14 de setembro de 2025

ARENGA 849

 

Ao ouvir um “vá com deus” quando me despedia de um renomado médico, realmente conhecedor da ciência médica, e para onde também irão os jovens esbanjadores da vitalidade que o tempo sozinho se encarrega de corroer, naquela ocasião, como em muitas outras, não pude evitar mais um dos muitos momentos de tristeza que sempre me ocorrem quando tenho a atenção voltada para a generalização do analfabetismo político que uma vez implantado na mentalidade da juventude por um sistema educacional que foge da realidade como o diabo foge da cruz, tal sistema molda de forma antissocial a personalidade dos seres humanos fazendo deles nada mais do que ganhadores de dinheiro que nem desconfiam do que seja a realidade da vida, realidade esta que levou Honoré de Balzac a afirmar haver duas histórias sobre a humanidade: a história que aprendemos e outra história que de tão falsa chega a ser vergonhosa.

Aconteceu com a sociedade humana que em sua trajetória rumo ao futuro foi assaltada por interesses antissociais que não podendo prevalecer às claras escorraçaram a verdade e em seu lugar colocaram uma história obscura que de tão falsa chaga a ser vergonhosa por distorcer cinicamente a realidade da vida de modo a pôr a humanidade em tamanho estado de letargia mental que não poderá superar o engodo em que se encontra por se tratar de uma trama tão bem urdida que os próprios enganados se colocam contrariamente a qualquer outro tipo de vida que não a da dependência de um deus que apesar de nunca ter existido existe até para doutores, que dizer então para a massa festiva de carrinhos ordinários que anunciam terem sido presentes de deus.

Portanto, estando vedado pela mentira o caminho que leva à verdade e a uma sociedade civilizada, todos os “é preciso fazer isto e aquilo” provenientes de pensadores inconformados com o estado de falsidades podem ser resumidos num único “é preciso” que é ser preciso antes de qualquer outra coisa batalhar arduamente para iluminar a mente humana com a luz da verdade.  

   

sábado, 13 de setembro de 2025

ARENGA 848

 

Apesar de muito se falar em organização social, o que existe é uma desorganização social. Vaja-se, por exemplo, o também muito falar mal de governo autoritário se governo existe exatamente para impor autoridade sobre a gandaia antissocial de baderneiros por natureza e deseducação social. Quando se é jovem, a falta de uma orientação voltada para incutir nos jovens a necessidade e apreço pela vida em sociedade visto tratar-se de seres gregários os humanos, a falta de tal educação resulta em uma juventude preocupada apenas com o que se refere à vida individual, quando, na verdade, a vida de cada um dos seres humanos depende da forma de organização social.

Mas não há que se pensar em sociedade civilizadamente organizada se a humanidade não consegue ultrapassar a qualidade de aglomeração de bestas humanas que se estraçalhem entre si por conta de tamanha irracionalidade. Ser contra autoridade de governante e o mesmo que ser a favor de uma polícia preparada para só agir de modo educado. Governo existe exatamente para impor autoridade sobre os muitos que por falta de orientação na infância se insurgem contra a ordem indispensável à organização social. O

que acontece é que por ignorar a vantagem de sociedade civilizada até então desconhecida da humanidade, a autoridade dos governantes tem visado fins diametralmente opostos aos de assegurar o bem-estar social, como provam os gastos astronômicos nas guerras e a posse de outras somas astronômicos por Midas avarentos, riquezas que jamais poderiam ser desviadas para fim diferente de correta administração pública.

Quando o governo age na perseguição do objetivo para o qual foi instituído, suas autoridades precisam ser tão taxativas em suas ações a ponto de não serem admitidas contestações porque a ser assim o que se tem é a bagunça de uma autoridade dizer uma coisa e outra contestar por ter interesse contrariado.           

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

ARENGA 847

 

Se o mesmo fato gera opiniões contrárias da justiça, não fica evidente que a justiça não merece crédito e que vivemos num mundo de ilusões como os habitantes da caverna de Platão? Se as ilusões pertencem ao mundo infantil, não significa que os adultos têm mentalidade de criança e que por isso não conseguem organizar uma sociedade que não seja tão imperfeita que tanto se mata quanto se morre por ideais inclusive religiosos? Ou o motivo das mortes atribuídas a ideais o são na verdade motivadas pelo ideal apenas de poder e riqueza?

Esta última hipótese, como demonstraram o Santo Tribunal da Inquisição e as milenares disputas ferrenhas e sangrentas por cargos que manipulam riqueza parecem ser o que melhor explica o morticínio tanto nas guerras quanto por atiradores especializados em matar contratados por adversários dos pretendentes a um posto na administração pública onde há dinheiro a puxar de gancho como mostra a vida faustosa dos líderes políticos e do Papa

Também há muito sobre o que se meditar sobre a necessidade do aparato de segurança em torno de um chefe de estado que se exercesse com correção o trabalho de civilizar os governados haveriam de receber respeito, estima e profundo apreço da parte deles.

Não há na verdade motivo para vivermos tão mal como vivemos. E é fácil constatar a realidade de não podermos viver de outro modo senão mal. Para tanto, nada mais é preciso do que observar que na política autoridades deixam os palácios rumo à cadeia. No engodo da religião corre rios de dinheiro e, socialmente, as pessoas mais desqualificadas intelectualmente são tão valorizadas que são elevadas à fama e celebridade.

 

 

 

terça-feira, 9 de setembro de 2025

ARENGA 846

 

Todos os livros sobre a história da humanidade trazem uma infinita variedade de pensadores e seus pensamentos que em nada modificaram no comportamento humano a selvageria dos primeiros tempos. humana pior a cada dia não obstante fala-se até em sociedade líquida e modernidade sólida, mas não se percebe estar-se falando para quem só entende de futilidades, razão pela qual a humanidade não pode ser diferente da aberração que é seres racionais capazes de progredirem materialmente a ponto de vencer as adversidades naturais, mas que, no entanto, sendo incapazes de vencer as adversidades pessoais comuns à vida em sociedade, despende cada grupo em aparato bélico recursos suficientes para erradicar fome e violência por meio de educação e uso da razão.

Como, entretanto, encontrar razão em esperar que seres divinos inventados pelo medo de fenômenos naturais então incompreensíveis? Não percebem estar perdendo tempo e esforço aqueles que buscam orientar no sentido de melhor caminho para a humanidade se nela mora o espírito da servidão que faz ser do chão e por isso mesmo não querer colchão? Servos, plebeus e empregados tem sido a vida serviçal e feliz dos seres humanos há tanto tempo que já se acostumaram e se insurgem contra a ideia de viver de um modo no qual a reflexão já exercida pelos antigos gregos ocupe a maior parte do tempo despendido em alegrias para as quais, na realidade, não há tanto motivo como se acredita.   

   

terça-feira, 2 de setembro de 2025

ARENGA 845

 

O intelectualíssimo doutor Jessé de Souza escreveu um chamado BRASIL DOS HUMILHDOS, no qual afirma que os brasileiros não são o que é dito sobre eles, inclusive por inclusive por Sérgio Buarque de Holanda. O fato chamou a atenção do cantinho de pensar trazendo à realidade que a experiência resultante da observação da vida aliada a alguma leitura ainda que não tanto quanto o necessário para se fazer um intelectual é capaz de render mais capacidade de interpretar a atividade de viver do que apenas a intelectualidade. Acontece que no mundo dos intelectuais não há espaço para as coisas simples que estão à vista. Quem nos dera não fossem nossos conterrâneos um povo tão inferior que as notícias na imprensa giram exclusivamente sobre crimes de todos os tipos, inclusive contra pessoas vulneráveis. Costa que o brasileiro foi o único povo a roubar a Cruz Vermelha. Aqui já aconteceu de deputado trabalhando como parlamentar de dentro da cadeia.

No pequeno grandioso livro O QUE OS DONOS DO PODER NÃO QUEREM QUE VOCÊ SAIBA, de Eduardo Moreira, consta que os brasileiros não estão nem aí para bilhões de reais que pagam em taxas aos bancos, mas que se levantam contra um aumento de alguns centavos na tarifa do ônibus. A altíssima religiosidade e o grande número de farmácias por si só expressam o quanto longe de alguma civilização está nossa sociedade onde o pão e circo encontra espaço livre para promover o maior número de feriados e de festas.

Enfim, os intelectuais estão tão longe da realidade que mestre Platão acreditava na existência de deus, atitude tão sem pé nem cabeça quanto as orações do para pelos infelicitados no tremor de terra do Afeganistão.