A política tradicional
jamais terá sucesso no cumprimento do objetivo de dedicar à sociedade os mesmos
cuidados que um chefe de família zeloso de seus deveres dispensa a seus
dependentes. Ao contrário, em toda a história humana os agentes políticos objetivaram
a exploração das sociedades. Desta forma, sob pena de ser destruída pela
ganância dos Midas do mundo é necessário que o povo passe a considerar a
política como a principal atividade a merecer sua atenção. Até o presente
momento o que se tem é um povo tão iludido pelo pão e circo que ainda não
descobriu ser a política a única responsável por sua qualidade de vida. É uma
trama tão bem urdida que mesmo as pessoas supostamente esclarecidas, portadoras
de títulos universitários, se deixam levar juntamente com a massa bruta de povo
rumo às igrejas e aos terreiros de brincadeiras. Os meios de comunicação a
serviço da má política enganam o povo tecendo loas às maravilhas dos bancos, do
agribiuzinesse, dos planos de saúde, do Mercado e da fonte na qual ele se nutre
e que é a necessidade desnecessária de fazer compras, principalmente em Me Ame.
O povo foi
transformado pela política tradicional em servo, quando, na verdade, é o senhor
por ser quem arca com todos os custos sociais porquanto a má política permite
aos mais ricos se omitirem da obrigação de pagar impostos, comportamento que
demonstra total ignorância de sociabilidade. Os suicídios, a depressão e a
criminalidade que envolve os jovens não deixam dúvida quanto a ser crescente a
infelicidade na qual incorre o povo. A atividade política não realiza nem um
por cento daquilo que deveria realizar em benefício da sociedade porque mais de
noventa e nove de sua ação é realizada em benefício das próprias autoridades
políticas e seus apaniguados. Embora a moralidade e a honradez nunca fizessem
parte do vocabulário dos políticos, atualmente a imoralidade e a desonra
assumiram de tal assombrosa forma o caráter da política que os criminosos não
precisam mais esconder suas atividades de bandidos travestidos de autoridades.
O Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da justiça brasileira, acaba de jogar
esta realidade na cara deste povo infeliz e festivo, incapaz de se indignar com
a indignidade da situação de ser o povo mais povo do mundo por constituir a
única sociedade onde as autoridades não precisam disfarçar a realidade de ser a
atividade política exercida contra a sociedade.
Uma vez que
o bem-estar custa dinheiro, é preciso haver planejamento para a posse do
dinheiro. Não pode ele ser apossado indiscriminadamente como acontece quando o
pão e circo transforma em milionários pobres mentais que parasitam
inocentemente a sociedade e aos quais os meios de comunicação se referem como
“famosos” e “celebridades”. Estes pobres diabos acreditam serem realmente
célebres e famosos embora o ridículo seja seu principal atributo. São tão
débeis que sua debilidade não lhes permite perceber o ridículo de se achar
capaz de serem presidentes da república.
A ação
nefasta de comprar a indiferença política da massa bruta de povo com as
palhaçadas das marionetes tem servido à política através dos tempos. Desta
forma, enquanto o elemento asqueroso povo não despertar para seu papel de
idiota a sociedade não poderá ser diferente da esculhambação que é quando se
espera que ladrões administrem honestamente a fortuna resultante do pagamento
dos impostos. Quanto mais desonesto, cara de pau e safado, maior a chance de
qualquer aventureiro ter sucesso como político e se tornar administrador da
riqueza pública. É como se uma raposa perdesse a vontade de comer galinhas ao
ser nomeada vigia do galinheiro. É estarrecedor o fato de ser indiferente a
massa bruta de povo a tal situação, embora ela não lhe escape totalmente porque
uma historiazinha popular sobre a resposta de um político à indagação da origem
de sua inclinação política deixa claro que o povo sabe ser vítima da canalhice.
O político teria explicado que tudo começou quando era menino e seu pai lhe
prometeu quinhentos por cada nota dez. Então, ele convenceu o professor a
embolsar duzentos e cinquenta em troca de notas dez.
Desta
forma, dependendo de vigilância a honestidade do político por se tratar de ser humano,
não há estupidez suficiente para justificar a indiferença do elemento asqueroso
povo ao deixar a cargo de desonestos o dinheiro público.
A ninguém
com um mínimo de discernimento é mais dado o direito de desconhecer que a
orientação dos falsos líderes tanto políticos quanto religiosos objetiva
entreter o povo de modo a não perceber o engodo que o envolve. Verdade que o
povo vez em quando desconfia de haver algo errado e sai às ruas. Quando isto
acontece, os falsos líderes deixam cair algumas migalhas de suas mesas fartas e
o povo retorna para casa, a televisão, as igrejas, o futebola, as
“celebridades”, os “famosos” e ao seu destino de servir a seus senhores
aboletados na vida mansa e fantasiosa do bem bom dos palácios, defendida por um
séquito de baba-ovos remunerados para fazer crer ao povo ser normal que apenas
gatos pingados possam usufruir do resultado do trabalho executado pela
coletividade. O Brasil, não se deve esquecer, acaba de mostrar ao mundo que as
autoridades formam uma confraria com os ladrões da riqueza resultante do
trabalho coletivo. A administração pública jamais poderá prescindir da
existência de um povo esclarecido o bastante para saber o erro monumental que é
deixar-se levar pelo pão e circo. É preciso acima de tudo se ligar na política
porque é dela e não de deus que depende até mesmo o sucesso ou fracasso de uma
religião. Geoffrey Blainey mostra esta realidade quando afirma na página 129 do
livro Uma Breve História do Mundo, o seguinte: “O budismo e o cristianismo, que ainda estavam lutando após vários
séculos de pregação de fé, deveram muito de seu sucesso posterior à conversão
de dois poderosos imperadores: Asoka, da Índia, e Constantino, de Roma. Um rei
de um vasto império achava-se propenso a acolher bem uma religião que fizesse
seu povo se sentir contente com sua vida simples e, às vezes, difícil”.
É imenso o
fosso de obscuridade que separa o povo da realidade de ser a religião um dos
muitos berrantes com os quais o pão e circo desvia a atenção da manada para
longe da política. A cegueira mental que a religião impõe não permite
raciocinar sobre a simples realidade de ser impossível a existência de um deus que
embora poderoso não consegue vencer o mal, como é de seu desejo, segundo todas
as religiões. A humanidade já está bem velhinha para continuar se comportando
como criança. Inté.