O registro na História da humanidade
da existência de pessoas inteligentes, de altíssimo nível intelectual e caráter
imaculado como líderes religiosos levanta uma questão intrigante porque uma
pessoa não pode ser dotada de tais características e, ao mesmo tempo, exercer
uma atividade que depende de aproveitar da ignorância que ainda assola a
humanidade para induzir as pessoas a erros como o de comprar feijão mágico para
cura da doença maldita que está dizimando os seres humanos exatamente por serem
os humanos tão facilmente enganados que
assistem passivamente a destruição dos recursos naturais de que depende sua
vida. Para perceber que a religiosidade não passa de uma grande farsa basta ser
capaz de raciocinar sobre o motivo pelo qual ela é mais forte entre pessoas
mais desprovidas de intelectualidade, portanto, de conhecimento outros que não
técnicos/científicos, portanto, mais inocentes da realidade da vida, portanto,
mais fáceis de serem enganadas, o que explica a inexistência de ateu analfabeto,
muito embora tal evidência passe ao largo da observação da manada humana. O
conhecimento sobre a trajetória feita pelo ser humano desde que se tem notícia
de sua existência até o presente momento mostra que à medida que se recua no
tempo tanto cresce a falta de conhecimento, a ignorância, quanto também cresce
a força da religiosidade, até chegar-se a um poder e desconhecimento tão
exuberantes que a união destes dois fatores foi capaz de obrigar Galileu a
abjurar sua crença de que a Terra é redonda, ou quando se comprava passagem
para o reino de deus do mesmo modo como se compra para ir a Me Ame deixar as
economias. E ao recuar-se ainda mais chagar-se-á do tempo em que se fazia oração
para o espírito de um rio caudaloso que se precisava atravessar.
Talvez o crescimento da força da
religiosidade à medida que se recua no tempo seja o motivo pelo qual os
filósofos antigos quase sem exceção fazem referência a deus. Incompreensível,
entretanto, é haver ainda, depois do avanço espetacular da ciência, homens de
grandes conhecimentos que se mostram religiosos, salvo se em troca de dinheiro
como acontece com os cientistas que recebem polpudos prêmios da Fundação
americana John Templeton em troca de opinião favorável à religiosidade. Assim
como o Prêmio Nobel premia quem puxar o saco da farsa da economia capitalista
que vai levar o mundo a um desastre espetacular, o Prêmio Templeton premia quem
puxar o saco de deus, outra farsa também espetacular. A questão intrigante é
que pessoa alguma pode ser ao mesmo tampo culto, inteligente e honesto ao tempo
em que promove a expansão da ignorância.
A crença de que algo seja verdadeiro
não quer dizer que realmente o seja, e vários são os exemplos desta realidade.
Um deles é o fato de que a cambada antiga de frequentadores de igreja
acreditava estar na reciprocidade da prática criminosa a correção da
criminalidade ou ter uma família o direito de matar um membro de outra família
que matou alguém da sua, de furar o olho de quem furou um olho, de cepar fora a
mão de quem cepou fora uma mão, conforme Êxodo 21-24,25 e Deuteronômio 19-21. Porém,
em decorrência da diminuição da ignorância, os menos desinformados entre a
cambada atual de frequentadores de igreja sabem que de acordo com a legislação
vigente não é assim, e que a pena, em vez de caráter punitivo, tem por objetivo
recuperar o criminoso e torná-lo apto à convivência social. Um passo rumo à
civilização uma vez que o criminoso pode ter sido levado ao crime por
circunstâncias além de sua capacidade de comedimento. O legislador reconhece esta
realidade quando atenua a pena para o crime famélico. Se criminosos continuam
sendo castigados em vez de educados é por conta da deturpação política que
chega ao cúmulo do absurdo de se voltar aos tempos do estado teocrático, quando
o presidente da república brasileira, vergonhosamente, aparece risonho ao lado
de um impostor que vende feijão mágico. Inté.
Nenhum comentário:
Postar um comentário