domingo, 22 de dezembro de 2024

ARENGA 772

 

Sara chegou de uma maternidade onde fora visitar a sobrinha-neta recém nascida, espantada com a exorbitância da quantidade de parturientes que lá havia. O espanto de Sara me pôs a meditar sobre as duas principais questões levantadas por Thomas Hobbes, tanto a de que seria impossível o crescimento da população ser acompanhado pelo crescimento da alimentação quanto a da necessidade de governo forte o bastante para pôr termo à desordem própria da natureza humana. Como pensamento atrai pensamento, Hobbes me trouxe à mente o porquê de tão poucas pessoas em meio a tanta gente serem capazes de meditações. Nietzsche, por exemplo, concluiu que o conhecimento leva o homem a ser indiferente a tudo aquilo que faz a alegria da malta festiva e Sócrates afirmou que a vida não refletida não vale a pena ser vivida.

Um simples pensar sobre tudo isso leva à conclusão de que a falta de meditação iguala o ser humano aos não humanos, enquanto que da meditação resultam conclusões capazes de prover a elevação espiritual que superando a condição de massa festiva frequentadora de igrejas em seres humanos civilizados o bastante para serem capazes de viver bem em sociedade, que não obstante ser obrigatória à humanidade, até hoje não foi ainda possível haver compreensão suficiente para este tipo de vida.

Quando Hobbes sugeria um governo capaz de pôr termo á desordem certamente lhe tenha escapado a realidade de que sendo comum ao gênero humano a desordem, inexiste quem possa impor a ordem. Daí resulta que quanto maior for o poder atribuído a um ser humano, maiores desordens serão o resultado. Desta forma, quanto mais crianças chegarem, menores a possibilidade de civilização vez que segundo mestre Platão, o adulto é o resultado do que aprendeu em criança. Sendo crendice, desamor ao próximo e riqueza como valor maior, a humanidade estará fadada nunca conhecer outro tipo de felicidade tão efêmera quanto a felicidade dos festejamentos.

 

 

       

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