Embora inutilmente, não deixa de
haver abnegados que argumentem contra o lamentável estado de penúria a que foi
reduzida a importância de nossa política cuja nobreza foi atirada na lata de
lixo. O jornal Gazete do Povo publica matéria com o título A MORTE DA RETÓRICA:
OS DISCURSOS POLÍTICOS ESTÃO CADA VEZ MAIS POBRES. Finalmente alguém se lembrou
disto. Da triste realidade de que a qualidade da política depende unicamente da
qualidade dos políticos. Se temos políticos interessados em manter o povo em
tão baixo nível intelectual que o faz preferir vulgaridades a assuntos nobres,
a qualidade política não pode ser outra senão do tipo que vai parar nas páginas
policiais.
O dito “cada povo tem o governo que
merece” encerra uma verdade tão evidente que dá para se ver e tocar com a mão.
Se temos um governo lastreado numa política de páginas policiais, temos, ao
lado disso, um povo interessado em notícias tipo assim: “veja as mansões destas
celebridades”, ou assim: “saiba o motivo da separação destes famosos”. A falta
de senso é tamanha que estes tais de “famosos” e “celebridades” não percebem
serem na verdade ridículas marionetes do pão e circo tremendamente prejudiciais
à sociedade.
Mestre Sócrates teria feito melhor tanto
para a juventude de sua época quanto para a posteridade se em vez da
recomendação para o autoconhecimento (conheça-te a ti mesmo) tivesse recomendado
que se buscasse conhecimento sobre como se comportar para viver sem tanto
sofrimento. Tivessem as pessoas tal conhecimento não iriam buscar no céu a
tranquilidade a que tem direito em troca da fabulosa riqueza que dá aos
administradores públicos e que eles desbaratam numa prodigalidade sem limite.
É, porém, grande a injustiça de ter de
acompanhar a massa festiva e ignorante da realidade da vida quem não ignora
esta realidade. É muito triste saber não haver motivo para a miséria do mundo e
ter de conviver com ela. Saber ser inteiramente possível superar os mal-estares
decorrentes das patologias psíquicas que levam jovens à ansiedade, depressão, e
até mesmo ao suicídio e não poder fazer nada contra isto.
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