terça-feira, 14 de novembro de 2023

ARENGA 709

 

Nossa língua portuguesa tem coisas do arco da velha, coisas que dão panos prá manga a filólogos. Esse tal de prefixo é uma destas coisas. O prefixo “en”, por exemplo, que em palavras como enfeitar, enraizar, etc., indicam, conforme o Priberam, adornar, acrescentar enfeites e prender com raízes, ajuntar raízes, enraizar.  Assim é que enfezar (irritar, aborrecer), a partir deste princípio, teria de significar acrescentar fezes. Não menos interessante é que ovacionar, que significa aplaudir, aclamar, como é do gosto dos políticos, bem que poderia ser, e com justa razão, atirar ovos.

Mas, e uma vez que o ideal de políticos, apesar do que eles fazem, é serem ovacionados no sentido dado pelo dicionário, isto é, aplaudidos, deveriam se mirar no exemplo de Michael Jackson e apontar o saco para a multidão. Sempre que aquele artista segurava seu célebre saco e o apontava para a multidão, ela ia ao delírio, tomada pela euforia sonhada pelos políticos.

Entretanto, é duvidoso que saco de políticos exerça tamanha atração sobre o povo como o saco de Michael embora pudesse fazer ainda maior sucesso desde que eles fizessem a coisa certa porque um trabalho político bem-feito credencia o autor a levar multidões ao delírio acostumadas que estão as pessoas a só encontrarem desvantagens com a ação dos políticos tais como Verbas Secretas, Emendas Parlamentares, Foro Privilegiado, Prescrição para crimes de lesa pátria. Tudo isto depõe contra a classe política, principalmente a insegurança que toma conta da sociedade a ponto de haver roubo de armas de guerra dento do próprio exército.

Tirando fora os políticos tradicionais, comprovadamente comprometidos com a desordem, dois políticos que despertaram imensa esperança do povo, Collor e Lula tiveram oportunidade de moralizar a política, mas jogaram fora a chance passarem para a história como autores desta bela heroica e salutar façanha.

A única coisa que trava a alvorada de uma política que corresponda à nobreza de sua finalidade são os Midas que se apoderaram de tudo, inclusive do poder de conduzir a opinião pública a prá onde lhes for conveniente. Tamanho é o poder desses párias sociais que fizeram o povo rejeitar políticos interessados na boa política tais como Heloisa Helena, Eliana Calmon e mais alguns gatos pingados e fizeram com que as preferências sejam pelos maus políticos que levaram o mundo a se encontrar prestes a não poder mais oferecer condições de vida, fato que apesar de representar extinção da raça humana, é como se não existisse para o povo. Povo, realmente, não pensa.

 

 

sábado, 11 de novembro de 2023

ARENGA 708

 

O que fizemos nós seres humanos para termos um destino tão ingrato a ponto de por ignorância provocarmos nosso próprio extermínio e que não obstante a capacidade de raciocinar, como disse o historiador, vivermos a destruir o que construímos? Como entender que desperdice em armas caríssimas o dinheiro da saúde, segurança, moradia e alimentação, se os carentes destes bens tandem à violência e ao desassossego?

Nada é a resposta para esta pergunta. E é justamente por nada temos feito que somos tão infelizes e estúpidos a ponto de sermos indiferentes às causas de nossa infelicidade embora elas estejam bem aí à vista nas figuras de aproveitadores da nossa ignorância.

Quando deixamos de nos interessar pela política, pelo modo como se administra a riqueza pública, também deixamos o campo livre para que esta riqueza que é a única responsável pelo bem-estar social e garantia da sustentabilidade fosse apropriada e desperdiçada por pessoas de nenhum senso comunitário para as quais é possível uma comunidade na qual a maioria apenas produz para uma minoria tão frívola e perdulária desperdiçar como faziam aqueles perdulários despreocupados que antecederam a Revolução Francesa, no dizer do historiador Eduard Mac Nall Burns.

A vida jamais será possível sem que seja encarada a realidade de ser o dinheiro o único provedor de tudo aquilo que ela demanda. Assim, portanto, não há de se permitir que parasitas tenham permissão para a posse de quantidade de dinheiro infinitamente maior do que as necessidades. A infelicidade decorre unicamente da burla engendrada pelos aproveitadores e ajuntadores de riqueza que afasta das pessoas esta realidade e as conduz para os céus e um deus inventado para evitar o conhecimento da verdade.

Da falsidade que envolveu os seres humanos por obra de enganadores inescrupulosos e perversos resultou tamanha deturpação da nobre atividade política que dela não participa por justificado motivo ninguém de nobreza de caráter e que não vise a locupletação.

Livros volumosos, os tais de “Best-Sellers”, ou seja, ótimos de vendagem, tergiversam esbanjando intelectualidade inútil, mas sem tocar no assunto de ter a humanidade se deixado conduzir por maus caminhos ao deixar-se levar pelo berrante sobrado pela imensa papagaiada de microfone que mundo afora, em obediência a ordens de Midas que por mil e uma artes demoníacas se apossaram da mente humana e a tornou incapaz de agir contra sua própria ignorância e destruição.