Em meio à
vagabundagem de aposentado, papeava informalmente com meus botões sobre aquele
senador da república que do alto da honradíssima tribuna do Senado Federal,
onde expoentes da cultura, honestidade e dignidade humanas expõem seus sábios
pronunciamentos, aquele nobre dignitário da representação popular proferia do
alto de sua invejável intelectualidade, nobreza espiritual e cultura a seguinte
e lapidar sentença: “NÓS SOMOS O RESULTADO DAQUILO QUE SEMPRE FOMOS”. Mas nesse
ponto do proseamento um dos botões argumentou que se o senado é esse mimo todo,
por que teria a senadora Eloisa Elena, de dedo em riste, afirmado que o senado
não merece respeito porque não se faz respeitar? Outro botão disse que é porque
ela deve ser maluca. Lembrei aos senhores botões que o assunto era outro, e
voltamos a ele argumentando se aquele senador por trás desta aparente asnice
não estaria nos dando uma lição tão séria e importante que ultrapassaria as
fronteiras desse país de merda e levaria a todos os outros países de merda o
conhecimento do motivo pelo qual os seres humanos têm o comportamento infantil
do qual resulta sua falta de rumo. Sim, porque como as crianças, também os
adultos não dão a mínima para a lógica visto estar certa a humanidade de ser o
mundo administrado por uma sabedoria infinita, o que contrasta com a burrice
infinita de estar sendo o mundo destruído juntamente com seus moradores
queixosos de calor, frio, secas e enchentes, mas que apesar de tudo vivem uma
festança sem fim. A fala daquele senador não está em desacordo com os
ensinamentos de Paulo Freire e Anísio Teixeira se se levar em conta o
ensinamento a que são submetidas as crianças. Ao seguir a trilha deixada por
tal ensinamento chega-se à conclusão de que do aprendizado a que são submetidas
as crianças não poderiam resultar adultos com mentalidade de adulto porquanto
ele, o adulto, seria, como disse o senador, o resultado da criança e do
adolescente que ele foi. Como as crianças aprendem irrealidades e fantasias,
chegam à adolescência futucando telefone e ligada no resultado do exame de urina
do jogador de futebola. Sendo os adultos resultado do que foram aquela criança
e aquele adolescente, não poderiam ter comportamento diferente do comportamento
inconsequente que têm em virtude de terem aprendido irrealidades durante seu
trajeto pela vida, daí ter-se a impressão de que os adultos deveriam usar
calças curtas em função de suas criancices.
A primeira
coisa que aprendem as crianças é a existência de um ser onipotente,
entendendo-se por tal tratar-se de um ser cujo poder é tão fabuloso que não
existe absolutamente nada que ele não seja capaz de fazer como prova o fato de
ter feito o universo de cabo a rabo num piscar de olho. Mas este ensinamento é
falso porque examinando o livro chamado Bíblia Sagrada onde estão registrados
os atos praticados por este ser admirável fica provado ser inverídica a afirmação
de que ele tudo pode por constar daquele livro que este ser tido como tão poderoso
falhou nove vezes em sua tentativa de tirar os hebreus do Egito, como também
falhou em sua pretensão de ser amado e obedecido de forma absoluta. Depois, as
crianças aprendem sobre a onisciência desse ser fabuloso, sendo informadas de
que este ser extraordinário é capaz de saber absolutamente tudo que acontece no
universo de ponta a ponta, o que também não corresponde à realidade porque segundo
a bíblia ele precisou perguntar a Adão e Eva onde eles se encontravam quando estavam
escondidos, do mesmo modo que fazíamos nós quando brincávamos de
esconde-esconde. De outra feita, Deus (é o nome desta entidade) precisou usar
de um artifício maroto para saber se Abraão lhe era fiel, como também disse que
precisava averiguar se eram verdades as falas que ouvira sobre Sodoma e
Gomorra. Esta constatação nega cabalmente a afirmação de que Deus tudo sabe. Em
seguida, aprendem as crianças sobre outra qualidade extraordinária de Deus, a
onipresença, significando estar ele em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas
isso não corresponde também à realidade porque se Deus estivesse presente em
todos os lugares não poderia deixar de estar no local da cena horrorosa de uma
criança paraplégica ser obrigada a esperar horrorizada, de olhinhos esbugalhados
e tremendo como vara verde em sua cadeira de rodas aguardando que o fogo a
consumisse porque se ele estivesse lá certamente teria evitado tal barbaridade
como faria uma pessoa normal. Desta forma, chega-se à conclusão de que as
crianças aprendem mentiras, o que justifica jovens que merecem zero do Enem e
adultos que correm em busca se saúde na Avenida Paulista, se engalfinham na
disputa da São Silvestre, desmaiam de emoção por ter a bola tocado a rede, se
divertem queimando dinheiro em fogos de artifício, no que se queimam a si
mesmos e até morrem, encontram motivo de fama em “famosos” e de celebridade em
“celebridades”.
Assim,
depois de aprender que a primeira coisa mais importante da vida é algo falso,
as crianças passam a prender que a segunda coisa mais importante da vida é desenvolver
habilidade na atividade de ganhar dinheiro, sendo considerado de grande mérito
o adulto que conseguir juntar maiores valores. Aprende também não haver
necessidade de se cogitar se a quantia ganha não está exagerada em relação ao
fato que gerou o ganho, resultando daí comportamentos como o seguinte: Morando
na roça e gostando de plantas, fiquei entusiasmado com uma muda de certo
arbusto na floricultura. Percebendo meu interesse, o proprietário disse que já
estava vendida, mas que o comprador não viera buscar. Sob pretexto de se
justificar junto ao comprador (inexistente), paguei um preço exorbitante pela
planta. As crianças aprendem que comportamentos assim são sinônimos de
eficiência na atividade comercial. Portanto, também um aprendizado falso porque
o comportamento correto para os seres humanos, levando-se em conta a realidade
de serem obrigados à vida coletiva, necessariamente tem que ser respeito mútuo,
portanto, de sinceridade. Como a sinceridade não convive com a falsidade, e
como do ensinamento resulta num aprendizado de falsidades, fica entendido o
motivo pelo qual o comportamento dos adultos não correspondente àquele que
deles é de se esperar, como evidencia um adulto correndo com uma bola de fogo
na ponta de uma vara e multidões de outros adultos apreciando tamanha
ridicularidade, inclusive levando para a cadeia um adulto sensato que tentou
apagar o fogo e evitar que ele causasse algum incêndio pelaí.
Todo o
converseiro em torno de Política, Economia, Justiça, Direitos, Administração
Pública, nada disso resulta em coisa nenhuma porque crianças não tem maturidade
suficiente para encarar coisas sérias. A sugestão proposta por estas imagens
como meio de conquistar votos é a mais clara demonstração de imaturidade tanto
dos candidatos quanto dos eleitores:
Esta
é a razão pela qual a vida dos seres humanos corre grave perigo. Um planeta
entregue nas mãos de crianças não poderia ter outro destino que não a situação
em que se encontra a Terra, situação irreversível enquanto perdurar a moda de
ensinar falsidades às crianças, impedindo-as de se tornarem adultos dotados das
qualidades de adultos que se comportem com tais. Mas, como algo alvissareiro,
que ninguém é de ferro prá só levar ferro, mães e pais podem se regozijar com a
notícia de que o Bial vai substituir o Jô. Assim, eles e as crianças terão mais
putaria para curtir. Ôba, tamos nessa e não abrimo! Inté.