quinta-feira, 24 de maio de 2012

PENSAR É LEGAL!




          É necessário mostrar aos jovens que eles estão sendo educados apenas para aprender a trabalhar com as mãos, deixando de lado a capacidade cerebral que a natureza lhes deu e que já serviu para tantas coisas boas como orientação no sentido de abrigar do frio e do calor excessivos e produzir a comida. Houve tempo em que não havia supermercado e a comida vivia dependurada em árvores arrodeadas de animais selvagens e cujas frutas podiam ser venenosas. Devia ser dilacerante o dilema de estar com fome e com uma fruta na mão, mas com medo de ter veneno. A carne era outra fonte de alimento, mas o diabo é que ela se encontrava também em busca de alimento, uma vez que fazia parte do corpo de algum outro animal à busca de comida. Se nenhum jovem atualmente precisa enfrentar situação semelhante quando dá fome, deve-se tal conforto ao poder que emana da capacidade de pensar. É grande tolice ignorar um poder tão poderoso e é por isso que existe este blog que é para ensinar a pensar aqueles jovens que ainda não sabem porque para digitar e copiar a resposta não há necessidade de se usar o pensamento. Um robô pode fazer isso. A melhor maneira de desenvolver o pensamento é através da leitura e comentário sobre o que se leu. Como o relacionamento dos jovens com os livros não é nada amistoso em virtude da falta de contato com eles por conta da modernidade e a digitação, resolvi tentar fazer as pazes entre os jovens e os livros contando uma passagem tão interessante de um livro que eu duvido não vá despertar interesse porque inteligência vocês tem. Falta apenas aprender a usá-la também em atividades das quais não entra dinheiro. Uma boa alternativa seria curtir curiosidades literárias como a desse conto que vamos começar pelo nome do autor do livro onde o encontrei e lhes passo para que vocês possam curtir maravilhas sobre as coisas da vida como esta explicação para o preconceito encontrada no livro Falando Francamente.

          Vinícius Bittencourt, o autor de Falando Francamente, advogado e grande pensador, entrou em meu mundo da seguinte maneira: escrevi um arremedo de livro chamado A Inferioridade do Brasileiro, que me deu duas alegrias: uma delas foi confirmar a existência de jovens que já sabem pensar, pois recebi cumprimento de cinco jovens. A outra alegria foi ouvir de intelectuais haver valor no meu trabalho, entre eles o também advogado e também grande pensador Dr. Raimundo Cunha, que me cumprimentou efusivamente e me levou ao seu escritório para me mostrar a coincidência de pensamento entre o que eu escrevi e o conteúdo de Falando Francamente. Há pontos de vista exatamente iguais e um deles vou contar a vocês a versão exposta pelo brilhantismo do Dr. Bittencourt a fim de lhes convencer de que há coisas tão interessantes nos livros que poderão até alimentar um papo mais agradável nas conversas de namoro.

          Começaremos a narrativa com a seguinte pergunta ilustrativa: por que será que nenhum jovem se exporia em festa ou em praça pública com uma namorada que fosse sabidamente prostituta? Por que haveria de lhe parecer estar fazendo papel de bobo ou de desrespeito à sociedade e aos seus familiares sendo visto em tal situação? PRECONCEITO! Dirão todos. Imaginando ser esta a resposta, usei o pensamento e concluí com ajuda do dicionário que o preconceito é uma coisa da qual não se gosta sem saber qual o motivo. Assim como há coisas de que pessoas gostam sem necessidade de motivos, também há coisas de que não gostam sem haver motivo. Quando se acredita que determinada coisa é uma maravilha antes de conhecer e bater pé firme que é maravilha, também está sendo preconceituoso. Só pode ter certeza de que aquela coisa é maravilha depois de confirmada sua maravilhosidade. O preconceito faz parte da cultura e não depende da vontade para existir, mas depende para deixar de existir.

          Podemos dizer ser o preconceito uma idéia formada sobre algo que não se conhece. Quando se fala em fumar maconha, por exemplo, as pessoas que nunca fumaram maconha acreditam que ela faz a pessoa “diferente”, com ranço de indignidade, alguém que deve ser marginalizado. Eu já pensei assim. A palavra maconheiro era para mim, como é para as pessoas, sinônimo de coisa ruim, principalmente por ter presenciado na juventude o início de um amigo no mundo dos jovens maconheiros e isto desgraçou sua vida agradável transformando-se num presidiário pobre e desamparado. Acontece com os jovens porque eles so inocentes e deixam levar para drogas violentas. A maconha, por isso, é terrivelmente danosa aos jovens, mas é grandemente benéfica como remédio para os achaques da velhice. Para os velhos, que não se deixam levar, ela tem dupla utilidade: dá alguma paz às atribulações e achaques da velhice e encurta a vida do velho, forçando-o a ceder mais depressa lugar aos jovens atarantados na carreira inútil de perseguir dinheiro além do necessário. Um preconceito, como se vê, pode até corresponder a meia verdade. Porém, nunca a uma verdade inteira.

          A origem do preconceito contra as prostitutas, de que falávamos ainda há pouco, segundo nos conta de forma maravilhosa o Dr. Vinícius Bittencourt, teve origem no tempo em que as moças eram obrigadas a um comportamento que lhes classificava como, com licença da palavra, “castas” e só podiam se relacionar sexualmente depois do casamento, o que fazia com que elas tivessem de se aguentar até aparecer um casamento para que pudesse atender ao apelo irresistível e natural do sexo, ou libido. Nestas condições, Interesseva a elas que também os homens ficassem tivessem precisando de sexo e se casassem.

          A única atividade das mulheres naquela época era denominada de, com licença da palavra, “prendas domésticas”. Havia até o qualificativo de, com licença da palavra, “prendada” para definir a mulher caseira e sossegada que gostava de cozinhar, lavar e passar roupa, amamentar e não poder empinar os peitos através de perigoso processo físico/químico porque ele ainda não existia. Se não amamentasse podia ser taxada de mãe desnaturada, mesmo depois de passar nove meses com o corpo deformado e, finalmente, lesionado pelo parto. Não havia ainda o levar e buscar as crianças na escola porque não havia escola, mas, como se vê, não faltava tarefa "agradável". Como em todo lugar pinta alguém do contra, algumas mulheres mais brilhantes e, por isso mesmo, questionadoras, não concordavam com esse negócio de apenas macho ter direito à atividade sexual e a praticavam. Para elas, o convite da natureza era mais atrativo do que obedecer a uma ordem não se sabia lá de quem nem de onde. Com isso, aliviava a pressão da rapaziada, de modo a jogar um pouco de água fria na fervura da necessidade de "dar uma",  retardando o casamento e enfurecendo as outras mulheres obedientes à norma da castidade e seus pais que ansiavem pela chagada de um genro com quem dividir as despesas. Então, a sociedade e sua norma rígida de castidade transformavam em inimigas públicas aquelas mulheres que se recusavam a se submeter a um comportamento que as desagradava e esta seria a origem do preconceito contra as meninas que não se negam a fazer um cafuné. Elas foram desbravadoras.

          É ou não É interessante saber isso? Pois de coisas assim os bons livros estão cheios e eu não vou deixar de lhes fustigar o calcanhar para a necessidade de exercitar o pensamento também para coisas nobres no sentido de sentimento ou espiritualidade. Aquiles que é Aquiles cirraxouce quando lhe deram no calcanhar, que dizer de jovens que ainda nem sabem pensar. Pois não deixo o calcanhar da inteligência de vocês em paz para fazê-los pensar e chegar a conclusões acima do que lhes é ensinado pela perversidade do sistema educacional formador de apenas operários dos quais foi anulada a capacidade de pensar se o sofrimento que se vê por aí encontra recompensa nas festas que se vê por aí. PENSAR É LEGAL!