domingo, 29 de dezembro de 2024

ARENGA 775

 

Tentando ler o livro Uma Breve História das Guerras, do intelectualíssimo Geoffrey Blainey, cheguei à conclusão de que os intelectuais são inúteis para quem busca alguma compreensão sobre o motivo pelo qual a atividade de viver nunca deixou de ser ruim tanto para pobres quanto para ricos. Isto porque nenhuma sociedade comporta poucos com muito e muitos com pouco ou mesmo sem nada. O livro citado é um exemplo perfeito da realidade de que a melhor maneira de conhecer a verdade é deixar de lado os intelectuais e pensar muito sobre o assunto. Imagine! Um livro inteiro de especulação sobre os motivos das guerras quando apenas duas frases, uma de Thomas Hobbes e outra de Einstein, encerram o assunto. Hobbes disse que o homem é o lobo do homem e Einstein disse não ter dúvida quanto à imensidão da estupidez humana. Pronto! Aí está o porquê das guerras que nada mais são do que o resultado da combinação demoníaca entre maldade e a estupidez do vício de riqueza e poder que não pode ser apaziguado sem que se seja indiferente ao sofrimento dos excluídos.

Ao deixar-se levar pelo canto da sereia do crescimento econômico e do livre mercado a humanidade entrou numa fria na qual se encontra enredada sem escapatória à vista uma vez que a única força capaz de promover mudança, ou seja, a força do povão, que ao pender para determinada convicção leva tudo o mais consigo de roldão, esse poder ilimitado, entretanto, por mil e muitas artimanhas daqueles que se encontram a gosto em meio à infelicidade passou de mala e cuia para o lado errado, o lado dos causadores de infelicidades, os ricos donos do mundo. Ao atrair a simpatia do povão para seu lado com o engodo do crescimento econômico e do livre mercado os ricos donos e destruidores do mundo tornaram-se praticamente invencíveis.

Embora intelectuais haja que percebem a inviabilidade econômica e sugiram soluções, escapa-lhes a dura realidade de não haver quem queira mudar alguma coisa vez que para a humanidade em peso nada precisa ser mudado como mostram as alegrias e os festejamentos. Daí ter mestre Vinicius Bittencour levantado em Falando Francamente a seguinte questão sobre as alegrias do carnaval: “Será que a turba festiva vai despertar na quarta-feira no melhor dos mundos?” Por que não aplicar a mesma pergunta à imbecilidade da “virada”?

Realmente, há uma profusão de festas, comemorações, alegrias e riquezas ao lado de desastres, mortes, tristeza e pobreza combinação explosiva resultante da agressão à natureza em nome do crescimento econômico de consequências funestas a cada dia mais evidentes.

 

 

 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

ARENGA 774

 

Ora, vejam só se implicar com a displicência quanto ao futuro é “prosa” ou se é estupidez de quem encara a vida como se existisse apenas para os folguedos e alegrias que enchem as páginas dos jornais, ou se as alegrias são mais uma prova da aberrante estupidez da malta de não pensantes. Raciocinemos sobre o seguinte: há dois mil e vinte e quatro anos, quando da rápida passagem de Cristo por aqui, a humanidade constituía um grupo de 170 milhões de seres humanos que tanto fornicaram e reproduziram nesse período o bastante para que atualmente sejamos em terno de sete bilhões e quinhentos milhões dos bichos que mais parecem com gente, sendo que se a comida ainda não falta como já falta água, não pode haver dúvida de também faltará em virtude do exaurimento do solo que já se manifesta nas imensas áreas desertificadas.

Agora, pensem aqueles que se preocupam com o futuro das gerações vindouras sobre o seguinte: se apenas o grupo de cento e setenta milhões que éramos há dois mil e vinte e quatro anos aumentou para sete bilhões e meio que contém 44.117.647 (quarenta e quatro milhões, cento e dezessete mil e 647) grupos iguais àquele do tempo de Cristo.

Portanto esse tanto de grupos de cento e setenta milhões reproduzindo cada na mesma proporção, em mais dois mil e vinte e quatro anos s população do planeta será de 3.308.823.525.000.000 (três quatrilhões, trezentos e oito trilhões, oitocentos e vinte e três bilhões, quinhentos e vinte e cinco milhões de pessoas).

Diante de tal quadro é de se supor que os requebrados na televisão, as notícias de gravidez das “celebridades” as orações do Papa, as incontáveis religiões e a religiosidade em vez de terem a ignorância por motivação seja esta a despedida adiantada da vida. Contudo, só estupidez justifica o comportamento dos Midas imbecis que procuram moradia no espaço sideral. Pensarão estes idiotas que os ETs os aceitarão em seu meio? Brasileiros, então, nem pensar se até Portugal os pedem que se retirem de restaurantes por causa da algazarra a que estão acostumados aqui.

 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

ARENGA 773

 

Vejo aqui na página 69 do livro Medeia, da coleção Obra Prima de Cada Autor, uma definição do que vem a ser teatro. Diz o texto que a palavra tanto diz respeito ao edifício, o espaço onde se representa, quanto à arte de represar, a representação, e que etimologicamente o termo teatro está mais ligado ao lugar onde se representa porquanto vem do grego “theatron” que significa platéia (lugar de onde se vê).

A cerca de cinco anos, no Rio de Janeiro, Sara e eu fomos a um teatro cuja peça era intitulada Quatro Homens E Um Segredo. Sabem qual era esse segredo? O problema dos quatro homens? Acreditem: todos quatro tinham o pênis pequeno. A única coisa que há de realmente grandiosa na terra de Sérgio Cabral é a paisagem. Que beleza! Há cerca de vinte anos ou mais cheguei lá vindo de Curitiba numa manhã que a natureza caprichou no esplendor e o mar ora era de um verde ora de um azul de chamar a atenção.

Tanto quando aquela paisagem, também é de chamar a atenção as palavras que o autor da peça teatral Eurípedes põe nos lábios de Medéia. São palavras fortes e de grande significação. Para melhor entendimento, vejamos uma amostra do enredo da história: Encarregado da difícil missão de resgatar o velocino de ouro, Tristão e alguns amigos também heróis rumaram para seu destino no barco Argos, daí serem conhecidos como os argonautas.

Foi decisiva para o sucesso de Tristão a ajuda das magias de Medéia que por ele se apaixonou e se casaram. De volta, tendo Tristão se apaixonada por outra mulher, abandonou Medéia com quem teve dois filhos, o que despertou em Medéia tamanha cólera que só mesmo a genialidade do poeta foi capaz de descrever (vale a pena ler a história).

Na página 25, lembrando que naquela época as noivas deviam um dote ao futuro marido (daí a expressão de Medéia “comprar muito caro um marido”. As palavras que Eurípides colocou na boca de Medéia: “De todos os seres que respiram e que pensam, nós outras as mulheres, somos as mais miseráveis. Precisamos primeiro comprar muito caro um marido, para depois termos nele um senhor absoluto da nossa pessoa, segundo flagelo ainda pior que o primeiro”. E, na página 26:

“A mulher é comumente temerosa, foge da luta, estremece à vista da arma; mas, quando seu leito é ultrajado, não existe alma mais sedenta de sangue”.   

 

domingo, 22 de dezembro de 2024

ARENGA 772

 

Sara chegou de uma maternidade onde fora visitar a sobrinha-neta recém nascida, espantada com a exorbitância da quantidade de parturientes que lá havia. O espanto de Sara me pôs a meditar sobre as duas principais questões levantadas por Thomas Hobbes, tanto a de que seria impossível o crescimento da população ser acompanhado pelo crescimento da alimentação quanto a da necessidade de governo forte o bastante para pôr termo à desordem própria da natureza humana. Como pensamento atrai pensamento, Hobbes me trouxe à mente o porquê de tão poucas pessoas em meio a tanta gente serem capazes de meditações. Nietzsche, por exemplo, concluiu que o conhecimento leva o homem a ser indiferente a tudo aquilo que faz a alegria da malta festiva e Sócrates afirmou que a vida não refletida não vale a pena ser vivida.

Um simples pensar sobre tudo isso leva à conclusão de que a falta de meditação iguala o ser humano aos não humanos, enquanto que da meditação resultam conclusões capazes de prover a elevação espiritual que superando a condição de massa festiva frequentadora de igrejas em seres humanos civilizados o bastante para serem capazes de viver bem em sociedade, que não obstante ser obrigatória à humanidade, até hoje não foi ainda possível haver compreensão suficiente para este tipo de vida.

Quando Hobbes sugeria um governo capaz de pôr termo á desordem certamente lhe tenha escapado a realidade de que sendo comum ao gênero humano a desordem, inexiste quem possa impor a ordem. Daí resulta que quanto maior for o poder atribuído a um ser humano, maiores desordens serão o resultado. Desta forma, quanto mais crianças chegarem, menores a possibilidade de civilização vez que segundo mestre Platão, o adulto é o resultado do que aprendeu em criança. Sendo crendice, desamor ao próximo e riqueza como valor maior, a humanidade estará fadada nunca conhecer outro tipo de felicidade tão efêmera quanto a felicidade dos festejamentos.

 

 

       

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

ARENGA 771

 

De passagem aqui pela Wikipédia vejo que o filósofo Humberto Eco abandonou a religião para ser ateu. Como entender os intelectuais? Vejo também dito lá, em inglês, que o intelectual G.K. Chesterton foi o melhor escritor do século XX. Ele disse algo sobre tudo. E o disse melhor do que ninguém mais. No entanto, na página 33 do livro Os Donos do Mundo, de Cristina Martín Giménez, o seguinte pensamento deste mesmo tão grandioso escritor: “Quando o homem deixa de acreditar em deus, pode crer em qualquer coisa”. Ora, a verdade é o oposto do que pensa o intelectual porque para se acreditar em deus é preciso ser alguém que acredita em qualquer coisa. Não se nasce acreditando em deus, mas passa-se a acreditar por influência da educação religiosa. Na página 25 do mesmo livro. Outra citação, de Honoré de Balzac, que diz o seguinte: “Existem duas histórias: a oficial, mentirosa, aquela que nos ensinam; e a história secreta, na qual se encontram as verdadeiras causas dos acontecimentos, uma história vergonhosa”.

Por ser vergonhosa a história das religiosidades é que o filósofo Humberto Eco se tornou ateu. Mas parece ter demorado até perceber que a crendice é fruto da falta de conhecimento que fazia nossos ancestrais orar par o espírito de rio que ia atravessar.  vítima da mesma crendice que vitima as pessoas que dão dinheiro ao pastor em troca de um lugarzinho no céu. É tamanha a falta lógica desse negócio de religião – e um negócio tão lucrativo que rende até barras de ouro, e tudo livre de imposto – que na página 11 do livro Homo Deus, de Yuval Noah Harari, consta que muitos pensadores e profetas concluíram que a fome, a peste e a guerra devem fazer parte do plano cósmico de deus. A ser assim, não seria necessário varrer deus da face dos céus?

Mas a humanidade é tão queixo-duro que um diretor do Fundo Monetário Internacional se chamava Rodrigo Rato.

     

domingo, 15 de dezembro de 2024

ARENGA 770

 

A humanidade está organizada de modo a impossibilitar o desenvolvimento espiritual que possibilite chegar a uma sociedade civilidade. Se, como disse mestre Platão, acertadamente, que da educação ministrada às crianças resultam as personalidades dos adultos, o que aprendemos em criança são apenas mentiras e mais mentiras tendo por carros-chefe religiosidade e enriquecimento. É por acreditar ser o enriquecimento o mérito maior que se deve ter em vista, que ninguém faz nada em benefício de sua sociedade. Se alguém descobre algo que beneficia a sociedade, a ideia de riqueza é que prevalece. A falsa ideia de não ter motivo para se preocupar com vida social é a regra que prevalece entre os seres humanos, no entanto, sem que haja bem-estar coletivo também não há para as pessoas individualmente porque os indivíduos não podem estar bem se a sociedade estiver mal como acontece se a riqueza coletiva estiver sem usada para benefício de poucos e não de todos. É algo tão simples que os economistas a serviço da cultura da riqueza privada complicam intencionalmente. Se no mundo não há riqueza bastante para que sejamos todos ricos, é insensato que apenas alguns sejam exageradamente ricos porque o excesso de riqueza de poucos tem por consequência a falta de riqueza para muitos. Como pessoas levadas ao desespero pela carência reagem desesperadamente, do acúmulo de riqueza privada resulta em desestabilizar a vida social justificando a afirmação de Thomas Hobbes de ser o homem o lobo de si mesmo.

Como se vê, os seres humanos vivem independe de ações inteligentes resultantes de momentos de reflexão. Não obstante dotados de inteligência bastante para ir ao fundo do mar e às alturas do céu os seres humanos vivem por viver, como os irracionais. E pode parecer implicância de ateu, mas com a proibição de se discutir os mistérios de deus, a religiosidade contribui grandemente com o hábito nocivo da desnecessidade do raciocínio, artimanha com a qual procura fugir da impossibilidade de justificar os absurdos com os quais ilude o povo.   

 

 

 

 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

ARENGA 769

 

Até medidas governamentais em nosso belo, mas de triste sorte Brasil são ridículas: PACOTE que lembra o conto do paco e os pacotes de Geddel e de Sérgio Cabral. Nada será capaz de levar nosso Brasil a pôr termo à deslavada corrupção em que se encontram mergulhadas nossas instituições. É impossível haver alguém de qualquer lugar que não conheça um prefeito que entrou pobre na prefeitura e saiu de lá rico ou riquíssimo. Esse modo de proceder lembra Platão. Antes que alguém diga que estou maluco, lembro que aquele filósofo disse que a personalidade do adulto depende do que foi ensinado à criança. Sendo assim, o que aprendeu a criança Brasil, segundo Laurentino Gomes no livro 1808, páginas 188 e 189, quando da chegada da corte portuguesa escorraçada do Portugal pelo baixinho encapetado Napoleão Bonaparte, realmente bom na arte de guerrear em busca de poder, ignorando que outros poderosos antes dele viraram comida de germes e outros depois dele também terão o mesmo destino. Vejamos, então, que o tipo de educação recebida pela criança Brasil só poderia mesmo formar personalidades como as que temos. Diz o jornalista e historiador:

“A corte chegou ao Brasil empobrecida, destituída e necessitada de tudo. Já estava falida quando deixara Lisboa, mas a situação se agravou ainda mais no Rio de Janeiro. Deve-se lembrar que entre 10.000 e 15.000 portugueses atravessaram o Atlântico junto com D. João. Para se ter uma ideia do isso significava, basta levar em conta que, ao mudar a sede do governo dos Estados Unidos da Filadélfia para a recém-construída Washington, em 1800, o presidente John Adams transferiu para a nova capital cerca de 1.800 funcionários. Ou seja, a corte portuguesa no Brasil era entre 10 e 15 vezes mais gorda do que a máquina burocrática americana nessa época (daí nossas dezenas de ministérios – grifo nosso – . E todos dependiam do erário real ou esperavam do príncipe regente algum benefício pelo “sacrifício” da viagem – outro grifo nosso: quando D. João chegou aqui, em 1808, não era ainda rei. A mãe dele, D. Maria I, é que era a titular do trono visto que o filho mais velho D. José morreu de varíola porque a beata sua mão não consentiu que fosse imunizado –. Continua Laurentino Gomes: “Um enxame de aventureiros, necessitados e sem princípios, acompanhou a família real”, notou o historiador John Armitage. “Os novos hóspedes pouco se interessavam pela prosperidade do Brasil. Consideravam temporária a sua ausência de Portugal e propunham-se a enriquecer à custa do Estado do que administrar justiça ou a beneficiar o público”.

O historiador Luiz Felipe Alencastro conta que, além da família real, 276 fidalgos e dignitários régios recebiam verba anual de custeio e representação, paga em moedas de ouro e prata retirada do tesouro real do Rio de Janeiro. Com base nos relatos do inglês John Luccok, Alencastro acrescenta a esse número mais 2.000 funcionários reais e indivíduos exercendo funções relacionadas à coroa, setecentos padres, quinhentos advogados, duzentos praticantes de medicina e entre 4.000 e 5.000 militares. Um dos padres recebia um salário fixo anual de 250.000 réis só para confessar a rainha. “Poucas cortes européias têm tantas pessoas ligadas a ela quanto a brasileira, incluindo fidalgos eclesiásticos e oficiais”, escreveu o cônsul inglês James Henderson. Ao visitar as cocheiras da Quinta da Boa Vista, onde D. João morava, Henderson se surpreendeu com o número de animais e, principalmente, de serviçais ali empregados. Eram trezentas mulas e cavalos, com o dobro do número de pessoas para cuidar deles do que seria necessário na Inglaterra.

Era uma corte perdulária e voraz. Em 1820, ano anterior ao retorno a Portugal, consumia 513 galinhas, frangos, pombos e perus e noventa dúzias de ovos por dia. Eram quase 200.000 aves e 33.000 dúzias de ovos por ano, que custavam cerca 900 contos de réis” ... “A corrupção medrava escandalosa e tanto contribuía para aumentar as despesas, como contribuía o contrabando para diminuir as rendas”.

Lá, Cabral e Geddel se chamavam Azevedo e Targini, que deram origem ao seguinte verso:

Furta Azevedo no Paço

Targini rouba no erário

E o povo aflito carrega

Pesada cruz ao Calvário.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

ARENGA 768

 

Se é que existe mais alguém que tenha tomado conhecimento do caráter do general Charles de Gaulle, presidente da França, não tem motivo de rancor por ter aquele monumento de honradez dito que o Brasil não é um país sério. A estas alturas, de onde estiver, De Gaulle deve ter chamado atenção de seus companheiros próximos, apontado para o Brasil, e dito o seguinte: “Olha lá! Olha lá! O que foi que eu disse?”. E ao constatarem também os demais o que diz o noticiário da imprensa, todos caíram em largas gargalhadas. Imagem que a imprensa está noticiando que a polícia cumpre mandado de prisões contra bandidos que se encontra nas prisões. Os policiais se dirigindo aos presídios para prender quem apesar de já se encontrar preso, comete novos crimes de dento da cadeia. Pode um país assim ter a compostura necessária para merecer respeito de alguém, principalmente do general De Gaulle, que remeteu para o acervo público um esplendoroso brilhante que recebeu de presente?

Comprovado que está o predomínio do mal sobre o bem, da injustiça sobre a justiça, dos maus sobre os bons, o que resta àqueles a quem foi negado o direito de se sentirem bem, senão   pedir ajuda ao deus que eles pensam existir, mas de quem só se ouve falar?

domingo, 1 de dezembro de 2024

ARENGA 767

 

Certa vez a imprensa noticiou que o presidente francês, general Charles de Gaulle, passou para o acervo público um extraordinário brilhante que recebeu de presente. Pois bem, certa vez, esse mesmo general, homem merecedor de respeito e estima pela sua seriedade, disse que o Brasil não é um país sério. Se ninguém por aqui ficou envergonhado com isto, é porque realmente não somos um país merecedor de respeito como mostram os fatos. Nesse exato momento, num ridículo de chamar a atenção, a imprensa se divide entre notícias de crimes praticados por autoridades e notícias sobre um tal de pacote do governo. Governo sério toma medidas por meio de pacote? Lembra o antigo golpe do paco.

Tudo por aqui faz ver o quão distante estamos da seriedade que a vida exige. Se a França teve um De Gaulle, a Itália um Garibaldi como heróis, no Brasil um chofer de carro de corrida é seu herói e escoiceadores de bola são os libertadores das republiquetas de banana.

Como se não bastasse, nossa justiça é acusada por alguém de seriedade comprovada de comportar bandidos de toga e nosso ex-presidente diz contar com o presidente americano para se eleger novamente para presidir o Brasil. Então, é o presidente americano decidindo outra vez o destino do Brasil e do Chile?

Nesse momento pipoca lá fora um foguetório dos diabos em função de mais uma das brincadeiras com as quais os escoiceadores de bola libertarão a américa.

Tudo isso lembra as palavras de mestre Nietzsche de que ao adquirir conhecimento o homem paira soberano sobre tudo aquilo que faz a alegria da turba alegre e festiva. Haverá realmente na vida motivo para tanta alegria, foguetórios, requebramentos de quadris? Merecerão realmente fama e celebridades nossos “famosos” e “celebridades”? Por que não somos o país sério para dar exemplo do mundo de falsos líderes? Teriam D. Pedro I e D. Leopoldina que deixou sua pátria para se casar com ele lutado ambos por um Brasil como é hoje?