terça-feira, 16 de junho de 2020

ARENGA 614


A pretensão que tem esse arremedo de blog de incentivar a juventude a desenvolver a atividade de meditar sobre a vida, ante o inútil tergiversar dos intelectuais em seus volumosos “Best-Sellers” tão inúteis quanto seus autores nesse sentido, não é ser pretencioso a ponto de querer ofuscar a luz do sol com uma candeia, no dizer do Grande Mestre do Saber Thomas More em A Utopia. Afinal, alguém precisa se voltar contra o desinteresse dos jovens não só por um futuro livre dos infortúnios anunciados pelo presente, mas também pela própria vida. Embora os jovens não saibam, e não sabem porque foram levados pelas culturas capitalista e da religiosidade a uma total apatia à leitura, portanto, ao conhecimento, pelo temor que ambas têm à atividade de pensar porque pensando chegar-se-ia à conclusão de não passarem suas afirmações de mentiras.

Embora não tenha sido escrito com tal intenção, o capítulo quinto, página 126 do livro CAPITALISMO CRIMINOSO, de Stephen Platt, expõe a causa de toda a desarrumação a que foi levado o mundo e que requer uma dona de casa caprichosa para pôr ordem na bagunça que fizeram com a humanidade.

No intuito de levar os gatos pingados que perdem tempo lendo as bobagens destas arengas a pensarem no que foi reduzida a atividade política da qual depende o bem-estar da humanidade é que transcrevo o que diz o autor. Lá vai: “Uma luva branca, revestida de cristais, da turnê de lançamento do disco Bad; um chapéu tipo diplomata usado por Michael Jackson no palco; uma Ferrari 599 GTE; dois imóveis na cidade do Cabo; três relógios Piaget incrustados de diamantes; um gabinete antigo André Charles Boulle; pinturas de Degas, Renoir, Gauguin, Matisse e Bonnard; 1.403 garrafas de vinho sofisticado; 109 itens adquiridos no leilão do espólio de Yves Saint Laurent; uma propriedade em Malibu de cerca de 48.500 metros quadrados; uma propriedade luxuosa com seis andares em Paris; e um jatinho particular Galfstream G-V. Todos esses itens estão listados em documentos oficiais como pertencentes ao quarentão Teodoro Nguema Obiang Mangue, “figurinha carimbada do “jet set” internacional e filho do presidente de longa data da Guiné Equatorial...” “O estilo de vida glamoroso e exuberante apreciado pelo filho do presidente, também conhecido pelo seu apelido “Teodorin”, é bem diferente do da vasta maioria de seus compatriotas (sem mencionar a incongruência com os alegados US$6.799 mensais que ele ganhava como ministro) e lhe conferiu a descrição de “exemplo clássico da elite cleptocrática africana” pela revista Time. Uma alta população da Guiné Equatorial subsiste à base de um dólar ao dia; o país ocupa o 136 lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), com uma expectativa de vida de 51 anos; e tem uma taxa de desemprego de 22%. Dez por cento de suas crianças estão abaixo do peso e o país tem o 14 pior índice de mortalidade infantil do mundo. No entanto, desde a descoberta de petróleo em 1996, este diminuto país da África Ocidental, com uma população de 736 mil habitantes, está classificado no papel como um dos países mais ricos da África, com um produto interno bruto (PIB) “per capta” de cerca de US$24 mil.

Aí está, pois, a que foi reduzida a atividade política: a mentiras. Embora pessoas vivam com apenas um dólar ao dia, a política diz que todos vivem com vinte quatro mil. Guardadas as proporções, Teodoro Nguema Obiang Mangue representa a classe política em peso se as autoridades políticas constituem uma classe tão privilegiada que se tornaram isentas de punição embora também levam vida infinitamente diferente da vida do povo. A situação, pois, evidência, sem dúvida alguma, a necessidade de mudança sob pena de sucumbir sob violência inimaginável porquanto a revolta dos deserdados não será consolada eternamente pelo pão e circo do axé, das igrejas e do futebola. Como quem avisa amigo é, e como os intelectuais não demonstram preocupação com os jovens desavisados e futucadores de telefone, demonstro-a eu, um Zemané. Inté.  




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