sábado, 22 de outubro de 2011

TEMPOS MODERNOS



Modernizar implica em substituir o velho pelo novo quando o novo se mostra mais eficiente. Então, quando se conclui haver um novo modo de se obter o mesmo resultado com menor esforço ou emprego de material, substitui-se a maneira antiga de fazer pela novidade. Há de se notar, entretanto, a necessidade de averiguação de haver benefício oriundo da aplicação da nova técnica.
Uma averiguação sobre a substituição dos tempos de antanho pelos tempos atuais, ainda que feita por alguém que nem sabe onde colocar as vírgulas pode provar não ter havido vantagem na troca do velho pelo novo. Esse negócio moderno de virar celebridade e ser motivo de festejo social por se casar com alguém do mesmo sexo ou se tornar tão idiota a ponto de se voltar ao tempo dos gregos no culto pela beleza física, com a desvantagem de haver na modernidade morte de pessoas em consequência do esforço para ficar bonito e dos venenos usados para apressar a boniteza, enquanto que a história não parece registrar morte de um grego por causa de seus exercícios em busca da beleza física, movidos que eram pela ingenuidade de acreditar que os males do mundo vieram quando a curiosidade de Pandora levou-a a abrir a caixa que os guardava, ingenuidade esta que continua orientando as ações dos povos ainda não habilitados a se tornarem civilizados.
É verdade que nos tempos de antanho não havia o avanço da medicina que salva muitos ricos. Entretanto, ninguém era mantido vivo por drogas, tubos, agulhas e UTIs, num sofrimento tão grande como o que vi nos olhos da minha mãe já desenganada por dois outros médicos, mas operada pelo mercenário Walter Pinotti, que nos extorquiu.
Personagens de Eça de Queiroz costumavam morrer de apoplexia nos tempos de antanho. Sujeito se empanturrava de comida e bebida e enchia as veias de obstáculos que impediam o movimento do sangue e caia mortinho da silva de apoplexia. Isto era muito mais simples do ponto de vista de evitar sofrimento do que desperdiçar os recursos que poderiam beneficiar outros membros da família para manter apenas um deles numa vida que não é vida e que logo se acabará, além de não ser do gosto do próprio doente se pudesse escolher. A vantagem do modernismo sobre os tempos de antanho no que diz respeito a este aspecto do sofrimento humano não é tão vantajosa assim.
As grandes vantagens trazidas pela experiência do passar dos tempos às ciências médicas estão só ao alcance de quem pode pagar plano de saúde. Os donos deles ficam milionários enquanto que o pessoal que cuida de nós tem de se virar para ter um padrão condizente com o esforço que fazem. Muitos deles, imbuídos da cultura que torna necessário o enriquecimento, esquecem o juramento para se tornarem mercenários como o Dr. Walter Pinotti. A modernidade, portanto, como consequência de um lento processo evolutivo, não trouxe benefícios significativos.
E na Economia Política? Ah! Aí sim! Vê só quanta riqueza? Qual o quê. Tudo balela. A produção de riqueza vai levar a humanidade à extinção. Se nós já estamos tendo problemas com a natureza, os filhos destes jovens de espeto no beiço e “nas partes” irão amassar o pão pro diabo comer.
Então, se também na produção de riqueza não houve vantagem para o povo, mesmo porque ela só beneficia poucos, a vantagem da substituição dos tempos de antanho pelos tempos modernos continua sem maiores vantagens.
É verdade que outros povos evoluíram para um estágio denominado de civilizado apesar de continuarem tão imbecilizados a ponto de também sustentarem palácios, autoridades de todo tipo com vida regalada de mordomias, casamentos espalhafatosos de ridículos príncipes e princesas que esvoaçam pelo mundo à custa deles.
Tais povos, apesar de também estúpidos, vieram a ser liderados por autoridades que aplicam mais recursos do que roubam e isto lhes permitiu um padrão de vida mais alto e a denominação de civilizadas apenas por viver melhor. Não por atingir um estagio evolutivo superior, mas apenas pela posse de bens materiais, o que denota ignorância.
“Civilizado”, então, define um estágio da evolução cultural humana ainda eivada de barbarismo capaz de manter o povo como mero servil das autoridades. Então, se um povo civilizado está ainda em tais condições de escravidão consentida, que dizer de um povo cuja evolução intelectual ainda nem lhe confere o estado de civilizado?
Se o significado de civilizado serve para definir brutos, a modernidade não trouxe vantagem alguma porque antigamente, como na modernidade, brutos saltavam sobre outros povos com menor poder físico e lhes tomavam o que tinham, sendo ainda pior agora porque os saques não são apenas entre povos, mas também entre pessoas do mesmo grupo.
O que falta para haver vantagem na substituição dos tempos de antanho pelos tempos modernos é uma EDUCAÇÃO que forme cidadãos para ser colocada no lugar desta que forma idiotas capazes de idolatrar personagens ridículas pela habilidade dos pés a ponto de eleger uma delas para legislador e outras igualmente ridículas em tal papel, por fazer palhaçadas, delegando autoridade a pessoas intelectualmente incapazes de exercê-la.
Em consequência desta deseducação é que em todo o mundo a nossa parte é a mais atrasada em função de sua deseducação. Nossa modernidade continua de fornecedores de riqueza para a gatunagem dos civilizados. Estamos tão atrasados na evolução intelectual que a brutalidade escancarada é comum entre as pessoas.
Estamos tão embrutecidos que andamos indiferentes sobre fezes nas ruas com barulho suficiente para tornar a juventude estressada e surda. O poder público habilita prédios inacabados para serem habitados e a administração de um deles distribuiu comunicado entre seus moradores advertindo para a necessidade de se resguardar civilizadamente a comodidade dos vizinhos evitando barulho entre as vinte e duas e as sete horas da manhã. Se na modernidade as pessoas só tem direito ao sossego neste horário, ao contrário do que estabelece a legislação, é porque a modernidade não trouxe benefício suficiente que superasse o malefício de criar a necessidade imensurável de riqueza que põe as pessoas em polvorosa e com o comportamento de rebanho faminto ao avistar pasto suculento.
A busca por riqueza embruteceu as pessoas de tal maneira que não se pode confiar em mais ninguém. Deixei a cargo de uma locadora de imóveis a vantagem de pagar o aluguel de todo o ano de uma só vez e o resultado foi que não houve vantagem alguma. Por confiar nas pessoas, paguei de uma só vez o mesmo que pagaria em doze vezes.
Isto de ainda confiar nas pessoas é coisa de gente do tempo de antanho como eu, que não acreditava chegar o tempo previsto por Rui Barbosa ao garantir que o homem chegaria a não ter um pingo de vergonha na cara.
Certa vez, caminhoneiro nato que sou, dirigia meu caminhão e dei carona a um grupo que levou as minhas cordas quando desceu.
Observador do Mestre Cuca, para satisfação da minha mulher, certa vez resolvi percorrer os oito quilômetros que me separavam da Cidade de Barra do Choça para comprar um pouco de aipim porque a do sítio era nova e eu queria fazer algo com aipim. Escolhi na feira um amarrado que custava dois reais e que ficou por cinco reais porque o vendeiro, um velho, se queixou que iria ficar sem trocado para os fregueses. Por ser de antanho e não querer prejudicar o velho, dispensei o troco e voltei para a cozinha onde tive a decepção de constatar que todas as raízes estavam azuis e imprestáveis.
Outra vez, dirigindo meu primeiro caminhão, ainda a gasolina, isto quando não havia asfalto para a Barra do Choça, encontrei um caminhoneiro a quem eu sentia orgulho em tratar de colega, e lhe emprestei vinte litros que seriam deixados em determinado posto, e ainda não deixou.
Em outra, também um colega caminhoneiro me levou a lata de óleo de freio e não deixou lá no posto onde disse que deixaria.
Ainda teve outro “mui” colega caminhoneiro que levou doze canos de PVC que não se acomodavam bem na minha carga e sumiu com eles.
Quando produzia café, tive vários sacos de café roubados além de seis motores e cabos de alumínio que são roubados para serem receptados e transformados em panelas. Até grãos de café eram roubados nas árvores.
A ladroagem com brutalidade dos tempos de antanho está presente também na modernidade, o que afasta a existência de ter havido vantagem em sua aplicação. Nos outros povos, a gatunagem é efetuada por meio de furto que é um modo sutil de roubar. Entre nós, entretanto, roubar, cujo processo inclui violência, é tão normal quanto respirar.
A humanidade talvez não tenha tempo de saber que estaria em melhores condições sem a estupidez que leva as pessoas a consumirem-se numa correria infernal atrás de dinheiro enquanto imbecis se arvoraram da riqueza que tem, mesmo assistindo o acontecido com outros imbecis transformados em farrapos antes de mortos em sofrimento exatamente por causa da riqueza que tinham.
Na modernidade, povo equivale realmente à manada como descobriu o poeta ao sentenciar do alto de sua genialidade a estupidez humana, como fez outra pessoa, um menino, afastando a cegueira do povo que fingia enxergar vestido um rei que estava nu.
Haja estupidez! Razão tinham os Grandes Mestres do Saber em não gostar de nossa companhia.










terça-feira, 4 de outubro de 2011

VAMO TÊ VERGONHA, PÔ!


Olá, jovens que não vão ler meu recado. Façam de conta que estão escutando que lá vai prosa e puxão de orelha com brinco ou sem brinco. Não sei se a juventude merece porrada pelo comportamento idiotizado, ou piedade por ter nascido num ambiente do qual não participa a dignidade de homem e mulher que mereça respeito integral porque atualmente não é vergonhosa a desonestidade. Pelo contrário, dá estatura social.
A palavra “homem”, independentemente do sexo, encerra um qualificativo de superioridade, mas superioridade pela capacidade de pensar e por em prática as ações oriundas do pensamento. Ser homem, portanto, é a representação de um ser capaz de gestos nobres. Se não há gestos de nobreza e sentimento de solidariedade humana em determinado grupo é por ser ainda muito primitiva a índole deste grupo. Uma sociedade em tais moldes é uma sociedade infeliz como a nossa e causa tristeza a indiferença da juventude ao conviver com atos dos quais não fazem parte aqueles requisitos de honra e nobreza de caráter próprios dos verdadeiros homens e mulheres. Estão os jovens acostumados a um sistema onde quanto menos qualidades de homem tiver alguém, maiores as chances de receber prestígio social.
Pois eu os convoco, ó cambada, para encher o peito de ar poluído e assumir uma posição de homem diante do seu belo país porque ele não age por si só e precisa que alguém o faça por ele. Alguém que queira saber por que um homem da estatura moral do General Charles de Gaulle disse que o Brasil não é um país sério? Por que um Ministro do Estado Brasileiro foi revistado no aeroporto americano como um marginal qualquer e um Senador da República do Brasil beijou a mão de um candidato a presidente americano? Por que os atores americanos zombaram dos brasileiros? Se nossos minérios vão embora e voltam em forma de produtos acabados que compramos por centenas de vezes mais caro do que vendemos os minérios, não é fazer papel de bobo uma vez que há um montão de gente precisando trabalhar? Por que não processamos os minérios aqui mesmo? Por que o Brasil precisa importar trabalhadores se temos milhões de desempregados? Por que nossos políticos declaram menosprezar a opinião do povo que lhes paga a vida faustosa? Quando as pessoas são normais, é a opinião do patrão que prevalece.
Não obstante a existência de grandes brasileiros e brasileiras entre nossos irmãos brasileiros, isto ocorreu no plano interno. Do ponto de vista de mundo nosso papel sempre foi de bobo da corte. Nada mais ridículo do que o Lula exibir um ar de importante para dizer que ia telefonar para O AMIGO Bush! É um presidente “ingênuo”. O Bush é bilionário de família tradicionalmente bilionária e escolado na arte maligna de explorar a humanidade, enquanto que o pau de arara explora apenas um pobre povo desprovido de entendimento. Do Lula o Bush é “mui amigo”. Amigão dele é o lucro das empresas de seus correligionários ao custo de apenas 550 reais por trabalhador ao mês.
Uma vez que está todo mundo tão interessado nesta prosa, vou lhes dizer que o Professor Laurentino Gomes escreveu um belíssimo livro de História do Brasil, intitulado 1808, onde ele nos mostra nas páginas 60 a 65 a origem de nossa preguiça e no capítulo 15 ele nos mostra de onde vem nossa gatunagem. Eis uma amostra da origem de nossa preguiça: “A riqueza de Portugal era resultado do dinheiro fácil, como os ganhos de herança, cassinos e loterias, que não exigem sacrifício, esforço de criatividade e inovação, nem investimento de longo prazo em educação e criação de leis e instituições duradouras. Baseava-se na exploração pura e simples das colônias, sem que nelas fosse necessário investir em infra-estrutura, educação ou melhoria de qualquer espécie”.
Nossa qualidade de inferiores é tão evidente que até os nomes dos prédios residenciais precisam ser em inglês, francês ou espanhol. A língua dos brasileiros não serve. Por que os nativos desprezam seu país?
É compreensível que a velharia da boca torta pelo uso de todos os defeitos do mundo não se sinta incomodada porque o cinismo é a praia deles. Agora, a juventude precisa assumir um papel de verdadeiros homens e mulheres, lançar fora os espetos dos beiços e “das partes” e tirar nosso país do ridículo para colocá-lo num lugar honrado. Para tanto basta marchar com o estandarte da justiça em uma das mãos e o da honra e dignidade na outra mão. Sob o signo destes símbolos haverão de vencer até a própria parvoíce.
A maior mudança já ocorrida na história da humanidade está nas mãos dos jovens atuais. Mudança da qual não participa a brutalidade, mas mudança capaz de fazer o mundo ficar bom. Para tanto basta que os jovens tomem nas mãos a educação de seus filhos e mude o comportamento deles, fazendo-os pessoas normais em vez de idiotas a quem se ensina que um velhinho voador vai descer pela chaminé (mesmo que não haja chaminé) e deixar presente em forma de metralhadora para despertar nas pobres e inocentes criaturinhas o instinto da violência. O convencimento verdadeiramente capaz de promover mudança é aquele oriundo da mudança de mentalidade, como nos mostra o professor Durval Lemos Menezes, no livro A Conquista dos Coronéis, quando afirma a influência da nova mentalidade dos filhos dos coronéis sobre as idéias do coronelismo.
A grande mudança começará a existir a partir do momento que os jovens pais ensinarem a seus filhos que está muitíssimo errado uma equipe que nos livra de uma dor martirizante de coluna merecer menos reconhecimento do que outra equipe que corre atrás de bola. Faz-se necessário colocar as coisas nos lugares e assumir outra posição perante o mundo. Enquanto outros povos descobrem cura para muitos males, nós descobrimos novas formas de chutar petardos, saracotear no axé e vender a “paixão” cor de jambo de nossas mulheres para o deliciamento dos gringos da bunda prateada.
Pois então, ó cambada, que tal levantar alto a verdadeira bandeira de uma independência autêntica, conquistada por respeitar e ser respeitado por merecimento, e depois colocá-la no lugar desta independência mambembe comprada por seiscentas mil libras esterlinas? O professor Laurentino explica tudinho. É legal! Inté.

domingo, 18 de setembro de 2011

INDIFERENÇA E ESTUPIDEZ


Um empresário da Avenida Bartolomeu de Gusmão me disse estar apreensivo com os assassinatos ocorridos nas imediações de sua empresa, e que ainda ontem (dia 12) uma menina de dezesseis anos levou três tiros na boca. Que a pobrezinha ainda correu e sangrava muito. Morreu pouco adiante.
O que faz a sociedade ser indiferente a tal barbaridade? É preciso ser mais bruto do que o mais bruto dos irracionais para não se sentir enojado e até revoltado ante tal barbaridade, principalmente quem tem filhas. Ser insensível ao sofrimento daquela criança é ser monstro! Os poucos que sofrem junto com a menina, estes nada podem fazer porque o rumo da sociedade é determinado pela absolutíssima maioria das pessoas, e elas só pensam em dinheiro.
O desconhecimento do que seja viver com outras pessoas leva a pensar na possibilidade de se ter seu mundinho particular, o que impossível. O que acontece na sociedade acontece conosco, mais cedo ou mais tarde.
Como a qualidade das pessoas determina a qualidade da sociedade, se a sociedade é insensível à brutalidade é porque esta brutalidade está em cada um de nós. É por ter conhecimento disto que escrevo mesmo sem saber, na ilusão de que seja minha gota de incentivo ao surgimento de uma sociedade onde as menininhas recebam carinho e educação. Nunca, de modo algum, não pode acontecer, é o cúmulo da degradação humana, dar tiros numa menininha. É incompreensível a indiferença dos pais de menininhas! É incompreensível, sobretudo, a indiferença dos jovens! Desperta, cambada! Lança longe o espeto do beiço e exija como cidadãos educados que as autoridades cumpram seu dever.
São evidentes as más qualidades das pessoas modernas. Assumir um compromisso atualmente não significa nenhuma obrigatoriedade. O homem atual não sabe o que é honrar sua palavra.
Sendo uma das pessoas que sofre junto com a menininha, havia eu feito uma carta ao prefeito pedindo limpeza na cidade porque as pessoas estão pisando em fezes que escorrem dos ralos e levando doenças para suas casas. Este assunto como se vê, é pertinente a todas as pessoas que prezam a higiene. Fui ao jornal Diário do Sudoeste saber o custo de publicação e me disseram que seria publicada sem custo por ser de interesse público. Saí de lá com a certeza de se tratar de gente capaz de sofrer também com acontecimentos iguais ao da menininha. Entretanto, no lugar da carta publicou fuxicos de novelas.
É necessário levantar mais alto a cabeça para enxergar além da necessidade de correr e fazer barulho em busca de dinheiro, mesmo porque ele será buscado pelos descendentes de quem atira em menininhas. O Japão estabeleceu um sistema tão rígido de educação para formar técnicos eficientes na produção de riqueza que muitos jovens japoneses se sentiam tão inferiorizados por não conseguirem acompanhar o ritmo e cometiam suicídio. Alcançou o objetivo e produziu imensa riqueza ao custo de infelicitar o povo rico com o medo justificado de viver numa ilha ponteada de usinas nucleares sujeitas a serem quebradas por cismas climáticos que abundam na região. Do mesmo modo, os Estados Unidos acumularam montanhas de dinheiro e tem por conseqüência seus cidadãos sob constante perigo.
Está enganado quem espera encontrar bem-estar junto a um monte de dinheiro estando ambos rodeados de necessitados capazes de dar tiro em menininha pela falta de apenas alguns reais. A desumanização embrutece as pessoas. Já chegamos ao cúmulo do absurdo de se morar em meio a uma construção com o consentimento do poder público que libera habite-se a um prédio inacabado. Neste momento sou bombardeado por marretadas, ronco de furadeira, enfim, um inferno. Não tem moral para exigir que as pessoas observem as normas de conduta o poder público que descumpre a norma que exige total conclusão do imóvel para obtenção daquele documento.
Enquanto vida tiver, não deixarei de pirraçar para que as pessoas aprendam a pensar. Descobrirão existir um universo de coisas além de dinheiro. Descobrirão que não somos obrigados a suportar barulho e que ele faz mal. Veja o que disse o juiz paulista Dr. Antônio Silveira Ribeiro dos Santos no jornal Notícias Forenses, de junho de 1997, página nove: “Atualmente o direito de propriedade não é absoluto, devendo assim o proprietário utilizar sua propriedade de forma a atender os fins sociais, não prejudicando terceiros, bem como não produzindo nenhuma ação poluidora que afete seu vizinho ou a coletividade, uma vez que o direito a um ambiente sadio é previsto constitucionalmente, reconhecendo-se uma nova função da propriedade: a ambiental”.
Se não temos de suportar barulho, como pode o poder público permitir que seja habitado um prédio em construção?
Precisamos refazer nosso comportamento social de modo a que nos preocupemos com as menininhas. Principalmente os jovens. Não devemos nos esquecer de que a violência social, de um a um, acabará atingindo a todos, garante o autor de Por Quem os Sinos Dobram. E ele é bem mais inteligente que nós.





segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PENSAR É PRIVILÉGIO DO HOMEM


Olá, juventude envelhecida. Ói eu traveis nos pé docêis.
Como o barulho de alguma festa não me deixa dormir nesta madrugada de sábado, fiquei a pensar como a vida seria melhor se os jovens tivessem conhecimento do que seja vida social. Seria bom porque com a vivacidade própria dos jovens eles haveriam de aprimorar este conhecimento, de modo que depois de algumas gerações viríamos a ser uma sociedade civilizada. Entretanto, com a mentalidade de dar preferência a assuntos do tipo Programa do Ronco – Miss boniteza – Fashion Week – Fórmula Um – Futebola – Basquetebola – Voleibola, fica difícil elevar a mente a coisa menos rasteira. Para aumentar minha tristeza, ao ligar o rádio ouço a notícia de que Ronaldinho Gaúcho foi a estrela que mais brilhou na Bienal Do Livro. É simplesmente assustador! Livro tem a ver com o cérebro e ele fica na cabeça. Não nos pés. Os jovens estão tão velhos que caducam. Já estão querendo usar califon. Qualé, meu!
Sendo do tipo teimoso que não larga o osso, não desisto de abrir uma brechinha no monte de bobagem que vocês tem na cabeça para colocar uma pitada da sabedoria que a velhice me deu e que seria proveitoso vocês prestarem atenção na prosa de hoje porque vocês não sabem, como eu também não sabia quando era jovem, o que é vida social, e a falta deste conhecimento levará vocês ao destino horroroso previsto pele ciência e vocês nem sabem disto porque preferem a atividade doa pés. O conhecimento da vida social é mais importante do que o conhecimento que levou o homem à lua. Prova isso o fato de que o país que levou o homem lá é o mesmo país onde os cidadãos vivem com medo da própria sombra porque tem inimigos no mundo todo.
Não se pode desconhecer o fato de que para se viver em sociedade é necessário levar em conta a existência das outras pessoas. Nós que constituímos a sociedade humana precisamos uns dos outros e de cooperação para que haja harmonia. Uma sociedade na qual se possa viver com dignidade não pode existir onde se desconheça que antes do EU individual há o EU social e ele impõe limite ao meu EU individual pela necessidade de observar que não estou só, que há pessoas em volta e que estas pessoas, do mesmo modo que eu, também tem seu espaço, afazeres, lazeres e direito de exercê-los tanto quanto eu tenho direito às mesmas coisas. Como os interesses são desencontrados porquanto uns querem coisas diferentes de outros, faz-se necessário o conhecimento do que seja vida social para que se esteja convencido da vantagem na conciliação dos interesses para evitar perturbações que prejudicam a harmonia social.
Certo dia, na Praça do Gil, um domingo pela manhã, alguns jovens funcionavam uma parafernália sonora em frente a um hotel. Esta preocupação em levar algum esclarecimento aos jovens, porque deles depende o futuro, me fez reclamar com eles, até com alguma rispidez, fazendo-os ver a situação de quem dormia no hotel. Dada a cordialidade daqueles jovens que acataram minha observação e fizeram silêncio, concluí tratar-se de pessoas de boa índole e com boa dose de educação doméstica, a quem peço desculpa pelo modo de falar. Só lhes falta a educação social, o conhecimento do que seja vida social. Um sistema educacional como o nosso onde os pés rendem mil vezes o salários do professor que usa a cabeça não tem interesse em produzir cidadãos, mas seres esquisitos com aspecto de adulto e mente infantil.
Não aprendem na escola que a sociedade é um abrigo para cada um de nós e que precisamos protegê-la. Certamente as crianças perguntarão: Como proteger algo que não se vê? Só não vê se não tirar o pensamento da preocupação de saber se vai botar o pirce no beiço de baixo ou no de cima. Se prestar atenção na quantidade de objetos e atitudes de que depende o bem- estar de cada um, verá de quanta gente ele depende. Nós dependemos uns dos outros.
O escritor Ernest Hemingway faz referência a este inevitável e necessário entrosamento entre os seres humanos no livro Por Quem os Sinos Dobram. Diz ele que ao perguntar por quem os sinos dobram a resposta seria que eles dobram também pela pessoa que está perguntando. (Perguntar por quem os sinos dobram equivale a perguntar quem foi que morreu. Era costume haver um sino repicando durante todo o dia quando morria alguém com alguma relevância social).
A afirmação do escritor de morrer um pouco de cada um quando morre alguém faz sentido levando-se em conta que as pessoas são as células do corpo social porque a sociedade é um organismo vivo que exerce influência sobre o nosso comportamento. Não cumprimentar uma pessoa tem efeito que provoca reação na prática. A sociedade é a força resultante da união das pessoas e o nível de conhecimento destas pessoas determina o da sociedade. Nós os seres humanos estamos para a sociedade humana assim como as células do nosso corpo estão para o nosso corpo. Se a morte de uma delas afeta o nosso organismo, do mesmo modo, a morte de um de nós afeta o corpo social ou sociedade em função de nossa interdependência.
Quando jovens inocentes arrebentam seus tímpanos e sistema nervoso com o som do carro ou o estrondo da moto eles também produzem o mesmo resultado danoso nas pessoas em volta. Elas não se incomodam porque também desconhecem o resultado negativo que o barulho produz. Agora, imagine a situação de quem sabe e é obrigado a suportar a tortura de ter sua saúde estragada sem poder cumprir o instinto primário da autodefesa de seu bem estar espezinhado pelo barulho. Neste exato momento escrevo sob marretadas provenientes de obra em algum apartamento no prédio. A vida seria melhor sem tanta ignorância.
Ante a inocência de vocês, sinto obrigação de mostrar um caminho com menos pedregulho do que este por onde vocês caminham e que lhes indicaram por maldade. Qualquer pessoa ficaria agradecida por receber tal aviso e pior para vocês se continuarem nesta indiferença indolente à deseducação que os leva a preferir quem dá pontapé a quem escreve livros.
Sociedades que investiram na formação de cidadãos em vez de barulhentos vivem infinitamente melhor do que nós. Tá na hora de pensar, ainda que de mansinho prá começar. A novidade pode dar dor de cabeça ao desenferrujar o cérebro. Vamos ficar no fácil, mas vamos aprender a pensar: Podemos começar pela situação absurda de estar o governo gastando bilhões na festa da corrupção do futebola e declara não haver dinheiro para aumentar a prevenção contra o surto violento de dengue que a ciência está anunciando vai arrasar com vocês. Vamos lá! Esqueça a academia e o pirce por um momento e aprenda a pensar que não dói, embora a pergunta exige muita concentração e esforço mental. Lá vai a pergunta, preparem-se: Um jogo de futebola onde houvesse noventa por cento de chance de ter dengue, alguém iria?
Qualquer jovem teria pergunta a fazer a um bailarino da bola. Entretanto, estando diante de um profissional cuja formação exigiu adquirir conhecimentos científicos durante anos, teria uma pergunta a fazer? Digamos que diante de um advogado, teria curiosidade de lhe perguntar por que a imprensa diz que estão roubando o erário e nem os ladrões são presos nem a imprensa responde por calúnia? Diante de um profissional da saúde, perguntaria se as pessoas usassem água e sabão em lugar de papel higiênico haveria menos problemas de hemorróidas? A um engenheiro, perguntaria por que os apartamentos modernos se assemelham a uma moradia coletiva a ponto de se tomar conhecimento do que se passa no outro apartamento e por que a água do banho só corre para o lado onde o ralo não está? Ou ainda por que pias e vasos sanitários deixam voltar o meu cheiro para dentro de casa? Estando com um político, pergunta-lhe por que há tanto barulho e sujeira na cidade? Estando com um técnico da Embasa, pergunta-lhe que tipo de água estamos bebendo? A um religioso, perguntaria qual a superioridade do ser humano sobre os outros animais, se também comemos outros bichos e nascemos de um mesmo processo no qual até os movimentos do macho de bicho e de homem são iguais na hora da forniquexa que produz a proliferexa? Inté.





quinta-feira, 8 de setembro de 2011

MOMENTOS AGRADÁVEIS

Nosso papo de hoje também inclui as pitadas de ensinamentos dos grandes mestres do saber que pesco nos livros deles e passo para vocês. Porém, desta vez, o assunto principal e que não vai ser lido como os outros, vai em torno de uma história legal que vem depois do conselho indispensável para que vocês dêem atenção também para outros valores como pensar num futuro melhor para seus filhos uma vez que a ciência está nos prevenindo da iminente falta de água e comida em virtude da estupidez de se acabar com a fertilidade dos solos e a vegetação que a protege. No Rio Grande do Sul, cerca de seiscentos mil quilômetros quadrados já viraram deserto e os cientistas afirmam que Minas Gerais terá em algumas décadas um terço de sua área em iguais condições. Enquanto os solos férteis desaparecem, a necessidade deles aumenta. Máquinas estão também dependendo de terra para serem alimentadas.
Uma dona de casa me disse que Jesus não deixará nada disto acontecer. Basta dar uma olhada nos lugares que viraram e que estão virando deserto para ver que Jesus num tá nem aí. Aliás, imaginem só o que espera por vocês depois de tomarem conhecimento de uma das informações do mestre Geoffrey Blainey: Até à época em que o nosso cabeludão andava por aqui nós teríamos feito apenas cerca de trezentos milhões de filhos. (volte e leia de novo do até que é preciso entender isso direitinho) Entretanto, só no tempinho de lá prá cá a fornicação colocou quase sete bilhões de pessoas para comer feijão e beber água junto com vocês. E vocês não pensam nos filhos dos filhos de vocês?
O mundo está muito ruim e vocês precisam dar um jeito nisso. Está muito errado esse negócio de deixar nosso país ser conhecido por causa de esporte e prostituição. Gira por aí uma propaganda da “paixão” de nossas mulheres e prova o dito com o testemunho de vários gringos que enaltecem as excelências das suas “paixões”. Já ouvi a “ferramenta” propagada no comércio do turismo ser tratada carinhosamente (como merece) de “perseguida” e até de “ligeireza”. Nunca de “paixão”.
Fica por aqui o aconselhamento de hoje porque vou lhes contar um fato legal que envolve o respeitável empresário UBIRATÃ AMORIM. E duvido que alguém fora do mundo dos negócios saiba quem é este respeitável senhor. Pois pode segurar na cadeira porque vou dizer que é ninguém menos que o nosso impagável Bira Bigodão, figura das mais estimadas e que dispensa apresentação. Da mais humilde oficina mecânica aos lugares mais refinados não há quem não se sinta bem com a presença de Bira Bigodão porque ele é como o violeiro que “alegrava o terreiro numa buniteza” da canção de Elomar. A diferença é que na canção, depois da alegria inicial, o sentimento espalhado pela música do violeiro trazia a tristeza de volta. Já com a chegada de Bira Bigodão é só alegria o tempo todo. Atrás daquela cara fechada há uma eterna juventude que contagia.
Pensei em economizar tempo abreviando o “Bira Bigodão” para apenas BB. Porém, me ocorreu que este é o nome pelo qual é conhecida uma famosa mulher e mudei de idéia. Afinal, pode não dar certo alcunhar um macho que ostenta um bigode daqueles com nome de mulher.
Não há quem ainda não tenha curtido ao vivo uma das histórias sadias e bem humoradas que justificam a empatia do Bigodaço. Eu já presenciei duas. A primeira foi em companhia de um cidadão irrepreensível de nosso meio que é o nosso estimado João Alberto Novais, carinhosamente chamado de João Bocão. Este cavalheiro não haverá de negar seu honesto testemunho no caso de vir eu a necessitar provar perante alguma corte de justiça a veracidade do acontecido.
Certa vez alguém tentava por em ordem um aparelho desordenado, quando chega Bira Bigodão já mandando uma peruada: Não tá vendo que o problema aí é a junta, pô? – disse ele. – Qualé junta, ó bigode de puxada. – Respondeu o rapaz – (todos são íntimos do Bigodudo). Ajunta tudo e joga fora! – Arrematou o Bira.
A outra história de que participei foi também em companhia de alguém do mais alto quilate. Um empresário do setor automobilístico de boa qualidade como Renault, Honda e Nissan. Trata-se de Sebastião Cardoso Neto, cuja aparente sisudez não consegue esconder a sinceridade e compreensão estampadas no olhar que legitimam o apelido de Netinho. Os funcionários o estimam segundo me disse a simpática e agradável Adriana, a garota morena do cafezinho. Como são poucas pessoas com boas qualidades, precisamos valorizá-las para que elas venham a florescer também em nós.
Reunidos e conversando amenidades, dois empresários e este aposentado, o que desfez minha impressão de que todo empresário quando não está contando dinheiro estivesse maquinando coisas contra nós. Pois ali estávamos a jogar conversa. Perguntei a Bira se ele ainda lidava com laticínios. Respondido que sim, perguntei se ele tirava leite. Respondido que sim, comentei que eu até aos quinze anos era vaqueiro do meu pai e que tirava leite por obrigação, enquanto que o Bira fazia isso levado pela comichão que faz ele não ficar quieto. Disse que eu fazia requeijão, manteiga, ferrei animais e tratei de bicheiras. Falei que no meu tempo, do qual já se vai muito tempo, a barra era mais pesada que hoje. Naquela época havia chuva e uma camada da lama do esterco do curral fazia crer que se estava usando botas. O leite era tirado de cócoras e não raro se encostava a bunda na lama.
Como, entretanto, desde que se tem notícia de gente, é sempre dando um jeito de adaptar a natureza às suas necessidades de conforto, hoje não mais é necessário meter os pés aos poucos até se acostumar com a lama fria pela manhã porque o frio é amenizado pelas botas de verdade.
Enquanto eu falava Bira e Netinho escutavam como pessoas educadas que são. Prossegui falando que também observei o uso de um banquinho com uma perna só amarrado no trazeiro da pessoa de modo a não ser necessário carregá-lo. Ao se levantar, a única perna que tem o banco e que lhe dá sustentação fica na horizontal e a pessoa pode se deslocar livremente ostentando um rabo horizontal. Ao sentar-se, volta o apoio para a vertical, apóia-se no chão proporcionando relativo conforto ao trabalhador.
Perguntei a Bira se ele usava um banco semelhante e a resposta nunca mais saiu da minha mente. Disse ele que usava, sim, a ajuda do banquinho. Disse mais: que o banquinho dele tinha o apoio virado para baixo ao contrário do banquinho dos gaúchos que tem o apoio virado para cima.
Nenhum gaúcho encontraria motivo de ressentimento diante da figura do Bira Bigodão porque ninguém consegue estranhar o Bigodaço. Inté.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

INSTRUÍDOS E NÃO INSTRUÍDOS


Olá jovens que nem tomarão conhecimento desta prosa. Problema não. Mesmo com uma das mãos momentaneamente inutilizada, volto a tentar mostrar-lhes a mediocridade da vida por vocês vivida. Vítimas de um sistema deseducacional que faz o aluno maltratar o mestre, vocês ainda estão, sem que disto tenham culpa, na categoria de pessoas não instruídas, de acordo com a classificação de um dos Mestres do saber, como veremos. Portanto, mesmo que não prestem atenção, ainda assim não deixarei de fustigá-los para que aprendam um pouco dos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber que pesco em seus livros e passo para vocês juntamente com a experiência de setenta e cinco anos de aprendizado na escola da vida, a fim de lhes evitar muitos dos tropeções que dei e que vocês não precisam dar.
O escritor Fiódor Dostoiévski estabelece uma oposição entre homem não instruído e homem instruído. Afirma que o desenvolvimento mental é muito menor no homem não instruído do que no homem instruído, e isto não permite que o homem instruído possa sentir-se bem junto ao homem não instruído. Como podem observar, é realmente difícil uma convivência entre pessoas que querem pensar e outras pessoas que querem fazer barulho. O barulho não incomoda ao homem comum porque ele desconhece o malefício que o barulho produz no organismo, enquanto que o homem instruído sabe perfeitamente que o barulho produz surdez e neurose, além de impedir a concentração dos homens instruídos. A ciência afirma que o barulho inevitável do progresso vai tornar surda toda a humanidade. A História registra o fato de uma colônia egípcia localizada perto de uma catarata do Rio Nilo onde todos os moradores eram surdos.
O escritor Fiódor Dostoiévski chama de doença o mal-estar causado ao homem instruído pela presença do homem não instruído, presença obrigatória porque a quase totalidade da raça humana é constituída de pessoas não instruídas. Foram estas as palavras deste Mestre do Saber, na página 18 do livro Memórias do Subsolo: “Uma consciência muito perspicaz é uma doença, uma doença autêntica, completa. Para o uso cotidiano, seria mais do que suficiente a consciência humana comum, isto é, a metade, um quarto a menos da porção que cabe a um homem instruído”
.O homem instruído, portanto, tem o pensamento voltado para a produção de idéias, enquanto o homem não instruído tem seu pensamento voltado para coisas unicamente materiais e fúteis como bares e academias de formar bêbados e músculos, ainda que inoculando produtos estranhos em seus corpos, o que fará com que o organismo fique mais debilitado do que outro organismo mantido naturalmente. A única preocupação do homem não instruído em relação a seus filhos é com a possibilidade de lhes faltar bens materiais, sem despertarem para a realidade de que a pobreza em volta tornará perigosa a posse de tais bens. Não lhes ocorre que a deficiência do sistema educacional cria a necessidade de se importar mão de obra estrangeira qualificada para a tecnologia moderna e que isto tornará ainda mais difícil do que hoje para os futuros jovens conseguirem emprego.
Os apartamentos construídos pelos nossos engenheiros e arquitetos eliminaram a privacidade dos moradores. Moradores destes imóveis tomam conhecimento até dos momentos de intimidade dos casais de outro apartamento. A água do banheiro sempre escorre para o lado contrário do ralo e o mau cheiro de esgoto retorna para dentro de casa em face do mau acabamento na colocação das pias e vasos sanitários e isto faz os moradores respirar gazes putrefatos prejudiciais à saúde. Dá medo passar sobre uma ponte construída pela engenharia produzida pelo método deseducacional.Estes absurdos são aceitos pelas pessoas não instruídas como coisa normal, mas incomodam as pessoas instruídas porque elas sabem do resultado danoso de tais comportamentos.
Estou aprendendo nos livros das pessoas instruídas que elas sofrem por não poderem ter um só espaço onde sentir-se à vontade porque as pessoas não instruídas ainda não aprenderam a observar o fato de que para se viver em sociedade há de se respeitar o espaço das outras pessoas e isto está a anos luz de pessoas barulhentas ou que não se incomodam com o barulho, ou ainda que ocupa a rua com o veículo, ou aquele que espalha água nas pessoas, ou aquele que passeia tranquilamente sobre as bostas nas ruas. Há alguém sem estas características entre nós? Só haverá uma sociedade normal quando todos formos pessoas instruídas. Vamos começar a nos instruir?
Ninguém tem culpa de não ser instruído. A verdadeira verdade da vida é como o samba. Não se aprende na escola. A indiferença das pessoas com a situação de imundície em que se encontra o centro da nossa cidade, um ambiente desagradável, próprio para irracionais, demonstra a falta do hábito da higiene. Quem anda sobre fezes de animais e caldo pestilento de esgoto leva para casa nos solados dos sapatos doenças para danificar a saúde dos filhos que dizem amar. O barulho ensurdecedor ao qual o povo é indiferente, só encontra explicação na falta de conhecimento e sensibilidade. Pessoas grosseiras tem maior capacidade de encarar um ambiente assim. A Organização Mundial da Saúde declara que o barulho além de causar surdez também causa a neurose da qual resulta violência suficiente para produzir muita infelicidade.
A distância que separa as pessoas da realidade faz que elas acreditem ser possível acostumar-se ao barulho. Não pode! O barulho, como a câncer, age sorrateiramente e o resultado do seu trabalho aparece quando se passa a pedir para que o interlocutor repita o que disse e quando se é dominado por fúria bestial até por ter alguém arranhado um carro.
Jovens de países que cuidaram da educação de seu povo já começam a perceber o papel de idiotas que a sociedade lhes atribui e começam a exigir tratamento melhor das autoridades. Por aqui, entretanto, a mente dos jovens não vai além das manchetes do Yahoo. Neste exato momento os jovens tem a oportunidade de absorver refinado caldo de cultura nas seguintes matérias: 1 – Dinei e popozuda se beijam. 2 – Alguns dos meus ex são gays. 3 – Jesus: cachê alto para discotecar. 4 – Dentinho defende gata e ataca invejosos. Então, que pensamentos podem nascer de mente capaz de dar assunto a tais assuntos? O resultado do exame de urina do jogador de bola é notícia capaz de despertar interesse nas pessoas classificadas pelo poeta de MANADA. Não lhes interessa saber que os países com os menores gastos em segurança, mas que cuidaram muito da educação de seus cidadãos são os países com o menor índice de violência.
É constrangedor observar a indiferença com que as pessoas encaram os desmandos que lhes são prejudiciais. Eles podem ser evitados sem necessidade da violência usada por jovens de outros países nas suas reivindicações. O estardalhaço ensurdecedor promovido pelas casas comerciais nos carros de propaganda e nas próprias lojas deixaria de existir se as pessoas deixassem de freqüentá-las.
Como se vê, precisamos nos educar.



quarta-feira, 27 de julho de 2011

CURIOSIDADE BOBA

O suicídio de uma jovem cantora alvoroçou a juventude do mundo para saber o motivo que levou a jovem a morrer. É simples, meus jovens, foi o suicídio! Vocês deviam procurar saber é o porquê de haver ela suicidado. Se vocês seguirem direitinho a trilha até o suicídio da moça, lá no final da pesquisa haverão de encontrar a si mesmos, isto é, pessoas vazias de qualquer objetivo nobre pela impossibilidade de enxergar um pouco mais alto do que a mediocridade que lhes é transmitida por um sistema que deseduca e forma idiotas. Atrofiaram tanto a inteligência dos jovens que eles se portam como inimigos do professor que vai passar para eles as dicas de como se dar melhor no mundo cão.
Ouvi um jovem que se sentia esperto por ter conseguido um ingresso para um espetáculo musical em São Paulo depois de ter permanecido por vinte e quatro horas na fila. Isso é demonstração de completa imbecilidade, demência e conformismo. Para se comprar um ingresso não são necessários mais que dez minutos. Entretanto, o jovem acreditava ter feito um trabalho meritório.
O que levou a moça ao suicídio foi o falso mundo da fantasia, do enriquecimento fácil, principalmente na prostituição televisiva, mais degradante do que a prostituição ao vivo, mundo com o qual sonham todos vocês. O que vocês não sabem, aliás, vocês não sabem de nada verdadeiro! E o pior é que não podem aprender porque o sistema é para ensinar mentiras. As brincadeiras, por exemplo, não são mais importantes do que as coisas sérias porque a fase da vida que passamos envolvidos com coisas sérias é muito maior do que a fase das brincadeiras. Nenhuma destas nulidades que vocês elegem como líderes ricos tem um milésimo do mérito que tem o professor que os jovens maltratam. Nenhum líder verdadeiro enriquece à custa de seus liderados.
Se vocês, jovens, não sacudirem fora a mandinga do atual sistema de aprender mentiras e procurarem por vocês mesmos algum entendimento da realidade da vida a fim de poderem fazer escolha, estarão sempre iludidos e vivendo num mundo desagradável, de más perspectivas de futuro e de tanta falta de hombridade nas pessoas. A inocência que orienta o comportamento de quem está tão distante da realidade da vida social a ponto de indicar palhaço, jogador de bola e boxeador para seus legisladores.
Jovem sadio, isto é, vivo, com a sagacidade própria dos jovens, parece não mais existir. Os órgãos representativos de quaisquer entidades de classe dos jovens atuais foram transformados com sua aquiescência em ambiente de politicagem. Estão apáticos pela falta do uso da inteligência que todos tem, mas não usam.
As drogas são um flagelo para a juventude inexperiente. A droga leve pode e deve ser usada por provocar um bem-estar necessário para ajudar as pessoas idosas a terem um pouco de conforto em suas atribulações mentais próprias da velhice, conforme assegura um amigo e companheiro de velhice.
Esta “curtição” já existe só no fato de ser jovem, e por isto eles não necessitam de nenhuma droga. As drogas pesadas, então, são o caminho para a ruína total do organismo. O comportamento de alguém que se imola em troca da sensação agradável e nunca suficiente provocada por droga forte é o mesmo comportamento de quem se explode junto com dinamite. A diferença é que no caso dos drogados irrecuperáveis o suicídio é para masoquista, lento e com sofrimento.
O mundo da fantasia só existe porque a humanidade ainda é liderada pela mentalidade mumificada de velhos decrépitos e amorais que conseguem com o poder do dinheiro fazer artimanhas capazes de tornar as pessoas ligadas apenas em brincadeiras de líderes comprados, o que lhes permite esconder as coisas realmente importantes como o emprego do dinheiro público que tem sido usado até para manter casas de prostituição de luxo. Aliás, para quem a experiência da idade diminuiu um pouco a burrice comum, percebe ser intencional a grande valorização atribuída a pessoas que fazem brincadeiras a ponto de torná-las celebridades. Há celebridade por brincar de fazer de conta que está cantando usando um imenso e ridículo chapéu. Há celebridade pelo fato de chutar bola ou conseguir colocar maior quantidade de comida ou bebida no estômago. Há celebridade porque chega primeiro a um ponto previamente estabelecido, partindo de outro ponto distante, cujo percurso é feito por imensa multidão em desabalada e ridícula carreira. A insignificância mental faz com que pessoas deixem suas casas e acorram de longe para ver tamanha bobagem. Há celebridade por dirigir carro a uma velocidade maior que a dos outros corredores. Há, enfim, celebridade para todo tipo de idiotice.
É isso aí, jovens, o mundo da fama e dos espetáculos envolve tanta falsidade e mau caratismo que leva as pessoas a necessitarem de drogas cada vez mais fortes e isto faz o que fez com o Elvis, com o Michel que fazia com que vocês jovens vibrassem quando ele lhes apontava o saco com a luva branca. A Cássia Eller e tantos outros também foram vítimas da insanidade do falso mundo das celebridades.
Seria muito melhor para vocês, garanto com palavra de homem, que vocês quisessem saber por que morreram Guevara, Luther King, Marighela, Lamarca, Kennedy, Tancredo, Juscelino, e tantos jovens nas décadas de 60 e 70. Isto sim, tem tudo a ver com o bem-estar de vocês e suas crias. Inté

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Barulho danifica a saúde mental.



Até sentir a presença indigesta da censura, participei do programa Yahoo Perguntas e Respostas e lá havia muitas queixas de vários lugares por incômodo de barulho proveniente de outro apartamento. Agora que este incômodo me incomodou, e já tendo ouvido sobre uma tal Lei do Silêncio, fiz uma pesquisa na internete e comprovei a desconfiança de haver algo errado. A crença corrente de ser normal o barulho em horário comercial é falsa. Para encurtar a história, vou lhes dizer que ninguém, absolutamente ninguém, é obrigado a ouvir barulho em nenhuma hora e nem há necessidade de se medir os decibéis. Se incomoda, pode ser levado à justiça. E, pasmem, colocar habitante em prédio com apartamento ainda inacabado é CRIME. Comecei a pesquisa pedindo ao Google a lei do silêncio e a partir daí se abre um horizonte de informações. Entende-se por Lei do Silêncio à exigência legal de se evitar ruído excessivo à saúde, contida em vários dispositivos legais. A OMS declarou que o barulho danifica a saúde mental principalmente em jovens. As pessoas não devem ficar indiferentes ao martelar vindo de algum lugar porque aquilo estará realmente martelando o juízo do seu filho. Vou lhes indicar onde está a garantia que o Estado lhes dá de não serem obrigados a ouvir barulho:
CÓDIGO CIVIL, art. 1277.
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS, art. 42.
LEI Nº 9605, DE 12/02/998.
Tá na hora de deixar de ser boca aberta e procurar seus direitos. Se as pessoas exigissem as coisas que a Constituição Federal lhes garante nós estaríamos num belo mundo. Escutem o que sempre lhes digo, jovens: jovem tem que ser esperto. Deixem as drogas para a velhice, aproveitem enquanto tem gás e deem dignidade ao seu belo país famoso por coisas fúteis. Aproveitem a experiência de quem já aprendeu que é bobagem espetar espeto no beiço e evitem futuros arrependimentos. Não sejam indiferentes à política porque é ela que determina seu futuro. Ninguém pode ser considerado ilegal por pleitear uma coisa que lhe é assegurada por lei. A maior revolução que pode acontecer na história do mundo não usará pistola. Ninguém pode ser obrigado a pensar assim ou assado. Os jovens atuais tem a chance de iniciar o maior movimento revolucionário já ocorrido no mundo ao ensinar verdades a seus filhos. O sistema educacional só lhes ensina a serem obedientes. Pois, cá do alto dos meus setenta e cinco, lhes digo que se pode ser desobediente desde quando a obediência exigida lhe seja prejudicial. Do mesmo modo, não há falta de respeito em se cobrar cumprimento de dever da autoridade. Alguém que chega ao posto de autoridade é por ter alcançado nível educacional que lhe permite compreensão mais apurada (há exceção) e, portanto, nunca tomaria por negativa a manifestação cívica do cidadão comum.
Não há jovem que não precise de conselho. Os menos idiotas, pelo menos os escutam. Provo com ação a crença na necessidade de uma ação em busca da paz contida nas minhas palavras. Intrigado com a acusação pública de roubo contra Lula e Sarney sem qualquer repercussão, pedi esclarecimento ao Procurador da República na carta abaixo e vocês poderão constatar não haver nem sobra de desrespeito.
EXMº SR. DR. ROBERTO MONTEIRO GURGEL SANTOS, DIGNÍSSIMO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA.
Movido pela recomendação de não ser indiferente à política, e como cidadão idoso e apavorado com a violência que me faz quase um prisioneiro no apartamento é que venho com o devido respeito que a responsabilidade impõe, expor os motivos que me levam a ousar pleitear merecer um pouco de sua nobre atenção antes de formular a pergunta cuja falta de resposta é angustiante.
Nossas cidades amanhecem com cadáveres em volta. Pessoas atingidas por cataclismos ficam a depender de caridade enquanto bancos dispõem de quanto recurso necessitar a cada dificuldade, ainda que fabricadas.
Vejo pessoas recebendo em troca de brincadeira recursos suficientes para lhes garantir padrão de vida infinitamente superior àquelas pessoas que prestam serviços úteis à sociedade.
Vejo a Saúde, a Educação e a Segurança transformadas em especulação comercial, ao contrário do estabelecido no Preâmbulo e no Artigo 5º da Constituição Federal.
Vejo o governo abandonar seu dever de promotor do bem-estar coletivo substituindo-o por festas e propaganda.
Vejo presidiários amontoados como legumes, numa total inversão do sentido da pena.
Vejo crianças abandonadas pelas ruas a tentar malabarismos por alguns centavos a fim de adquirir a droga que lhes dá a impressão de ser boa a vida.
Vejo pessoas indiferentes a tais crianças por acreditarem serem as próprias crianças as responsáveis por sua infelicidade, vez que elas poderiam usar uma ferramenta chamada livre arbítrio para moldar outro tipo de vida.
Vejo igrejas tomando parte dos parcos recursos de que os inocentes dispõem em troca de milagres. Uma pobre senhora afirma que o dinheiro entregue à igreja é para adquirir um lugarzinho no céu.
Vejo velhos de semblante entristecido nas bilheterias do cassino da Caixa Econômica sendo ludibriados pela perversidade do governo ao acenar-lhes com a possibilidade do enriquecimento fácil.
Vejo autoridades das diversas áreas serem absorvidos pela cultura da roubalheira que assola os brasileiros.
Por fim, não só pela alta confiança da opinião pública, mas também por ser esta instituição sob o comando de vosselência responsável pelo combate às distorções administrativas prejudiciais à sociedade, ante a existência de dois livros “Honoráveis Bandidos” e “O Chefe” acusando os dois ex-presidentes da república José Sarney e Lula da Silva de roubo do dinheiro público, consulto a vosselência se era cabível adoção de medidas que esclarecessem este nebuloso assunto, e, em caso afirmativo, foram tomadas? Nada se ouve a respeito. O que está acontecendo com nosso país, Senhor Procurador-Geral? O quadro existente não sugere festa!
Reafirmo o mais puro propósito ao procurar tomar o precioso tempo de Vosselência, jamais o faria por leviandade. A idade não o permitiria e nem o respeito às autoridades.
Com o respeito e atenção devidos, atenciosamente,
José Mário Ferraz
RG.00316055-67 – BA


quinta-feira, 2 de junho de 2011

RUIM COM O ESTADO, PIOR SEM ELE


O primitivo bicho-fera encarava um semelhante como inimigo ou refeição. Ainda há resíduos deste instinto bestial no comportamento do ser humano. É por isto que se faz necessário um poder capaz de coagir a brutalidade de uns contra outros, principalmente dos fortes contra os fracos. Este poder é exercido pelo Estado. Ele tem a função de promover o bem-estar social. Para isto a sociedade lhe abastece dos recursos materiais necessários.
Fato acontecido comigo esclarece a imprescindibilidade da presença do Estado: Os agiotas do Bradesco, num comportamento orientado pelo instinto de bicho-fera, não se contentando em usurpar apenas dinheiro, usurparam também a nobre função judicante própria do Poder Judiciário e me condenaram ao descrédito publicando meu nome como desonesto. Pedi a proteção do Estado através da justiça e ela me socorreu. Vê-se, portanto, a importância de uma força capaz de coibir a ação nefasta de brutalidades que impedem a existência de uma sociedade sadia.
Pois, apesar de sua necessidade, estamos sem a presença do Estado. Ele faliu. Isto é assustador porque a maldade do ser humano não terá um contraponto e disto resultará um ambiente perigoso para as futuras gerações. O Estado Brasileiro não tem mais capacidade de fazer valer as leis que ele estabelece para regulamentar o relacionamento entre as pessoas sob sua guarda. Quando o Estado perde a capacidade de impor sua vontade, sem um poder moderador dos desmandos próprios de seres inferiores como nós, estabelece-se o caos porque a incompreensão não permitirá a convivência.
O Código Civil Brasileiro proíbe que uma pessoa incomode outra pessoa com excesso de barulho. Chega mesmo a garantir ao morador incomodado por ruídos de vizinho a promessa de protegê-lo impondo ao causador do distúrbio a força do seu poder de Estado para obrigá-lo a observar a ordem dada de não agressão sonora.
Tal promessa faz o Estado no artigo 1277 do Código Civil, no artigo 42 da Lei de Contravenções Penais e outros dispositivos legais, sem que haja cumprimento da determinação.
A prática corrente de se locar apartamentos em um prédio ainda em construção anula totalmente a proibição porque não se pode construir sem barulho. Nas ruas, então, o barulho ultrapassa muitas vezes o permitido, festas de igrejas e de futebol parecem zombar da cara do Estado e isto caracteriza uma desordem (descumprimento de uma ordem). Porém, ordem faz parte da natureza do Estado. Quando o Estado perde a capacidade de impor a ordem que expressa sua vontade, torna-se inútil e é substituído por outra forma de Estado. Estamos longe ainda anos luz de uma educação que permita a cada um comportar-se de modo a dispensar a presença do cassetete.
É desanimador constatar estar-se perdendo a única proteção de que dispõe o fraco contra a ferocidade do forte. Mas, infelizmente, é a realidade que se nos depara. Até se fala em emprego para barulhentos. É a mais flagrante demonstração da debilidade estatal. Ao mesmo tempo em que proibe o barulho, admite o emprego de fazedores de barulho!

domingo, 29 de maio de 2011

SE POLÍTICA, COMO FEIJÃO, SÓ VAI NA PRESSÃO, VAMOS PRESSIONAR.

Senhores Vereadores: O tom usado nesta comunicação não indica falta de respeito à instituição e nem às pessoas de Vossas Senhorias. Explicação desnecessária, por se tratar de pessoas cuja compreensão não admitiria tal possibilidade.
É meu dever, e de outras pessoas, se a obscuridade mental lhes permitisse, reivindicar o exercício com maior empenho da nobre função de aplicar os recursos que nós o povo entregamos aos administradores públicos para serem gastos na promoção do bem-estar coletivo. Quem não participa de festa de futebol ou igreja e é obrigado a conviver com o ronco insuportável das motos ou do som ensurdecedor dos carros de jovens sem preparo para vida social, fica longe de ter algum bem-estar. Seria só dos barulhentos o direito ao bem-estar? Onde fica o direito de quem já superou a brutalidade dos barulhentos?
Nosso povo está tão embrutecido que tem a capacidade própria dos seres inferiores de suportar barulho. O barulho atrai o povo como açúcar atrai moscas. É por isto que as lojas fazem um estardalhaço para atrair compradores.
Nosso problema, entretanto, não é só barulho. As calçadas exigem habilidade de equilibrista dos caminhantes. Há calçadas com acentuado declive e de piso escorregadio, capazes de transformar num monte de ossos o idoso que a legislação procura proteger com a Lei do Idoso.
Vi uma senhora que atravessava uma rua e tomava cuidado com a direção de onde fluíam os veículos ser derruba por uma bicicleta que vinha em sentido contrário. Nem motos ou carros respeitam as leis deste trânsito confuso do qual participam carroças, fezes de animais e caldo de esgoto para serem aspergidos nas pessoas, além da fumaça sufocante oriunda de motores desregulados.
Vejam os senhores o absurdo: prédios estão sendo ocupados ainda em construção. A ganância das construtoras leva-as ao cúmulo de aprontar apenas um ou alguns poucos apartamentos que são colocados no mercado habitacional para irem financiando a construção do prédio e isto é infração à Lei do Habite-se. A inobservância desta lei implica em crime de responsabilidade civil pela administração pública municipal, visto que a usura das construtoras leva a construir prédios usando tão pouco material que os moradores de um apartamento tomam conhecimento até dos momentos de intimidade dos casais de outros apartamentos. Necessário se faz que tais prédios sejam vistoriados antes de serem habitados como prevê a Lei do Habite-se cuja finalidade não é apenas arrecadar impostos, mas também a segurança de quem os paga e o poder público deve, portanto, cuidar de sua aplicação local.
O desrespeito à lei dos quinze minutos para atendimento dos bancos mostra fragilidade da administração porque a função de autoridade exige autoridade.
Uma vez retornado à condição de cidadão conquistense, no exercício de minha cidadania, venho solicitar de vossas senhorias providências no sentido de poder ter respeitado o meu direito de viver em paz. Pelo menos a paz proporcionada pela ausência de barulho, uma vez que é impossível a paz pela ausência do medo de agressão física em vista de já haver locais em nossa cidade com marginais impondo sua vontade aos demais moradores e isto é um desmando tão grande que enquadra nas palavras do mestre Leonardo da Vince aqueles que aceitam tal situação. Disse o mestre do saber: “Aqueles que se acomodam ante os desmandos não passam de condutores de comida, os únicos rastros que deixam de sua passagem pelo mundo são latrinas cheias”.
Sendo Vossas Senhorias responsáveis pelo nosso bem-estar, solicito-lhes varrer do nosso convívio os desmandos contra os quais nos insurgimos, e, com certeza também Vossas Senhorias.
Também o deslumbramento de colonizados pelas coisas do estrangeiro precisa ser combatido. Os nomes dos prédios (Maison de Soleil, Maison de La Lune, por exemplo) gera confusão para transmitir o endereço e encarece a conta de telefone.
Com o devido respeito, atenciosamente, José Mário Ferraz.
Este foi um esboço de pressão sobre nossa administração pública no sentido de melhorar as condições de vida em nossa cidade. Deveria ser continuada e aperfeiçoada não só por pessoas mais competentes, mas também por todos aqueles que pretendem chegar à velhice com saúde suficiente para ficar fora das UTIs.
A passividade das pessoas deve-se ao desconhecimento da verdade e ao hábito de conviver com absurdos como se fossem coisas normais. O gasto em festas do dinheiro de evitar tanto sofrimento que grassa por aí é um dos muitos absurdos que contam com a aprovação do povo por desconhecer o que se passa por trás de tudo isto. Disse Winston Churchill (?) que há uma cortina de ferro a separar a verdade daquilo que as autoridades querem que o povo pense ser a verdade.
As mediocridades televisivas, das quais faz parte a apologia à prostituição e à gravidez precoce, não permitem ao pensamento elevar-se além de futilidades. Um jovem paulista se gabava de ter conseguido um ingresso depois de permanecer numa fila por vinte e quatro horas. Isto é demência. Para se adquirir um ingresso bastam cinco minutos.
Perguntei a uma senhora com uma criancinha nos braços se ela tinha conhecimento das previsões científicas para a época em que aquela criança fosse adulta. A resposta me deixou triste e preocupado (como sempre) com o futuro dos nossos descendentes. A mulher com a criancinha nos braços disse que Jesus não deixaria acontecer nada de ruim.
Vocês, jovens, precisam acordar desta estúpida letargia e assumir com inteligência o verdadeiro papel de jovens sadios, o dinamismo. Vocês estão sendo vítimas inocentes de um sistema educacional deturpado para formar pessoas que não pensam. Não ocorre a vocês, por exemplo, a constatação de que o incremento da religiosidade do qual participam até os automóveis com seus “Deus é Fiel” não impede o incremento da infelicidade? E se Jesus permitir que falte água, comida e ar respirável, cuja possibilidade é vislumbrada pela ciência? Afinal, o Pai dele já aprontou muita destruição. Vocês, jovens, não deveriam esperar para constatar se a senhora com a criancinha nos braços tem razão quanto ao futuro de sua criança. Vocês estão esperando a oportunidade de verificar se há ou não há proteção divina, mas seria mais próprio de jovens espertos observar que a proteção dos templos e representantes das divindades são protegidos por grades, homens e armas. Se assim é, como contar com uma proteção incapaz de proteger seus próprios pertences? Inté.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

CONVERSA COM JESUS

Jesus, se não tenho motivo para acreditar na religião é porque vejo muito sofrimento conviver com muita religiosidade. Aliás, as religiões fazem apologia do sofrimento. Como pessoalmente não gosto desse negócio de sofrimento, fico longe das religiões. Porém, me ocorreu a idéia de pensar em você não como divindade, mas como ser humano, uma pessoa como eu sendo tão maltratado. Vislumbrei a grata possibilidade de não ter você passado por todo aquele sofrimento de que fala a religião, e isto me alegrou. Olha Jesus, se eu tivesse um pai que me fizesse sofrer tanto quanto dizem ter você sofrido para salvar a humanidade, eu haveria de querer saber de que perigo estaria correndo a humanidade e o porquê de não salvá-la ele mesmo com o poderio que a religião diz que seu pai tinha, e qualquer que fosse a resposta eu mandaria ele e a humanidade fazer uma coisa que deve ser muito desagradável e degradante para quem não é do ramo. Não gosto do sofrimento também nas outras pessoas. Admiti que a verdade sobre suas aflições pode ser tão falsa quanto aquela proposta contida num cartaz colado numa urna em baixo de uma Xerox de cimento aumentada de sua pessoa, lá no Vale do Camboriú, em Santa Catarina, onde se lia: “Coloque cinco reais e faça um pedido”. Ante mais esta mentira da religião, porque só lunático seria capaz de haver possibilidade de se colocar lá os cinco reais e pedir dez de volta seria atendido. É por estas e outras mentiras que também pode ser mentira o seu sofrimento, coisa que muito me alegraria. Só não digo que vou torcer por se tratar de águas passadas, porém, espero tenha você morrido em paz. Não que o sofrimento exclua a paz. Mas, porque a paz sem o sofrimento é melhor. Vou lhe contar uma coisa que fizeram com você e que também não achei legal. Colocaram outra Xerox de cimento da sua pessoa lá no Rio de Janeiro, muito maior do que a de Santa Catarina, e um sujeito da cara de bolacha chamado Gugu percorreu todo o interior da sua pessoa, digo, da sua Xerox aumentada, e vez em quando dava um jeito de botar a cabeça prá fora, e, com um microfone na mão, falava sem parar sobre sua pessoa e a pessoa da Xerox aumentada, ao tempo em que também mandava os recados do tal de marquetingue. Essse tal de marquetingue em que lhe envolveram, Cristo, é tão danoso ao povo quanto era a corrupção no Sinédrio e a usura que tanto lhe aborreceu. É algo tão demoníaco (não ligue) que faz a juventude (e dizem que você adora crianças) pois ele faz as crianças acreditar que tomar coca-cola e fumar holiúde faz com que elas fiquem saudáveis. Explico-lhe que coca-cola é uma mistura de água de poço artesiano misturada com açúcar e corante, e que holiúde é um cilindo de papel recheado de um produto nocivo à saúde, principalmente a dos pulmões, denominado tabaco ou fumo-de-corda e que o marquertingue incentiva a juventude a aspirar a fumaça venenosa numa das pontas do cilindro depois de colocar fogo na outra ponta. Aquele pessoal a quem você mandou ver chicote no lombo por causa de usura, ah, meu bom Jesus, o que eles faziam naquela época é fichinha se comparado com o que eles fazem hoje. Mudaram o nome. passaram de mercadores para banqueiros e a usura eles transformaram em Spread e esfolam as pessoas, principalmente os aposentados. Não sei se você sabe, mas o pessoal aqui espera você a qualquer hora. Dá até vontade de acreditar em divindade só prá ver você chegar com uma carreta de chicotes e gastar tudo no lombo dos bancos, principalmente do Bradesco. O mundo tá tão ruim, Jesus, que a educação é ministrada para fazer os jovens tão vazios de idéias que acham "legal" espetar espetos em todas as partes do corpo. Das sobrancelhas até "as partes" é espeto por todo canto. Já as coisas verdadeiramente importantes, a estas eles não ligam. Não tem a menor consideração, quanto mais respeito, aos professores que lhes vão ensinar como enfrentar a dureza da vida. É por isto que achei um desrespeito esse tal de Gugu ligar sua pessoa a esse marquetinge e se eu fosse você eu esmigalhava também a super xerox do Rio. Imagine você que aquele tal de cigarro que o marquetinge endeusa (não precisa prestar atenção nesse "endeusa". Estou falando com você de homam para homem), perante a juventude, foi definido por um homem muito inteligente chamado Millor Fernandes como um cilindo com fogo numa ponta e um imbecil na outra ponta. Tem só mais uma coisa que eu sempre tive vontede de saber e nunca ninguém soube me explicar. Mas só vale quando você é tido como divindade. Dizem que você fez voltar a visão a um cego e isto me intriga. Por que você não acabou com todos os tipos de cegueira do mundo em vez de apenas acabar com a cegueira de um ser humano?Inté.

domingo, 13 de março de 2011

VAMOS PENSAR?

Ouvi que contrataram inadvertidamente um doido em uma construção e ele empurrava o carro de mão emborcado para evitar que ele fosse enchido com areia.
A realidade dos doidos é uma realidade diferente da realidade das pessoas normais. Pessoas normais são aquelas que se diferenciam das feras pela capacidade de raciocinar e tirar conclusões que indicam maneiras de diminuir as dificuldades da vida, o que pode ser notado ao observar quanta adaptação o ser humano aplicou à natureza em busca de bem-estar, enquanto as feras vivem ainda do jeito que a natureza lhes conduz. Para se chegar a uma conclusão, faz-se necessário antes pensar porque é do pensamento que nasce a conclusão. Embora todo ser humano pense, há quem pense certo e quem pense errado. Pensa certo quem chega a conclusões das quais nascem comportamentos socialmente positivos como aquele que leva alguém a não ser desagradável desnecessariamente a outra pessoa. Pensa errado quem chega a conclusões que dão origem a comportamentos socialmente negativos como aquele que leva alguém a engordar para ser rei mambembe por três dias, e depois ter de arrancar um pedaço do estômago para não virar monstro. Ninguém em sã consciência vai ficar balofo só para estremecer as banhas no saracoteio dos festejamentos por três dias, e amargar sofrimento pelo resto da vida.
Pouquíssimas pessoas pensam certo. Tão poucas que sua voz tem sido abafada pelo barulho das pessoas que pensam errado. Elas são tão numerosas que seu peso arrasta consigo tudo o mais. Se a força-bruta não pode interferir no funcionamento da fabulosa máquina de pensar, o cérebro, pode quebrá-la e acabar com a fabricação dos pensamentos. Isto tem acontecido com algumas máquinas que produziram pensamentos desagradáveis às pessoas que pensam errado. Todo mundo se lembra dum cabeludão gente boa, portador de uma máquina que produzia pensamento certo, mas que foi morto em sofrimentos terríveis só porque desagradou aos que pensavam errado.
As pessoas que pensam errado só não despertam para o erro do seu pensamento porque o resultado do comportamento resultante da conclusão filha do pensamento errado só aparece muito depois. Se este resultado negativo aparecesse na hora, como quando se coloca a mão em lugar quente, aí as pessoas evitariam tais comportamentos, assim como evitamos colocar a mão na chapa quente.
Aprendi com pessoas inteligentes que escreveram livros, pessoas que pensavam e que pensam certo, a enxergar a verdade sobre nossa realidade e ela não é nada daquilo que nos ensinaram. A verdade está com as pessoas que pensam certo. Estão aí ao alcance de todos os seus ensinamentos, basta consultá-los. Uma vez absorvido o conselho que todos eles nos dão, uns de um modo, outros de outro modo, mas todas as pessoas que pensam certo há muito vem nos mostrando que o caminho pelo qual caminhamos vai nos levar ao desastre. Fica impossível contentar-se com uma vida tão medíocre depois de perceber nas suas lições que é possível se viver de maneira muito melhor.
Há uma integração tão grande entre os indivíduos e a sociedade quanto a que existe entre as células e o corpo. É por isto que o resultado de comportamentos nascidos de conclusões orientadas por pensamento certo ou de pensamento errado, beneficiam ou prejudicam não só a sociedade, mas também ao indivíduo porque é impossível separar os dois. O comportamento das pessoas que pensam errado lhes faz agir como se suas pessoas não fizessem parte da sociedade. Elas agem como se só houvesse o seu mundo, sem observar que as pessoas ao alcance do seu barulho também tem seus mundos e que talvez barulho não faça parte dele. Impor barulho a quem não o quer ou mesmo não pode recebê-lo é o mesmo que impor silêncio a quem quer festejos. Neste sentido os religiosos se comportam negativamente quando obrigam quem quer paz a ouvir gritos.
A integração indivíduo/sociedade é tão grande que a história “Por Quem Os Sinos Dobram” diz não haver necessidade de se perguntar por quem os sinos dobram porque eles dobram por nós. Com isto, Ernest Remingway, pessoa que pensava certo, nos advertiu de sermos um só ser vivo, as pessoas e a sociedade, de forma que ao morrer alguém também morre um pouco dos outros. Talvez exagerada, porém a inobservância desta realidade de se ter comportamento individualista vivendo-se em grupo, é a causa dos desatinos que infelicitam as pessoas e é o motivo de incômodo para as poucas pessoas que pensam certo, como se pode observar nos seus ensinamentos.
Mas, como escrever me cansa muito, principalmente pela dificuldade com as vírgulas, esta prosa vai ficando por aqui. Voltarei a convidar gente a pensar. Inté. Boas ressacas.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

E CADÊ A TAL SUPERIORIDADE?


O homem gosta de complicar. Dos animais, é o mais idiota. Tão idiota a ponto de ser presunçoso. Tão presunçoso que se acha obra prima da natureza ou de Deus. Acha-se tão distante dos outros animais, enquanto está tão próximo. E, não raro, tem comportamentos inferiores ao comportamento de muitos irracionais, quando levado por um instinto de perversidade ausente nos animais tidos como inferiores que o faz comprazer-se em fazer alguém sofrer. A natureza também produz gente capaz de desenvolver este tipo de caráter. Só será boa para se viver, uma sociedade na qual o mal-estar de apenas um dos seus membros seja motivo de preocupação de todo o grupo.
Entretanto, nem aquelas pessoas consideradas normais se dão conta do falso mundo em que vivemos. É mentirosa esta superioridade que o homem atribui a si mesmo. Não pode haver tanta diferença assim entre seres que se originam do mesmo processo físico-químico e que vivem do mesmo modo a trepar, comer e fazer muita sujeira.
O ser humano é imbuído de um sentimento de péssima qualidade que é o pernosticismo. Qualifica-se a si mesmo de HOMO SAPIENS. Já ouvi falar que esse tal de sapiens significa sabedoria. Se é verdade, é de causar riso. Como haver sabedoria em seres que embora sendo da mesma espécie e vivendo juntos, não só estabelecem uma diferença infinita entre eles, no que diz respeito à capacidade de terem atendidas as suas necessidades, mas que também se odeiam entre si?
Qualquer iniciado na verdadeira sociologia sabe que as pessoas só podem alcançar o bem-estar por todos desejado se houver entre elas o sentimento de solidariedade. Para que alcance seu objetivo, uma sociedade que se propõe a promover o bem-estar de seus membros, como é o caso da sociedade humana, seria necessário haver não só a ausência da competição entre as pessoas que compõem esta sociedade, mas também a presença da cooperação entre elas. Foi com o intuito de cooperação entre os indivíduos que a sociedade foi formada, depois de terem eles concluído ser mais fácil sobreviver em grupos do que isoladamente. Foi a sociedade concebida para que as pessoas se ajudassem mutuamente, e não para que de digladiassem.
Como o pavoneamento próprio da estupidez não deixa olhos que alcancem um palmo além do nariz, o ser humano complicou tanto a vida que fazer festa é tão importante a ponto de serem promovidos a celebridades milionárias todos aqueles que animam festas.
Não cabe no universo, sem ficar rabo de fora, o tamanho da estupidez contida na afirmação de ser preciso estar-se preparado para a guerra a fim de se ter paz.
A estupidez montou uma indústria de armas que precisa produzir mais e mais armas para satisfazer a fome de um monstro chamado mercado de armas. Então, como armas só servem para matar, a estupidez sai matando jovens mundo afora.

São estes os seres que se julgam superiores!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

LIVRE PENSAR



Lá na escola, no tempo de inocente, eu ficava impressionado com a história de Moisés e as infrutíferas tentativas de tirar do Egito o Povo de Deus. Aquilo chegava a emocionar. Ouvia-se até comentário sobre como é que se podia desobedecer a Deus! “Mas também ele viu o que é bom prá tosse.” – Dizia alguém sobre o faraó. – “O mar fechou bem na hora que eles não podiam mais voltar”.
Esta recordação da juventude inocente me ocorreu ao ouvir duas senhoras que comentavam lá na agência do correio sobre os garotos de rua e as drogas. Uma delas estava absolutamente certeza de que os próprios garotos eram os responsáveis por sua desgraça. Eles teriam inteira liberdade de utilizar de uma ferramenta chamada livre arbítrio para moldar outro tipo de vida, se assim quisessem.
Temos, pois, duas ocorrências: A primeira era a certeza de ter acontecido realmente o episódio das nove tentativas frustradas de Deus para libertar o Seu povo. A segunda ocorrência era a tranqüilidade com que a cultura implantada por falsas informações podia distorcer a verdade de modo tão brutal a ponto de fazer aquelas duas senhoras sentirem-se isentas de qualquer responsabilidade, ainda que coletiva, pela situação daquelas crianças. Criadas sem nunca ter ouvido uma palavra de carinho, tendo a rua por “doce lar”, sem terem recebido nenhuma orientação de comportamento e cuja perspectiva de futuro é nenhuma, como esperar de tais crianças um comportamento normal, se até as crianças bem educadas tem comportamentos anti sociais?
A verdade, pois, é o contrário daquilo que aquelas duas inocentes senhoras acreditavam. A sociedade é que é a culpada da infelicidade daquelas crianças por ter permitido que elas sejam tratadas em situação inferior à de cães. Impedir tratamento indigno às crianças não quer dizer que as pessoas devam cuidar pessoalmente das crianças. Basta exigir que o poder público cumpra sua função porque é seu dever. Fazer esta exigência é muito mais eficiente do que encher o saco da gente nos locais de compra com a campanha do quilo. A força do povo quando usada para exigir o que a lei lhe garante pelo direito vigente é insuperável. No Egito, o povo está exigindo a saída de um senhor todo poderoso há trinta anos dono do país, mas que vai deixar de ser por pressão do povo.
Tanto a atitude de ficar emocionado por uma história para criança como é a das dez pragas quanto aquela outra da certeza de serem os garotos os próprios responsáveis por sua situação, são atitudes infantis. São adultos pensando ainda como eu pensava quando era adolescente. O aprendizado na escola da vida e nos livros que pessoas inteligentes escreveram me mostrou muitas verdades sobre a realidade da vida através de um método eficiente que é a purificação das informações que me chegam antes de aceitá-las como verdades prontas e acabadas. Quem assim procede, além de deixar de ser um maria-vai-com-as-outras, também se livra de um comportamento falso porque oriundo de uma falsa informação.
É espantoso observar o quanto a simplicidade destas pessoas pode levá-las a se acharem intelectualmente capazes de contestar opiniões de pessoas infinitamente mais bem preparadas intelectualmente para opinar sobre qualquer assunto. Ao mesmo tempo em que as pessoas valorizam o estudo e o conhecimento, desprezam as opiniões dentro da mais absoluta lógica, que é a ciência de coerência do raciocínio. O episódio do duelo entre Deus e o Faraó, se examinado por pessoa adulta e coerente não passa de brincadeira para criança. Absolutamente ninguém com imparcialidade admitiria que Deus, senhor de todo o universo, tivesse de medir força com um governantezinho, porcaria se comparado com quem criou tudo, inclusive o Egito e o governantezinho. É absolutamente certo haver algo de errado em quem admitir aquelas intervenções divinas com castigos terríveis a pessoas que nada tinham a ver com a disputa, inclusive assassinato de crianças.
Se a simplicidade mental das pessoas que povoam o mundo ainda não lhes permite raciocinar dentro da razão, isto significa que as pessoas agem desordenadamente e é por isto que o mundo é uma desordem só. Não há ordem numa sociedade onde os que produzem o sustento do grupo fiquem de fora na hora da divisão do resultado do trabalho de todos.
Esta realidade, entretanto, não pode ser percebida pela inocência, só depois de algum amadurecimento mental que permita analisar com isenção a informação recebida porque pode ser uma falsa informação como aquela que informava ser a terra quadrada. São, pois, as falsas informações as responsáveis pelos falsos comportamentos que produzem uma sociedade tão falsa a ponto de mediocridades virarem “celebridades” e “excelências”.
Se hoje até rimos de já se ter acreditado ser a terra o centro do universo, futuramente também rirão de nós ao constatarem que alguém sem instrução tenha salário mais de mil vezes superior ao salário de um professor. Dá até para ouvir a conversa de alguém do futuro falando sobre nós (se houver gente viva no futuro): “Parece incrível” – Dizia o cara do futuro – “Folheando esta enciclopédia, vejo que as pessoas no começo do século vinte e um queimavam o seu dinheiro em fogos e festas e morriam nas filas dos hospitais por falta daquele dinheiro”. E a gozação sobre nosso comportamento continuava entre os caras do futuro: “Ah, isso não é nada”. – Dizia outro cara do futuro. – “Eles tinham um sistema de administração pública cujos administradores tinham o direito de viver em palácios e ficarem ricos.As pessoas mais bem remuneradas naquela época eram as que exerciam as atividades menos relevantes como cantar e dançar um negócio horroroso chamada axé ou participar de programas medíocres de televisão. Estas pessoas eram denominadas reis ou rainhas e realmente levavam vida de reis”.
Não pude evitar uma ponta de tristeza por constatar o quanto podia ser melhor a nossa vida se agíssemos como pessoas adultas, educadas, e bastante responsáveis para assumirmos a responsabilidade pelo que somos responsáveis, superando a eterna criança só para brincadeiras. Viver em sociedade exige responsabilidade.






terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O PORQUÊ DA VIOLÊNCIA

Não se trata de presunção querer explicar a violência. Apenas repito o que aprendi nos ensinamentos que pessoas inteligentes deixaram nos livros. Eles nos mostram que nossos males decorrem da infantilidade humana. Como as crianças, os adultos também adoram soltar foguete e destruir coisas. Verdade que esta infantilidade diminui dia-a-dia, porém, ainda nos mantém tão longe da realidade da vida quanto nossos antepassados ao acreditar ser a terra quadrada. O desconhecimento da realidade (inocência) que leva a criança a enfiar o dedo na tomada elétrica, também faz os adultos se estabelecerem sobre um arsenal nuclear na certeza de ser este o procedimento correto para se ter paz. Como dormir em paz ao lado de bombas atômicas?
A estupidez da humanidade levou o sábio Leonardo da Vince a dizer as seguintes palavras sobre nós (ou contra nós?). Foram estas as duras palavras do mestre: “Os que se acomodam ante os desmandos não passam de condutores de comida, os únicos rastros que deixam de sua passagem pelo mundo são latrinas cheias”.
Devíamos nos envergonhar de merecer tal reprimenda por aceitarmos os desmandos do mundo! Somos indiferentes ao sofrimento de nossos irmãos, pessoas com os mesmos sentimentos e necessidades que nós! Com a desculpa de livre arbítrio todos pensam que podem ficar tranquilos quanto à indiferença com que contemplam crianças berambulando pelas ruas. Crianças que nunca ouviram uma palavra de carinho! Criança não pode ficar na rua sozinha!
Conselhos sábios não devem esperar por pedidos. Os mestres do saber nos mostram que nossa sociedade é ruim porque o comportamento atual das pessoas é exatamente o contrário daquele comportamento que levou as pessoas a sentirem necessidade de viver juntas. A cooperação entre elas lhes facilitaria a vida. Mas eis que a competição substituiu aquela cooperação inicial de modo tão violento que ainda justifica a expressão de ser o homem o lobo do próprio homem. É por isto que nossa sociedade é vítima de uma infelicidade maior a cada dia. Nenhuma sociedade pode ser normal com desavenças entre seus membros.
Um destes conselhos sábios nos dá o filósofo Sam Harris, no livro Carta a Uma Nação Cristã, pág. 16. Ao constatar que mais da metade do povo de seu país ainda pensa que o universo foi criado há apenas seis mil anos, quando a ciência prova a existência de coisas com centenas de milhares de anos. Não deixa de ser estranho tal comportamento. Não parece coisa de quem pensa acreditar mais em algo de que só se tem notícia do que em algo cientificamente provado.
Quem se dedicar a pensar sobre o assunto de maneira independente, acabará concordando com o filósofo. Inocência é o contrário de experiência, e é notória a superioridade da experiência sobre a inocência quando se trata de se construir alguma coisa. Não há outra explicação por termos uma sociedade tão mal construída senão a ingenuidade de acreditar que para se ter paz é preciso preparar-se para a guerra. Só a aceitação de desmandos faz com que se encare sem indignação a ocorrência de disparos ouvidos em meio a uma programação de rádio, mas que era a inaceitável realidade de alguém sendo morto na rua, em frente à estação que transmitia o programa.
O comportamento da sociedade atual é o mesmo da Idade Média, quando as pessoas que compunham a fina-flor da sociedade tinham como única preocupação apenas caçar e cobrar impostos para gastar em festas. Não é demais repetir, portanto, ser o resultado da falta de amadurecimento mental, ou seja, a inocência da realidade que nos cerca, a causa de tanto choro.
Um mundo que gasta montanhas de dinheiro em armas para ter paz, já por este comportamento demonstra insanidade. Demonstra insanidade ainda maior ao alimentar a fonte da violência que é a exclusão social. Isto significa que a inexperiência nos leva ao comportamento irracional do cachorro correndo atrás do próprio rabo. Fazemos a guerra para obter a paz e acabamos com a paz ao produzir miséria e a violência. Então, o que dizer de tal construção, senão ruim?
A próxima geração terá oportunidade de constatar se o filósofo tem razão. Se as coisas estiverem bem quando forem adultas as crianças que as mães carregam hoje em seus ventres, aí estará provado o erro do filósofo por não acreditar que a proteção divina salvaria as pessoas dos eventos funestos anunciados pela ciência. Porém, e se o filósofo estiver certo?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

DESEDUCAÇÃO

DESEDUCAÇÃO

TRISTÃO E ISOLDA, de que falamos da última vez, é uma lenda medieval. Ainda criança, portanto muito longe ainda de conhecer Isolda, Tristão foi entregue por seu tutor, gente da nobreza, ao sábio mestre Gorvenal para que lhe desse uma educação esmerada. Tristão foi muito bem preparado para o mundo daquela época. Foi muitissimamente (o computador não quer esta palavra, não) bem preparado nas artes marciais, o que convinha porque as guerras de conquista de territórios eram comuns naquela época e ser bom guerreiro era o melhor que um pai podia desejar para um filho.
Agora vamos ao ponto onde se tocam a educação do Tristão e nossa cultura de “levar vantagem” que tanto infelicita a humanidade. Embora a humanidade não saiba, ela carrega consigo uma infelicidade mascarada pela inocência da juventude e que tem origem no comportamento das pessoas orientado por um sistema educacional deformado.
É que a educação moderna, como a da Idade Média, também prepara as pessoas para a guerra. Uma guerra de conquista. Conquista de um troço esquisito chamado mercado, adorado pelos governos. Consiste em comprar e vender coisas, com ênfase no “vender”. É tão esquisito que todos os países querem vender e nenhum quer comprar.
As pessoas são educadas em cada país de todo o mundo para serem boas na conquista de mercados. As armas destes soldados, em vez de lança, espada, etc., são armas com poder de destruição mais eficiente do que os arsenais nucleares porque elas destroem a alma das pessoas sem matá-las. Transforma-as em zumbis programados para perseguir riqueza e nada mais. Ao nascer uma criança, trata-se logo de iniciá-la numa religião e abrir-lhe uma poupança bancária, ambas providências negativas. O primeiro procedimento é condenado pela professora da Universidade Católica de Campinas, Marilda Novaes Lipp, Ph. D. em psicologia. Ela não condena a religião em si, mas a maneira como ela é ensinada às crianças atualmente (esta importante matéria está na revista Isto É, de 7 de maio de 1997). O segundo procedimento também é negativo porque leva à ambição e ganância. O dinheiro, do mesmo modo que dá bem-estar também dá infelicidade quando vira obsessão. Somos educados para valorizar apenas o TER em vez do SER. Nenhum pensamento quanto à possibilidade de uma vida menos infeliz onde as pessoas comportam como se se odiassem mutuamente ou mesmo a si próprias. A indiferença das pessoas ante tantos desatinos como cheirar bufa de ônibus e danificar a audição, atinge as raias da estupidez. Todos os males que nos infelicitam decorrem de um único mal: o mau uso do dinheiro público. Basta dar uma olhada no site IMPOSTÔMETRO.ORG.BR para se ver a quantidade de dinheiro existente.
A infantilidade de nossas mentes pode ser avaliada pela conversa que tive com uma senhora a quem não via há mais de trinta anos, ainda mais velha que eu e que fora criada em nossa casa. Criatura simples e analfabeta, mas de uma integridade moral suficiente para limpar Brasília. Religiosa como toda criatura simples. Fomos irmãos até os meus cerca de dezesseis anos, época em que, uns mais outros menos, éramos todos quase analfabetos e com o mesmo modo de pensar. Um dia nos separamos por um período muito longo. Depois de alguns reencontros, conversas, lembranças e muitas saudades, esta minha irmã, que tem um tempero maravilhoso para preparar um peixe, estranhou minha maneira de ser tão diferente da maneira de outros tempos, principalmente em religião, e falou: “Ué, Zemaro, por que você tá desse jeito, se você não era assim?”
Ao perceber que o raciocínio daquela adorada criatura permanece o mesmo do tempo de juventude me fez refletir muito sobre a vida. Pensar que já acreditamos nas mesmas coisas e que tínhamos os mesmos costumes! Dois seres com as mesmas crenças e aspirações no passado, atualmente com idéias completamente opostas em virtude do tipo de aprendizado e do ambiente em que viveram.
Com a finura e sensibilidade que me caracterizam, respondi: “Olha, você não passa de uma idiota. O que me faz pensar diferente de você é um montão de conhecimento que adquiri lendo nos livros. Pessoas inteligentes aprenderam sobre a vida através de muito estudo e observação e deixaram escritas estas observações para quem quiser aprender as coisas que eles descobriram. Como você não teve oportunidade saber ler e nem conviveu com pessoas que pensam de outro modo, continua igualzinha àquele tempo em que nosso conhecimento cabia num dedal. Porém, você e todo mundo mais dá valor ao estudo. Tanto é verdade que colocou todos os seus treze filhos na escola. Então, uma vez que você e qualquer pessoa que não seja muito burra valorizam o conhecimento, você devia aceitar o meu modo de pensar porque ele se baseia em muita leitura e só pela leitura se obtém conhecimento de verdade em vez destas mentiras que você tem na cabeça oca.” “Pois então,” continuei, “só há vantagem em aprender nos livros sobre a vida. Basta ler o que sábios escreveram que a gente ganha um pouquinho de sabedoria. Agora, presta atenção e me diga como é que se explica o fato de uma pessoa que nunca leu coisa nenhuma contradizer as afirmações de sábios como Einstein?” Com cara de nenhum convencimento ela retrucou: “nunca vi falá desse Istái”

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

NARIZ NÃO É CHAMINÉ, OUVIDO NÃO É LATA DE LIXO

Quem observa os ensinamentos da escola da vida e ainda não foi contaminado pela indiferença perversa que domina o relacionamento entre as pessoas, levando-as a se portarem como verdadeiros inimigos, ao observar o comportamento das demais pessoas, haveria de sentir o mesmo incômodo que sentiria ao ver alguém em perigo, mas sem poder ajudar.
Quem permanece o dia todo no centro de nossa cidade, principalmente na Régis Pacheco, Dois de Julho e terminal dos ônibus, reduz a cada dia a capacidade de respirar e ouvir. Estas pessoas se acostumaram de tal modo à fumaça e ao barulho que já não sentem mais incômodo algum embora os danos à saúde sejam os mesmos verificados em alguém como eu, acostumado ao ar menos venenoso porque morei os últimos vinte e cinco anos na zona rural, senti-me sufocado e tive de desistir do que ia fazer e sair rápido das imediações da sinaleira no cruzamento da Regis Pacheco com a Fernando Spínola, tal o mal-estar causado pela fumaça negra que me queimava o nariz e garganta.
Entretanto, aquelas pessoas que não parecem se incomodar, estão preparando uma velhice com falta de respiração e audição, o que é um sofrimento imenso. Só quem já viu um velho na agonia da falta de ar pode imaginar o que seja. E embora os jovens não acreditem que vão envelhecer, podem estar certos de que vão, sim. A vida, aliás, é um constante envelhecer. Estamos constantemente perdendo células, de modo a tornar a quantidade delas insuficiente para nos manter com o mesmo jovial aspecto, e à medida que o organismo vai perdendo a capacidade de repor as células que morrem nosso organismo definha a cada pulinho do ponteiro de segundos, num constante envelhecer, até à morte de todo o organismo.
Por que as pessoas não se incomodam em respirar veneno e danificar a audição com o barulho infernal dos carros de propaganda, preparando para si uma velhice mais infeliz do que ela precisa ser? Por dois motivos. Ambos com origem na inocência a que leva o despreparo mental. As pessoas pensam que vão permanecer como estão agora para sempre, mesmo respirando veneno, e isto é uma burrice de todo tamanho. Por acreditar ser duradoura a saúde é que só se preparam para o futuro em termos de dinheiro. Os precavidos procuram acumular dinheiro para custear as despesas com a manutenção física. Porém, tão importante quanto isto é a preparação mental, psicológica, espiritual, ou o que for, contanto que se tenha alguma preparação para o envelhecimento, coisa que o sistema educacional deformado não fornece. Prepara as pessoas apenas para o trabalho que produz riqueza, nunca para a vida.

Se as pessoas que respiram aquele ar putrefato pudessem enxergar a si próprias no futuro, certamente procurariam se mexer de alguma forma para mudar o rumo das coisas. Só a inocência justifica a indiferença aos comportamentos dos quais resultam sofrimentos. A inocência não deixa o povo perceber que pode mudar o rumo do caminho pelo qual caminha.
As pessoas que passam todo o dia no centro da cidade um dia estarão meio surdas e, mais tarde, surdas. O ouvido acostuma com aquele inferno, mas os danos são irreversíveis e o conformismo demonstra desinteligência. É incompreensível que alguém passe todo um dia, uma semana, um mês, anos, respirando veneno e ouvindo barulho indiferentemente aos perigos que lhe rondam.
O problema do barulho, este é facílimo de resolver. O barulho que não me deixa raciocinar me levou a pedir providência ao vereador Miguel Felício, homem verdadeiramente ligado aos problemas sociais, que me disse estar trabalhando no sentido de fazer cumprir a Lei do Silêncio.
Se a mentalidade das pessoas lhes permitisse outros interesses além do mundo corrupto do futebol, bastava não freqüentar as lojas cujo estardalhaço danifica o aparelho auditivo para acabar com o barulho. Além disso, Podemos interferir na política de várias maneiras. Podemos ajudar as autoridades apontando-lhes defeitos na administração a fim de serem corrigidos, como fiz eu ao procurar a autoridade responsável para pedir providência contra o barulho. Podemos até propor a criação de leis.
Aprendi com pessoas inteligentes que a indiferença das pessoas ante os mal-estares que a todos afligem é a causa da perpetuação destes desconfortos, e, realmente, não podia ser de outra maneira. Pessoas orientadas pela cultura do "levar vantagem" acabam produzindo desvantagem coletiva como a infelicidade do medo de violência que a todos assombra. Não se pode esperar outra coisa de pessoas com mentalidade tão curta a ponto de danificar seus corpos numa busca inexplicável ao culto à beleza.
No primitivismo, quando a manutenção da vida era mais difícil porque a alimentação dependia da caça e coleta, justificava-se a primazia das preocupações com os bens materiais. Na atualidade, porém, depois da agricultura e domesticação dos animais, podemos muito bem dedicar algum tempo na busca de um modo de vida sem tanto sofrimento. Mas a ganância pela posse de bens materiais presente em todo ser humano supera de longe a preocupação com um bom relacionamento e isto haverá de levar a uma infelicidade sem fim porque o planeta não dispõe de recursos materiais capazes de promover a riqueza de toda a humanidade, e a parte que ficar de fora, como já se pode verificar, procurará de todos os modos buscar os meios de sobrevivência onde quer que eles estejam e por quaisquer meios, resultando desta busca o desassossego no qual já nos encontramos mergulhados. E olha que a coisa está apenas começando!
Quando o maldito carro de propaganda do G.Barbosa interrompeu minha leitura da lenda Tristão e Isolda, estava eu a meditar sobre uma passagem da leitura, referente à educação do personagem Tristão. O primor de educação dispensada a um príncipe, o Tristão, nos dá uma perfeita amostra da causa de nossa absurda cultura da violência, sobre o que falaremos em outra oportunidade porque o ato de escrever me é penoso pelo cansaço que causa o desconhecimento do vernáculo, principalmente as vírgulas, as quais decido no par ou ímpar. Caso algum dos cheiradores de bufa de ônibus tenha tido saco de ler esta baboseira até aqui, voltaremos à lenda medieval de Tristão e Isolda e a relação entre aquela história e nosso modo estúpido de viver.
A Editora Martin Claret lançou uma coleção denominada Obra Prima de Cada Autor. São livros baratos. Este contendo a lenda custou nove reais. Atualmente já custa um pouquinho mais, mas vale a pena. Só a leitura, a boa leitura, poderá fazer de nós seres menos idiotas. Inté.