No tocante a retórica, a política
atual é tão pobre quanto é rica de mau caratismo. Além de insossos os discursos
são ridículos e enfadonhos. Nos debates do senado da monarquia, embora defensor
do indefensável, a escravidão, consta aqui na página 28 do livro Raízes Do
Conservadorismo Brasileiro, de Juremir Machado da Silva, trecho do discurso do
senador Paulino de Oliveira em que os argumentos dão o que pensar quando ele
alega que com a libertação cessaria a assistência aos velhos e às crianças
filhos dos escravos que nesta condição contavam com amparo de seus senhores. São
tão fortes os argumentos esgrimidos pelo senador paulista que o historiador
afirma que ninguém da plateia riu ou vaiou, não obstante alegar que libertar os
escravos era atitude desumana. É este o trecho forte do representante dos
senhores de escravos:
“É desumana porque deixa expostos à
miséria e à morte os inválidos, os enfermos, os velhos, os órfãos e crianças abandonadas
da raça que se quer proteger, até hoje nas fazendas a cargo dos proprietários,
que hoje arruinados e abandonados pelos trabalhadores válidos, não poderão
manter aqueles infelizes por maiores que sejam os impulsos de uma caridade que
é conhecida e admirada por todos os que frequentam o interior do país”.
Se naquela ocasião pretendia-se negar
liberdade aos escravos, mais recentemente, quando do julgamento do Mensalão,
segundo páginas 238 e 239 do livro do mesmo nome (Mensalão) do jornalista e
escritor Merval Pereira, ocorreu o contrário inclusive por ter sido bem sucedido
o esforço de ministros do STF para evitar que fosse tirada a liberdade de
corruptos condenados à prisão. Segundo Merval Pereira, o ministro Dias Toffoli
(aquele que apesar de reprovado para juiz de primeira instância apareceu na
última instância, provando que o Brasil não é um país sério, como disse do alto
de sua honradez o general De Gaulle, a fim de evitar que os meliantes perdessem
a liberdade esse ministro declarou o seguinte: “Os réus cometeram desvios
com intuito financeiro, sem objetivos políticos não tentaram contra a
democracia, que é mais sólida que tudo isso! Era o vil metal. Que se pague com
o vil metal”.
Esse cara aí, como o senador Paulino
de Oliveira, segundo Rui Barbosa, não perdeu a oportunidade de entrar para os
anais da história pela porta dos fundos. Nosso belo país nasceu e vive sob o
signo da desonra e aí permanece sob a mais completa indiferença de uma
juventude apalermada e inútil.
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