quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A JUVENTUDE E O FUTURO

A JUVENTUDE E O MUNDO
Considerando que daqui a cinqüenta anos apenas existirão sobre a face da terra os atuais jovens, e que o índice de maior ou menor agradabilidade do ambiente em que viverão dependerá do procedimento que estas pessoas mantiverem em suas inter-relações, ou seja, na nos modos pelos quais as pessoas se relacionem entre umas e outras. Se dos procedimentos atuais resulta uma sociedade como a nossa onde se ouve dizer que a pessoa sai de casa sem certeza de voltar viva, é porque as pessoas que compõem esta sociedade não estão tendo o comportamento adequado para resultar em uma sociedade diferente, onde não houvesse medo.
O irrefutável e conhecido fato de ser o nível cultural e educacional de cada um dos componentes de um grupo o determinante do comportamento do total destas pessoas, ou seja, o comportamento social, fica evidente que o sistema educacional está errado porque o normal seria que as pessoas procedessem de modo a viverem em harmonia porque em qualquer circunstância a paz é melhor que a violência, quando as pessoas são normais.
É por isto que vocês, jovens, para seu próprio bem e de seus descendentes, precisam pensar. Se a ciência (e vocês são estudantes, afetos, portanto, às ciências), está a nos mostrar desastres decorrentes do atual comportamento, não se compreende a atitude de total indiferença ante os desmandos que comprometem o futuro de vocês. O comportamento da juventude se assemelha ao de moradores de um prédio em ruínas e indiferentes ao risco. Não esperem pelo desabamento do único prédio capaz de oferecer guarida, o planeta. Lembrem-se de que ele Já corre perigo. Se nosso comportamento é orientado pela educação recebida, uma criança que vê o pai extasiar-se pela emoção de uma corrida de carro, por exemplo, ganha a certeza de ser aquilo algo maravilhoso e este aprendizado vai terminar nos “rachas” que tem feito alguns paraplégicos. Se não há a menor dúvida quanto ao fato indiscutível de ser o aprimoramento educacional o único fator capaz de produzir uma sociedade onde se possa viver em paz, com a sinceridade de quem só lhes deseja harmonia e uma vida agradável, isto porque também tenho descendentes, digo-lhes que só terão a ganhar com a leitura de um artigo do grande jornalista Alex Ferraz, publicada no jornal Tribuna da Bahia de 08/12/2010, que pode ser lida na internete. Ao abrir a página sobre A Tribuna da Bahia, clique em “página inicial e escolha a opção “colunistas” lá no alto. Clique em “Alex Ferraz” e não deixe de ler a matéria intitulada O Pior de Todos os Males deste País. Lá vocês perceberão a maldade que é feita com vocês.
Certa vez, ao fazer referência ao despreparo dos jovens participantes do programa Yahoo Perguntas e Respostas, onde eu participava como Pensador, fui criticado por um jovem que teria visto algum tipo de desmerecimento nas minhas palavras. Não é isto. O atual sistema educacional capenga e defasado não lhes pode dar uma boa formação porque ele que devia ser movido por um Estado verdadeiramente interessado no melhor futuro possível para sua juventude, passou a ser interesse de empresas cujo único objetivo é ganhar dinheiro. Nenhum interesse no futuro de ninguém. O atual sistema deseduca. Prova disso é o modo como são maltratados os professores, tanto pelo Estado que permite a um chutador de bola receber salário mais de mil vezes superior ao salário de um professor, quanto pelos alunos que deviam lhes ser gratos por lhes ensinar algo sobre o enfrentamento da vida.
Enquanto vocês espetam espetos no corpo e detestam política, o órgão representativo da classe estudantil é transformado em antro de pelegos e é desbaratado o dinheiro de remunerar professores para que possam se dedicar integralmente à tarefa de lhes preparar eficientemente como cidadãos e técnicos capazes de evitar a contratação de estrangeiros em virtude de deficiência em nosso pessoal. Se você leu isto, não sabe o quanto aprenderá com a matéria sugerida. Boa leitura, boa sorte.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

OS JOVENS E O FUTURO

OS JOVENS E O FUTURO

Algum pai ou mãe, pelo menos uma destas futuras mães estreantes que passam ostentando com orgulho sua barriguinha, teriam pensado no tipo de ambiente em que irá seu filho viver? Os jovens barulhentos na saída das escolas, mais dia menos dia, todos serão pais e mães que irão cuidar de sua cria com zelo, dedicação, muito trabalho e despesa, almejando para ele futuro glorioso com muita felicidade. É o que todo pai normal e mãe almejam para seus filhos.
Estes jovens, entretanto, só conhecem o mundo de hoje, este do presente. O mundo de dez anos atrás, porém, era diferente do de hoje e o de vinte anos atrás era ainda mais diferente. E em que consiste esta diferença? Na deterioração da qualidade de vida. É aqui, jovem despreocupado, que você precisa colocar alguma responsabilidade no lugar de algumas brincadeiras e pensar um pouco na possibilidade de chegar a sociedade em que vivemos a uma condição de pobreza e violência tão grandes que não deixem espaço para a felicidade de seus filhos.
Vinte anos antes de hoje podíamos andar despreocupados pelas ruas nas madrugadas. Dez anos antes de hoje já seria perigosa tal empreitada, e atualmente é quase impossível que isto aconteça sem ocorrer alguma violência. A escala ascendente de violência levará a sociedade à desintegração e a juventude estará cometendo crime de omissão contra seus descendentes ao não procurar evitar tal desfecho.
Os bens materiais existentes no planeta são os únicos meios capazes de proporcionar o bem-estar necessário à existência da paz e de uma vida menos infeliz, onde haja possibilidade de trabalho e que as pessoas possam ir lá trabalhar e voltar vivas para casa. Entretanto, tais recursos estão a serviço de poucas pessoas. Àqueles que não integram o clube dos ricos, apenas as sobras, se houver.
Há algo de muito errado com quem não percebe a iminência do desastre resultante do modo como está sendo conduzida a administração dos bens materiais do mundo, e os jovens estão permitindo que velhos acostumados a um tempo que já não existe mais continuem a agir como se houvesse apenas eles com necessidades a serem atendidas. São tantas as pessoas infelicitadas pela exclusão social, origem da violência que era menor a vinte anos atrás, mas que vem crescendo assustadoramente a ponto de não se poder saber como será o amanhã, quando apenas os jovens de hoje estarão por aqui?
O mundo ficou muito ruim. Foi reduzido a atividades de produzir dinheiro, fábricas que transformam o planeta em quinquilharias e abarrotam o mundo de lixo e doenças. Os economistas, serviçais dos velhos ricos e donos destas fábricas, de mentalidade superada, vivem a repetir como papagaios coisas que para nós não tem qualquer significado. Bolsa de Valores, cotação de moedas estrangeiras, spread bancário, taxa de câmbio, saldo de balança comercial, importação e exportação, nada disto tem a ver com o povo que é quem move o mundo. Portanto, jovens, para seu próprio bem e de suas futuras crias, lembrem-se que vocês são povo e, portanto, de fora do clube das pessoas que desfrutam do bem-estar proporcionado pela riqueza produzida por vocês quando estiverem trabalhando como hoje fazem seus pais.
Todo jovem deve incluir em suas conversas comentários sobre a situação ora vivida em que apenas alguns gatos pingados desfrutam de toda a riqueza do planeta e disto resulte muita infelicidade e violência. Se os jovens de 1964 exageraram ao enfrentar de mãos limpas soldados armados e morrerem nesta luta inglória, os jovens de hoje também exageram ao permitir serem liderados por velhos e que a entidade de classe dos estudantes seja transformada em recinto de pelegos, como fizeram os jovens trabalhadores com os seus sindicatos.
Não há arma mais poderosa do que o pensamento. Só que para haver ação resultante do pensamento é necessário que se pense. Se os jovens de outras épocas podiam se dar ao luxo das brincadeiras por mais tempo, os de hoje não podem porque sua sobrevivência está em perigo e a correção de rumo necessária no destino da sociedade deve interessar sobremaneira aos jovens. Fatos demonstrativos do absurdo ora vivido estão aí de sobra para lhes incentivar o raciocínio, o lucro dos bancos, por exemplo, expõem tal distorção que ficaram sem jeito e mudaram o nome para spread a fim de disfarçar a roubalheira. O Banco do Brasil teve um lucro de dois bilhões e seiscentos milhões nos últimos três meses apenas. O Banco Itaú, três bilhões no mesmo período. O Banco Bradesco, dois bilhões quinhentos e vinte mil; Banco Santander, um bilhão novecentos e trinta milhões. Como é possível angariar tanto dinheiro em tão pouco tempo sem se produzir coisa alguma, apenas especulando com agiotagem? Motes para discussão não faltam. Se a Constituição Federal, que é a bíblia a ser observada pela administração pública, estabelece que todos somos iguais perante a lei, por que não somos, então? Ela também impõe que todas as pessoas tenham direito à educação, saúde, segurança, moradia, alimentação e lazer. Entretanto, como pode uma família de quatro pessoas ter estas coisas com o salário mínimo? Bagunça é o que não falta como se pode constatar pela presença de balas perdidas, de crianças de rua, de países estrangeiros usarem nosso território como depósito de lixo, do rouba escancarado do dinheiro público sob a indiferença popular, pelos salários de categorias importantes para a sociedade comparados com os salários de jogadores de bola.
É, moçada, tá na hora de botar a cabeça para girar em torno de coisas mais sérias que espetar espetos e veneno no corpo, além de promover a própria surdez com o volume do som nos carros.

domingo, 17 de outubro de 2010

Por que eleições causam tanto alvoroço?

Porque é uma corrida para o único paraíso existente, o mundo das autoridades. Lá, nada falta. Ao contrário, sobra. O lixo das casas das autoridades, como revelou o trabalho de repórteres bisbilhoteiros, contém sobras de iguarias finas e caras.

Se a autoridade é acometida de alguma doença para a qual existe solução, onde quer que ela esteja virá até a autoridade. O Estado banca tudo. Abastecimento da dispensa, copa, adega, cozinha, sanitários, guarda-roupa, jardins, piscinas, mansões, palácios e tudo o mais de que alguém possa necessitar para uma vida de luxo e riqueza, cai tudo milagrosamente nas mãos das autoridades. Deve ser este o motivo pelo qual as autoridades tanto zelam pela crença nas divindades. A violência que a todos amedronta não amedronta as autoridades porque elas estão sempre protegidas por homens armados e treinados para defender suas excelências. Obrigações trabalhistas? Não atingem as autoridades. O Estado banca as milhares de pessoas que subservientemente se esforçam para servir da melhor maneira as autoridades. Nenhum membro da família das autoridades que precisa de emprego fica desempregado. O Estado não deixa. O valor do ganho e a duração do tempo de trabalho e as folgas das autoridades são estabelecidos por elas mesmas. Se alguma autoridade é empresário, sua empresa tem à disposição os recursos dos bancos oficiais. Para viajar, as autoridades não encontram problemas. Aquelas que não tem seu avião particular tem amigos que tem e que estão sempre dispostos a emprestá-lo. Para locomoções de pequenas distâncias as autoridades tem à sua disposição carros novos, combustível e motoristas. O Estado banca. Não é difícil entender o porquê das brigas pelo posto de autoridade.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

REFLEXÕES

“Vida de gado. Povo marcado, povo feliz” (Zé Ramalho).

Razão tem o poeta. Não há diferença entre o comportamento do povo e o da manada. Ambos caminham por onde determina seu dono. O povo age como se fosse seu próprio inimigo. Não tem interesse nas coisas que podem melhorar sua vida. Ao contrário, vive como se a juventude não acabasse e só quer saber de festas, indiferente ao futuro que a ciência anuncia. Aplaude, como criança, a queima do seu dinheiro em fogos. Dinheiro esse que fará falta na hora de comprar os remédios que a velhice exigirá. Sofre quando o filho se arrebenta num “racha” sem saber que ele foi um dos incentivadores desta tragédia ao aplaudir como herói outro idiota programado para dirigir carros a duzentos e cinqüenta por hora. Nosso povo gosta tanto do primitivismo que vive a imitar como macaco. O jornalista Mauro Santayana disse que nosso povo ainda sente pelo estrangeiro o mesmo deslumbramento que os silvícolas sentiram ao contemplar a chegada dos homens brancos e seus navios vindos do mar. Nosso povo ainda é tão deslumbrado pelo estrangeiro que bicicleta é cafona chique é como dizem os americanos: “bike”. Lugarzinho de papo? Que qui é isso? É “point”. O prédio onde moro se chama “Maison Du Soleil”. O vizinho é “La Lune”. Não há uma só rua sem ostentar orgulhosamente palavras “chiques”. Perguntei certa vez ao dono de uma oficina mecânica o significado do nome da oficina (Brack Car) e ele respondeu que era Carro Preto em “ingreis”.

Esta coisinha aparentemente simples de adotar cultura alienígena contribui em muito para o atraso do desenvolvimento mental que dá origem à nossa situação de eternos colonizados, enquanto o povo se orgulha de ser o Brasil conhecido pelo bom futebol, sem saber que seu país é visto como um lixão onde outro país joga seu lixo e é tão respeitado que seu ministro tirou os sapatos para ser revistado no aeroporto de Nova Iorque como se fosse um malandro qualquer, e nós, brasileiros, somos muito mal vistos no exterior e somos chamados de “cucaracha” (barata) sem que isto diminua o orgulho dos “cucaracha” ao dizer que vai para o exterior.

Se eu, semi-analfabeto até aos quinze anos aprendi a raciocinar, qualquer um também pode. Já é hora de botar a cabeça para pensar sobre nosso comportamento porque ele nos expõe ao ridículo pelas qualidades observadas pelos atores americanos.

Qual a necessidade que há em se retirar milhões de animais do seu ambiente, aprisioná-los e assumir um custo fabuloso para mantê-los em cativeiro só para serem vistos? Encontrar diversão na cena grotesca de espancamento mútuo entre duas pessoas no ringue é de uma mentalidade tão estúpida quanto a daqueles que se divertiam vendo leões devorando os cristãos.

A capacidade de suportar barulho presente no povo demonstra falta de sensibilidade e grosseria decorrentes do modo de vida estúpido de produzir e consumir que não permite o surgimento da sensibilidade. Do mesmo modo, os momentos de lazer são preenchidos com coisas sem qualquer ligação com o desenvolvimento do intelecto. Absorvem as pessoas por informação as baixarias da televisão e por ordem dela adoram nulidades a quem transformam em reis e rainhas e providenciam para que se tornem milionários enquanto elas mesmas, as pessoas que enriquecem as nulidades, vivem no sufoco.

As pessoas devem saber que não nos cabe apenas obrigações. Também temos direitos e é preciso recebê-los. De nada adianta ser proprietário de algo que não se tem. Pode-se ser exigente sem necessidade de violência. O barulho ensurdecedor que está na cidade nesta campanha eleitoral vai prejudicar a audição das pessoas. Mas elas não precisam arrebentar os aparelhos. Basta ir à prefeitura e exigir o cumprimento da Lei do Silêncio. Existe uma lei que proíbe barulho acima do suportável sem dano para a audição. Chama-se Lei do Silêncio. Mas as pessoas preferem ser versadas em assuntos de futebol. Orgulham-se por ser amigo ou saber sobre a vida de algum “figurão” do mundo da bola. É hilariante o ar de orgulho e superioridade assumido por alguém em traje completo de jogador de bola.

É igualmente ridículo quando em um bar qualquer a televisão lá no alto anuncia algo sobre futebol e as pessoas para lá se dirigem apressadas e demonstrando grande interesse no que vai ouvir com a cara para cima.

Se a humanidade não vivesse a destruir o que construira até então, já teríamos alcançado uma civilização pacífica. Os gastos com homens e armas seriam suficientes para extirpar a pobreza do mundo. Alguém pensa nisso? Pensa nada! Neguinho tá mais interessado no resultado do exame de urina do jogador de bola e é por isto que o povo é seu próprio inimigo. O movimento revolucionário de 1964 que tanto atraso e sofrimento trouxe ao país foi apoiado pelo povo.

FREI BETO

A paz não pode ser alcançada através da religião porque nesta prevalecem violência, sofrimento, submissão e conformismo. Por isto é que é difícil entender frei Beto. Dono de admirável caráter e personalidade de estadista, abandonou o governo petista que vestira a camisa dos ricos e, como disse ele mesmo em entrevista à revista Caros Amigos, o governo trocou um projeto de país por um projeto de poder. Entretanto, afirma ser este o melhor governo que o país já teve, enquanto a verdade é que este rico e pobre país nunca teve um governo bom. O que há de bom em um governo cujos governados morrem como moscas de doenças curáveis e de bala perdida enquanto distribui esmolas a título de combater a pobreza e é indiferente à verdadeira causa de sofrimento que é o assalto ao erário? Segundo o livro “O Chefe” o presidente que o frei Beto diz ser bom teria usado o poder que lhe confiamos esperançosos em melhores dias para ingressar no mundo do ricos, confirmando a afirmação do mesmo frei Beto de que o pobre não se interessa em combater a pobreza. O pobre almeja ser também um rico. A ser verdade a acusação, como pode ser bom um governo comandado por bandido? Se são falsas, como pode ser bom um governo onde se calunia impunemente?

Frei Beto afirma na página 123 de A Mosca Azul que seu ideal de sociedade justa decorre de sua fé cristã. Este ideal também é meu, sendo eu ateu. Sou tão dominado por este sonho que escrevo sempre que me surge oportunidade, sem medo do ridículo de não saber escrever. Também afirma ele sentir-se por vezes dominado por um instinto animal oriundo da escala zoológica, o que significa admitir-se a teoria darwinista, enquanto para a religião o homem teria surgido já pronto e acabado por obra de um Deus que nunca aparece e sempre age por intermédio de outrem além de matar crianças e ser tão escravagista a ponto de recomendar cuidado apenas em não arrebentar os dentes e os olhos do escravo ao ser castigado.

A religião é fruto da falta de conhecimento apenas. À medida que recuamos no tempo estaremos também penetrando num mundo de maior desconhecimento e, portanto nesta lógica, de maior força da religião. Chegaremos ao cúmulo da ignorância de queimar pessoas vivas ou atirá-las para serem desossadas e devoradas por feras, em nome de Deus. Ao contrário, aumentando-se o conhecimento diminui a força da religião. Posso dizer sem virar cinzas que nunca houve nenhum Deus e que esta crença é nociva à sociedade porque faz com que as pessoas esperem que Deus faça o que elas mesmas poderiam fazer. É por isto que ao passar por uma igreja de onde vinha o som de cânticos religiosos alguém comentou: “É uma reunião de infiéis”. Realmente, oração não leva a nada. Está aí a situação cada vez pior ao lado do incremento das igrejas e orações. Ao contrário, há povos no mundo onde a religiosidade e menor e o bem-estar coletivo é maior.

Também o cientista Marcelo Gleiser afirma a necessidade de Deus. Aqui não há de que se espantar porque aquele cientista é empregado de ricos e eles precisam que os pobres busquem conforto em outro lugar que não em suas caixas-fortes abarrotadas do verdadeiro poder de desbaratar sofrimentos que é o dinheiro. Este, sim, remove montanhas, como se pode provar.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

PAZ

O pensamento nos leva ao raciocínio que nos distingue dos outros animais considerados inferiores, embora tenhamos as mesmas necessidades e muita semelhança uma vez que todos precisamos matar para viver. Pensar nos leva a outros ambientes e aguça a capacidade de raciocinar.
Estava a pensar sobre o quanto necessitamos de paz e como alcançá-la. Ocorreu-me, também, ser equivocado o método pelo qual as pessoas que mais falam em paz, os religiosos, tentam encontrá-la. Como toda pessoa sensata, os religiosos também querem a paz. Entretanto, cada um deles busca a sua própria paz e se satisfaz com ela sem observar que esta paz não será duradoura porque assim como não se pode encontrar um ponto confortável em meio a um lamaçal, também não se pode encontrar paz em meio à violência. Como pode alguém estar em paz diante do quadro triste de alguém que sofre? O sofrimento não admite explicação. Ele precisa de alívio.
Gostaria eu imensamente de lutar junto aos religiosos pela paz. Mas, por outro método. Um método que visasse a paz de todos os seres humanos e que levasse em conta o princípio irrefutável de que a paz depende de um estado de espírito impossível de existir onde há a inquietação proveniente do estado de miséria.
A natureza exige que todo ser vivente busque seu bem-estar, o qual, para ser alcançado, depende de um ambiente tranqüilo. A tranqüilidade é condição necessária à existência da paz e só pode haver tranqüilidade onde não haja miséria e fome. A extinção da miséria e da fome só poderá ser alcançada com recursos materiais porque apenas com o dinheiro é possível ter acesso a abrigo contra as intempéries naturais, alimentação, saúde, educação e lazer. Sem estas mínimas coisas necessárias não haverá a tranqüilidade necessária ao bem-estar e sem ele não pode haver paz.
Por tudo isto, e com uma vontade imensurável de ver a paz substituir as guerras que sempre acompanharam a humanidade, é que devemos nós, pessoas sensatas, refletir e agir no sentido de dar a todas as pessoas a tranqüilidade necessária e um nível educacional baseado nos ensinamentos de Anísio Teixeira, Paulo Freire (o educador) e tantas outras pessoas que defendem o princípio lúcido de ser a educação o único caminho para uma vida social saudável. Porém, como educar seres humanos orientados apenas por instinto como as feras? A resposta é simples. Basta nos empenharmos todos na perseguição deste objetivo, colocando maior interesse em alcançá-lo do que em festas e em reis mambembes que recebem inexplicavelmente um endeusamento e enriquecimento por parte da sociedade apenas por cantar, dar pontapé em bola ou aparecer na televisão.
São fonte inesgotável de violência estas pobres crianças que tem a rua como lares não sabem onde andam seus pais e recebem desprezo da sociedade no lugar de uma palavra de carinho. Violência também há na atitude indiferente de quem passa em seus automóveis, indiferentes à sena sinistra de crianças fazendo malabarismos na frente dos carros para receber alguns centavos que nem sempre recebem, pessoas estas mais preocupadas com o resultado de determinada prática esportiva do que com a possibilidade de estar diante de futuros inimigos perigosos para seus filhos.
Afirma-se mentirosamente que para ter a paz é necessário estar-se pronto para a guerra. Da guerra sempre resultam derrotados e a derrota gera uma frustração que se transformará em ódio que gerará mais guerra.
A paz é privilégio de espíritos mais esclarecidos. A guerra, de instinto primitivo e ainda animalesco. Quanto mais se recua no tempo, mais ignorância e mais guerras.
Se as guerras ainda existem está na hora de acabar com elas. Mudança de um para outro ambiente social não é nenhuma novidade na nossa História. A substituição do ambiente feudal pelo ambiente capitalista foi uma guinada de cento e oitenta graus.
Assim, por que não mudar deste ambiente de choro para um ambiente de paz? Existem alguns países onde a educação proporcionou a seus habitantes um nível mais elevado de bem estar e onde a violência é exceção em vez da regra. Por que não ir até lá, constatar se é verídica a afirmação e os métodos que usaram a fim de também alcançarmos um padrão de vida mais civilizado? Acompanhar os métodos que produzem melhor qualidade de vida só nos faria bem. Não se trata de copiar sua cultura, porém, sua educação, constatada a veracidade de viverem melhor do que nós
Para extinção da miséria basta exigir das autoridades o cumprimento da obrigação de garantir a todas as pessoas aquelas mínimas condições materiais necessárias ao mínimo de bem-estar garantido pela Constituição. Só depois disto teríamos ambiente para se pensar em paz e em orações.




sábado, 21 de agosto de 2010

Exercício mental

O pensamento é uma coisa realmente extraordinária. Superando a velocidade da luz, pode nos levar no mesmo momento a qualquer lugar do mundo e até de outros mundos. Já aconteceu de pessoas cujo maior exemplo é Jesus Cristo serem condenadas pela sociedade de sua época em virtude da interpretação dada às idéias resultantes de seu pensamento. O pensamento, porém, independe de nossa vontade. Ele voa soberano pelo infinito e chega de volta trazendo muitas idéias na bagagem.

Ao ouvir notícia sobre a quantidade de africanos infectados pela AIDS, não usando preservativo por temor ao pecado que eles acreditam haver em evitar a concepção, imediatamente me ocorreu um pensamento sem nenhuma intenção de faltar com respeito a quem quer que seja. Nem podia ser de outra maneira porque o pensamento ocorreu sem que eu o convidasse e, portanto, se até os homens em sua infinita ignorância releva a circunstância da não intencionalidade, que dizer da religião em sua infinita sabedoria?

Não pude deixar de ligar aquela notícia à outra notícia ouvida pouco depois sobre a superpopulação mundial cujo crescimento já levou a ultrapassar os sete bilhões de pessoas. Observando a quantidade de água, comida, energia e lixo de um apartamento com apenas duas pessoas, dá bem para ter uma idéia do que sejam sete bilhões de pessoas a parasitar o planeta, inclusive num consumismo desnecessário que exige matéria prima retirada da natureza e produção de montanhas de lixo.

Considerando que a pouca quantidade de terra fértil está se tornando cansada e ainda tendo de produzir comida para os automóveis, necessitando cada vez mais do estímulo de produtos químicos que, por sua vez, contaminam as águas subterrâneas. Em função de toda esta desarrumação o planeta já dá mostras de cansaço. A solução perseguida pelos homens é procurar meios de conseguir produzir alimento em outro planeta quando seria infinitamente mais fácil produzi-lo aqui.

A indisposição de se agir no sentido de reverter esta situação perigosa deve-se à falta do hábito de pensar. As pessoas quando pensam é sobre futilidades. Pensassem elas sobre o resultado de tudo que a ciência está a nos prevenir e chegariam à conclusão da necessidade de se conter o crescimento populacional e mudar os hábitos perniciosos à natureza.

Porém, se a única maneira de evitar que o número de pessoas supere a capacidade de suporte do planeta é parar de nascer gente descontroladamente, o que pode ser feito levando-se em conta o número dos que morrem e os recursos necessários à sobrevivência. Estancar rigorosamente os nascimentos pode-se correr o risco de se formar uma população só de velhos. O equilíbrio pode ser alcançado estabelecendo-se metodicamente um número ideal de pessoas, além do qual não se poderia ir. Acontece que a única forma de fazer isto é exatamente o pecado de evitar a concepção, o que deixaria as pessoas entre três alternativas: a primeira seria não pecar, isto é, não evitar a concepção, e neste caso estar-se-ia condenando o planeta à morte.

A segunda opção seria viver em pecado. Isto é, evitar a concepção. Mas, e o castigo?

A terceira opção estará totalmente fora de cogitação porque é impossível anular a libido com que a natureza brindou todos os seres.

sábado, 14 de agosto de 2010


MODERNIDADE
A modernidade é uma coisa não só muito legal, mas também complicada Um colega de idade me disse não suportar ver as netas e os netos observando moças e rapazes a comerem as bocas uns dos outros na televisão. Parece que vão ficar sem os beiços. Disse ele. E, na realidade, há nos filmes cenas de sexo sem qualquer conotação com a história. Porém, que é um barato o modo de pousar para fotografias adotado pelas mulheres modernas, lá isso é. Só se vê o rosto porque elas olham para trás. E quem quer ver o rosto?
A modernidade trouxe muitas vantagens. Uma delas é a possibilidade de se publicar suas idéias sem ir parar no pau-de-arara. Pena não ter trazido consigo a eliminação do sofrimento causado pela pobreza. Uma criança tentando fazer malabarismos na frente dos carros, na esperança de receber alguns centavos, isto é uma cena muito triste que só não incomoda as pessoas porque a modernidade exige o individualismo egoísta que embrutece.
Outra coisa que é um verdadeiro barato da modernidade é morar em um destes prédios modernos. A gente sabe quase tudo que acontece com o vizinho de cima. Sabe-se exatamente para onde a vizinha está se dirigindo. Pode-se até acompanhá-la cá de baixo pelos passos. Sabe-se quando se vai ao banheiro e o que se faz lá pelo barulho da descarga ou do chuveiro. Nenhum móvel sai do lugar sem que o morador de baixo saiba. Há até quem tenha de participar auditivamente dos momentos de intimidade do casal de cima. É ou não é um grande barato?
Porém, incomoda prá cachorro!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A PAIXÃO

Nosso pensamento hoje gira em torno desse negócio de paixão. Ela se faz acompanhar de sofrimento, e sofrimento é muito ruim. Ele, entretanto, o sofrimento, pode ser contido tal como o vazamento de uma torneira e é pena que só se aprende isto quando já não tem lá tanta utilidade.
A paixão é uma doença que maltrata muito. A pessoa apaixonada fica tão aérea como um zumbi. Vê a figura por quem se apaixonou em todos os lugares, até no banheiro. Esta doença se aloja no cérebro e desarruma todo o organismo e só o doente pode chegar à cura.
Fica mais fácil chegar à cura da paixão se o apaixonado levar em conta que todo ser de qualquer espécie busca sempre o seu bem-estar. A paixão faz o apaixonado acreditar que o seu bem-estar é a companhia de alguém que ele quer acima de tudo, inclusive como propriedade.
A busca constante pelo bem-estar tem o poder de levar pessoas a proezas incríveis, às vezes com perda da própria vida, quando se acredita ser a fama a realização do seu bem-estar.
Quando o bem-estar da pessoa por quem alguém se apaixonou seja coisa completamente diferente da companhia do apaixonado, instala-se um grande sofrimento que um dia desaparecerá como nuvem. Assim, se Maria pensa que só estará bem se estiver em companhia de José e José pensa que só estará bem se estiver em companhia de Marlene e Marlene pensa que seu bem-estar está na companhia de Antônio, teremos aí quatro sofredores.
O ser humano é gregário por natureza. Os primitivos sentiram a vantagem da união porque estando unidos eles poderiam melhor se defender de feras, podiam caçar animais maiores, melhores condições de cuidar da prole, etc. É condição natural a busca por companhia. Entretanto, é preciso sempre lembrar e respeitar a busca pelo bem-estar de cada pessoa. Não se pode forçar alguém a pensar de determinado jeito porque o pensamento independe da vontade até mesmo daquele que pensa.
Esta situação lembra bem a canção Cabocla Tereza, a história de um caboclo cujo bem-estar era a companhia de uma cabocla que com ele morava lá no alto da serra e que fugira com outro caboclo, o que levou o apaixonado a matar a cabocla Tereza.
Ao contar a história ao delegado, afirmou o caboclo apaixonado e assassino que eles viviam tão felizes, mas a cabocla não quis a felicidade. Esta é a lógica torta do apaixonado. Não há quem não queira felicidade. Apenas a felicidade da cabocla, a busca do seu bem-estar levou-a a acreditar que ela estaria melhor na companhia do outro caboclo.
Ainda hoje, infelizmente, pessoas matam outras pessoas, tirando-lhes o direito natural e inalienável da busca pelo bem-estar.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Drogas

De: José Mário Ferraz


Que me perdoem os gramáticos. Preciso escrever este recado para esta juventude envelhecida, enquanto o tempo me permite fazê-lo. O recado é de um jovem de setenta e quatro anos de idade. A juventude, muito mais.
As drogas servem para produzir uma sensação de bem-estar. A chamada curtição. Uma campanha capaz mostrar aos jovens as reais conseqüências desta curtição quando eles não forem mais jovens, certamente levaria aqueles mais inteligentes a pensar sobre o assunto, e estes seriam seguidos por outros até formar uma cadeia de jovens em recuperação e recuperados.
Os jovens, na realidade, não necessitam de drogas para uma curtição porque ser jovem é a maior curtição que se pode ter. Pena não saberem eles que as drogas lhes anteciparão uma velhice muito infeliz. Os jovens não aprendem a raciocinar porque a televisão não deixa. Ela elimina esta fabulosa capacidade que a natureza lhes deu. A televisão produz o pensamento que deve pensado e o povo recebe tais informações sem questionamento como aconteceu com a mensagem de que fumar Vila Rica é levar vantagem quando na realidade a única coisa que se leva em fumar Vila Rica é uma doença grave.
Os jovens não são culpados por adotarem procedimentos dos quais se arrependerão futuramente. Se há algum vilão nesta história é a natureza que segue seu curso implacável qualquer que seja o resultado de sua ação. É por isto que nasce uma criancinha com o coração do lado de fora do corpo ou duas criancinhas coladas uma na outra. Este procedimento cretino da natureza faz com que a inexperiência dos jovens os leve a comportamentos suicidas como um jovem que vi a sacudir várias vezes o saleiro sobre um imenso saco de pipocas. No futuro ele estará andando arrastando os pés como se quisesse limpar a calçada ou se tremendo todo como se quisesse fazer graça a uma criança.
Quando um jovem menospreza os ensinamentos de seu professor, ele não o faz por ser má pessoa. Ele só age desta maneira porque a inexperiência que a burrice da natureza lhe impõe não o deixa saber a falta que aquele aprendizado vai lhe fazer na hora em que ele tiver as mesmas obrigações que seu pai tem agora. Muita infelicidade seria evitada se os jovens procurassem burlar esta falha da natureza e procurassem adquirir alguma experiência com aquelas pessoas que já viveram o que eles ainda vão viver. Posso garantir aos jovens que vale a pena verificar se o prazer ou a compensação da ação que se vai tomar justifica suas conseqüências. Geralmente um só prazer custa um montão de conseqüências.
Uma ação que só trará arrependimento ao jovem é usar drogas. Uma velhice sadia só é desagradável para aqueles nada aprenderam durante sua existência. Porém, com outras doenças é um grande sofrimento. Se o jovem pudesse se ver espetado de agulhas e tubos, e o diabo a quatro, inclusive ter a higiene íntima feita por estranhos, certamente procuraria evitar tal desfecho.
A busca pela curtição é um caminho sem curva e sem volta para a UTI porque o jovem não tem autocontrole e a sensação agradável da curtição vai lhe custar um preço em saúde tão grande que ele só vai se dar conta quando chegar a inevitável fatura. A inexperiência e a impetuosidade são uma união perigosa de sentimentos e eles abundam na juventude. O jovem descobrirá tarde demais não ser possível desfrutar impunemente da busca pela curtição. A experiência é privilégio dos velhos. É por falta desta experiência que uma criança enfia o dedo na tomada elétrica.
Aquele jovem cuja falta de experiência levou a consumir droga deve tomar a precaução de evitar a busca da euforia ou estará ferrado pro resto da vida porque a euforia vai lhe pedir mais euforia e cada vez mais, e é impossível completar a satisfação da euforia. O melhor procedimento para quem usa droga, principalmente os jovens, é conseguir satisfazer-se com os primeiros sintomas da curtição. Quando passar a juventude, e se você chegar lá saudável bastante para isto, aí, sim, justifica-se uma tênue curtição em virtude da monotonia da velhice, principalmente para aqueles que tem insônia, o que não representará qualquer malefício porque o velho tem autocontrole e não se deixa dominar. Além disso, se o velho der azar e se tornar vítima do uso da droga, sua morte não fará falta alguma. Ao contrário, ele nada tem mesmo a fazer por aqui a não ser ajudar a poluir.
O meu melhor amigo, também de setenta e quatro anos, é insone e os soníferos produzem nele grande mal-estar no dia seguinte. Aconselhado por alguém da área dos fármacos, passou a fumar um cigarro de maconha à noite e dorme como ele só. Faz isto há nove anos e raramente fuma a metade de um segundo cigarro pela madrugada. Isto para um jovem seria impossível porque o jovem não se contenta com a sensação agradável inicial e vai em busca de emoção mais forte e é aí que ele se ferra para sempre.
Quando deixar de ser jovem e ganhar a sabedoria através dos ensinamentos da escola da vida ele vai descobrir que nosso corpo é uma máquina tal qual qualquer máquina mecânica. Ambas retiram a força necessária para produzir movimento de substâncias que deixam resíduos, os quais são expelidos de várias formas, com grande sujeira. Quanto mais apropriados forem os elementos dos quais as duas máquinas irão retirar sua força, menor será a sujeira e, conseqüentemente, também seu esforço. Como resultado desta economia de esforço, terá maior tempo de funcionamento e vigor. Duas máquinas similares, aquela que for objeto dos cuidados necessários à sua perfeita manutenção terá vida muito mais longa do que sua similar cuidada com desleixo.
Muitos jovens são levados às drogas pelo desânimo oriundo da falta de perspectiva de alcançar um futuro de prosperidade, e a solução que eles encontram são na realidade problemas. Abandonam seu país aventurando-se mundo afora, inclusive perdendo suas vidas nesta insanidade, ou então se entregam às drogas e o resultado é aparentar sessenta anos aos quarenta, alquebrado, quando deveria demonstrar ainda muito vigor físico.
A juventude tem motivo de sobra para melancolia e estes motivos são produzidos pela sociedade. Ao encarar, por exemplo, a batalha para se tornar um professor para receber um salário mais de mil vezes inferior ao salário de alguém que sem ir à escola torna-se rei só por jogar futebol. Isto é tão desestimulante quanto saber que a desonestidade dá maior status social e bem-estar que o trabalho honesto. Entretanto, o caminho que leva a um mundo sem estas aberrações deve ser aberto pelos próprios jovens. Este mundo está aqui mesmo em nosso belo país. Aqui há tudo de que se possa necessitar para a construção de uma sociedade na qual haja bem-estar para todos os seus membros. O que falta é o interesse em saber como achar este caminho. Ele está bem aí. Só não é percebido porque a mente está apodrecida pelas futilidades televisivas tais como enfiar espetos na cara e até nas “partes”.
Vamos lá, juventude! Justifique a nobre riqueza de ser jovem e faça da sua droga o interesse e a curiosidade de saber como seria viver em um mundo sem tantas lágrimas na televisão, sem tanta fumaça para ser respirada, sem cercas elétricas e sem medo de curtir um passeio pelas ruas. Esta é uma tarefa que levará seus descendentes a respeitá-los como grandes homens e é fácil de ser executada. Veremos como, a qualquer momento.
As drogas são um problema social do tamanho que é porque o processo utilizado pelas pessoas na busca da solução é inteiramente equivocado. É uma visão muito limitada. As questões que giram em torno do consumo de drogas são muitas. Não se pode encarar este assunto procedendo como alguém que fixa sua atenção em uma só árvore e esquece de ver a floresta. O grande mote usado pelos defensores da briga é que o tráfico causa a morte de jovens, o que não é verdade. Enquanto houver perseguição a quem vende e compra drogas haverá mortes. O único modo de evitar as mortes é exatamente o contrário de proibir, isto é, liberar. Uma vez liberado, acaba o tráfico que dá origem às mortes dos jovens.
Para acabar com tráfico é necessário acabar com a proibição de se vender ou comprar drogas. Os reacionários, isto é, aquelas pessoas que sempre reagem às mudanças por apego à tradição ou medo de que algo mude em sua cômoda posição de rico, apavorando-se ante tal possibilidade. O conservadorismo mumificado nestas pessoas rejeita o avanço das idéias novas. É uma luta inglória porque as inovações prevalecerão independentemente de todas as oposições. Os reis já foram considerados deuses. Constatada sua inutilidade, foram escorraçados. O mesmo destino terá a guerra contra as drogas. Será escorraçada assim que a obtusidade dos reacionários lhes permitir perceber sua ineficácia, ou quando eles forem substituídos pelos atuais jovens.
Além de acabar com a violência que vitima até pessoas inocentes, a legalização do comércio de drogas proporcionaria uma arrecadação de impostos que se bem usada (se a corrupção permitir) seria suficiente para montar hospitais de recuperação que certamente seriam procurados por jovens influenciados por uma eficiente campanha de esclarecimento.
A proibição interessa aos próprios traficantes. Eles sabem que ela não prejudica seus lucros fabulosos. É tanto dinheiro que nem se imagina. O tráfico de drogas movimenta fortunas equiparáveis às da indústria petrolífera e de armas. Sabem os donos deste comércio que a proibição não inibe o consumo e que o traficante sempre acha um jeito de entregar seu produto ao consumidor.
A proibição de bebida alcoólica nos Estados Unidos através da Lei Seca levou a uma violência que matou muitas pessoas e não conseguiu impedir o consumo de bebidas. Uisque era fabricado até dentro das residências. Revogada a lei, cessou a violência.