Tentando ler o livro Uma Breve
História das Guerras, do intelectualíssimo Geoffrey Blainey, cheguei à
conclusão de que os intelectuais são inúteis para quem busca alguma compreensão
sobre o motivo pelo qual a atividade de viver nunca deixou de ser ruim tanto
para pobres quanto para ricos. Isto porque nenhuma sociedade comporta poucos
com muito e muitos com pouco ou mesmo sem nada. O livro citado é um exemplo
perfeito da realidade de que a melhor maneira de conhecer a verdade é deixar de
lado os intelectuais e pensar muito sobre o assunto. Imagine! Um livro inteiro
de especulação sobre os motivos das guerras quando apenas duas frases, uma de Thomas
Hobbes e outra de Einstein, encerram o assunto. Hobbes disse que o homem é o
lobo do homem e Einstein disse não ter dúvida quanto à imensidão da estupidez
humana. Pronto! Aí está o porquê das guerras que nada mais são do que o
resultado da combinação demoníaca entre maldade e a estupidez do vício de
riqueza e poder que não pode ser apaziguado sem que se seja indiferente ao sofrimento
dos excluídos.
Ao deixar-se levar pelo canto da
sereia do crescimento econômico e do livre mercado a humanidade entrou numa
fria na qual se encontra enredada sem escapatória à vista uma vez que a única
força capaz de promover mudança, ou seja, a força do povão, que ao pender para
determinada convicção leva tudo o mais consigo de roldão, esse poder ilimitado,
entretanto, por mil e muitas artimanhas daqueles que se encontram a gosto em
meio à infelicidade passou de mala e cuia para o lado errado, o lado dos
causadores de infelicidades, os ricos donos do mundo. Ao atrair a simpatia do
povão para seu lado com o engodo do crescimento econômico e do livre mercado os
ricos donos e destruidores do mundo tornaram-se praticamente invencíveis.
Embora intelectuais haja que percebem
a inviabilidade econômica e sugiram soluções, escapa-lhes a dura realidade de
não haver quem queira mudar alguma coisa vez que para a humanidade em peso nada
precisa ser mudado como mostram as alegrias e os festejamentos. Daí ter mestre
Vinicius Bittencour levantado em Falando Francamente a seguinte questão sobre
as alegrias do carnaval: “Será que a turba festiva vai despertar na
quarta-feira no melhor dos mundos?” Por que não aplicar a mesma pergunta à
imbecilidade da “virada”?
Realmente, há uma profusão de festas,
comemorações, alegrias e riquezas ao lado de desastres, mortes, tristeza e
pobreza combinação explosiva resultante da agressão à natureza em nome do
crescimento econômico de consequências funestas a cada dia mais evidentes.