Quanto mais baixo o conhecimento do homem, mais ele
se aproxima do irracional. É por isso que tal homem tem pouco ou nenhum motivo
para angústia e tristeza. Se para o irracional nada mais é preciso do que comer
e beber, para o homem de pouco ou nenhum conhecimento, além de comer e beber,
bastam-lhe as infundadas crendices que de tanto serem transmitidas de pais prá
filhos estratificam na mente como as rochas na natureza. O apego ferrenho às
tradições que trouxeram o mundo à infelicidade faz de tais crendices uma
barreira contra tudo que se refere a progresso. Daí ter um pensador se referido
a uma procissão como reunião de infiéis. A crendice religiosa, por exemplo,
causou várias mortes entre os africanos por AIDS ao lhes proibir usar camisinha
nas relações sexuais, principal fonte de transmissão da doença.
Entretanto, por maior que seja a resistência das
crendices, elas acabam superadas pelo avanço lento mas inexorável da evolução
do conhecimento da verdade pelos seres humanos. Em muitas sociedades a lei deu
direito ao uso de drogas, divórcio, aborto. O próprio cristianismo só se firmou
depois de legalizado pelo imperador romano Constantino que revogou a proibição pelo
próprio Estado por razões políticas. Antes disso, cristãos morriam feito moscas
no veneno.
Se atualmente
é praticamente nenhum o temor em função de pecado, na Idade Média, porém, causava
o mesmo temor que hoje causa a notícia de ser vítima de câncer. A História nos
diz que em épocas passadas até mesmo grandes pensadores a exemplo de mestre
Platão deixava-se iludir pela crendice da existência de deus, e no mesmo engano
incorreu o grande sociólogo Emile Durkheim quando viu na crendice religiosa a vantagem
de criar consciência coletiva nas pessoas. Apesar de ser verdade que a
religiosidade cria vínculo de união entre as pessoas que professam a mesma
crendice, é uma união contra a civilização posto que fundamentada em falsidade.