Se é
importante pensar, mais importante ainda é pensar sobre o que pensar. O pensador
Marx, por exemplo, apesar de muito ter contribuído com a evolução social ao
mostrar a antissociabilidade do capitalismo, desperdiça pensamentos ao supor
que o proletariado fosse capaz de organizar uma sociedade justa ou organizada,
o que jamais poderia acontecer tendo em vista que proletariado é povo, e, em
função das tais Forças Ocultas que a Operação Lava Jato está desocultando, foi o
povo reduzido à condição de nada mais do que material humano ou massa
desprovida da espiritualidade inerente à capacidade de formar uma sociedade
organizada como pensava o filósofo Carl Marx. A incapacidade de racionar do povo
fica suficientemente provada no fato de ter o próprio povo se divido em duas
categorias antagônicas de explorados e exploradores, o que vai de encontro à
realização do objetivo primeiro dos seres vivos que é poder satisfazer suas
necessidades, a cooperação e não a competição da exploração deveria orientar o
comportamento humano caso se pensasse corretamente. “Todo mundo pensa”,
afirma-se de modo geral. Entretanto, é uma afirmação feita sem que antes se
tivesse pensado a respeito porque o pensar de “todo mundo” é insignificante em
relação à concretização da aspiração universal de ser realizada a vontade
existente em cada indivíduo de poder viver de modo agradável, o que só pode
acontecer se atendidas de modo satisfatório as necessidades indispensáveis a
uma vida digna como deve e pode ter cada um dos seres humanos se os recursos
públicos a todos servissem. Devaneios
filosóficos existem aos montes sem nenhuma ligação com a realidade da vida, e a
religiosidade é a fonte maior de pensamentos não só inúteis, mas também
prejudiciais aos seres humanos por se tratar de embuste do qual apenas os ateus
escapam porque não se pode ser ateu sem conhecer a verdade de que todas as crenças religiosas se apoiam na
ideia de um Deus de bondade infinita cuja história é totalmente desmentida pela
realidade que os religiosos desconhecem simplesmente por abominarem tudo que se
refere à antirreligiosidade. Por trás desse tal de Deus que eles afirmam de
bondade infinita há um rastro de infinitas maldades e sofrimentos inimagináveis
ao submeter seres humanos a métodos bárbaros de tortura antes de queimá-los
vivos. O horror a tudo que diz respeito à antirreligiosidade não permite que os
religiosos tomem conhecimento do que há por trás da Inquisição, Reforma
Religiosa e Cruzadas, quando a igreja matava pessoas em cruel perversidade para
se apoderar dos seus bens.
A denominação MUNDO CÃO para definir o estado
de miserabilidade em que vivem os seres humanos se justifica exclusivamente
pelo fato de se ignorar a verdade de não depender de Deus o alívio dos
sofrimentos evitáveis, mas sim do uso correto dos recursos materiais
aprisionados por apenas um por cento da humanidade. A falta deles é responsável
pelo estado de caos, realidade que aparece em matéria jornalística do escritor religioso
frei Leonardo Boff, na qual não se menciona a falta de Deus como causa de
sofrimentos. É o que se vê na seguinte passagem da reportagem no jornal Le
Monde Diplomatic Brasil: “No texto
analítico que escreveu para esta edição, Leonardo Boff aponta as “quatro
sombras que pesam sobre nós e que originaram e originam a violência”. São elas
o NOSSO PASSADO COLONIAL elitista e dependente da matriz; o GENOCÍDIO
INDÍGENA, que gerou o desrespeito e a discriminação social; a ESCRAVIDÃO
NEGRA, “a mais nefasta de todas”, que estruturou a desigualdade social das
maiores do mundo; e A CAPITALISTA LEI
DE TERRAS”.
Desinteligentemente, recorre-se às igrejas à medida que aumentam as
dificuldades, resultando desse procedimento impróprio mais dinheiro canalizado
para o Tesouro da Casa do Senhor, como o saque a Jericó (Josué 6:24). Na
página 150 do livro Filosofia, de Stephen Law, Editora Zahar, há um dos
raríssimos raciocínios lúcidos sobre religião. Mostra a relatividade das
experiências religiosas, o que desnuda a mentira de sua eternidade. “Se católicos veem a Virgem Maria, romanos
antigos viam Zeus, e os nórdicos antigos viam Odin”. Desse modo, conclui o
filósofo, tais experiências não passam de criação da mente. Através do Mito da
Caverna, Platão mostrou o quanto a mente pode estar condicionada a ter por
realidade a irrealidade que leva uns a encarar como horror a cepação de cabeças
por ordem de Deus enquanto os cepadores estão certos de agirem corretamente do ponto
de vista da religiosidade. Tanto é inútil cepar fora a cabeça de jovens quanto a
esperança de resultar algum benefício em se beijar a mão do Papa ou o Papa beijar
o pé do sofredor. Apesar de inúteis tais atitudes, estas inutilidades ocupam a
atividade de pensar da humanidade em peso, razão pela qual não sobra tempo para
se pensar se é realmente necessário viver de forma tão despropositada que o
criador dos bens indispensáveis à vida no mundo, portanto, o verdadeiro
soberano, o senhor povo, seja relegado à insignificância absoluta. Em torno
disso é que se deve voltar a atividade de pensar. O que leva o povo a ser indiferente
à condição vil a que foi submetido de não poder satisfazer suas necessidades
primárias? Nosso povo, sobremodo, se encontra tão separado da realidade que a
parcela dele tida como a mais esperta em termos de viver, os cariocas,
justificam a seguinte observação contida no Caderno Opinião do Jornal do Brasil
de 16/06/2017, em matéria intitulada NO
RIO DE JANEIRO DA CRISE, CARNAVAL DEVERIA SER TROCADO POR PASSEATA DE
LUTO. A reflexão exposta no jornal é uma
prova viva de comportamento ilógico ante as condições de penúria que
envolvem aquele povo. Lá está o seguinte pensamento lúcido: “No Rio de Janeiro onde falta remédio
e segurança, onde a Uerj está fechada, os professores estão sem receber,
há mais de 5 milhões de desempregados, querer priorizar a verba para o carnaval
é de um sadismo hitleriano. Ou quem sabe não faz parte da tática do "pão e
circo", dos romanos? Aqueles que defendem que não haja corte de verba no
carnaval deveriam se envergonhar, principalmente no momento em que o
Brasil vê o Rio como a "caixa podre" que todo o dia expele
mau cheiro. Carnaval é a festa do povo, e é justamente o povo que está
sendo humilhado, sacrificado, agredido, sem trabalho, sem escola, sem
saúde... Seria muito mais justo que o carnaval fosse trocado por uma
grande passeata de luto e de revolta contra os saqueadores do estado. Que
não houvesse só uma quarta-feira de Cinzas. Que os outros quatro dias fossem
também quarta-feira de Cinzas. Não se aguenta mais aquele refrão que, na época,
era bonito, mas que hoje seria digno de enterro: "Para tudo se acabar
na quarta-feira". O Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, é uma eterna
quarta-feira de Cinzas. Tudo já se acabou: a felicidade, o emprego, a
saúde, a segurança e até a liberdade”.
É, pois,
mais do que necessário voltar os pensamentos para a direção certa. Como pode um
povo em tal estado de miserabilidade optar por festa em vez da solução dos
problemas que o afligem? Algo de muito estranho acontece com o povo e a
explicação é tão clara como água cristalina no copo de cristal onde eu tomava
uísque antes de ter o estômago estragado pelo tempo que tudo estraga e que
estragará também a vitalidade dos jovens, embora eles não acreditem, uma vez
que a juventude é constituída de espécimes de povo, portanto, infensa à nobreza
da atividade de pensar. A explicação para a apatia popular à meditação deve-se
exclusivamente ao pão e circo mencionado no jornal. A atenção tanto de seres
racionais quanto irracionais tende a ser atraída para o lugar de onde vem algum
tipo de estardalhaço. Assim, para que as pessoas não deixem a condição reles de
povo e perceba a realidade em torno de si, os espetáculos mirabolantes chamam
para si a atenção do povo, permitindo os acontecimentos ora mostrados pela
Operação Lava Jato combatida pelos promotores do pão e circo sob a indiferença
do bicho povo.
Sara me
disse ter causado espanto entre seus colegas do curso de gastronomia o fato de
ter um marido ateu. Entretanto, para pelo menos no que diz respeito ao marido
dela, ou seja, eu, ser ateu é apenas ter aprendido a realidade de se viver uma
grande farsa com os Grandes Mestres do Saber, que sabem infinitamente mais
sobre a vida do que representantes de Deus capazes de cometer crimes contra a
sociedade. Para se chegar à conclusão de se estar no caminho errado é
suficiente verificar que a humanidade nunca dispensou a proteção divina ou da riqueza,
não obstante a infelicidade que desde sempre atormenta os seres humanos. Se o
povo não percebe o engodo em que vive é por falta do discernimento que o pão e
circo não lhe permite ter, atrofiamento mental que se mostra de várias maneiras
como, por exemplo, dar dinheiro ao governo para que o governo diga ao povo
estar trabalhando em seu benefício, quando tudo à volta são só malefícios.
Algo sobre
o que voltar o pensamento é a explicação para o fato de ter sido a parcela realmente
dinâmica da sociedade, a juventude, levada a um total desinteresse pela
qualidade de vida. O que será que leva os jovens a tomarem por ídolos
chutadores de bola ou apresentadores de programas medíocres de nenhum incentivo
mental e de baixíssimo nível espiritual, quando não amoral ou pornográfico? O
que leva jovens a deixarem seus países para a imbecilidade de andarem vários
quilômetros na Espanha com a única finalidade de passar por onde passou
Santiago Compostela? Por que não pensar sobre o motivo pelo qual semianalfabetos
são elevados à categoria de famosos e celebridades? Estes assuntos, sim. Devem
ocupar a atividade de pensar porque são eles a base do conformismo do povo com
sua condição inaceitável de seres inferiores. Se há exagero na filosofia de que
todos nascem iguais e livres, maior exagero há na falsidade de ser necessário
haver pessoas cujo destino seja servir a nababos senhores tão ignorantes da
realidade da vida quanto seus serviçais, o povo, único sacrificado pelos
incêndios, enchentes, secas e doenças curáveis.
No livro
1822, Laurentino Gomes nos dá amostra perfeita da serventia que tem o povo. Quando
o governo de D. Pedro I se encontrava em palpos de aranha para não ser
derrotado na revanche dos portugueses conta o que se chama impropriamente de Independência
do Brasil, coisa irreal porque este pobre país de juventude alienada nunca
deixou de ser submisso aos gringos. Apesar de sua pobreza endêmica, montanhas
de dinheiro são levadas para fora por macacos deslumbrados pelo American Way Of
Life. Mas isto é outra história. A falta de homens para enfrentar os
portugueses deu origem à seguinte situação narrada na página 168: “Em 1826, o Ceará ofereceu 3.000 recrutas
ao imperador. Embarcados para o Rio de Janeiro no porão de um navio, 553 deles
morreram de fome e sede durante a viagem”. “O pavor do serviço militar entre a
população pobre do interior era tão grande que muitos jovens amputavam dedos
dos pés e das mãos na tentativa de fugir ao recrutamento”. E na página 170 consta que ter sido
enviado para a Alemanha (prova de que povo é povo em qualquer lugar do mundo)
um alemão chamado Schaffer destinado a recrutar mercenários alemães para ajudar
na luta pela “independência”. O episódio é descrito pelo historiador da
seguinte maneira: “Em anúncios
publicados nos jornais alemães, o esperto Schaffer prometeu mundos e fundos em
nome do imperador brasileiro a quem se dispusesse a migrar para o Brasil. Os
benefícios incluíam viagem paga, um bom lote de terra, subsídio diário em
dinheiro do governo nos dois primeiros anos, cavalos bois, ovelhas e outros
animais em proporção ao número de pessoas de cada família, concessão imediata
de cidadania brasileira, liberdade de culto religioso e isenção de impostos por
dez anos. Era tudo mentira. Ao chegar ao Brasil, os alemães recrutados por
Schaffer descobriram que, antes de tomar posse da tão sonhada terra, iriam para
a guerra. Muitos morreram enquanto suas famílias esperavam meses antes de serem
encaminhadas para São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Deixadas à mingua, só a
garra e o espírito de solidariedade as salvaram da miséria ou da morte enquanto
esperavam em vão que seus pais e maridos retornassem dos campos de batalha”. O
destino do povo tem sido tão cruel que até parece perder ele a razão de existir
caso venha a deixar de ser massacrado. Conduzido
como boiada, o povo é indiferente a si mesmo. Não deve isto ser objeto de
especulação mental? Há alguma coisa esquisita no fato de alguém não se
preocupar nem com seu futuro e nem com o futuro principalmente dos filhos.
Inté.