quarta-feira, 29 de junho de 2016

ARENGA 282


Os meios de comunicação no mundo inteiro estão a fazer um bafafá dos diabos em torno da União Europeia. Em se tratando de Europa, local habitado por um povo bárbaro, mas tido como civilizado por ser ainda maior a barbárie nos outros lugares, a palavra união sugere tratar-se de algo positivo. Entretanto, tudo se refere exclusivamente à materialidade em que foi reduzida a atividade de viver. Nesse bolodório infernal sobre União Europeia nada tem de união. Não se trata de uma elevação espiritual capaz de levar à concretização da irmandade tão falada do lado de dentro das igrejas, mas inexistente do lado de fora. A tal da União Europeia, na verdade, é uma desunião. Trata-se de atividade mercantil pura e simples. Um processo cujo objetivo é tão somente acumular riqueza através da astúcia e habilidade na prática comercial da qual resulta ganhador e perdedor, prática adotada pelo sistema capitalista que encontra mérito na brutalidade da mesma competição das selvas onde o mais forte destrói e mais fraco. Como falar de união num procedimento orientado pela cultura bárbara da disputa, do cada um por si? A natureza humana exige o contrário desse comportamento bárbaro presente no falatório da papagaiada de microfone em torno de Bolsa de Valores, perspectivas de empresários, Mercado Financeiro, cotação de moedas, coisas desse tipo. Todos estes assuntos visam exclusivamente rechear cada vez mais as contas nos infernos fiscais, maldição contra a qual nenhum escritor assalariado nem papagaio de microfone se insurge. Ao contrário, garantem e assinam embaixo os papagaios de microfone e os escritores assalariados da Economia Política que os bancos, esta excrescência capitalista, beneficiam a sociedade com o argumento de que eles irrigam a economia ao levar dinheiro para onde há necessidade dele. Na prática, o que se vê é exatamente a sociedade irrigando a fortuna do colarinho branco dos banqueiros, cada um deles embolsando mais de um bilhão a cada mês, lucros tão exorbitantes que tiveram seu nome mudado para “spread” para não dar muito na pinta.

As notícias da União Europeia nada significam para o povo mais ligado nas brincadeiras e notícias sobre “famosos” e “celebridades”, sem se dar ao trabalho de refletir sobre o malefício resultante da disputa ferrenha por dinheiro. Dela resulta o mundo cão. O mundo inteiro foi tomado por uma epidemia de babaquismo que leva as pessoas a procedimentos estúpidos como encontrar motivo de apreciamento em quem não tem relevo espiritual. Ao contrário, quanto maior o egoísmo, a falta de noção do que seja viver em sociedade, maior o apreciamento merecido por estas tais de “celebridades”, na verdade, sanguessugas sociais. O povo argentino, por exemplo, enquanto tem a atenção voltada para Maradona e Messe, foi roubado por empresários numa montanha de dinheiro que esconderam na Suíça. A Operação Lava Jato é mais uma entre as bilionésimas comprovações de que o papel de povo no mundo inteiro é ter o cangote à disposição da canga e a visão limitada pelo tapa-olho mental que lhe põem os papagaios de microfone e os escritores assalariados a mando de seus patrões, os ricos donos do mundo e seus cupinchas travestidos de autoridades. Cá entre nós, segundo o jornal Folha de São Paulo, a massa apreciadora de igreja e futebola que está abandonando os planos de saúde por falta de dinheiro vai ser obrigada a pagá-los para parentes e aderentes até de ex-deputados.

Do tipo de união da União Europeia resulta em que noventa e nove por cento da população do mundo vive apenas com um por cento da riqueza do mundo, ficando todo o restante dela (noventa e nove por cento) para um grupinho de apenas um por cento da população que teve a boca entortada pela cultura do cachimbo da usura, incapaz de perceber estar cavando a própria sepultura ao sevar feras famintas de vingança por milênios de maus-tratos, vingança que já se manifesta de várias maneiras, sendo a cepação de cabeça e o tiroteio por jovens contra outros jovens uma amostra dela. Entretanto, a impossibilidade de pensar em outra coisa que não em dinheiro não deixa perceber o que está acontecendo. As pessoas se perguntam abismadas o porquê de tanta brutalidade. A resposta escapa à percepção dos adoradores de igreja e brincadeiras como mostram estes infelizes pais que choram a perda de seus filhos esperando providência das autoridades.

Enquanto for buscada na riqueza a felicidade só encontrada onde há paz, reinará a infelicidade das cabeças cepadas fora do corpo; dos cadáveres de criancinhas atirados às praias geladas; de milhões de peregrinos a peregrinar mundo afora; da necessidade de se esconder atrás de muralhas como nos tempos bárbaros, muralhas que haverão de se mostrar tão inúteis quanto as de Jericó, que Jacó e seis anjos tocadores de trombeta derrubaram e passaram os habitantes de lá a fio de espada, barbaridade citada na bíblia como exemplo do poder de um Deus bom. Iludida, a humanidade pauta sua vida nas mentiras que lhes são incutidas desde o aleitamento materno. Entre os atores de Hollywood espalhou-se a mentira da existência de divindades especializadas em levar à fortuna pretendentes ao sucesso nas artes cênicas. Foi o bastante para que surgisse uma religião chamada Cientologia que, segundo o amigão Google, graças aos donativos de milionários atores como John Travolta, Bred Pitt, Tom Cruise e vários outros, acumulou uma grande fortuna. Adultos tão facilmente enganáveis como são todos os componentes da humanidade, incapazes de pensar por si mesmos e organizarem uma sociedade suficientemente madura para compreender que o bem-estar de cada um depende do bem-estar coletivo, e que o bem-estar coletivo não está nas recomendações dos papagaios da economia, paus-mandados dos ricos donos do mundo, que garantem vantagens no compra-compra, na produção de carros e nas viagens em torno do mundo, não obstante o perigo de ser despedaçado por uma bomba dos enlouquecidos por tanta injustiça. Sem elevar a espiritualidade, jamais será encontrada a paz e o bem-estar. Inté.    

 

 

 

 

terça-feira, 28 de junho de 2016

ARENGA 281




Quando eu era tão inocente a ponto de acreditar no trabalho honesto, esta ilusão me levou a tentar obter recompensa no árduo trabalho de produzir café. As terras escolhidas em nossa região pelo Instituto Brasileiro do Café eram muito ácidas e precisavam de correção com calcário dolomítico. Na época, havia grande alarde em torno dos benefícios oriundos do uso de soja. Era leite de soja prá lá, carne de soja prá cá, enfim, acreditava-se que soja fizesse milagres em benefício da saúde, do mesmo modo como também já se creu nos milagres provenientes do confrei, kiwi e em tudo que diz a papagaiada de microfone. Como ainda não contava eu com o aprendizado dos Grandes Mestres do Saber e não passava de mais um espécime de povo, fiz pequena plantação de soja para consumo próprio depois de devidamente elevado o Ph da pequena área para o nível ideal. Eis que um prestimoso senhor da vizinhança, que era tão povo quanto eu, também embalado pelos encantos da soja, tentara produzi-la sem sucesso em virtude da acidez do solo onde fez a plantação. Ao ver minha plantação exuberantemente viçosa e com esplêndida floração, o bondoso e inocente senhor ficou tão encabulado que disse que eu fazia milagre.

Todos os milagres têm o mesmo fundamento: O desconhecimento da causa que produziu o efeito. Prova-se esta realidade fazendo um arco íris igualzinho àquele que para quem ainda é povo representa o sinal que Deus colocou no céu para se lembrar da promessa feita a Noé de nunca mais provocar dilúvio. O arco íris só aparece quando há nuvens de chuva e sol concomitantemente, estando, pois, relacionado à humidade e claridade. Sob luz solar, segurando-se firmemente uma mangueira aspergindo água sob fortíssima pressão, de modo a pulverizar esta água em gotículas na forma de neblina, o reflexo da luz do sol nas gotículas formará um belo arco ires. A humanidade vive um mundo de inverdades nas quais baseia seu comportamento, razão de tanta infelicidade porquanto da mentira nada se pode obter de bom. As inverdades são implantadas nos seres humanos através de um ritual de magia negra patrocinado pelos ricos donos do mundo e executado pela papagaiada de microfone e escritores assalariados. Esta realidade pode ser percebida nos pronunciamentos que o senhor doutor Delfim Neto faz na rádio Bandeirantes AM de São Paulo, indicando procedimentos corretos para uma administração pública correta. Entretanto, sendo uma administração pública correta aquela que leva paz e tranquilidade à sociedade que administra, o que não pode ocorrer sem que haja entre os componentes desta sociedade um comportamento de respeito e estima entre elas, posto que somos antes de tudo seres sociais, conclui-se que o senhor Delfim Neto está a jogar conversa fora porque sua atuação prática é no sentido do individualismo antissocial por pertencer ele à mesma escola do senhor Henry Kissinger, para o qual a competição em vez da cooperação é a melhor maneira de se viver. Os meios de comunicação, por pertencerem aos ricos donos do mundo, têm a mesma prática de falar o inverso daquilo que é, como, por exemplo, ser socialmente benéfico o agribiuzinesse, os bancos, o compra-compra, beber refrigerante, tomar remédio por conta própria, ser chique conhecer o “American Way of Life”, haver vantagem no futebola de várzea porque resulta em bons jogadores, haver justificativa para gastar em estádios monumentais para brincadeiras. Há verdade nisso daí? Não há! E se não há por que é dito que há?  Por que os meios de comunicação nada veem de estranho alguém ganhar bilhões para chutar bola e um professor ganhar a micharia que ganha? Se a juventude quer um futuro para seus filhos, basta que tire da futucação de telefone dez minutos por dia para refletir sobre o que é que justifica tanta falsidade. Inté.
 


 

  

 

 

sábado, 25 de junho de 2016

ARENGA 280


No tempo em que viveu Joaquim Osório Duque Estrada, autor da letra do nosso Hino Nacional, ainda não havia certeza de que depois de passadas as fases da entrega do Pau Brasil e dos minérios, e se deixar superar na produção da cana de açúcar e borracha, nosso país continuaria eternamente uma despensa à disposição de quem quer que deseje algo nela guardada. É possível até que nem de longe se imaginaria que o pronunciado instinto de rato demonstrado no início de nossa história haveria de se tornar ainda mais forte do que no próprio rato. Assim, a inocência com que cantávamos PÁTRIA AMADA, BRASIL na escola primária era a mesma inocência do nosso ufanista compositor ao encerrar sua poesia com esta frase poética que até home não deixa de ser apenas fantasia como são as poesias. Na realidade, nosso Brasil é a pátria mais desamada em todo o mundo. Os responsáveis por pelos seus cuidados são seus maiores vilões. São como pais que abusam das filhas. Suas ações são tão vis que um homem da estatura moral do general Charles de Gaulle afirmou que o país onde nascemos, crescemos, vivemos e formamos nossa cultura e sentimento de patriotismo não é um país sério. Nosso compositor ufanista sentiria a mesma tristeza que sentem aqueles que conseguiram sair da vala comum da ignorância onde chafurda o barulhento povo brasileiro religioso, festeiro e soltador de bomba, povo de tão triste destino que encara com naturalidade seus representantes bradarem contra a prisão de um ladrão do seu dinheiro por ser ele marido de uma senadora, enquanto que o certo seria prender também sua mulher porquanto a mulher só desconhece o que faz o marido (e apenas por algum tempo) no que se refere às puladas de cerca. Só tem motivos para tristeza essa nossa pátria. Seus filhos, como macacos, preferem imitar as coisas do estrangeiro, sem se incomodar com o absurdo de conviverem suas crianças com escorpiões nas escolas. O desapego desse povo imbecil à sua cultura é tão grande que mesclaram sua linguagem com uma infinidade de estrangeirismos. Se no tempo do nosso compositor ufanista era de bom tom falar francês, atualmente o chique é o inglês. Constitui motivo de orgulho dar conhecimento no ambiente em que vive de conhecer as mais famosas lojas de Me Ame e nome das principais ruas de Nova Iorque. Triste povo. Triste país e não menos triste pátria desamada. Inté.

 

 

 

quinta-feira, 23 de junho de 2016

ARENGA 279




Dirijo-me a quem perca tempo lendo estas mal traçadas porque há quem as lê como prova o registro de quase vinte mil visitas a esse blog desengonçado. Peço, pois, a estes desocupados que leiam o texto em negrito, depois do que exporei meu pensamento: “O espaço deve ser considerado como um conjunto de relações realizadas através de funções e de formas que se apresentam como testemunho de uma história escrita por processos do passado e do presente. Isto é, espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que estão acontecendo diante de nossos olhos e que se manifestam através de processos e funções. O espaço é, então, um verdadeiro campo de forças cuja aceleração é desigual. Daí porque a evolução espacial não se faz de forma idêntica em todos os lugares”. Alguém leu? Isto aí é de autoria do Mestre do Saber doutor Milton Santos, expoente da fina flor de nossa intelectual aristocracia literária. Agora, digaí quem tem juízo: Em que pode isto contribuir para o combate ao analfabetismo político, fonte de todas as infelicidade que assola não só a nós, mas também ao mundo? Coisas desse tipo dão-me ânimo para expor meus pensamentos, mesmo sem saber onde colocar as vírgulas ou a finalidade do ponto e vírgula, convicção de que dos intelectuais, mesmo aqueles cujas opiniões não são vendidas, não dá para esperar contribuição prática e necessária no sentido de trocar por sensatez a insensatez social que nos infelicita.  Primeiro, porque os intelectuais falam do modo falam de um modo que só eles alcançam o sentido de sua mensagem, não levando em conta que a única força capaz de promover mudança está depositada numa juventude cuja capacidade de percepção se encontra a uma distância tão grande do alcance de suas mensagens que não pode ser vencida nem por telescópio, razão pela qual, creio, para se dirigir à juventude talvez seja melhor por meio de quem escreva tão errado quanto os jovens.

Louvável o esforço de intelectuais como Stephen Hawking, Lawrence Wright, Richard Dawkings, e tantos outros, na tentativa de desfazer o crença em divindades por ser a influência mais perniciosa a prejudicar a evolução espiritual da humanidade. Entretanto, como tal crendice de tanto ser repetida tornou-se integrante da personalidade dos seres humanos, a tentativa de fazê-los caírem na realidade, basta insistir na praticidade de subir num murundu e olhar à volta e ver que a religiosidade enfraquece à medida que fortalece o conhecimento. Nos lugares de baixa escolaridade é onde ela é mais forte. Nos casebres fala-se infinitamente mais em Deus do que nos palácios. O Fato de abranger a religiosidade quase toda a humanidade não se deve a nenhuma força divina. Deve-se, isto sim, à falta de conhecimento da qual provém a facilidade com que aproveitadores convencem os inocentes de haver vantagem em lhes dar dinheiro para representá-los perante Deus. Isto já era praticado no Egito milenar quando sacerdotes usavam dos poderes do Livro dos Mortos de onde copiavam fórmulas mágicas que eram vendidas a fim de garantir ao defunto o direito de desfrutar das delícias do céu. O mal da religiosidade é impedir que a humanidade empregue seu próprio poder para estabelecer a paz necessária ao desenvolvimento espiritual que leva ao conforto pessoal, ficando a esperar que esta felicidade lhe caia do céu. Inté.

 
 


 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

ARENGA 278




O fato de não se saber para onde ir quando o lugar em que se está se torna insuportavelmente insalubre não justifica a permanência naquele lugar. Nem mesmo a incapacidade mental do povo impediu esta constatação quando se afirma ser admissível errar, mas ser inadmissível permanecer no erro. Sendo inegável tal realidade, faz-se extremamente necessário não permanecer no ambiente social em que nos encontramos, tão perigosamente insalubre que a desordem de muito superou a ordem e anulou completamente a função organizadora do Estado de impor ordem e virou às avessas de tal forma que o Estado passou a promotor de desordem. As atividades policiais e judiciárias, por exemplo, as que estão mais diretamente ligadas à questão da manutenção da ordem social, estão impregnadas de desordeiros. São policiais e juízes fazendo exatamente o contrário do que precisa ser feito a fim de que a sociedade pudesse funcionar.  As mortes de PC Farias, Suzana Marcolino, Celso Daniel e Toninho do PT são “mistérios” apenas para a polícia e a justiça porque para ninguém mais há dúvida que autoridades empenhadas na desordem social providenciaram não só suas mortes, mas também a de quem contrariar seus ímpetos criminosos. Aí está para dobrar o poder do Estado de impor pena a criminosos a esquisitíssima instituição do Foro Privilegiado, excrescência que beneficia escritórios famosos de advogados multimilionários cujos narizes crescem a cada dia. A administração pública tomou rumo tão errado que o Jornal Nacional mostrou a Chefe de Estado brasileira ao lado de velho coxo numa cena patética inaugurando uma piscina fabulosa para brincadeiras no Rio de Janeiro, enquanto aquele estado se vê na bancarrota, embora seu governador e a mulher dele estejam multimilionários e pesquisas mostram haver vertiginoso crescimento da riqueza dos ricos e vertiginoso crescimento da pobreza dos pobres. Não é por falta de aviso que a guilhotina voltará. De há muito Boris Casoy avisa com razão que o Brasil precisa ser passado a limpo. Chega à bizarrice falar-se em Conselho de Ética e Decoro Parlamentar num ambiente onde um deputado se dirige a outra aos berros de VAGABUNDO, BANDIDO, LADRÃO SAFADO! E pensar que são estes deputados que pretendem fazer a reforma política... Inté.

         

 

 
          
 

sábado, 18 de junho de 2016

ARENGA 277




Os grilhões mais difíceis de se romper são os da ignorância. Platão mostrou esta realidade com o Mito da Caverna. Tomar o errado pelo certo como fazem os seres humanos só podia resultar num rumo também errado. Que utilidade há em discutir se Jesus teve os irmãos Tiago, José, Judas e Simão, como diz a bíblia em Mateus 13:55, Marcos 31:55 – 6:3, João 2:12 – 7:3,5,10? Que vantagem há em argumentar que isto descartaria a virgindade de Maria, caso em que ela não poderia estar no céu ao lado de Jesus e de Deus? Que adianta o converseiro sobre Jesus ser apenas homem ou também ser Deus, ou ser ambos, homem e Deus? Acresce-se a tais sandices o desperdício de tampo em se ajuntar um Espírito Santo e com isso formar uma Santíssima Trindade. Mas não para por aí. Passou-se a discutir se Deus apenas criou o universo e deixou ele por sua conta própria ou se toma conta de tudo nos mínimos detalhes. É realmente inexplicável que na situação em que se encontram os seres humanos se perca tempo com tais sandices. A papagaiada de microfone, por sua vez, sente-se feliz com acontecimentos do tipo dos jogadores de futebola acidentados porque aí eles têm assunto para tagarelar imbecilidades. Há uma semana se fala sobre esse assunto que deveria se restringir às famílias enlutadas. Mas não! Precisa falar do estado de saúde do pai, da mãe, do avô, da avó, do tio, da tia, do irmão, do primo e até do amigo do jogador acidentado. Como urubus, os papagaios de microfone levam vantagem com a morte. Enquanto isso, as atenções estão longe das causas das quais provém o mar de infelicidade que toma conta do mundo e que outra coisa não é senão os governos. Eles existem para a manutenção da ordem. Não havendo desordem não haveria necessidade deles. O Estado (ou governo) e a religião foram criados como freio para a brutalidade humana. Por que, então, não substituir a brutalidade pela compreensão de que se todos se comportarem civilizadamente poder-se-ia dispensar tanto o Estado quanto a Religião, com o que sobrariam fabulosos recursos que administrados corretamente pelos próprios cidadãos a vida poderia ser vivida de modo agradável, com rios cristalinos, ar e comida limpos, e com redução drástica das doenças e do sofrimento?

Se a humanidade foi sempre infeliz, a infelicidade pode ser superada desde que para isso se volte o interesse de todos. Faz-se extremamente necessário sair do engodo com que a papagaiada de microfone e os escritores assalariados envolvem os seres humanos através de uma trama diabólica que inutiliza completamente o raciocínio. Só a deturpação mental pode levar as pessoas a concordar com gastos astronômicos em brincadeiras e roubalheiras enquanto a sociedade chafurda na miséria. E o que é assombroso é a passividade com que a sociedade assiste suas instituições se transformarem em antro de conluios os mais espúrios. Já passou muito tempo do tempo de se tomar novos ares, repudiar as guerras, a competição perversa e se pensar numa sociedade de seres que tenham motivos para serem célebres e famosos pela intelectualidade, capacidade mental de contribuir para o desenvolvimento espiritual da sociedade. Inté.

 
 

sexta-feira, 17 de junho de 2016

ARENGA 276



O hábito de acatar o que se houve sem examinar sua conveniência, e, principalmente, sua inconveniência não deve ser encarado com tanta tranquilidade. O horroroso massacre na boate de Paris estava sendo noticiado por um papagaio de microfone que, em seguida, passou a falar naturalmente de futebola. Isto não dá o quê pensar? A morte só não deve ser motivo de assombro quando é natural. Por assassinato, ainda mais naquelas condições, deve ser assunto para merecer muita reflexão a respeito. Entretanto, graças à cultura do individualismo, o papagaio de microfone mistura um acontecimento tão escabroso e tristonho com a brincadeira do futebola. Não deve ser assim. Como disse Hemingway em Por Quem os Sinos Dobram, morre um pouco de cada um a cada vez que morre um. Como pode o ser humano ser indiferente ao sofrimento de outro ser humano? Na fazenda onde nasci e me criei, quando se abatia uma rês para nosso consumo, várias outras rezes se ajuntavam no lugar do abate e tinham um comportamento estranho como se estivessem a lamentar a morte do outro animal. Por que será, então, que para um ser humano a morte de outro ser humano só afeta se houver laço afetivo? Se os seres humanos substituíssem a preocupação e o tempo gasto em saber como foi feito o universo, qual a origem do homem e qual será o seu fim, dedicando esse tempo buscando saber a causa da miséria e o motivo pelo qual os momentos infelizes são mais frequentes do que os momentos felizes, o mundo seria melhor do que é porque as aflições decorrem unicamente da indiferença com tais assuntos. Apesar de decorrido tanto tempo desde que ficou de pé, a espiritualidade no ser humano permanece em tempos ainda bárbaros quando matar fazia parte do cotidiano. O que produz no povo sensação de bem-estar são coisas tão estúpidas quanto a reclamação de alguém sobre uma transmissão de corrida de carros que não lhe permitia ouvir bem o ronco das Ferraris. Pior de tudo é que tal mentalidade não é algo isolado. A genialidade de Platão, através do Mito da Caverna, mostrou o quanto é difícil fazer o povo perceber a realidade da vida. Talvez seja mais fácil fazer um jumento escrever uma carta do que convencer seres mendigos de espiritualidade da realidade de viverem num mundo de fantasias infantis. Em conversa, eu disse a um espécime da espécie povo que os ateus são pessoas convictas de que o bem-estar social depende apenas de uma administração pública correta, de modo que se todas as pessoas do mundo pensassem e agissem assim, a vida seria melhor. Como a palavra “ateu” foi mencionada, o perfeito exemplar de povo deu um risinho irônico e disse “SERÁ?”. Como pode alguém ter dúvida de resultar em bem-estar social uma administração pública sadia que não permitisse a devastação da natureza e a existência de desprovidos de dignidade? Pois, apesar disso, para o bicho povo, a paz ou o bem-estar só pode ser alcançada por intervenção divina. Entretanto, a depender disto aí, é como se diz pelaí ESPERE SENTADO! Inté.

 


 

 

 

 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

ARENGA 275


Os interessados na aprovação da Lei de Abuso de Autoridade garantem e assinam embaixo que ela tem por objetivo aperfeiçoar os instrumentos de moralização pública, impedindo que juizes e delegados autorizem e conduzam cidadãos às delegacias, submetendo-os indevidamente a constrangimento. É disfaçatez e canalhice tão grande a propositura desta lei que justifica acrescentar à Hora do Brasil um capitulo intulado: POVO, VOCÉ SÓ NÃO É MAIS BURRO POR SER INTEIRAMENTE IMPOSSÍVEL HAVER QUEM SEJA MAIS BURRO QUE VOCÊ. A Lei de Abuso de Autoridade é uma excrescêncai como também é a que criou o Foro Privilegiado. Ambas são artimanas para impedir a moralização pública. Se o Foro Privilegiado protege os autoridades criminosas da ação da justiça, a Lei de Abuso de Autoridade também visa proteger autoridades criminosos da ação saneadora da Operação Lava Jato. O experiente observador e jornalista Elio Gaspari, em matéria no Jornal do Brasil intitulada  ALERTA SOBRE O PREÇO DA SACRALIZAÇÃO DO JUDICIÁRIO, se refere ao Foro Privilegiado como “adocicar”. Certamente adocicar a amargura a que deveriam ser submetidos os politiqueiros criminosos que ocupam altos postos na administração pública, quando, ao contrário, deveriam ser duplamente penalizados porquanto duplamente criminosos por serem traidores além de ladrões mais ladrões do que os ladrões de banco porque estes roubam de outros ladrões enquanto que os primeiros roubam o leite das crianças. É do crime desses bandidos que resultam os corredores de hospitais abarrotados de chorões ao lado de festas monumentais inexplicavelmente aprovadas por pessoas como o frei Leonardo Boff ao enaltecer as maravilhas da abertura dos Jogos Olímpicos cujo resultado o povo do Rio de Janeiro amarga ainda mais do que o povo das outras regiões. Como todo mistério tem uma explicação lógica, qual será a explicação para o mistério de uma pessoa como o frei Leonardo Boff que se manifesta como empenhado no bem-estar social fazer louvação à canalhice do mesmo circo com que os governantes romanos enganavam o povo?

A vida foi virada pelo avesso e a bandidagem tomou conta de tudo. Coberto de razão estava o escritor Carlos Amorim quando escreveu na capa do seu livro ASSALTO AO PODER, o seguinte: “O crime organizado se infiltra nas instituições democráticas, nas empresas e na política. O país cresce e as elites aproveitam, mas populações inteiras sofrem o apartheid social. Enquanto isso, o crime corrompe a sociedade de alto a baixo.”  Amorim previu o que agora aí está: Funcionários públicos bandidos propondo uma lei para coibir a ação saneadora de funcionários públicos zelosos no cumprimento do dever. Absolutamente nada mais faz sentido. Quando se fala em bons advogados, está-se falando em profissionais cuja profissão é ajudar bandidos a se livrarem das penas por roubo e dividir com os bandidos o produto do roubo. Tá certo isso? O blog O IMPLICANTE publicou matéria com a seguinte manchete: Cachoeira e Márcio Thomaz Bastos: A defesa de R$ 15 milhões.”? Então, na cara do povo, o advogado livra a cara do ladrão e embolsa quinze milhões? Enquanto tudo isso acontece a juventude futuca telefone! Inté

 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 10 de junho de 2016

ARENGA 274




Embora não devesse, a atividade política é mais obscura do que parece ser. Algo de muito estranho estará por trás da notícia de que Bill Clinton lê Paulo Coelho, de que Obama acha Lula “O cara”, e que Luza ganha fortuna dando lição às pessoas do mundo “civilizado”, inclusive de ter sido contratado para escrever uma coluna no jornal “New York Times” comentando assuntos de política internacional. São coisas estranhas da política porque Lula não escaparia de um baita zero no Enem. Aposto um centavo furado como numa escrita ele perderia de longe prá mim. Em se tratando de política, adota-se o demérito em lugar do mérito, o errado em vez do correto. Enfim, despreza-se a lógica. Já vi um prefeito dizer a um competente médico sanitarista que ele fora preterido por ter a escolha o critério político como base em vez da competência do candidato. Está aí na imprensa a notícia de que um ministro do STJ julgou a favor de empresa que tinha negócio com o filho daquele ministro. Pode-se apostar um tostão furado como o julgamento foi distorcido para beneficiar a tal empresa. Considerando a realidade de depender da política o bem-estar social, não deveria ela se pautar pela sinceridade, bom senso, atitudes corretas, sobretudo baseadas na honestidade e honradez? Se assim é, e ninguém pode dizer o contrário sem estar mentindo, por qual motivo não é assim que é? Algum parafuso falta na cuca da sociedade que assiste indiferente as prioridades às quais os responsáveis pela execução da política destinam os recursos públicos. São montanhas de dinheiro que o povo simplesmente entrega aos políticos sem nem mesmo saber disso, o que é uma situação deveras curiosa. De onde então sairia a grana grossíssima que paga os palácios, a pose das autoridades, milhares de homens em armas aquartelados à espera da oportunidade de brigar, as armas para a briga, os milhares de espetáculos anuais de “famosos” e “celebridades” país afora, de passagens “de graça” para velhos, se dinheiro não dá em árvores?

Como todos os mistérios, também o mistério de haver tanto dinheiro aparentemente sem que se saiba de onde vem, ele vem, na verdade, de cada pessoa. Se estas pessoas não sabem disso é porque a papagaiada de microfone leva a atenção delas para outros lugares. Não é outro o motivo pelo qual a papagaiada de microfone há mais de uma semana papagaia sobre o desastre que vitimou jogadores de futebola, o que deveria se restringir aos familiares das vítimas. É com tais subterfúgios que ao longo da história dos seres humanos os acomodados no bem-bom patrocinado pelo dinheiro arrecadado tem mantido afastado de si o olhar da sociedade. Quando a inocência era maior do que na atualidade, porque a inocência decresce, infelizmente mais devagar do que devia, multidões tinham seu olhar desviado para um espetáculo no qual leões comiam pessoas vivas tiradas dessa mesma multidão. Não tem outra finalidade a alta conta em que é elevado o esporte. Tenho um sobrinho magrelo e com cento e noventa e cinco centímetros de altura. Por várias vezes quando estamos juntos já ouvi pessoas exclamarem “Que menino alto! Deveria ser jogador de basquete”. Ele diz já andar de saco cheio por que o negócio dele é estudar. O esporte está tão enraizado na mente das pessoas que não lhes ocorre outra coisa fora dele. Aí estão crianças transformadas em marginais morrendo feito moscas no veneno nas mãos da polícia ou de outras crianças/marginais, mas à papagaiada de microfone faz alarde sobre a mote dos jogadores, o que é realmente lamentável, mas não mais do que a morte de milhares de jovens desprezados pela sociedade. Inté. 

  

 

 

 

 
 


 

 

 

 

 

quarta-feira, 8 de junho de 2016

ARENGA 273


Considerando que a vida se resume a uma constante repetição de executar tarefas, e considerando também a conclusão que levou grandes pensadores à afirmação de que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direito, o que não é verdade porque há quem nasce nas calçadas, o que lembra a seguinte historiazinha rolada no Aerobar entre goles de uísque sobre uma prisão inusitada de alguém: Uma prostituta pariu na rua e ajuntaram pessoas para ajudar. Ao ver o burburinho, um policial perguntou àquele sujeito o que se passava, e ele respondeu “foi a puta que pariu”. Mas se é impossível total igualdade entre os seres humanos, não é necessário ser tão grande a desigualdade a ponto de haver pessoas destinadas à execução das tarefas consideradas indignas, na verdade muito mais dignas do que as tarefas consideradas nobres tais como administrar o destino da humanidade incapaz de fazê-lo por si mesma, atribuição considerada privilégio dos “bacanas” ao longo da história humana, mas que resultou em fracasso tão grande que a humanidade se encontra no estado em que se encontra. Há, por exemplo, benefício social do trabalho do pedreiro e há malefício do trabalho do economista porque do primeiro resulta abrigo e do segundo resulta o convencimento de haver vantagem no compra-compra. Entretanto, os economistas consideram os pedreiros “material”. Para disfarçar, acrescentam “humano”. “Material humano” é como denominam os trabalhadores em sua babação de ovo dos ricos donos do mundo. Entretanto, se não pode nem deve haver total igualdade entre os seres humanos, também não deve haver quem seja considerado apenas um material ou coisa. Da mesma forma os políticos. Do trabalho de varrer rua resulta mais benefícios sociais do que do trabalho dos políticos, “excelências” que parasitam a sociedade enquanto tiram proveito dela. A desarrumação social em que viveu a humanidade desde sempre deve-se apenas à indiferença dos seres humanos quanto ao seu próprio destino. Uma vez constatada a realidade de não haver ninguém capaz de conduzir os seres humanos como deveria, não devem eles se deixar conduzir por aproveitadores, como vem fazendo desde sempre. Apesar da sábia afirmação por todos conhecida de ter a conclusão resultante da análise executada por várias pessoas maiores chances de corresponder à realidade do que a conclusão de apenas uma pessoa, mesmo sabendo disso os seres humanos quedam de longe a esperar as ordens dos “bacanas”, na verdade, malandros acomodados em palácios aproveitando o que de melhor se pode ter, inclusive construir luxuosos prédios de apartamentos em áreas proibidas.

E do trabalho dos papagaios de microfone, o que resulta dele para o povo? A resposta fica por conta do que diz o amigo e ensaísta Edmilson Movér. Para ele, o povo se tornou dependente da tecnologia eletrônica de forma absoluta. Realmente, não se vê um humano em algum momento livre de ocupação que não esteja envolvido com algum aparelho eletrônico, graças ao trabalho nefasto da papagaiada de microfone a criar nas pessoas a necessidade desnecessária de futucar telefone. Decorre, portanto, da bobagem de se deixar conduzir feito boiada a intranquilidade de absolutamente todos os seres humanos. Os que não estão aflitos cuidando de proteger o que já tem e em ter ainda mais o que proteger, estarão aflitos por não terem ainda o que proteger. Os padrões que orientam o comportamento humano precisam de reciclagem. Nunca chegará a humanidade a bom termo enquanto não houver unanimidade em torno da necessidade de mudar de rumo. E não precisa maior evidência desta necessidade do que ter a vulgaridade se tornado motivo para fama e celebridade. Inté.

    

 

 




domingo, 5 de junho de 2016

ARENGA 272


Do ponto de vista da organização social, a justiça deve prevalecer sobre a legalidade. A lei, para existir, basta caneta e papel nas mãos de alguém capaz de escrever. Não passa, portanto, do campo da materialidade. A justiça, entretanto, envolve aspectos espirituais, exigindo mentes espiritualmente evoluídas para que possa existir. A necessidade de força policial para manter pessoas nas filas é um ótimo exemplo da distinção entre o legal e o justo. A lei estabelece que uma pessoa não transgrida o direito de outra pessoa. Mas, quando um número demasiadamente grande de pessoas necessita entrar ou sair de um ambiente, vê-se um comportamento idêntico ao do gado que depois de passar uma noite preso no curral, ao ser solto, precisava que um de nós, a cavalo e brandindo o chicote, cuidasse para que as reses não avançassem com tal brutalidade que derrubassem a cancela ou causassem ferimentos a si mesmas. Também as pessoas, desrespeitando o direito de quem chegou primeiro, causam um reboliço tão grande que demanda necessidade de serem contidas. Diferentemente, se tais pessoas fossem imbuídas do senso de justiça, não haveria necessidade do cassetete brandido pelo policial sisudo para fazê-las passar ordenadamente pela porta, do mesmo jeito como eu brandia meu chicote de vaqueiro para fazer o gado passar ordenadamente pela cancela. Desta forma, a lei pode ser comparada ao chicote e a justiça à ordem uma vez que sendo levada em conta o fato de passar primeiro pela porta aquele que se encontra mais perto dela, o que pode ser tomado como justo, ou ato de justiça, dispensa a necessidade do chicote, ou da lei, ficando evidenciado nisso daí a materialidade da lei e a abstração e superioridade da justiça uma vez que havendo predomínio da justiça a lei se torna dispensável porque sua função é exatamente fazer com que haja justiça. Esta é a razão pela qual a lei por si só é insuficiente para fazer existir a ordem social necessária a um ambiente de paz, ao contrário do sentimento do que é justo e injusto. Prova isso sobejamente o tamanho da injustiça existente no mundo não obstante o tamanho da quantidade de leis, inclusive leis impedindo a existência da justiça como está acontecendo com a perseguição à operação Lava Jato uma vez que o objetivo desta é o bem-estar social que só pode existir onde há justiça. O Túmulo do Soldado Desconhecido é um grande exemplo da diferença entre lei e justiça. É legal a monstruosidade de jovens serem tirados de suas famílias para matar outros jovens nas guerras até serem mortos por outros jovens também retirados de suas famílias para matar e morrer nas guerras destinadas a satisfazerem a ambição de governantes na brutal avidez de conquistar poder e riqueza. Entretanto, há justiça nisso? Apesar de tal injustiça, pais assistem em silêncio os responsáveis pela morte de seus filhos depositarem uma rudia de flor no pé de um poste de cimento em homenagem à lembrança de seus filhos mortos por ordem daquela mesma autoridade. Na vida, o que não faltam são fatos anormais tidos como normais em função da recusa em se pensar sobre ela, a vida. Inté.