A afirmação do filósofo Antonio Gramsci
de que o velho mundo está morrendo e um novo mundo luta para nascer, leva à
reflexão sobre o apego que se tem às tradições, àquilo a que se está acostumado
e que é conhecido e o medo que se tem das novidades representadas pelo novo,
por serem desconhecidas. Entretanto, sendo exigência da natureza, independe de
querer ou não querer que o velho dê lugar ao novo, realidade da qual se foge
feito o diabo da cruz. Ante a inevitabilidade da morte, este medo fez que se
inventasse uma vida a ser vivida depois de ter morrido.
Negar viver a realidade e, como crianças,
preferir as enganações, as fantasias, tem sido o grande erro da humanidade. A
última novidade a esse espeito entre nós é a imagem do presidente da nossa república
ao lado do estelionatário Valdemiro Santiago sugerindo que um feijão vendido
por esse último cura a doença nova que assola o mundo e que faz a festa em
nosso país de povo inexplicavelmente festivo. Esta doença terrível prenuncia
outras cada vez mais letais são exatamente consequência da fantasia de haver
vantagem em transformar a natureza em bugigangas para abastecer o Mercado. É
possível admitir-se que o pastor se adiantou às autoridades científicas
descobrindo que a cura está no feijão? Tem a maturidade necessária para ser o
líder máximo de uma nação alguém tão facilmente feito de tolo?
Os obstáculos para o nascimento de um
novo mundo são imensuráveis porque o apego ao tradicionalismo antissocial que
permitiu a alguns gatos pingados abocanharem egoisticamente a riqueza que a
todos devia servir lhes permite assalariar imensa multidão de pessoas de
grandes conhecimentos e habilidade na arte de modelar a opinião pública, levando-a
a se tornar temerosa das novidades de um novo mundo. Daí a ojeriza que a classe
desfavorecida tem às palavras socialismo e comunismo. Um exemplo: Na rádio CBN,
no dia 10/06/2020, por volta das sete horas da manhã, o entrevistador perguntou
ao professor e filósofo Mário Sérgio Cortella sobre o significado do atual
movimento antirracista iniciado nos Estados Unidos, e que se espalhou pelo
mundo, inclusive pondo abaixo estátuas de líderes escravagistas da guerra
travada no século XIX entre o sul escravagista
e o norte abolicionista. Assalariado pelo sistema do velho mundo, o
filósofo conversou e conversou, falou até da substituição do nome do aeroporto
Dois de Julho de Salvador, mas não tocou na realidade de se tratar o
inconformismo das manifestações de insatisfação com este mundo que de tão velho
está a apodrecer a ser verdade que as autoridades constituídas para cuidar dos
interesses da sociedade prevaricaram e se tornaram tão depravadas que às custas
da sociedade enriquecem e protegem-se mutuamente contra a ação da lei.
A juventude politicamente analfabeta
e convencida da necessidade futucar telefone, frequentar igreja e se matar pelo
futebola, ou abre os olhos cegos pela burrice ou então terá, se tiver, um
futuro tipo do imaginado por Dante. Inté.
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