domingo, 25 de julho de 2010

Deslumbramento

De: José Mário Ferraz

O jornalista Mauro Santayana escreveu uma frase simples e de grande profundidade quando disse o seguinte (as palavras podem mudar. O sentido, porém, é exatamente o que quiz dizer o jornalista): "...os brasileiros ainda sentem o mesmo deslumbramento pelas coisas do estrangeiro que sentiram os indígenas ante o espetáculo da chegada dos homens brancos e seus navios vindos do mar". Aquele era, realmente, uma visão digna de toda admiração por parte dos índios. Não se justifica, entretanto, que tal veneração pelo estrangeiro perdure até hoje. A imitação das coisas de fora atrai o brasileiro de modo só explicável pelo baixo nível escolar, que leva à desvalorização da cultura. Não se passa por uma rua de centro comercial sem que se depare com vários anúncios ou nomes de lojas em inglês, principalmente. No tempo do presidente americano Kenedy (creio que falta um "n"), foi batisado um garoto baiano com o nome de John Fritzgerald Kenedy de Souza. Já se disse que um país novo é como o organismo de criança e suas bruscas mudanças. Já está na hora de se pensar em mudar alguma coisa neste país onde a gente tem medo de ir à rua. Quinhentos anos de idade já é tempo de criar juizo até mesmo para um país. Vamos todos curtir a poesia contida nas frases do senador Cristóvão Buarque. Ele disse que temos razão para estarmos tristes com a derrotada no futebol e que isto prova o nosso patriotismo. É natural que o patriota deseja sempre a vitória para seu país. Entretanto, pergunta o senador, por que este mesmo patriotismo não se manifesta em todos nós na defesa da vitória do Brasil na luta contra a situação em que se encontra a educação, a saúde, a corrupção, etc?