É perder tempo sonhar com um mundo civilizado dentro de uma cultura onde
os mais merecedores de prestígio são aqueles de menor nível intelectual e cujo
mérito está em atividades que demandam massa muscular como acontece com os
animais destinados ao açougue. Animais estes que sem interferência humana
viveriam tranquilos e felizes em suas sociedades selvagens. Daí ser possível
afirmar que sendo os humanos incapazes de formar uma sociedade superior se
autocondenam ao tipo de vida medíocre em que vivem as bestas humanas
digladiando entre si numa contenda eterna em busca de mais riqueza do que
necessário.
De nada vale ao ser humano a racionalidade se não faz uso dela e nem
mesmo entende de razão porque se entendesse concluiria ser tão necessário
cuidar de si e dos seus quanto cuidar da sociedade em que vivem. Em vez disso,
entretanto, o que é que acontece? Entregam muito mais dinheiro do que é
necessário a outros seres humanos para que cuidem dos assuntos sociais, e é só.
Envolvem-se tão absolutamente em infantilidades, incapazes de perceberem ser a
realidade social totalmente diferente do esperado, como não podia deixar de
ser, uma vez que aqueles a quem deram montanhas de dinheiro, tendo recebido a
mesma orientação de vida recebida por todos, também foram convencidos da
falsidade de ser menos importante a vida social ante a importância de cuidar de
si e dos seus, daí as constantes notícias de desvios de verbas públicas.
Fala-se atualmente em ministrar educação políticas à criançada como se
política fosse uma coisa e outra coisa fosse a ausência de egoísmo que
caracteriza o líder verdadeiro impossível de existir dentro da cultura do venha
a mim e os outros se vê depois. De tal comportamento resulta uma sociedade onde
o trabalho de quem trabalha é desfrutado por apenas pessoas que por terem
nascido de pais ricos recebem um tipo de educação que lhes torna convencidos de
estar na riqueza o caminho para se viver bem. Como não há quem não queira viver
bem, todos correm atrás de riqueza. Como é mais fácil fazer mais riqueza quem é
rico, o resultado é o que temos aí: a total impossibilidade de felicidade ante
a realidade de um por cento dos seres humanos com noventa e nove por cento da
riqueza existente. A crença de haver paz na riqueza é tão falsa quanto a de um
deus criador de tudo haja vista que o povo do país mais rico e religioso do
mundo, os americanos do norte, não raro é infelicitado por ataques terroristas.