O historiador Edward McNall Burns
descreveu a Revolução Francesa como o clímax da insatisfação coletiva que pouco
a pouco tomou corpo contra a supremacia de uma aristocracia decadente e perdulária
em monumental banquete enquanto os pobres colhiam migalhas caídas da sua mesa
farta. Observa também na página 263 do II volume de História da Civilização
Ocidental, que ao se consolidar o sistema fabril resultante da Revolução
Industrial, os lucros enchiam os cofres dos novos senhores. Isto nos leva a concluir
que estes novos senhores a que se refere o historiador mudara, de roupa e se
apresentam agora na mesma aristocracia perdulária e decadente a parasitar a
massa bruta de povo. O dito de que o brasileiro prefere contornar a confrontar
não é comportamento só do brasileiro uma vez que a humanidade em peso se curva ante
o conformismo e o bom mocismo recomendado pela religiosidade e Papai Noel. Como
a barata que morde e sobra, também os parasitas sociais usam de anestésicos
como Funcionário Padrão a fim de que o hospedeiro não reclame por estar sendo
parasitado. Esta história que encontrei na internete e que não resisti à
tentação de espalhar é uma das muitas poucas vergonhas destes canalhas para se
aproveitarem da facilidade com que o bicho povo pode ser ludibriado:
“Carlos, com seus 20 anos de casa, trabalhava em uma empresa.
Era cumpridor de suas obrigações, muito dedicado e por diversas vezes fora
homenageado como “Funcionário Padrão”.
Numa segunda-feira, Carlos toma uma decisão e vai logo pela
manhã à sala do Diretor, fazer uma reclamação:
Meu Diretor, como o Senhor sabe, trabalho a mais de 20 anos,
com toda a dedicação, porém sinto-me injustiçado. Veja o Senhor, que Nélio, que
só tem três anos de casa, está ganhando muito mais que eu.
O Diretor, fingindo não estar ouvindo, disse:
É ótima esta sua visita. Estou com um problema para resolver
e acho que você poderá ajudar.
Veja... Estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso
pessoal após o almoço de hoje e quem sabe, até todos os dias. Você poderia dar
uma passada na quitanda para verificar se eles têm abacaxi.
Carlos, sem entender direito, saiu da sala e foi cumprir a
missão. Em cinco minutos estava de volta.
É aí, Carlos? – perguntou o Diretor. Dei uma olhada como o
Senhor mandou, e o moço da quitanda tem abacaxi.
E quanto custa? Quis saber o Diretor. Isso Eu não perguntei,
não Senhor... Respondeu Carlos.
Eles têm o bastante para atender a todos os funcionários do
escritório? Quis saber o Diretor.
Também não perguntei isso, retrucou Carlos.
Você viu alguma fruta que possa substituir o abacaxi? Não sei
não Senhor... Responde Carlos.
Muito bem, Carlos. Sente-se nesta cadeira e me aguarde um
pouco.
O Diretor pegou o telefone e mandou chamar o Nélio. Deu a ele
a mesma orientação que dera a Carlos. Em dez minutos, o Nélio voltou. E então,
Nélio? – perguntou o Diretor.
Eles têm abacaxi sim. Em quantidade suficiente para todo o
nosso pessoal. E se o Senhor preferir tem também laranja, banana, mamão,
melancia. Os abacaxis estão vendendo a R$. 0,75 cada; a banana e o mamão a R$.
1,20 o quilo; a melancia a R$. 1,50 a unidade, e a laranja a R$. 3,00 a dúzia,
já descascada. Mas como Eu disse que a compra seria em quantidade. Eles me
concederam um desconto de 15%. Deixei reservado. Conforme o Senhor, decidir,
volto lá e confirmo, explicou Nélio.
Agradecendo pelas informações, o Diretor dispensou-o.
Voltou-se para o Carlos, que permaneceu sentado ao seu lado, e perguntou-lhe:
Carlos, o que foi que Você estava me dizendo, quando veio
visitar-me?
Nada sério não, Meu Diretor. Esqueça. Não está aqui, quem
falou. Com licença...
E o Carlos deixou a sala cabisbaixo...
MORAL DA HISTÓRIA: “SE VOCÊ CONTINUAR
FAZENDO O QUE SEMPRE FEZ, CONTINUARÁ RECEBENDO O QUE SEMPRE RECEBEU”. FAZER O
QUE VOCÊ SEMPRE FEZ POR MUITOS ANOS NÃO GARANTEM O SEU EMPREGO E TÃO POUCO
QUALQUER ALTERAÇÃO SALARIAL. NÃO BASTA ESTAR SOMENTE ENVOLVIDO, TEM QUE SER
COMPROMETIDO E EM MUITAS SITUAÇÕES SABER DEFENDER CAUSAS”.
A conclusão deve ser a imoralidade e
não a moralidade da história porque é com artimanhas imorais, cretinas e canalhas
desse tipo que os exploradores da classe de trabalhadores conseguem fazer com
que ninguém veja nada de anormal quando “Best-Sellers” de intelectuais e
filósofos de consciência prostituída mencionam como positivos dados que mostram
morrer menos gente de fome, quando, na verdade, deveria ser para todo mundo
causa de horror o fato de morrer alguém de fome.
Parafraseando Millôr Fernandes quando
disse que beber é ruim, mas é muito bom, o povo não merece o destino que tem,
mas merece... se assim o quer. E a prova de que povo gosta de sofrimento é a
necessidade de força policial para evitar que pegue a doença nova. Inté.
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