Nossa língua portuguesa tem coisas do
arco da velha, coisas que dão panos prá manga a filólogos. Esse tal de prefixo
é uma destas coisas. O prefixo “en”, por exemplo, que em palavras como
enfeitar, enraizar, etc., indicam, conforme o Priberam, adornar, acrescentar
enfeites e prender com raízes, ajuntar raízes, enraizar. Assim é que enfezar (irritar, aborrecer), a
partir deste princípio, teria de significar acrescentar fezes. Não menos
interessante é que ovacionar, que significa aplaudir, aclamar, como é do gosto
dos políticos, bem que poderia ser, e com justa razão, atirar ovos.
Mas, e uma vez que o ideal de
políticos, apesar do que eles fazem, é serem ovacionados no sentido dado pelo
dicionário, isto é, aplaudidos, deveriam se mirar no exemplo de Michael Jackson
e apontar o saco para a multidão. Sempre que aquele artista segurava seu
célebre saco e o apontava para a multidão, ela ia ao delírio, tomada pela
euforia sonhada pelos políticos.
Entretanto, é duvidoso que saco de
políticos exerça tamanha atração sobre o povo como o saco de Michael embora
pudesse fazer ainda maior sucesso desde que eles fizessem a coisa certa porque
um trabalho político bem-feito credencia o autor a levar multidões ao delírio
acostumadas que estão as pessoas a só encontrarem desvantagens com a ação dos
políticos tais como Verbas Secretas, Emendas Parlamentares, Foro Privilegiado, Prescrição
para crimes de lesa pátria. Tudo isto depõe contra a classe política,
principalmente a insegurança que toma conta da sociedade a ponto de haver roubo
de armas de guerra dento do próprio exército.
Tirando fora os políticos
tradicionais, comprovadamente comprometidos com a desordem, dois políticos que
despertaram imensa esperança do povo, Collor e Lula tiveram oportunidade de
moralizar a política, mas jogaram fora a chance passarem para a história como
autores desta bela heroica e salutar façanha.
A única coisa que trava a alvorada de
uma política que corresponda à nobreza de sua finalidade são os Midas que se
apoderaram de tudo, inclusive do poder de conduzir a opinião pública a prá onde
lhes for conveniente. Tamanho é o poder desses párias sociais que fizeram o
povo rejeitar políticos interessados na boa política tais como Heloisa Helena,
Eliana Calmon e mais alguns gatos pingados e fizeram com que as preferências
sejam pelos maus políticos que levaram o mundo a se encontrar prestes a não poder
mais oferecer condições de vida, fato que apesar de representar extinção da
raça humana, é como se não existisse para o povo. Povo, realmente, não pensa.