Definitivamente, o mundo não está
para quem tem um pingo sequer de sensibilidade espiritual. Ao contrário, está
para brutamontes insensíveis ao barulho. Cães latindo ininterruptamente, para as
pessoas funciona como acalanto. Nem lhes incomoda a fumaça venenosa de carros
fumacentos que apesar da proibição legal, graças ao descaso das autoridades
indiferentes aos danos que causam à saúde, trafegam espalhando veneno em meio à
multidão barulhenta que ainda se entusiasma com as promessas de líderes de pau
oco. Ignorando a realidade da vida, seres humanos ouvem impassivos das
autoridades haver escassez de dinheiro para salvar vidas ao passo que dinheiro
é esbanjado a torto e a direito inclusive pelo pão e circo que transforma
imbecis em celebridades bilionárias.
Assusta a indiferença com que se convive
com a falsidade dos argumentos de economistas enredando num manto de tecnologia
de difícil compreensão a economia, na verdade coisa tão simples que nada mais é
do que recolher impostos e aplicar corretamente observando a nobreza da justiça
social.
Entretanto, como para aproveitadores
nos cargos de autoridades interessa restringir o entendimento a seus lacaios
apenas, afastado o interesse do povo a respeito do assunto, o resultado é o que
aí está: o produto do trabalho coletivo servindo apenas a gatos pingados
chamados de poderosos, na verdade de um poder extremamente prejudicial à coletividade
que em termos de civilização se torna tão ridículo esse “poderoso” quanto a
celebridade das “celebridades” da imprensa também ridícula.
Sendo o povo envolvido pelo
analfabetismo político, assemelha-se aos irracionais que trabalham por
trabalhar, mas sem se interessar pelo resultado do seu trabalho.
Mas a estupidez humana se mostra em
todo seu esplendor tanto na ação de agredir a natureza quanto na reação a essa
agressão. Limita-se a reação a consertar os estragos decorrentes da ação
predatória prá cima da natureza, mas sem a mínima preocupação com as causas
destes estragos. Agem como se só acontecesse uma única vez e nunca mais.
Juntamente com ética e vergonha na
cara, também sumiu a coerência. O importante jornal Folha de SP publica matéria
intitulada Desertos de Notícias. Se a palavra “deserto” indica ausência de
alguma coisa, essa coisa se limita a notícias boas porquanto notícia ruins há
para puxar de gancho. Noticiam-se namoros, separação ou ajuntação de
“celebridades”, o tipo de vestido mais “ousado” ou mais caro, o tamanho da
fortuna, e ridicularidades do tipo.
Daí ter o pensador afirmado ser a
convivência com o povo um mal-estar equivalente a doença. Triste, mas
verdade.
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