Sara chegou de uma maternidade onde
fora visitar a sobrinha-neta recém nascida, espantada com a exorbitância da
quantidade de parturientes que lá havia. O espanto de Sara me pôs a meditar
sobre as duas principais questões levantadas por Thomas Hobbes, tanto a de que
seria impossível o crescimento da população ser acompanhado pelo crescimento da
alimentação quanto a da necessidade de governo forte o bastante para pôr termo
à desordem própria da natureza humana. Como pensamento atrai pensamento, Hobbes
me trouxe à mente o porquê de tão poucas pessoas em meio a tanta gente serem
capazes de meditações. Nietzsche, por exemplo, concluiu que o conhecimento leva
o homem a ser indiferente a tudo aquilo que faz a alegria da malta festiva e
Sócrates afirmou que a vida não refletida não vale a pena ser vivida.
Um simples pensar sobre tudo isso
leva à conclusão de que a falta de meditação iguala o ser humano aos não
humanos, enquanto que da meditação resultam conclusões capazes de prover a
elevação espiritual que superando a condição de massa festiva frequentadora de
igrejas em seres humanos civilizados o bastante para serem capazes de viver bem
em sociedade, que não obstante ser obrigatória à humanidade, até hoje não foi
ainda possível haver compreensão suficiente para este tipo de vida.
Quando Hobbes sugeria um governo
capaz de pôr termo á desordem certamente lhe tenha escapado a realidade de que
sendo comum ao gênero humano a desordem, inexiste quem possa impor a ordem. Daí
resulta que quanto maior for o poder atribuído a um ser humano, maiores
desordens serão o resultado. Desta forma, quanto mais crianças chegarem, menores
a possibilidade de civilização vez que segundo mestre Platão, o adulto é o
resultado do que aprendeu em criança. Sendo crendice, desamor ao próximo e riqueza
como valor maior, a humanidade estará fadada nunca conhecer outro tipo de felicidade
tão efêmera quanto a felicidade dos festejamentos.
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