sábado, 27 de julho de 2024

ARENGA 764

 

 

Quando Schopenhauer diz que o sofrimento é positivo e que a felicidade é negativa, é provável encontrar a explicação para isto no fato de que em estado de sofrimento a pessoa é levada à reflexão e a depender da duração ou da intensidade o estado de sofrimento pode fazer encarar a morte com a tranquilidade que jamais beneficiará festeiros alegres. O sofrimento faz pensar sobre a vida, o que não acontece em ambiente onde predomina a alegria porque para os alegres a felicidade está é na alegria ainda que proveniente do álcool. Mas tal estado de alegria não dura mais do que o acontecimento que lhe deu causa. E quando passado, procura-se nova motivação para mais alegria. Por estar sempre absorto pelos festejamentos é que se é apanhado de surpresa pela realidade da vida que nada tem a ver com festejamentos e que ao alcançar o populacho desprevenido o tormento é maior do que quando sua chegada é esperada.

Como a vida de quem integra o populacho é um tipo de vida antinatural se para eles tempo é dinheiro, recorrem estes pobres diabos a mil e duas tentativas inúteis e custosas que fazem a alegria dos bruxos do bisturi que enriquecem às custas dos dependentes da vaidade e da ignorância de querer ter aparência jovem pela vida toda.

A vida é melhor se encarada com e seriedade com que ela nos encara e não raro ela nos encara com cara de poucos amigos. Como a educação que as crianças recebem é forjada no malho dos Midas que fogem como o diabo da cruz de um povo mentalmente evoluído, deste tipo de educação resultam adultos conversando com estátuas, espíritos, lavando escadas de igrejas e mil e duas mumunhas do tipo, ou seja, o populacho alegre e festivo.

Não se foge da velhice e muito menos da morte, há sabedoria em encará-las com a mesma naturalidade que as caracteriza. É tamanho o medo da velhice e morte que entre dois amigos íntimos o que tinha a mulher muito encrenqueira e queixosa disse ao outro que um médico havia curado a birra de sua mulher apenas dizendo que se tratava da aproximação da velhice.

E é também irreal a vida do populacho porque por considerar a juventude a melhor fase da vida, o que carece de restrição por conta do pouco ou nenhum conhecimento que incapacita os jovens a agirem com maior nível de racionalidade, daí ser raríssimo o jovem que se interessa pelo futuro. Relatório de cientistas prevê inviabilidade de vida ou de grandes dificuldades para se viver em determinadas áreas do planeta em apenas cinquenta anos. Não obstante esta cruel realidade,

 jovens, como cavalos, disputam em Paris quem corre mais depressa; como cangurus, quem dá o pulo maior; como peixes, quem nada mais depressa, enfim executando vários tipos de palhaçada como se fossem crianças mentalmente deficientes para no final uma comissão de velhos ainda mais babacas escolher e premiar vencedores de tais idiotices.

 

 

 

 

     

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