Vejo no jornal que um deputado tão
inútil quanto os demais, compara os nordestinos a galinhas porque vivem de
migalhas do governo. Entretanto, tirando fora os que ganham o pão com o suor do
rosto dos outros, carapuça muitíssimo abrangente, todos os demais brasileiros vivem
das migalhas caídas da mesa fartíssima dos ricos donos do mundo, dos políticos
e do pensamento do povo. Como demônios, por ordem de seus donos, a mídia se
apossou da personalidade dos seres humanos fazendo-os se postar ao lado de seus
exploradores e em sua defesa, investindo furiosamente contra qualquer vestígio
de ideia que cheire a esquerdismo.
Ladislau Dowbor diz em O Pão Nosso De
Cada Dia que um especialista em especulação financeira nos Estados Unidos tem
um salário equivalente ao de dezessete mil professores primários. Como ser a
favor de tamanhos absurdo? É de clamar aos céus ser legal que um perito em
crime de agiotagem receba tamanha recompensa por uma ação criminosa.
Como se fosse pouco, nossa imprensa
considera todos os brasileiros imbecis quando publica que a mansão e a riqueza
de uma celebridade de pau oco chocam o mundo inteiro. Não imaginam estes indigentes
mentais haver quem sabe o que é pão e circo?
No pequeno, mas grandioso livro O QUE OS DONOS
DO PODER NÃO QUEREM QUE VOCÊ SAIBA, Eduardo Moreira mostra que apesar dos
brasileiros estrilarem quando as passagens de ônibus aumentam alguns centavos, mas
não estão nem aí se os bancos arrancam deles em taxas injustificáveis dezenas
de bilhões de reais.
Vai daí ser de pensar, e muito, sobre
deixar a cargo do elemento povo, mesmo sendo incapaz de raciocinar, a responsabilidade
pela escolha de quem vai cuidar da riqueza produzida pela sociedade. É daí que
nasce a perigosa situação de estar metade de toda a riqueza do mundo em mãos de
apenas um por cento dos seres humanos. Não há outra explicação.
Uma vez que não se pode viver sem comer
é loucura deixar milhões de pessoas passando fome porque a fome leva ao
desespero e, como diz mestre Ladislau Dowbor, pessoas levadas ao desespero
reagem desesperadamente. Quererão os pais ter os filhos vivendo em meio a
pessoas que foram levadas ao desespero? Se não, o único meio de evitar é começar
a pensar em assuntos sérios que pode começar procurando saber o que é pão e
circo. Uma dica: Por que pessoas que salvam vidas não merecem o mesmo
reconhecimento que “celebridades” e “famosos” de pau oco?
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