A massa festiva de indigentes mentais
de futucadores de telefone não vê motivo de preocupação quando nos sinais de
trânsito deparam com pessoas lhes mostrando cartazes onde se lê “estou com
fome”. Pode não passar de mais uma das muitas malandragens em que os
brasileiros são mestres dos mestres como provam os criminosos notórios que escorregam
da justiça como piaba escorrega da mão. Mas, se realmente estiverem com fome aquelas
pessoas, indiferença é maneira insensata de reação. Negar esmola pode não ter
importância, mas tem, e muita, imaginar
o perigo social que representa o crescimento do número de famintos, maior a
cada volta do ponteiro de segundos.
Entre irracionais a possibilidade de
perigo leva principalmente a mãe a partir para cima do possível agressor em
defesa da cria. Daí ser inadmissível que os racionais seres humanos sejam
indiferentes ante um perigo real para suas crias.
Assim é que a explosiva exclusão
social vai acabar acabando em explosão social cuja consequência só não é mais
devastadora que nas guerras porque o incremento da selvageria humana faz que
atualmente as guerras também matam civis. Nada justifica indiferença ante a
questão da fome se a única razão de sua existência é a inversão da atividade
governamental que deixou de ser cuidar do bem-estar social, mas de interesses
opostos aos da sociedade sob seu cuidado numa vergonhosa submissão a interesses
privados de Midas de ilimitada voracidade por acumular riqueza.
Cometem crime de abandono de incapaz
os pais que deixam os filhos à mercê de um futuro de perigos a cada esquina
como promete as evidências da atualidade quando a indiferença em relação à
administração da riqueza pública permite a situação socialmente inaceitável sob
todos os pontos de vista de um por cento dos seres humanos terem se tornado
donos de metade da riqueza do mundo. Ser indiferente a isto também é
inaceitável sob todos os pontos de vista porque é de tamanha injustiça social
que põe em risco o futuro. Totalmente inexplicável não se indignar ante fatos
como este citado na página 11 de O Pão Nosso De Cada Dia, do eminente
economista Ladislau Dowbor: “Nos Estados Unidos, o salário de um administrador
top de linha de uma instituição de especulação financeira é, aproximadamente, o
mesmo que o de 17 mil professores do ensino primário”.
Portanto, ou se muda o mundo ou se
caminha para um Armagedom. Não dá, pois, para ser indiferente a tamanho perigo.
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