A papagaiada de microfone entrou em
polvorosa. Deu chilique, esperneou e estrebuchou porque foi requisitado para
fiscalização o telefone do presidente da república. – Nunca se viu em nenhum
lugar do mundo apreender telefone de um presidente da república! – Bradou
indignada a papagaiada de microfone. Tais coisas são ditas porque a papagaiada
de microfone conta com a indisposição mental da manada de frequentadores de
igreja, axé e futebola para pensar a respeito do que ouve. Em quem pensa,
entretanto, tal afirmação desperta necessidade de explicação porque antes de
ser presidente da república o presidente da república é um ser humano e não
existe em parte alguma do mundo um único ser humano que não mije fora do pinico
em termos de hombridade. A papagaiada de microfone, em troca da despensa
abastecida, atua como se estivesse no tempo em que a figura de um rei que era o
presidente da república de outros tempos ainda devia ser considerado uma figura
divina, portanto, isenta de deslizes. Não há necessidade de se recorrer às
teorias filosóficas sobre a origem ou formas de Estado para se concluir ser o
estado realmente um mal necessário porquanto sem uma força ainda mais bruta do
que a brutalidade dos seres humanos ficaria inviabilizada a possibilidade de
vida social, única manifestação inteligente já ocorrida nos seres humanos a
respeito de melhor qualidade de vida.
Sendo o Estado a única garantia da
possibilidade de vida social, deve estar acima das pessoas. Sendo o presidente
da república uma pessoa, por que, então, o chilique da papagaiada de microfone
contra a investigação que o Estado houve por bem fazer sobre o senhor
presidente da república?
O Estado deve ser poderoso desde que
o poder vise o bem-estar da coletividade que para isto lhe fornece os recursos
materiais. Entretanto, sempre que um Estado assume poderes absolutos exerce-o
em benefício da classe privilegiada. Portanto, a auréola de pureza que os
papagaios de microfone atribuem aos presidentes de república é tão falsa quanto
a inexistência de explosão da sexualidade entre padres e freiras dos conventos, conforme se vê no livro Que Seja
em Segredo, de Ana Miranda. Inté.
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