domingo, 2 de fevereiro de 2020

ARENGA 598


Não é perda de tempo sonhar com um mundo melhor, não obstante as perspectivas funestas para o futuro como consequência da crença errônea de ser possível viverem as pessoas isoladas da natureza e entre si mesmas. Se a única maneira de realizar um sonho é trabalhando, justifica-se remoer argumentações a respeito da necessidade de se levar uma vida sem os dissabores com os quais os seres humanos convivem cotidiana e pacificamente como se fossem inevitáveis. Existe uma tristeza que provem do saber atribuída aos grandes sábios, mas que não acontece apenas com eles porque é entristecedor a qualquer pessoa que se disponha a meditar porque chegará inevitavelmente à conclusão de que as demais pessoas em volta são irracionais, seres inferiores, e, como tais, de companhia desagradável por viverem num mundo de futilidades sem relação alguma com a realidade da vida. É irracional o comportamento de quem encara a vida como um interminável folguedo uma vez que o vigor físico necessário às brincadeiras cegará inevitavelmente ao fim. O elemento povo, não obstante a realidade de ser o responsável pelo destino da coletividade vista que de acordo com a cultura democrática a maioria escolhe os responsáveis pela administração pública, e a maioria é constituída do elemento não pensante povo, disto resulta serem escolhidos os piores que são justamente aqueles com maior capacidade de enganar o povo sem discernimento, resultando daí falsos e insensatos líderes orientando como devem proceder as pessoas sensatas que sabem perfeitamente não haver necessidade haver necessitados no mundo porque há nele recursos materiais suficientes para satisfazer as necessidades de todos desde que haja uma ação política visando o bem coletivo em vez de apenas o bem de alguns gatos pingados como sempre foi o objetivo de toda administração pública em qualquer lugar do mundo.

É entristecedor constatar a realidade de ter a humanidade se arrumado de modo tão desarrumado que poucas pessoas se apossaram indevidamente do que não lhes pertence, deixando à mingua todas as demais pessoas cujas necessidades as levam às ações que os verdadeiros ladrões denominam de roubo e procuram reprimir com força policial.  Papagaios de microfone são unânimes em condenar as agressões ao deito de propriedade indiferentes à origem, à formação ilegal daquela propriedade. Considerando que as necessidades são comuns a absolutamente todos os seres humanos, se é crime tirar um pouco de quem tem milhares de vezes aquilo de que necessita, é crime ainda maior tirar de alguém tudo aquilo de que ele necessita.

Tendo em vista que as ocupações com as quais se envolvem os seres humanos se reduzam às futilidades de ajuntar riqueza e fazer orações, tornam inúteis suas vidas porque se houvesse vantagem em ajuntar riqueza os paulistanos seriam entre nós um povo feliz em vez de atormentado pelo medo das secas, das enchentes, das balas perdidas, dos moradores de rua, das doenças provenientes da aglomeração que a riqueza atrai, dos desassistidos e de ser inevitável comer, beber e respirar veneno e bosta.

Tão inútil quanto o hábito de ajuntar riqueza é o de fazer orações porque de nada adiantam os apelos do Papa em prol da paz e fraternidade.

É necessário que de algum lugar surja uma voz de sensatez que chame à atenção dos frívolos seres humanos para a realidade de viverem eternamente o erro gravíssimo de se deixar levar por falsos líderes em conluio com os ladrões que se apossaram indevidamente dos bens necessários a toda a coletividade, os denominados ricos e poderosos, na verdade brutamontes mentais tão ignorantes que acreditam em mundinhos privados e isolados do resto da comunidade doente, deseducada e violenta. Inté.