sábado, 27 de junho de 2020

ARENGA 619


          A prodigalidade da mendicância espiritual impede que a humanidade possa enxergar com os olhos da mente o significado de coisas como: uma menininha correndo nua, queimada por produto químico que o governo americano mandou jogar – um pinguim recoberto de petróleo e peixes mortos – manchas de óleo sobre as praias – aquecimento do clima – derretimento de gelo – banalização do uso de veneno e o enriquecimento da Monsanto – consequências para crianças da apologia à prostituição materializada na exibição de imensas bundas e peitos artificiais – liberdade para agiotagem do sistema financeiro, lucro dos bancos e profissionais na arte de engabelar a justiça, até com suborno, livrar da cadeia o ladrão e ficar com parte do roubo – venda de feijão milagroso que acaba com pandemia – isenção de impostos para igrejas e bilionários – importância exagerada de esportes, “famosos” e “celebridades” de nenhuma importância.
          Excluindo a mendicância espiritual, não seria o caso de se questionar o custo astronômico para a sociedade com a inutilidade absoluta dos governantes, uma vez que não cumprem a finalidade de promover o bem-estar social que justificaria sua existência? Vai daí que os brutos seres humanos se veem envolvidos em tão espetacular malandragem que compram pagam, não recebem o produto da compra e não se incomodam com isto. Como não pode haver negócio melhor para um vendedor do que não ter de entregar o produto vendido, não é de se esperar que venha dos governantes que vendem sem entregar a correção desta situação que embora ruim para a sociedade, é ótima para eles em função da avareza resultante da ignorância humana que fomenta com vigor o “venha a mim e os outros que se danem” que caracteriza a cultura capitalista antissocial.
          Embora a felicidade no entendimento dos débeis mentais igrejistas, axesistas e futebolistas motiva filosofias baratas de filósofos que filosofam a troco da despensa abastecida, a tão misteriosa felicidade depende apenas do cumprimento do dever pelos governantes porquanto se resume em poder satisfazer as necessidades. Ter a barriga abastecida, morar bem, ter saúde, instrução e desnecessidade de medo, nisso se resume a felicidade. O “felizes para sempre” dos filósofos assalariado vira pancadaria e caso de polícia quando os outrora pombinhos que só ia um aonde o outro fosse são obrigados pela pandemia a ficar juntos.
          É universal o conformismo da manada humana em não receber a felicidade comprada dos governantes a quem proporciona vida regalada, mas é ainda maior entre nós, os brasileiros ladravazes, onde as privatizações são uma festa, uma mão na roda, um roçado verdejante para governantes afanadores. O livro O Príncipe das Privatizações mostra esta triste realidade. Nesse exato momento está-se lubrificando no congresso o ferro com o qual será atochada a malta de frequentadores de igreja, axé e futebola com a privatização das águas. Se a personalidade do ser humano, segundo Thomas Hobbes, é me segura senão eu mato um, a personalidade do brasileiro é me segura senão eu roubo um. Ou povinho craque na arte de afanar, sô. E a coisa vem de longe, daqueles que nos deram origem, porquanto lá no século XVII a atividade de roubar inspirou o padre português Manoel da Costa a escrever o livro A Arte de Furtar. Devia tal arte ser encarada como trabalho enobrecedor tanto quanto o trabalho dos “famosos” e “celebridades” daqui porque escritores da época escreveram também A Arte de Navegar e A Arte de Orar, ambas de grande importância, embora apenas navegar fosse realmente importante. inté.



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