Até medidas governamentais em nosso
belo, mas de triste sorte Brasil são ridículas: PACOTE que lembra o conto do
paco e os pacotes de Geddel e de Sérgio Cabral. Nada será capaz de levar nosso Brasil
a pôr termo à deslavada corrupção em que se encontram mergulhadas nossas
instituições. É impossível haver alguém de qualquer lugar que não conheça um
prefeito que entrou pobre na prefeitura e saiu de lá rico ou riquíssimo. Esse
modo de proceder lembra Platão. Antes que alguém diga que estou maluco, lembro
que aquele filósofo disse que a personalidade do adulto depende do que foi
ensinado à criança. Sendo assim, o que aprendeu a criança Brasil, segundo
Laurentino Gomes no livro 1808, páginas 188 e 189, quando da chegada da corte
portuguesa escorraçada do Portugal pelo baixinho encapetado Napoleão Bonaparte,
realmente bom na arte de guerrear em busca de poder, ignorando que outros
poderosos antes dele viraram comida de germes e outros depois dele também terão
o mesmo destino. Vejamos, então, que o tipo de educação recebida pela criança
Brasil só poderia mesmo formar personalidades como as que temos. Diz o
jornalista e historiador:
“A corte chegou ao Brasil
empobrecida, destituída e necessitada de tudo. Já estava falida quando deixara
Lisboa, mas a situação se agravou ainda mais no Rio de Janeiro. Deve-se lembrar
que entre 10.000 e 15.000 portugueses atravessaram o Atlântico junto com D.
João. Para se ter uma ideia do isso significava, basta levar em conta que, ao
mudar a sede do governo dos Estados Unidos da Filadélfia para a
recém-construída Washington, em 1800, o presidente John Adams transferiu para a
nova capital cerca de 1.800 funcionários. Ou seja, a corte portuguesa no Brasil
era entre 10 e 15 vezes mais gorda do que a máquina burocrática americana nessa
época (daí nossas dezenas de ministérios – grifo nosso – . E todos dependiam do
erário real ou esperavam do príncipe regente algum benefício pelo “sacrifício”
da viagem – outro grifo nosso: quando D. João chegou aqui, em 1808, não era
ainda rei. A mãe dele, D. Maria I, é que era a titular do trono visto que o
filho mais velho D. José morreu de varíola porque a beata sua mão não consentiu
que fosse imunizado –. Continua Laurentino Gomes: “Um enxame de aventureiros,
necessitados e sem princípios, acompanhou a família real”, notou o historiador
John Armitage. “Os novos hóspedes pouco se interessavam pela prosperidade do
Brasil. Consideravam temporária a sua ausência de Portugal e propunham-se a
enriquecer à custa do Estado do que administrar justiça ou a beneficiar o
público”.
O historiador Luiz Felipe Alencastro
conta que, além da família real, 276 fidalgos e dignitários régios recebiam
verba anual de custeio e representação, paga em moedas de ouro e prata retirada
do tesouro real do Rio de Janeiro. Com base nos relatos do inglês John Luccok,
Alencastro acrescenta a esse número mais 2.000 funcionários reais e indivíduos
exercendo funções relacionadas à coroa, setecentos padres, quinhentos
advogados, duzentos praticantes de medicina e entre 4.000 e 5.000 militares. Um
dos padres recebia um salário fixo anual de 250.000 réis só para confessar a
rainha. “Poucas cortes européias têm tantas pessoas ligadas a ela quanto a
brasileira, incluindo fidalgos eclesiásticos e oficiais”, escreveu o cônsul
inglês James Henderson. Ao visitar as cocheiras da Quinta da Boa Vista, onde D.
João morava, Henderson se surpreendeu com o número de animais e,
principalmente, de serviçais ali empregados. Eram trezentas mulas e cavalos,
com o dobro do número de pessoas para cuidar deles do que seria necessário na
Inglaterra.
Era uma corte perdulária e voraz. Em
1820, ano anterior ao retorno a Portugal, consumia 513 galinhas, frangos,
pombos e perus e noventa dúzias de ovos por dia. Eram quase 200.000 aves e
33.000 dúzias de ovos por ano, que custavam cerca 900 contos de réis” ... “A corrupção
medrava escandalosa e tanto contribuía para aumentar as despesas, como
contribuía o contrabando para diminuir as rendas”.
Lá, Cabral e Geddel se chamavam
Azevedo e Targini, que deram origem ao seguinte verso:
Furta Azevedo no Paço
Targini rouba no erário
E o povo aflito carrega
Pesada cruz ao Calvário.
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