Nos contam a filosofia e a sociologia
que para termos liberdade é preciso sacrificar a segurança e que para ter
segurança é precisa sacrificar a liberdade. Evidente que frequentadores de
igreja, axé e futebola nunca alcançarão o sentido disto e muito menos serem eles
os responsáveis por ser a opção a única via possível porque para entender é
preciso ler e compreender o que se lê. Como são poucos os capazes desta façanha,
fica o dito pelo não dito.
Mas sendo aqui um cantinho de pensar
e de haver quem pense conosco, pensemos a respeito desse negócio de segurança e
liberdade começando por observar que os seres humanos constituem a espécie mais
perigosamente destrutiva entre todos os seres vivos.
Por causa da hostilidade humana é que
não se pode ser feliz tendo ao mesmo tampo liberdade e segurança. Como diz
Vinicius Bittencourt, a sociedade humana se assemelha a um zoológico onde
animais domésticos convivem livremente com predadores ferozes.
Não dando certo, pois, deixar livres
seres tão perigosos porque o resultado seria morticínio generalizado e
impossibilidade de convivência social, embora por incrível que pareça, mas
existe um lado de alguma inteligência no esquisitíssimo ser humano, aconteceu
de este lado concluir pela necessidade de uma força capaz de conter o lado fera
do homem para que pudesse haver garantia da segurança necessária à existência da
sociedade, resultando de tal conclusão que se chegasse à criação de um poder
maior do que o poder de cada um, o Poder de Estado, que que reprimisse a
bestialidade.
E aí está, pois, o porquê de não se
ter liberdade e segurança juntas. Tendo o homem liberdade para fazer o que lhe
der na bola que tem lugar onde quem pensa tem cabeça o resultado seria um reino
das feras. A esse respeito Thomas Paine define o Estado como punitivo.
Realmente, ele existe a preço de ouro para punir o mais forte que mata ou rouba
o mais fraco. Enfim, vai daí que o Estado existe para proibir a liberdade de
fazer o que se quer, garantindo, assim, segurança. Portanto, tendo liberdade
sacrifica-se a segurança e vice-versa.
Entretanto, como ainda é
demasiadamente pequeno o lado inteligente do homem, a emenda ficou pior que o
soneto uma vez que viemos parar numa situação em que arcamos com um custo
fabuloso para manter um Estado que nem garante segurança nem liberdade porque
volta e meia chega no computador das pessoas aviso de cobrança de algo que elas
nem sabem o que é e nem podem andar pela rua sem porque já virou chavão dizer
que quando as pessoas saem para trabalhar não têm certeza de que voltarão
inteiras para casa.
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