quinta-feira, 30 de abril de 2020

ARENGA 606


A notícia de que os donos da empresa Walmart enriquecem ainda mais com a infelicidade das pessoas em função do sufoco causado pela pandemia é um retrato mais que perfeito da desumanidade que caracteriza a cultura capitalista do “venha a mim e os outros que se danem”. A tamanha distorção social foi submetida a política, que de modo tão bárbaro coloca o povo no canto da parede e para onde quer que ele vire não tem como deixar de ser atochado pelo “ferro” capitalista.

Sendo a imprensa o espelho que reflete a alma da sociedade, outra notícia na imprensa que mostra reflexo de uma sociedade inviável é a notícia de que o ministro Paulo Guedes pede aos senadores que salvem a República Brasileira conta a Câmara dos Deputados. Fica a questão de saber quem salvaria o Brasil do Congresso que juntamente com todos os governantes que passaram pelo governo trouxeram o país à calamidade em que se encontra. Trata-se de uma situação que denuncia com todas as letras a inviabilidade da atual política como ciência cujo objetivo deveria ser cuidar do bem-estar social. Tão importante, portanto, a ciência política quanto a ciência médica que cuida do bem-estar individual porque quando a sociedade está mal como está nossa sociedade ninguém pode estar bem. Esta segunda notícia, tanto quanto a primeira, mostra também que o povo não tem como escapar do “levar ferro” que é o triste destino por ele escolhido na encruzilhada do livre arbítrio. Pior de tudo é que a alegria dos festejamentos do axé e do futebola denuncia ter sido uma opção consciente daquilo que tinha certeza de querer, o que revela um gosto muito estranho esse do povo.

Povo é um elemento tão incrivelmente incompreensível que embora composto de espécimes de uma espécie que pode raciocinar comporta-se do mesmo modo daqueles peixinhos que ajuntam seus pequenos corpos para fingir ser um só e imenso corpo a fim de escapar do ataque de predadores, mas que, sendo obrigados a se movimentar, quando sobem são pescados por imensa revoada de pássaros pescadores e quando descem são abocanhados por baleias que chegam a engolir cem quilos deles em cada bocada. Tal qual os peixinhos, também o povo não tem como escapar do “levar ferro” não só de dois, mas de todos os lados. Além de ser atochado pela doença nova e terrível, é atochado também pela sanha dos abutres do Wall Marte, avaros perseguidores de riqueza que sugam o bolso dos infelizes frequentadores de igreja, axé e futebola que nada mais ou muito pouco sobra depois do atochamento pelo pagamento do dízimo.

À conclusão de que o povo escolheu conscientemente o “levar ferro” é a única que sobra ante a também esquisita opção pela indiferença política que o filósofo Bertold Brecht definiu como analfabetismo político, responsável pelos males do mundo. Ao fazer tal opção o povo se nega a tentar outro tipo de sociedade, um tipo que lhe permitisse escapar do atochamento. Realmente, se a política é responsável pela saúde social, jamais poderia ser negligenciada pela indiferença política porque o resultado é a desgraça de assistir horrorizado e impotente a morte desassistida de filhos, pais, irmãos e amigos e a aterradora perspectiva de tê-los  enterrados em vala comum ante a impossibilidade de sepultamento individual dada a grande quantidade de cadáveres. O maior estrago que faz o analfabetismo político é que a omissão em participar da escolha de autoridades deixa espaço aberto para os maus políticos que degradam o ambiente político e afasta dele as pessoas de caráter nobre. Disto resulta tamanha distorção que já não se sabe mais quem é bandido e quem não é porque o que se vê são acusações mútuas tanto de banditismo quanto de disfarçada proteção a bandidos que denuncia conivência com o banditismo.

Entre os muitos hábitos que têm os frequentadores de igreja, axé e futebola de manifestarem sua preferência pelo atochamento é o hábito de esperar que o tempo lhes convença a desistirem de ter esperança nas promessas de velhas múmias políticas. Depois de muito apanhar, passam a acreditar em aventureiros, malandros travestidos de políticos que se lhes apresentam com promessas de inovação e mudança de rumo. Deste proceder insensato acabam vindo a ser atochados pelos novos malandros ainda com mais vigor ainda do que faziam as múmias carcomidas pela degradação política que apesar de tudo o que fizeram, volta e meia aparecem rodeados de senhores de cabelos brancos, papagaios de microfone que por precisarem falar sem parar por força do contrato de trabalho, fazem mil perguntas sobre a solução para os problemas que não querem ver resolvidos.

Querer ficar em paz é um argumento usado pela turba da oração e dos esportes para disfarçar o mau gosto de ser atochado porque ao permitir que os postos de mando sejam ocupados por malandros, resulta na espetacular desorganização social que aí está, na qual é totalmente impossível  vir alguém a ter paz. Inté.

















 

domingo, 26 de abril de 2020

ARENGA 605


Difícil saber entre revolta e tristeza qual o sentimento que prevalece em quem se esforçou e aprendeu algo com o ensinamento da escola da vida, e que pelo fato de ter se tornado capaz de pensar, diferenciou-se, da massa mentalmente grossa de frequentadores de igreja, axé e futebola, ou seja, o elemento asqueroso povo, que, como a manada, segue inconsequentemente o berrante dos meios de comunicação indiferente ao destino indicado pela condução. Infelicitam a quem conseguiu aparar ainda que só um pouco as arestas da estupidez que caracteriza a espécie humana duas seguintes ocorrências igualmente significativas como demonstração de incapacidade raciocinar. Uma ocorrência foi um comentário a respeito do sofrimento de determinado povo e a recomendação de alguém para que aquele povo tivesse fé em deus como solução para seus problemas, comportamento característico do elemento povo em cujo meio somos obrigados a viver de modo desagradável. A segunda ocorrência aconteceu ao deparar com um grupo de senhores de cabelos brancos numa baboseira de imbecilidades chamada Colmeia Humana, instituição destinada a pregar religiosidade. A revolta decorre do fato de colocarem aqueles senhores de cabelos brancos pessoas capazes de pensar por si próprias na mesma vala comum onde se encontra a quase totalidade da humanidade composta de pobres diabos mentais que precisam de quem pense por eles. Aqueles senhores de cabelos brancos que passaram pela vida sem nada aprender acomodam-se perfeitamente na sentença do Grande Mestre do Saber Leonardo da Vince que enquadra quem nada aprendeu na vida na condição de meros condutores de comida que deixam latrinas cheias como única marca de sua passagem pelo mundo. A falta de respeito à inteligência e esforço alheios com que aqueles senhores de cabelos brancos se dirigem indistintamente à coletividade é tão ofensiva quanto ofensivo é para um aluno estudioso que se dedicou a aprender os ensinamentos dos seus mestres de escola ao ser considerado do mesmo nível mental de outro aluno relapso que nada aprendeu.

As duas ocorrências a que nos referimos retratam com perfeição a dificuldade dos seres humanos em superar a falta de discernimento que a caracteriza, razão pela qual são motivos de tristeza porque mostram estarmos muito longe da maturidade suficientemente necessária para permitir que se deixe o barbarismo das desavenças e avançar rumo à uma civilização capaz de proporcionar bem-estar coletivo sem o qual é impossível haver bem-estar individual. Por outro lado, a busca do bem-estar individual do ser humano equivale à busca do cachorro em alcançar seu próprio rabo uma vez ser o próprio ser humano que impossibilita a realização desse sonho ao deixa-lo à mercê da dependência do Estado porquanto todo Estado tem por meta principal poder suficiente para lhe permitir pavonear com o título de império. Acontece que ao se tornar império o Estado cisma em não permitir que outro Estado se torne também poderoso, pela mesma razão que a religiosidade cisma em impedir o avanço do ceticismo, que é a mesma razão pela qual o rico cisma em que o pobre seja sempre pobre, que é a mesma razão pela qual o parasita cisma em não perder o hospedeiro.

A falta de lógica da recomendação para se ter fé em deus como remédio para o sofrimento fica sobejamente demonstrada na realidade de que ninguém tem mais fé em deus do que seu representante maior, o papa, cujos insistentes rogos a deus em prol da sensatez no mundo são totalmente inúteis porque a cada dia o mundo é ainda mais insensato do que no dia anterior. Não menos ridícula é a afirmação dos senhores de cabelos brancos que nada aprenderam na vida de que se de acordo com a lógica o mundo não pode ter sido criado por deus, mas de acordo com a fé, pode. Ora, tal afirmação é de uma estupidez lapidar porque a impossibilidade de ser o mundo obra de deus é conclusão de cientistas segundo a qual o mundo tem origem num processo de evolução desenvolvido pela natureza, que de transformação em transformação veio resultar em tudo que está aí, inclusive nós. As evidências desta conclusão são visíveis na semelhança que existe entre nós e o bicho que durante bilhões de anos se transformou em nós. Todos temos a mesma fonte de vitalidade na ingestão de alimentos, a digestão deles e a excreção dos resíduos, tudo feito absolutamente do mesmo jeito, além de ser comum o processo que tanto dá origem ao bebê bicho e o bebê humano. Todos decorrem da fecundação de um óvulo, uma gestação que transforma em indivíduo o embrião resultante da fecundação do óvulo e expulsão do útero materno para a vida onde o processo de transformação continua até depois de exaurir a vitalidade. Daí em diante, para aqueles ingênuos senhores de cabelos brancos que nada aprenderam na escola da vida e que não explicam para onde vão as espécies não humanas, o indivíduo da espécie humana vai para um lugar onde impera plena felicidade lá no céu ao lado de deus, para onde o papa vendia passagens chamadas Indulgências, como também vendiam os egípcios antigos há mais de sete mil anos, de acordo com regras estabelecidas no Livro dos Mortos. 

Mas, e a fé? O que é a fé senão um fanatismo tão cego que dispensa a análise das informações sobre os assuntos divinos? Se não se pode provar que a ciência está errada, o mesmo não se pode dizer da fé a que se referem os senhores de cabelos brancos que nada aprenderam na escola da vida porque a fé afirmava ser a Peste Bubônica obra de feiticeiras, que a terra era o centro do universo, que proibia o avanço da medicina por considerar obra divina o corpo humano e, com tal, inviolável pela especulação humana, queima os céticos por recomendação de deus, convicções que vieram a ser desmoralizadas pela tanto pela ciência quanto pelo inevitável superação da ignorância e a inocência pelo discernimento, superação esta que transformará a fé religiosa em mera curiosidade literária como a história mitológica em que o deus Apolo, envaidecido com o feito de matar a monstruosa serpente Píton com potente flechada desferida do seu poderoso arco, zombou de Cupido com seu arco e flechas que pareciam de brincadeira. Irritado, Cupido espetou em Apolo uma flecha que o fez ficar louco de paixão pela belíssima Dáfine e espetou nela uma flecha que ao contrário da de Apolo, fez com que ela fosse tomada de total aversão ao amor de Apolo. Assediada implacavelmente pelo apaixonado Apolo, ao ser perseguida por ele, pediu a seu pai que também era um deus que lhe mudasse a forma a fim de ser livre daquela perseguição sem trégua que ela tanto ela detestava, no que foi prontamente atendida e transformada numa árvore cujas folhas vieram a ser usadas para confeccionar coroas, as famosas folhas de louro. Esta e muitas outras histórias da mitologia grega podem ser degustadas no livro Mitologia, de Thomas Bulfinch. Tal será o crédito que merecerá no futuro as histórias sobre milagres e pessoas conversando com estátuas ou a afirmação do papa vitimado por um tiro que depois de salvo pelos médicos, atribuiu não ter morrido porque uma entre as centenas de santas, a Virgem de Fátima, interveio no trajeto da bala e a desviou dos órgãos vitais, e, por incrível que possa ser, há quem seja tão estúpido a ponto de engolir esta safadeza de fomentar nas pessoas a incapazes de racionar.

Mas a falta de respeito daqueles senhores de cabelos brancos da Colmeia Humana que nada aprenderam na escola da vida ao igualar quem raciocina a quem não raciocina vai mais longe com a infantilidade demonstrada ao justificar a existência do mal afirmando que o deus deles é tão perfeito que fez o mundo perfeito, mas que pessoas insatisfeitas com a perfeição criaram dentro da perfeição um ambiente de imperfeições que dá origem aos males. Aqueles senhores dos cabelos brancos que nada aprenderam na escola da vida desconsideram a existência de quem pode raciocinar e concluir ser impossível que um deus capaz de criar o universo seja incapaz de fazer com que o mundo esteja de acordo com a vontade dele. Se deus não queria o mal, mas foi este imposto pelo homem, não há outra explicação além de ser o poder do homem superior ao de deus, o que seria totalmente impossível se fosse verdade a existência de um deus com um poderia tão grande que fora capaz das façanhas que lhe são atribuídas e que não passam das fantasias que o cérebro humano é pródigo em criar tais como Papai Noel, Romãozinho, Saci Pererê, Mula Sem Cabeça, Vampiro, Bruxa, etc., etc.

As fantasias impedem à humanidade se ligar na realidade. É por conta das fantasias que se negligencia a existência de uma fase da vida inteiramente diferente, quando então, já demasiadamente tarde, se percebe a grande mancada de ter esbanjado a vitalidade sem se lembrar da necessidade de cuidados dispendiosos que inevitavelmente acompanham a inevitável velhice. Como todos temos o destino traçado pela política, e como a humanidade em vez da política se liga em igreja, axé, futebola, “famosos” e “celebridades”, não se interessa pelo lado verdadeiramente importante da vida e se interessa pelas notícias do Yahoo Notícias, entre as quais a de uma mulher que teria passa a ser mais feliz no casamento depois que passou a cobrar dinheiro do marido para atender os pedidos de sexo oral. Inté. 

   




quinta-feira, 23 de abril de 2020

ARENGA 604


Os assuntos da imprensa em geral, e em particular os do blog Outras Palavras de 17/04/2020, juntamente com o comentário filosófico que diariamente é apresentado na rede Globo, puseram a mente a girar em torno de ponderações a respeito da questão de saber se é realmente impossível à humanidade viver bem ou ela tem necessariamente de viver tão mal como vive. A esta questão junta-se esta outra não menos intrigante em torno do porquê de a filosofia, que se diz arte de pensar, envolver-se com futilidade, assuntos totalmente irrelevantes no que diz respeito à maior aspiração de todo ser vivente e que é a vontade de viver bem. Na verdade, esta questão não é tão difícil de ser compreender. Todo o problema está no fato de ter sido o almejado bem-estar deixado a cargo da política e de ter sido a política transformada em maracutaia por seus executores de forma tão exuberante que vieram as autoridades a fazer com que a sociedade chegasse à conclusão de não poder contar com elas para coisa nenhuma. Mas se é fácil a identificação do problema de não se viver bem, o mesmo não acontece com sua solução por depender de um movimento coletivo inteligente, coisa totalmente descartável por absoluta falta tanto de solidariedade humana quanto de inteligência popular. 

Daí a referência ao programa filosófico da Rede Globo que abre com a afirmação de que pensar bem nos faz bem, o que é, na verdade, uma grande verdade, mas uma verdade que não se apresenta como tal porque se se pensasse bem, estaríamos todos bem. A arte de pensar bem passa anos luz de distância das igrejas, do axé e do futebola onde o povo tem o pensamento, mas um pensamento tão incompatível com a realização do sonho de viver bem que os sábios ensinamentos de Jesus Cristo pregados nas igrejas se comparados com o real comportamento humano foram não só totalmente ignorados, mas também deturpados de forma tão estúpida que foram transformados em rituais ridículos para arrecadação de dinheiro. Se não se sabe ainda o procedimento correto para levar ao viver bem, sabe-se perfeitamente não ser este procedimento que aí está de trocar a natureza por dinheiro. Se não se sabe onde buscar o bem-estar, quem não é um completo asno não pode deixar de perceber não estar nas igrejas, no axé e nem no futebola cuja real finalidade está demonstrada de forma insofismável no livro O Lado Sujo do Futebol, de Amaury Ribeiro e outros.

É impossível não intrigar a quem tenha se livrado da condição de imbecil futucador de telefone diante da conclusão a que se chega ante a realidade de serem os próprios seres humanos que impedem a realização do seu sonho do viver bem. O fato de corresponder um por cento de desmatamento a vinte e três por cento de aumento de doença, dentro de qualquer lógica, em vez de se limitar aos inúteis rogos do papa pela sensatez, deveria causar comoção capaz de fazer cessar o desmatamento. Entretanto, ele segue firme em frente de forma tão brutal que segundo consta da página 122 do livro Capitalismo e Colapso Ambiental, de Luiz Marques, o comércio mundial de madeira gira em torno de cento e cinquenta bilhões de dólares anuais. Portanto, evidente não se estar pensando bem.

Os assuntos de que trata o blog Outras Palavras, escola de alfabetização política, que merecem muita reflexão a respeito, são os seguintes:

1 – A cada 1% de floresta derrubada por ano, a malária aumenta 23%.

2 – Quando um vírus que não fez parte da nossa história evolutiva sai do seu hospedeiro natural e entra no nosso corpo é o caos. Está aí o novo corona vírus esfregando isso na nossa cara.

3 – No caso do novo corona vírus, batizado de Sars-CoV-2, muito antes de infectar os primeiros humanos e viajar a partir da China, abrigado no corpo de viajantes, para outras partes do mundo, ele habitava outros hospedeiros num ambiente selvagem – morcegos, provavelmente.

4 – Se a Amazônia virar uma grande savana, não dá nem para imaginar o que pode sair de lá em termos de doenças.

5 – A crise da pandemia é consequência da ilusão da inutilidade das finanças do consumismo e do poder em contraponto à utilidade da água, alimento, ar, palavra e afeto.

Diante do exposto pela realidade contida nas notícias está a humanidade diante do impasse de não poder abrir mão da natureza e, ao mesmo tempo, de ser necessário que a natureza seja transformada em riqueza para que imbecis possam ostentar fortunas infinitamente superiores às suas reais necessidades. Por que os seres humanos não se empenham em buscar as causas de uma realidade tão estapafurdiamente oposta a qualquer racionalidade, preferindo assuntos chulos sobre “famosos”, “celebridades”, igreja, futebola e futucação de telefone? Cadê um brado retumbante dos homens e mulheres que ostentam o título de intelectuais, filósofos e filósofas contra este estado suicida de coisas?

É de se concluir tristemente ser perda de tempo ler livros. Na página 87 do livro Ciência Política, de Jônatas Luiz M. de Paula, consta que segundo o pensamento de Rogério Bacon a autoridade é fonte do saber. Onde estaria a sabedoria da Inquisição cuja autoridade era tamanha que queimava pessoas e tomava-lhes o que possuíam? E o livro 36 Argumentos Para A Existência de Deus, da filósofa Rebecca Newberger Goldstein, o que dizer de tal livro se todos os argumentos nesse sentido são fruto de completa ignorância ou de muita sabedoria entre aspas, como mostram as imensas fortunas que os representantes de deus mostram na revista Forbes e no Banco do Vaticano?

Efetivamente, não pode o ser humano deixar de viver de modo inferior ao modo de vida dos bichos uma vez que estes além de não serem orientados pela avareza não podem ser considerados estúpidos, porquanto irracionais. Inté.




























quinta-feira, 16 de abril de 2020

ARENGA 603


Se até os anos 1970 o progresso levava à expectativa de um mundo melhor no futuro, aquela esperança veio dar com os burros n’água porque o presente em que se transformou aquele passado é incerto e amedrontador. Estas ponderações confirmadas são do filósofo Franco Berardi, no livro Depois do Futuro. Trata-se de um dos raríssimos pensadores que se ligam na questão da qualidade de nossa vida material, questão esta que devia interessar a tantos quantos escapem da condição mental de asno completo.

A situação em que se encontra o mundo chama a atenção para o que disse Karl Max, que apesar de excomungado pelos frequentadores de igreja, axé e futebola, prestou um grande serviço a estes imbecis admiradores de toupeiras mentais colocados na conta de “famosos” e “celebridades”. Tivessem os panacas do passado parado para refletir sobre a advertência do filósofo excomungado avisando-os de que os filósofos se limitam a analisar o mundo em vez de cuidarem de modificar o mundo não estariam agora seus descendentes sendo vítimas desta pandemia que encabeça a fila de muitas outras pandemias à espera da vez de atacar. E tudo isto como resultado da preferência por orações em vez de ciência, orientação proveniente de ordens dos ricos donos do mundo que resultaram no Massacre de Manguinhos, quando uma dezena de cientistas foram defenestrados de suas pesquisas e demitidos pelo governo militar que em 1964 se empoleiraram no bem-bom do poder, cumprindo ordens de seus religiosos patrões americanos alegando agir em defesa de Deus, Pátria, Família e Propriedade.

Mas, como as coisas ruins têm o mérito de mostrar a necessidade de serem descartadas, o presente ruim mostra com todas as letras que o equilíbrio social precisa trocar por outra a base de sustentação fundamentada no compra-compra desembestado a custo da destruição da natureza. Portanto, a humanidade também dará com os burros n’água se não deixar de lado os parâmetros que vêm norteando o caminho seguido até o presente.

Os bilhões de problemas que alimentam durante as vinte e quatro de cada dia o disse-me-disse cansativo da papagaiada de microfone resumem-se, na verdade, em um só problema: não poder a humanidade contar com um grupo composto de pessoas íntegras o bastante e em número suficiente que possam integrar um corpo administrativo do qual nenhuma sociedade conseguiu ainda dispensar para tomar conta de empregar os recursos públicos no objetivo de assegurar a ordem sem a qual é impossível a vida coletiva resultante do ajuntamento de seres tão bárbaros como ainda são os seres humanos, incapazes da compreensão do que vem a ser vida social, no que em absolutamente nada diferem dos irracionais.

A inexistência de homens probos decorre do fato de absolutamente todos os seres humanos serem totalmente dominados por dois instintos: o de pavão que se mostra em todo esplendor na figura dos Midas do mundo e que dá origem à necessidade de fazer pose na revista Forbes como os mais ricos do mundo, e o instinto de rato para assegurar o cumprimento do instinto de pavão. Esta situação torna evidente a impossibilidade de ter alguém em suas mãos um tesouro sem que venha a ser levado a lançar mão dele indevidamente. Daí a existência da corrupção que inviabiliza qualquer administração pública, regra da qual não escapa nenhuma administração pública do mundo. Aquelas sociedades cujos integrantes se imaginam isentas desta regra deve-se à ingenuidade que caracteriza os seres humanos e que aparece com todas as letras na dependência que têm de liderança para pensar por eles. A história humana mostra a facilidade com que pessoas sempre se agruparam em volta de profetas, messias, qualquer fanático esmolambado que se lhes apresentasse com novidades para se chegar à tão sonhada felicidade. Inexplicável é que esta situação do passado continua no presente de igrejas abarrotadas de cegos mentais à espera de quem (geralmente espertalhões) lhes diga o que fazer. Estúpidos que são, não sabem que a tão buscada felicidade nada mais é do que a possibilidade de se poder satisfazer as necessidades e que isto só depende de um correto direcionamento de gastos públicos voltados para um sistema educacional que em vez de ensinar às crianças a necessidade de deus e riqueza lhes ensine que não podem viver senão em grupos e da imprescindibilidade de se cuidar da vida social tanto quanto se cuida da vida individual, o que inclui a garantia de que todos os membros da sociedade vivam com dignidade.

Daí a sabedoria contida na advertência do filósofo excomungado pelos frequentados de igreja quanto a necessidade de mudar o mundo porque uma olhada de soslaio pela História basta para concluir da impossibilidade de virem os recursos públicos a serem aplicados corretamente. Um exemplo: na página 35 do livro A Coroa, a Cruz e a Espada, de Eduardo Bueno, consta o seguinte sobre a administração pública de Portugal por ocasião da mudança de administração no Brasil de Capitanias para Governo Geral: “A Casa de Suplicação (tribunal de última instância), permanentemente sobrecarregada de processos, era famosa pela lerdeza e avareza de seus magistrados. Já a Casa dos Contos, núcleo de controle das receitas e despesas do reino, era alvo frequente de investigações oficiais, geralmente incapazes de evitar as fugas de prestação de contas à Fazenda...”.

É totalmente admissível que o mesmo continua ocorrendo no presente. Os instintos de pavão e de rato fazem a corrupção sofisticar a fim de fugir da percepção os babacas de sempre. As prestações de conta hoje provam que o dinheiro desviado para o bolso de alguém está aplicado em estradas, saúde, educação, segurança. Inté.  


domingo, 12 de abril de 2020

ARENGA 602


A História da Filosofia mostra como o estudo da filosofia é de total inutilidade e desperdício de tempo do ponto de vista do primeiríssimo princípio que deve orientar a humanidade e que é o agir no sentido de se viver da melhor maneira possível em vez de se viver da pior maneira possível como se vive. Tratando-se de seres capazes de raciocinar o viver bem deveria vir em primeiro lugar. Mas os livros de filosofia em absolutamente nada contribuem nesse sentido. O mais recente que adquiri, A HISTÓRIA DA FILOSOFIA, de James Garvey e Jeremy Stangroom, apesar da ótima encadernação e beleza exterior, em nenhuma das 384 páginas existe uma só palavra de orientação para os procedimentos indispensáveis para que se posse viver harmoniosamente em coletividade. Apesar do exagero, pode-se dizer que nesse sentido é uma inutilidade. Na página 179 consta que na Súmula Teológica de Tomás de Aquino há 358 perguntas e respostas sobre anjos. Nas livrarias podem ser encontrados verdadeiros tratados sobre a questão de se saber se Jesus Cristo é deus ou se não é, e não menos é a especulação sobre a gravidez de Maria desse filho sendo ela virgem e se continuou virgem na gravidez dos outros filhos.

 Pensadores desperdiçam seus pensamentos discorrendo enfadonhamente sobre o que pensou fulano, o que disse beltrano, inclusive sobre assuntos mitológicos envolvendo a figura de deus. Quando Nietzsche afirmou que deus morreu, certamente se referia à ideia de deus porque aquilo que não existe não pode morrer. Se a ideia de deus ainda não morreu, para o bem da humanidade precisa morrer. Por meio da proibição de se questionar os mistérios divinos a religiosidade procura a todo custo inibir a capacidade de raciocinar, razão pela qual Nietzsche comparou a religiosidade à feiticeira Circe da Odisseia, que transformou homens em nos irracionais porcos. A obediência cega exigida por deus faz o ser humano se aproximar da irracionalidade dos irracionais, daí a comparação do genial filósofo do bigodão. Na página 45 do livro Uma Breve História da Riqueza, de William J. Bernstein há um bom exemplo da ojeriza que tem a religiosidade a tudo que se relacione com a evolução mental: “... A ideia de que camponeses quase analfabetos pudessem ler e discutir a Bíblia era repulsiva para o clero, pois tudo o que se esperava de 90% da população era analfabetismo e obediência cega”.  Nutrindo-se da ignorância, a religiosidade refuta o conhecimento a que leva inevitavelmente o ato de raciocinar. É justamente a incapacidade de raciocinar que sustenta a ideia de deus. Se não fosse incutida nas crianças inocentes tal ideia não existiria a figura de deus em mente alguma.

Todavia, como os seres humanos são movidos por informações que lhes chegam de fora, espertalhões se aproveitam da curiosidade e infantilidade que caracterizam o ser humano e o induz a acreditarem em coisas totalmente inverossímeis tais como numa proteção para quem for salpicado com água benta. Esta crença era comum entre os povos ainda mais inocentes e bárbaros do que os povos atuais quando em vez de água benta aspergiam sangue de animais ou, conforme a importância da cerimônia, de membros do próprio grupo que prazerosamente se ofereciam para morrer e ir gozar as delícias da vida depois da morte com a qual também contam as pessoas atuais, embora atualmente ninguém aceitaria ser enviado para lá espontaneamente.

Daí a necessidade de se encarar a realidade o assunto sobre o qual devem os filósofos se debruçar porque se viver bem é a aspiração de cada ser humano, tal objetivo jamais será alcançado enquanto não for buscado em vez de esperar que venha de líderes políticos ou religiosos, todos, absolutamente todos, preocupados com seu próprio bem-estar, haja vista a qualidade de vida deles e de seus inocentes e ardorosos liderados. Os sindicatos são exemplo da bobagem que é contar com líderes. Criados para ajudar os trabalhadores na luta contra a brutal opressão dos empregadores lá nos inícios da Revolução Industrial, vieram a se tornar meio de enriquecimento dos líderes sindicais. Inté.




domingo, 5 de abril de 2020

ARENGA 601


INVESTIGAÇÃO SOBRE FILHO DE LULA VAI PARA VARA DE JUIZ ANTI-LAVA JATO E FAVORÁVEL À DEFESA DO PETISTA.  Esta notícia na imprensa é uma aberração do ponto de vista do ordenamento jurídico. Entretanto, apesar do inusitado, nem esta e nem outras notícias desse tipo causam indignação na opinião pública preocupada exclusivamente com vulgaridades. Assuntos que dizem respeito ao futuro dos descendentes passam longe do interesse da massa bruta de povo que certamente está cuidando da fantasia do próximo carnaval ou qual a oração mais eficiente contra a doença. Daí que não é só um grande número de igrejas e farmácias, (uma em cada esquina no Brasil), que denunciam o baixo nível mental de um povo. Também o conteúdo das notícias na imprensa denuncia o baixíssimo nível mental deste povo brasileiro de triste memória que é ainda mais povo do que qualquer outro povo do mundo. A notícia acima, por exemplo, apesar de irrelevante para o povo, revela o seguinte impasse: se a imparcialidade dos magistrados é requisito indispensável no julgamento, esta notícia dando conta de ser o juiz favorável ao acusado dispensa totalmente o julgamento por já ter sido previamente anunciado seu resultado. Evitando o julgamento “faz-de-conta” ou de brincadeirinha, evita-se o custo para a sociedade. Este é o retrato do Brasil e do povo brasileiro cuja qualidade é tão inferior que moradores de apartamentos não podem voltar sua atenção para leitura porque são atropelados por tropel semelhante ao de cavalos e arrastar de móveis vindos de apartamentos vizinhos, comportamento semelhante ao de irracionais indiferentes à presença de pessoas no cumprimento de suas necessidades.

Outra notícia que traz dentro de si um mundo de inconsequências sociais é a do congelamento de salários dos empregados sugerida pelo ministro milionário Paulo Guedes diante da crise causada pela doença que apavora o mundo, embora sejam os ricos os responsáveis pelo mal em função da ganância de riqueza que fez inviabilizar a vida no planeta. Desta forma, são eles, os ricos, que devem arcar com o sacrifício. Mas o que se tem é que o ministro joga no lombo dos já desgraçados assalariados o peso da responsabilidade por tamanho custo, como se a doença fosse diminuir as despesas dos pobres em vez de aumentá-las. Não é à toa que o historiador Edward Mc Nall Burns diz na página 530 do primeiro volume de História da Civilização Ocidental que os governos despóticos substituíram as obrigações feudais por tributação. Embora os frequentadores de igreja, axé e futebola ignorem, o servilismo caracteriza a sociedade contemporânea do mesmo modo que era a característica da Idade Média.

Outra notícia também reveladora do fabuloso índice de ignorância pública é a de ter a “celebridade“ Xuxa doado um milhão de reais ao SUS para ajudar no combate à doença. O caráter positivo que pobres coitados mentais encontram nesta notícia decorre da incapacidade de alcançarem a realidades e viverem num mundo de falsidades. As circunstâncias pelas quais as ridículas “celebridades” se tornam riquíssimas significam desperdício do dinheiro usado pelo pão e circo para remunerar regiamente suas marionetes. Toda a dificuldade monetária, além do mau uso, decorre também e principalmente do direito absurdo que permite aos Reis Midas do mundo o contrassenso social materializado no direito contrário ao bom senso e contrário à sociabilidade de ajuntarem imensas fortunas individuais. Tanto está errado ser permitido a grande riqueza individual como também a vida folgazã das marionetes do pão e circo, as inúteis “celebridades” uma vez que o dinheiro para estas inutilidades tanto quanto para os Midas, principalmente os dos bancos, é tirado da sociedade, Dinheiro, além de não dar em árvores, esse é um dinheiro que vai deixar de atender as necessidades comunitárias e passa a ter a única função de servir para que pobres diabos mentais ostentem um orgulho na verdade ridículo porque a ignorância social dessa gente pobre de espírito e rica de dinheiro não lhes permite enxergar nada além do próprio nariz empinado por se acharem realmente importantes quando, na realidade, são extremamente prejudiciais ao grupo que forma a sociedade humana.

Embora tal cultura existe desde que se tem notícia de sociedade humana no mundo, modernamente a cultura do ajuntamento de riqueza particular é conhecida por neoliberalismo, cultura tão antissocial que em matéria publicada no jornal Le Monde Diplomatique Brasil, a filósofa Nancy Fraser afirma não mais se legitimar o neoliberalismo que orienta os governos ditos democráticos que administram a maior parte da população do mundo.

Mais uma notícia reveladora de a quantas anda o atraso mental do brasileiro é a notícia de haver gente censurando o ministro Ricardo Lewandowski por ter sido contra a liberação ainda mais generalizada dos venenos do agribiuzinesse. Ora, se o Brasil, subserviente como tem sido desde suas origens, tem permitido o uso indiscriminado de venenos na agricultura do agribiuzinesse produtor de cânceres, absolutamente nada justifica a insensatez ou burrice de censurar o ministro Lewandowski por ter tomado talvez a única decisão que beneficia em vez de prejudicar a sociedade como é de seu feitio. Já Thomas Paine advertia que os male sociais ficam ainda mais insuportáveis quando resultam da ação de quem tem o dever de evita-los. Se aquele ministro efetivamente tem demonstrado usar do cargo para interesses escusos, a atitude de proibir o uso alarmante de veneno para satisfazer a sede incontida de riqueza dos ricos do agribiuzinesse merece aplauso em vez de condenação.

A enganação que envolve a humanidade não teve início com Maquiavel, como se supõe. Ele apenas tornou púbico um fato que vem desde que no mundo existe sociedade humana e notícia da magia dos feiticeiros que interpretavam nas tribos primitivas a vontade do “corpo sombra” (mortos que apareciam em sonhos). Daí, evoluiu para a enganação que fazia crer haver um deus em cada rei. Mais tarde, passou pela necessidade de deixar fortunas a cargo de sacerdotes a fim de que estes provessem na vida depois da morte as necessidades materiais das almas dos mortos. Evoluiu para a enganação da venda que o papa fazia de passagens para desfrutar das delícias do reino celeste ao lado de deus por meio do comercio das indulgências. Depois, pelo comércio na Idade Média da madeira da cruz em que teria sido crucificado Jesus Cristo, que segundo o historiador Edward McNall Burns a igreja vendeu quantidade suficiente para construir um navio. Continua, modernamente, com a venda de interpretação da vontade de deus pelos representantes dele nos estabelecimentos comerciais denominados templos religiosos cuja participação na má política dos maus políticos é recompensada com isenção de imposto sobre suas imensas fortunas.

Como mais cedo ou mais tarde a verdade aparece inexoravelmente, perde força a cultura implantada pelos meios de comunicação a serviço dos Midas no cérebro dos seres humanos que os convence de estar certo o que está errado como por exemplo deixar seu destino a cargo de terceiros e envolver-se unicamente na tarefa de produzir os recursos necessários à sociedade além de prover com prodigalidade as necessidades dos seus enganadores.

Não é menos condenável a indiferença dos intelectuais quanto ao verdadeiro problema que aflige a humanidade: não só a necessidade de combater a ojeriza às atividades meditativas entre os jovens, mais também deixarem os intelectuais também se envolver nos embustes. Na página 188 do livro Homo Deus, do intelectualíssimo Yuval Harari está dito não ser verdade que a religião seja superstição. Como não ser superstição a religião? Tamanha inconsequência tem como resultado confundir em vez de esclarecer. Se superstição é crença na existência do inexistente, não há como distingui-la da religião porque todas as religiões afirmam a existência de um deus que nunca existiu. Inté.