O alvoroço
que a papagaiada de microfone faz em torno do nascimento do príncipe inglês vai
por conta do complexo de capacho deste infeliz povo brasileiro pródigo em
canalhice porque sua mentalidade não alcança a altura do solado do sapato. Ouvi
na rádio CBN um desses paus mandados do pão e circo dizer que o mundo espera
ansioso pelo nome que vai ser dado ao principezinho. Não é crível que o mundo
todo chafurde na mesma ignorância que assola os habitantes desta republiqueta
de banana sempre de quatro para quem quiser se aproveitar da falta de
patriotismo e hombridade de suas autoridades. Na notícia de que o mundo espera
ansioso para saber o nome da pobre criança rica há tanta verdade quanto na
notícia de haver conveniência em abrir uma conta num banco, covil de agiotas travestidos
de homens de bem. Não é menos falsa a notícia de que o bem-estar dependa de um
sistema econômico que visa exclusivamente facilitar aos avaros Midas do mundo sua
interminável busca por riqueza. Se a título de gastar menos para maior
enriquecimento estes monstros conhecidos como empresários, de cuja boca escorre
baba de dragão, provocam desemprego substituindo empregados por robôs, evidente
estar errado colocar a estabilidade social na dependência de um sistema
econômico fundamentado num pleno emprego inalcançável. O descompasso no passo
da humanidade rumo à civilização encontra sua razão de ser no fato de viverem
os seres humanos ligados exclusivamente no aspecto material da vida, sem cogitar
do seu lado espiritual. Quando gatos pingados se arvoram nesse sentido, suas
cogitações giram em torno de “Por que existo? ”, “O que estou fazendo aqui? ”,
“De onde vim e para onde vou? ” “Existe vida depois da morte? ”.
Questionamentos desse tipo são de nenhuma importância para o bem-estar pessoal
e, consequentemente, social, porque uma sociedade composta de pessoas infelizes
terá de ser também uma sociedade infeliz como é a insensata sociedade humana,
empacada na cultura insana do ajuntamento de riqueza num lugar e miséria nos
demais lugares por conta da cultura antissocial da competição.
Os
questionamentos diretamente ligados ao bem-estar social devem girar em torno do
porquê de se afirmar mentiras às quais as pessoas são indiferentes em função da
mentalidade paquidérmica da humanidade que nem de longe desconfia da burrada
que é deixar seu destino a cargo de falsos líderes que pelo fato de terem a
mesma mentalidade lhes é negada a percepção de que jamais chegará a bom termo
uma sociedade que tem seus membros perseguindo cada seu bem-estar pessoal e o
social que se dane. O fato inegável de ir a humanidade de mal a pior, deve-se
exclusivamente à recusa de pensar sobre a vida com o mesmo empenho em que pensa
em riqueza. A cultura do enriquecimento que depende da competição, o que
significa a exploração do mais fraco pelo mais forte está tão bem enraizada nos
falsos líderes que eles usam do poder que os liderados lhes conferem em
benefício próprio, razão pela qual eliminam os gatos pingados que por meio da
boa filosofia mostram a realidade de estar tudo errado. A boa filosofia se
nutre de pensamentos voltados a tirar vantagem da capacidade de racionar com a
qual a natureza brindou o ser humano. Pensamentos que levam à conclusões
capazes de fazer com que a vida possa ser agradável do princípio ao fim em vez
de se mostrar agradável apenas durante a imaturidade da juventude. Para a boa
filosofia é mais importante especular sobre o porquê dos sofrimentos do que
sobre a origem da vida ou se ela continua depois da morte, invenção de quem
teme a ideia de deixar de existir por não saber que Schopenhauer lembrou não
haver razão para se temer a inexistência porque o tempo em que ainda não se
existia não incomoda ninguém.
Embora o
instinto de fera ainda presente no ser humano faz com que ele precise matar o
dessemelhante, ele continua matando também o semelhante mesmo sabendo estar
errado quando condena o assassinato. Mas seu lado fera exclui de punibilidade a
matança nas guerras onde o assassinado e o assassino se consideram inimigos sem
nunca terem se visto antes. Não se pode negar haver ainda muita semelhança
entre a vida no mundo irracional e no racional porque como os bichos, também os
homens limitam suas vidas unicamente às atividades de trabalhar, comer, trepar
e cagar, sem se envolverem com a atividade meditativa. A rádio Jovem Pan acaba
de dar um perfeito exemplo de falta de meditação quando um brasileiro morador
dos Estados Unidos elogiava a política do atual presidente da república de
permitir a posse de arma. Dizia o
participante do programa gostar de armas e possuir três delas. Os
apresentadores do programa agradeceram ao participante sem que lhes ocorresse
que tal declaração indica involução civilizatória uma vez que gostar de armas é
o verso da moeda da elevação espiritual. Além disso, não merece aprovação
nenhum presidente da república que condena um método educacional dos jovens que
os estimule a capacidade de racionar e incentive método oposto que a
desestimule, o que faz ao propor educação em colégios militares onde se ensina
a obediência às regras estabelecidas pela política tradicional da competição,
bem como educação religiosa porque, como afirmava Lutero, a religiosidade
dispensa a razão por bastar-se a si mesma como orientadora do comportamento
humano. Como se vê, tais insanidade trouxeram o mundo à infelicidade em que se
encontra.
Como se
pode perceber, é tudo apenas uma questão de pensar em algo que não seja
dinheiro. Inté.
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