sexta-feira, 31 de maio de 2019

ARENGA 575


O único mérito (se há mérito nisso) que têm as “famosas” e “celebridades” é ter suprimido o caráter de ultraje ao pudor que havia na nudez em público, avacalhando o mistério que a roupa resguardava, tornando ainda mais bela e enigmática a mulher, além de estimular o crime de estupro. A cada dia evidencia-se mais a realidade que a humanidade regride espiritualmente e que uma infelicidade ainda maior a espreita, não obstante a plêiade de papagaios de microfone bem assalariada para fazer crer estar tudo na mais perfeita normalidade, embora esteja tudo às avessas. Não podendo deixar de falar porque disto depende a despensa abastecida, os papagaios de microfone falam sobre reforma disso e daquilo, quando, na verdade, a única coisa a merecer reforma é a cabeça de seus patrões, os únicos responsáveis pela injustiça social que assola a humanidade de forma tão perigosamente avassaladora que os grupos não vitimados pelo flagelo da fome, para não serem invadidos pelos famintos, são obrigados a construir muros protetores. Apesar disto, se fala insistentemente em tribunais de justiça. Que justiça pode haver se enquanto gatos pingados comem iguarias finas em pratos de ouro, multidões comem na sarjeta restos colhidos no lixo? Até parece que é para mostrar o tamanho da disparidade desse proceder que a natureza transforma igualmente finas iguarias e restos de lixo em bosta.

Intelectuais se perdem na mesma tagarelice estéril dos papagaios de microfone. Ernesto Sabato, por exemplo, em A Resistência, manifesta um saudosismo injustificado dos tempos de antigamente. Injustificado porque é lá na frente onde está nosso destino. Se filosofar é pensar, e se é pensando que se raciocina, cabe aos filósofos raciocínios capazes de indicar um bom caminho à manada que não pensa, do mesmo modo como procedeu Jesus Cristo, descartada a baboseira em torno de divindade.

Mas não é isso o que se vê porque até um tal de mundo físico foi inventado pelo eruditismo inútil de filósofos, enquanto que o mundo importante seja o mundo sólido que embora resumido a apenas um terço do mundo, é nele que vivem as pessoas.

Ou os seres humanos, principalmente a juventude, despertam para a realidade de viver uma grande farsa ou vão se ferrar ainda mais do que ferrados já estão. Os gatos pingados que acreditam estar a gosto por terem ajuntado riqueza não perdem por esperar receber a galinha pulando. E inté mais ver.

     




quinta-feira, 30 de maio de 2019

ARENGA 574


Que futuro pode ter uma sociedade na qual as atividades mais rendosas são agiotagem do sistema financeiro, roubo, prostituição, tráfico de drogas, atividade esportiva, e as pessoas mais importantes são as menos importantes, e quem não se encaixa neste rol é obrigado a viver com mil reais por mês? Não obstante ser esta a realidade brasileira, as pessoas que integram esta sociedade ridicularizada no mundo é também a sociedade mais alegre do mundo. Na verdade, a sociedade humana foi tomada por tamanha imbecilidade que pessoas morrem aos montes tentando chegar no topo do Monte Everest apenas para mostrar que chegou lá. Entretanto, na sociedade brasileira, a imbecilidade é ainda maior porque a imbecilidade dos trogloditas das bundas brancas que se acham civilizados não os impede de merecer algum respeito de seus falsos líderes obrigados a tapearem seus liderados com um mínimo de bem-estar social para disfarçar a falsidade. Já os falsos líderes da ridícula sociedade brasileira dispensam esta preocupação e dizem abertamente na cara de uma juventude inútil que não lhes interessa a opinião pública, e agem de acordo com este desinteresse promulgando leis que impedem investigações sobre suas atividades criminosas.

Diante de uma árvore de pau-brasil no Jardim Botânico no Rio de Janeiro, depois de passar pelo busto de D. João VI, vi-me diante de uma árvore de pau-brasil com um galho serrado junto ao tronco, deixando à mostra sua exuberante e resistente madeira negra. Fui, então, tomado por uma ponta de nostalgia ao lembrar de ter sido aquela madeira nobre a primeira das riquezas daqui levadas. Caio Prado Júnior afirma no livro Formação Econômica do Brasil Contemporâneo que o Brasil tinha por única serventia fornecer tabaco, açúcar, ouro, diamantes, algodão e café para o comércio europeu". É realmente triste a realidade de ter o brasileiro por destino levar ferro no rabo enquanto, satisfeito, faz oração, requebra os quadris no axé e se emociona no futebola. Os versos musicalizados “povo marcado, povo feliz” não dizem aos brasileiros da sua condição de manada. Apenas lhes dizem para levantar os braços e balançá-los ao ritmo do som da música. Os milicos de 1964 obrigaram Caetano Veloso a trocar a palavra brasileiro por batuqueiro no verso NA BARRIGA DA MISÉRIA NASCI BRASEILEIRO da música Partido Alto, que também diz ter deus dado pernas cumpridas ao brasileiro para correr atrás de bola e fugir da polícia. Não pode haver mais perfeita alusão a esta sociedade medíocre de juventude tão estúpida que lota igrejas mendigando proteção a um deus tão imprestável que nem é capaz de fazer cumprir sua ordem para que se comesse o pão com o suor do rosto porque os ladrões da política, dos bancos e das empresas comem-no com o suor do rosto alheio, como lembra Gabriel Deville em seus comentários sobre o marxismo. Inté.




quarta-feira, 29 de maio de 2019

ARENGA 573


 


Muitos pensadores têm tentado mostrar à humanidade como viver de forma menos sofrível. Porém, como a humanidade não sabe ser sofredora, como mostra a quantidade de festejamentos, o esforço deles tem dado em nada. Ninguém se preocupa com prevenção contra um mal que supõe inexistente. Assim, desconhecendo a realidade de sua servidão, como a manada, a humanidade segue ao som do berrante de seus algozes, indiferente à sua triste sina de ter um destino traçado por falsos líderes, incapaz que é de traçá-lo por si mesma.
Embora a ninguém seja dado o direito de negar ser a harmonia da cooperação imprescindível ao sucesso de qualquer sociedade, no que diz respeito à sociedade humana, Reis Midas tem usado do artifício do pão e circo sustentado por uma rede infinita de papagaios de microfone que se revezam a fim de não deixar cair a peteca do engodo de fazer crer ser normal o modo de vida atual, embora ele seja tão desarticulado da realidade que pessoas de nenhuma importância intelectual recebem honrarias e riqueza enquanto que as pessoas de real valor por contribuírem com o desenvolvimento do raciocínio, a exemplo de Paulo Freire, são consideradas inimigos sociais.
  Prevalece entre os seres humanos a mentalidade medieval de quando Martinho Lutero afirmou ser a fé mais importante do que a razão. Apesar de verdadeiro absurdo, tal crença permanece viva no comportamento de jovens integrantes de idiotices como Juventude de Fé, capaz de encontrar algo senão ridículo no beijo do papa no pé do infeliz como meio de prevenir a infelicidade.
Embora a ninguém seja dado o direito de saber ser a cooperação indispensável ao sucesso de qualquer sociedade, no que diz respeito à sociedade humana, entretanto, os seres humanos foram convencidos de estar na competição a chave que abre a porta para o sucesso social.  Malandramente, os adeptos da competição usam do poder que o dinheiro lhes confere para entorpecer a atividade cerebral dos seres humanos convencendo-os ser normal gastarem sua vitalidade produzindo a riqueza sobre a qual não terá direito algum.
O mais interessante em tudo isto é que o próprio povo seja o defensor de seus algozes, razão pela qual seu destino será um terno ferro no rabo. Aliás, a cada dia cresce o número de adeptos do ferro no rabo. Quem sabe, o mundo feminino traga sensatez à humanidade? Inté.   
     






























     




























sexta-feira, 10 de maio de 2019

ARENGA 572


Sem meditar sobre sua vida, o ser humano em nada se diferencia da fera. Portanto, a atividade meditativa deve ser a principal ocupação do ser humano. Mas para que da meditação se colham bons frutos é preciso usar de sabedoria a fim de que os pensamentos envolvam questões relacionadas com o bem-estar social por ser ele mais importante do que o bem-estar individual, uma vez que a instituição Estado tem por objetivo primeiro a organização social, devendo, para o bom cumprimento de sua obrigação, colocar o interesse coletivo acima do individual, o que nem de longe é o caso do nosso infeliz Brasil. Embora seja inegável haver ainda na personalidade do ser humano em geral o ranço da barbárie dos primeiros tempos, entre nosso povo este ranço é mais acentuado do que nos povos que por se acharem civilizados procuram mitigá-lo com o perfume da desfaçatez. Parece que o filósofo Thomas Paine pensava no infeliz Brasil quando meditou sobre o seguinte: “A sociedade, em qualquer estado, é uma bênção, enquanto o governo, mesmo no seu melhor estado, não é mais que um mal necessário; e, em seu pior estado, é um mal intolerável. Porque, quando sofremos ou ficamos expostos, por um governo, às mesmas misérias que poderíamos esperar em um país sem governo, a nossa calamidade fica maior ainda quando refletimos que somos nós que fornecemos os meios pelos quais sofremos”.

É exatamente a falta de reflexão que impede a malta humana de perceber não passa de burro de carroça nas mãos dos governos. Aqui entre nós, de acordo com as informações da imprensa deste nosso desgraçado país, seus habitantes frequentadores de igreja, axé e futebola se encaixam perfeitamente nas meditações de Thomas Paine porque fornecem os meios para que suas autoridades lhes imponham maiores sofrimentos do que as outras partes do mundo padecem. Depois de considerarem as autoridades brasileiras não ser hediondo o crime de deixar o Estado à mingua por roubar o dinheiro público, passaram a esponja sobre as manchas que maculavam os praticantes destes crimes, de modo que tais ladrões passam a ser considerados cidadãos tão honestos quanto as pessoas que vivem do seu trabalho. Desta forma, uma vez que a razão de ser do Estado Brasileiro é facilitar a vida de canalhas e uma vez que a reação do povo a tal situação é batucar panelas, pintar a cara e dar pulinhos, tem-se de ser adepto do deputado Justo Veríssimo, genial criação do saudoso Chico Anísio.  É o cúmulo da aberração social a indiferença com que é recebida a notícia de ter sido preterida a educação proposta por Paulo Coelho em favor de uma educação militar. A culpa pela indiferença da juventude em relação a tais assuntos cabe ao sistema educacional que prepara as crianças para serem um adulto preocupado apenas com as inutilidades deus e dinheiro, e não prepara os adultos para a inevitável velhice, o que os faz acreditar não ter fim a vitalidade, gastando-a exclusivamente nos malabarismos físicos, sem nenhuma preocupação com os espirituais, os mais importantes da vida, como perceberão um dia, quando já será tarde demais. Inté.




quarta-feira, 8 de maio de 2019

ARENGA 571


O alvoroço que a papagaiada de microfone faz em torno do nascimento do príncipe inglês vai por conta do complexo de capacho deste infeliz povo brasileiro pródigo em canalhice porque sua mentalidade não alcança a altura do solado do sapato. Ouvi na rádio CBN um desses paus mandados do pão e circo dizer que o mundo espera ansioso pelo nome que vai ser dado ao principezinho. Não é crível que o mundo todo chafurde na mesma ignorância que assola os habitantes desta republiqueta de banana sempre de quatro para quem quiser se aproveitar da falta de patriotismo e hombridade de suas autoridades. Na notícia de que o mundo espera ansioso para saber o nome da pobre criança rica há tanta verdade quanto na notícia de haver conveniência em abrir uma conta num banco, covil de agiotas travestidos de homens de bem. Não é menos falsa a notícia de que o bem-estar dependa de um sistema econômico que visa exclusivamente facilitar aos avaros Midas do mundo sua interminável busca por riqueza. Se a título de gastar menos para maior enriquecimento estes monstros conhecidos como empresários, de cuja boca escorre baba de dragão, provocam desemprego substituindo empregados por robôs, evidente estar errado colocar a estabilidade social na dependência de um sistema econômico fundamentado num pleno emprego inalcançável. O descompasso no passo da humanidade rumo à civilização encontra sua razão de ser no fato de viverem os seres humanos ligados exclusivamente no aspecto material da vida, sem cogitar do seu lado espiritual. Quando gatos pingados se arvoram nesse sentido, suas cogitações giram em torno de “Por que existo? ”, “O que estou fazendo aqui? ”, “De onde vim e para onde vou? ” “Existe vida depois da morte? ”. Questionamentos desse tipo são de nenhuma importância para o bem-estar pessoal e, consequentemente, social, porque uma sociedade composta de pessoas infelizes terá de ser também uma sociedade infeliz como é a insensata sociedade humana, empacada na cultura insana do ajuntamento de riqueza num lugar e miséria nos demais lugares por conta da cultura antissocial da competição.

Os questionamentos diretamente ligados ao bem-estar social devem girar em torno do porquê de se afirmar mentiras às quais as pessoas são indiferentes em função da mentalidade paquidérmica da humanidade que nem de longe desconfia da burrada que é deixar seu destino a cargo de falsos líderes que pelo fato de terem a mesma mentalidade lhes é negada a percepção de que jamais chegará a bom termo uma sociedade que tem seus membros perseguindo cada seu bem-estar pessoal e o social que se dane. O fato inegável de ir a humanidade de mal a pior, deve-se exclusivamente à recusa de pensar sobre a vida com o mesmo empenho em que pensa em riqueza. A cultura do enriquecimento que depende da competição, o que significa a exploração do mais fraco pelo mais forte está tão bem enraizada nos falsos líderes que eles usam do poder que os liderados lhes conferem em benefício próprio, razão pela qual eliminam os gatos pingados que por meio da boa filosofia mostram a realidade de estar tudo errado. A boa filosofia se nutre de pensamentos voltados a tirar vantagem da capacidade de racionar com a qual a natureza brindou o ser humano. Pensamentos que levam à conclusões capazes de fazer com que a vida possa ser agradável do princípio ao fim em vez de se mostrar agradável apenas durante a imaturidade da juventude. Para a boa filosofia é mais importante especular sobre o porquê dos sofrimentos do que sobre a origem da vida ou se ela continua depois da morte, invenção de quem teme a ideia de deixar de existir por não saber que Schopenhauer lembrou não haver razão para se temer a inexistência porque o tempo em que ainda não se existia não incomoda ninguém.

Embora o instinto de fera ainda presente no ser humano faz com que ele precise matar o dessemelhante, ele continua matando também o semelhante mesmo sabendo estar errado quando condena o assassinato. Mas seu lado fera exclui de punibilidade a matança nas guerras onde o assassinado e o assassino se consideram inimigos sem nunca terem se visto antes. Não se pode negar haver ainda muita semelhança entre a vida no mundo irracional e no racional porque como os bichos, também os homens limitam suas vidas unicamente às atividades de trabalhar, comer, trepar e cagar, sem se envolverem com a atividade meditativa. A rádio Jovem Pan acaba de dar um perfeito exemplo de falta de meditação quando um brasileiro morador dos Estados Unidos elogiava a política do atual presidente da república de permitir a posse de arma. Dizia  o participante do programa gostar de armas e possuir três delas. Os apresentadores do programa agradeceram ao participante sem que lhes ocorresse que tal declaração indica involução civilizatória uma vez que gostar de armas é o verso da moeda da elevação espiritual. Além disso, não merece aprovação nenhum presidente da república que condena um método educacional dos jovens que os estimule a capacidade de racionar e incentive método oposto que a desestimule, o que faz ao propor educação em colégios militares onde se ensina a obediência às regras estabelecidas pela política tradicional da competição, bem como educação religiosa porque, como afirmava Lutero, a religiosidade dispensa a razão por bastar-se a si mesma como orientadora do comportamento humano. Como se vê, tais insanidade trouxeram o mundo à infelicidade em que se encontra.

Como se pode perceber, é tudo apenas uma questão de pensar em algo que não seja dinheiro. Inté.    




segunda-feira, 6 de maio de 2019

ARENGA 570


Apesar de se considerarem adultos, o comportamento dos seres humanos não é diferente ao das crianças de jardim infantil cuja falta de discernimento requer severa fiscalização sob pena de graves incidentes e acidentes. Esta necessidade de fiscalização levou a humanidade a inventar uma instituição denominada deus. Como não serviu para nada, inventaram outra chamada Estado, com poder coercitivo capaz de inibir os comportamentos desastrosos das crianças grandes. Mas se esqueceram do detalhe de não haver ninguém com o discernimento necessário para desempenhar tão importante missão por ser comum a toda a humanidade a mentalidade de criança, o que se deve à lembrança do tempo em que ainda não se raciocinava e que se faz muito presente para permitir à raça humana elevar-se muito acima dos irracionais. Vez em quando, é verdade, pinta algum espécime da espécie humana espiritualmente acima do normal. Mas como é a maioria que decide o rumo a seguir por todos, a influência destes gatos pingados espiritualmente privilegiados é anulada pelo peso da irracionalidade generalizada e eles são perseguidos como inimigos da sociedade. Daí ter fracassado também a instituição Estado de forma tão retumbante que veio a ser preciso dividi-lo em várias sub instituições para que se fiscalizassem mutuamente. Tudo em vão porque em razão da imaturidade, a posse do poder que a sociedade atribuiu aos fiscais os encheu de tamanha soberbia que passaram a usar esse poder contra a sociedade que contava com eles para sua proteção e organização. É, pois, a imaturidade que dá o caráter destruidor da humanidade em vez da estupidez como afirmou o historiador Henry Thomas, porque as crianças destroem sem serem estúpidas.

E é interessante observar que mesmo pessoas intelectualmente ilustres se mostram tão infantis quanto as crianças grandes em geral. Um exemplo: Ao discorrer sobre o grave problema social da solidão o escritor Leandro Karnal, na página 13 do livro O DILEMA DO PORCO ESPINHO cita episódios mitológicos da bíblia entre eles a história sobre Saulo de Tarso como se fossem fatos reais. É a seguinte a história desse cara: Descrente como eu das coisas divinas, foi abordado por deus de forma estúpida assustando o cavalo que em função do susto jogou o infeliz cavaleiro no chão. Recomposto Saulo, deus o convenceu a deixar de ser como eu e passar a ser seguidor dele. Acontece que ao se comportar como vira-folha e pregar a palavra de deus, o que era proibido, Saulo foi morto por um soldado. Se a infantilidade faz crer que deus seja sinônimo de bondade e a morte sinônimo de maldade, Saulo teria se dado mal ao decidir seguir deus. A afirmação de Martinho Lutero de que a fé dispensa a razão objetivava justamente evitar que fossem examinadas à luz da racionalidade as bobagens divinas. A bíblia que para os inocentes contém a palavra de deus é um livro verdadeiramente idiota que a infantilidade faz com que seja o mais vendido no mundo, embora seja o menos lido. É que as crianças grandes acreditam que dele emana a proteção divina para suas casas não obstante a infelicidade geral e as balas perdidas que causam as mortes que têm como providência manifestação de solidariedade das autoridades civis e eclesiásticas para conforto dos familiares.

A inocência também faz com que as crianças grandes se considerem obra prima de um deus de infinita sabedoria, quando, na realidade, não passam de uma tosca máquina rústica com dois buracos no alto por onde entram alimentos e dois em baixo por onde saem bosta e mijo, como também acontece com a hiena. Quanto mais posudo o ser humano, quanto mais engalanado e mais convencido de sua grandeza, menor o discernimento e maior seu enquadramento na expressão SEPULCRO CAIADO empregada por Cristo para comparar os fariseus ao mausoléu que apesar de ser belo por fora guarda podridão por dentro. Para piorar, a podridão do lado de baixo é menor que a do lado de cima, a espiritual, presente na personalidade de absolutamente todos os falsos líderes que ditam as regras a serem observadas pela sociedade humana. Estes crápulas aproveitam dos desprotegidos para prejudicá-los, principalmente usando do secular pão e circo para manter o povo tão ludibriado que concorda com os desmandos por eles impostos e acredita realmente ser motivo de fama e celebridade o fato de alguém cantar bobagens, praticar bem um esporte ou aparecer muito em público por conta de sensualidade. Graças à ingenuidade, criminosamente, os enganadores montaram uma parafernália através da qual imensa papagaiada de microfone faz a cabeça dos “adultos” incapacitando-os de fazer distinção entre falso e verdadeiro, como, por exemplo, que as autoridades constituídas para proteção praticam extorsão e sua ação se limita a deixar cair para o povo migalhas de sua mesa farta onde se banqueteiam com lagostas e vinhos caros. Para mascarar esta realidade o Estado criou entidades de assistência social onde a muito custo os pobres encontram algum alívio para seus sofrimentos físicos e se sente agradecido às autoridades por esta benesse enquanto paga para elas atendimento de luxo.

Para que o mundo deixe de ser um vale de lágrimas, basta que a humanidade amadureça para poder raciocinar. Inté.

sábado, 4 de maio de 2019

ARENGA 569


Na introdução do livro 1889 o historiador Laurentino Gomes observa que as comemorações da Proclamação da República do Brasil são tímidas se comparadas com as comemorações à Declaração de Independência. Frisa que os estudantes brasileiros titubearão na resposta à pergunta sobre quem foi Benjamim Constant ou Quintino Bocaiúva ou Rui Barbosa ou Deodoro da Fonseca ou Floriano Peixoto, figuras que dão nomes a ruas e praças pelo país afora e que tiveram influência decisiva para a mudança de reinado para república. O historiador conclui seu pensamento a respeito do pequeno entusiasmo em relação à mudança de reinado para uma república mal-amada pelos brasileiros. Observando a sensatez na recomendação de Machado de Assis para se apurar bem apuradinha uma informação antes de acatá-la como verdadeira, e usando deste proceder em relação às observações do historiador, conclui-se que comemorar a Proclamação da República ou a Declaração de Independência têm a mesma falta de sentido que tem a fracassada sugestão saudosista do atual governo reacionário dependente de consultas ao oráculo para que fosse comemorado o golpe militar de triste memória que o governo americano mandou os militares brasileiros aplicarem contra os brasileiros e que tanto mal fez a este belo país de tristíssima sorte. Chegou-se ao cúmulo do antipatriotismo do governo “revolucionário” deixar a cargo do governo americano através do acordo MEC/USAID o direito de fazer o programa educacional da juventude brasileira, resultando desta aberração o amor roxo dos brasileiros pelo “American Way of Life” que os impede de morrer antes de fazer compras em Me Ame, festejar o Halloween e nominar em inglês seus estabelecimentos comerciais. Numa geringonça de vender água de coco verde na rua Francisco Santos se lê FAST COCO.   

Se o Brasil fosse independente suas autoridades não teriam de estar a correr frequentemente para os Estados Unidos a tomar a bênção e beijar a mão do presidente americano ao qual entregou um pedaço do Estado do Rio Grande do Norte denominado Base de Alcântara, localidade de onde se pretendeu participar da ridícula exploração do espaço sideral lançando um foguete que pipocou assim que foi encostada a brasa no pavio. Como ridículo é o quente por aqui, entregou a localidade ao patrão Donald Trump para que, como disse ele mesmo, economize muito dinheiro na palhaçada de explorar o espaço em vez de cuidar do planeta Terra. No que diz respeito à República, não há também o que comemorar porque o conceito de república envolve a ideia de coisa pública, de uma organização social onde absolutamente todos tenham acesso às benesses que os recursos públicos possam patrocinar. Sendo assim, merece comemoração, por acaso, uma república na qual a riqueza do país serve apenas a parasitas aboletados em palácios e seus chefões, os ricos donos do mundo? Não sendo independente e nem de fato republicano, não há realmente o que comemorar porque infelizmente nenhum destes dois fatos históricos encontram respaldo na realidade.

Por outro lado, o historiador ameniza o desconhecimento dos jovens brasileiros sobre a história de seu país quando afirma que os estudantes demorariam a responder sobre figuras importantes da Proclamação da República. Na realidade, os estudantes não demorariam a responder porque eles simplesmente não saberiam responder. E não saberiam por serem burros. É que o sistema educacional do sistema capitalista tem por objetivo emburrecer os jovens tornando-os mais interessados no resultado do exame de urina do jogador de futebola do que no futuro dos seus filhos. Daí a declaração de inimizade a Paulo Freire feita pelo governo atual chefiado por um militar em cujas mãos um revólver ficaria melhor do que uma caneta. Aculturados os jovens jamais, ficam as coisas ao saber dos malandros da política porque nada mais conveniente a malandros do que ser indiferente à malandragem. Como o método de ensino proposto por Paulo Freire sugere incentivar nos jovens a capacidade de raciocinar, e como raciocinando chega-se à conclusão de estar tudo errado, e como ao se descobrir estar tudo errado acaba a festa dos parasitas que vivem mil mordomias custeadas pela juventude afastada de conjecturas deste porte pelo pão e circo que transforma brutamontes intelectuais em celebridades, então, excomunga-se Paulo Freire por representar a possibilidade de se tornar o fim da malandragem dos malandros.

Uma vez capacitados os jovens a raciocinar por si mesmos em vez de serem teleguiados pelas ordens vindas dos meios de comunicação, teriam a lucidez temida pela cultura capitalista forjada nas Harvards do mundo, organismos diabólicos que apesar de não dispensarem a imagem de Cristo nas paredes, destinam-se a transformar pessoas inteligentes em fantoches propagadores da infâmia de ser a competição a melhor forma de se viver em sociedade. São exemplos perfeitos desta farsa o feioso Henry Kissinger e o Secretário de Estado Americano da cara de cavalo John Kerry diante do qual Michel Temer e José Serra posam ridiculamente embevecidos e subservientes como Abrão diante de deus dentro do fogo que queimava a erva que não se queimava. É, ou não ridículo o babaovismo destas duas tristes figuras? É entristecedor que a juventude de um país tão exuberante como o nosso aceite ser representada por pessoas desprovidas de amor próprio.

Mas a tristeza é suplantada pela convicção de que a evolução natural à qual nada escapa, inclusive o discernimento, por mais que demore trará à massa embrutecida de jovens alienados apreciadores de “celebridades” e “famosos” de merda perceber o engodo em que foi envolvida, induzida a botar fé em proteção divina e palavra de políticos em vez de ter fé em si mesma. Dia chegará em que a juventude será capaz de alcançar o sentido do que disse Paulo Freire quando afirmou que A CLASSE DOMINANTE BRASILEIRA JAMAIS ACEITARÁ QUE AS MAIORIAS SEJAM LÚCIDAS”. Então, juventude, vai permanecer eternamente de boca aberta enquanto ideias bolorentas lhe induzam ao erro de considerar inimigo quem na verdade é amigo? Marx por exemplo, inimigo para as ideias bolorentas, mostrou-se um grande amigo ao advertir os filósofos de que eles se limitam a analisar o mundo, quando o de que se necessita é modificar o mundo. Só há lucidez nesta afirmação porque realmente precisa ser modificado um mundo no qual seus líderes, como disse Maquiavel, precisam esconder a verdade de seus liderados através de uma educação, além de sede de riqueza, ensine religiosidade cujo ridículo pode ser visto nessa passagem bíblica de Êxodo 21:32 “Se um boi chifrar um escravo ou uma escrava, dar-se-ão trinta siclos de prata ao senhor dos escravos, e o boi será apedrejado”. A vida está a carecer de racionalidade. Inté.