quinta-feira, 25 de julho de 2024

ARENGA 763

 

No tocante a retórica, a política atual é tão pobre quanto é rica de mau caratismo. Além de insossos os discursos são ridículos e enfadonhos. Nos debates do senado da monarquia, embora defensor do indefensável, a escravidão, consta aqui na página 28 do livro Raízes Do Conservadorismo Brasileiro, de Juremir Machado da Silva, trecho do discurso do senador Paulino de Oliveira em que os argumentos dão o que pensar quando ele alega que com a libertação cessaria a assistência aos velhos e às crianças filhos dos escravos que nesta condição contavam com amparo de seus senhores. São tão fortes os argumentos esgrimidos pelo senador paulista que o historiador afirma que ninguém da plateia riu ou vaiou, não obstante alegar que libertar os escravos era atitude desumana. É este o trecho forte do representante dos senhores de escravos:

“É desumana porque deixa expostos à miséria e à morte os inválidos, os enfermos, os velhos, os órfãos e crianças abandonadas da raça que se quer proteger, até hoje nas fazendas a cargo dos proprietários, que hoje arruinados e abandonados pelos trabalhadores válidos, não poderão manter aqueles infelizes por maiores que sejam os impulsos de uma caridade que é conhecida e admirada por todos os que frequentam o interior do país”.

Se naquela ocasião pretendia-se negar liberdade aos escravos, mais recentemente, quando do julgamento do Mensalão, segundo páginas 238 e 239 do livro do mesmo nome (Mensalão) do jornalista e escritor Merval Pereira, ocorreu o contrário inclusive por ter sido bem sucedido o esforço de ministros do STF para evitar que fosse tirada a liberdade de corruptos condenados à prisão. Segundo Merval Pereira, o ministro Dias Toffoli (aquele que apesar de reprovado para juiz de primeira instância apareceu na última instância, provando que o Brasil não é um país sério, como disse do alto de sua honradez o general De Gaulle, a fim de evitar que os meliantes perdessem a liberdade esse ministro declarou o seguinte: “Os réus cometeram desvios com intuito financeiro, sem objetivos políticos não tentaram contra a democracia, que é mais sólida que tudo isso! Era o vil metal. Que se pague com o vil metal”.

Esse cara aí, como o senador Paulino de Oliveira, segundo Rui Barbosa, não perdeu a oportunidade de entrar para os anais da história pela porta dos fundos. Nosso belo país nasceu e vive sob o signo da desonra e aí permanece sob a mais completa indiferença de uma juventude apalermada e inútil.

  

 

 

 

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