quarta-feira, 17 de junho de 2020

ARENGA 615



 
A papagaiada de microfone entrou em polvorosa. Deu chilique, esperneou e estrebuchou porque foi requisitado para fiscalização o telefone do presidente da república. – Nunca se viu em nenhum lugar do mundo apreender telefone de um presidente da república! – Bradou indignada a papagaiada de microfone. Tais coisas são ditas porque a papagaiada de microfone conta com a indisposição mental da manada de frequentadores de igreja, axé e futebola para pensar a respeito do que ouve. Em quem pensa, entretanto, tal afirmação desperta necessidade de explicação porque antes de ser presidente da república o presidente da república é um ser humano e não existe em parte alguma do mundo um único ser humano que não mije fora do pinico em termos de hombridade. A papagaiada de microfone, em troca da despensa abastecida, atua como se estivesse no tempo em que a figura de um rei que era o presidente da república de outros tempos ainda devia ser considerado uma figura divina, portanto, isenta de deslizes. Não há necessidade de se recorrer às teorias filosóficas sobre a origem ou formas de Estado para se concluir ser o estado realmente um mal necessário porquanto sem uma força ainda mais bruta do que a brutalidade dos seres humanos ficaria inviabilizada a possibilidade de vida social, única manifestação inteligente já ocorrida nos seres humanos a respeito de melhor qualidade de vida.
Sendo o Estado a única garantia da possibilidade de vida social, deve estar acima das pessoas. Sendo o presidente da república uma pessoa, por que, então, o chilique da papagaiada de microfone contra a investigação que o Estado houve por bem fazer sobre o senhor presidente da república?
O Estado deve ser poderoso desde que o poder vise o bem-estar da coletividade que para isto lhe fornece os recursos materiais. Entretanto, sempre que um Estado assume poderes absolutos exerce-o em benefício da classe privilegiada. Portanto, a auréola de pureza que os papagaios de microfone atribuem aos presidentes de república é tão falsa quanto a inexistência de explosão da sexualidade entre padres e freiras dos conventos, conforme se vê no livro Que Seja em Segredo, de Ana Miranda. Inté. 

  



  

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