segunda-feira, 28 de junho de 2021

ARENGA 594

“A respeito dos embustes dos milagres, frutos tanto da indisposição em raciocinar quanto da incapacidade de superar a crendice da qual resulta o medo da infundada ameaça do pecado, o filósofo Robert Green Ingersol levanta a interessante questão a respeito de milagres: Se Cristo tinha por objetivo provar o poder de deus, nada mais precisava fazer do que se apresentar perante seus algozes depois de ressuscitado, trazendo consigo Lázaro e o filho da viúva também revividos depois de mortos. Desta maneira, teria calado definitivamente os opositores visto ser inteiramente impossível contestar um poder capaz de trazer mortos de volta à vida. Como é a enganação a base da religiosidade, ela não admite raciocinar logicamente sobre seus alegados mistérios porque se eles forem encarados sem o tapa-olho da crendice mostrar-se-ão sem fundamento algum. Veja-se, por exemplo, que nenhuma lógica há na exigência de deus em ser amado (Lucas 4:8 – Salmos 100:2 – 150:1,6) porque o amor não pode ser uma obrigação, exigido, imposto, é espontâneo. Da mesma forma, o porquê de deus gostar de sangue e pedaços de animais esquartejados (Gênesis 15:9), (Êxodo 29: 20,21,22). E Nem se pode explicar como podia deus, apesar de onisciente, não saber que ia dar errado a criação dos homens para que viesse depois se arrepender de tê-los criado e afogá-los no dilúvio, se o arrependimento só acontece porque se desconhece o resultado do ato a ser praticado. Na baboseira do livre arbítrio, então, a inconsequência aflora pelos poros ante o raciocínio de não haver outra via para merecer as graças divinas senão puxar o saco de deus. Não há limite para os contrassensos da religiosidade. Raciocinar sobre o que diz Allan Kardec, de que a bondade de deus não permitiria que ele criasse o mal, sendo este, portanto, criação do próprio homem, leva à conclusão de ter o homem imposto sua vontade sobre a vontade de deus. A ser desse jeito, se deus não queria o mal e o homem o quis e pôs em prática é porque o homem se impôs à vontade de deus, o que é inaceitável para quem como Alan Kardec pensa que deus existe.”

Com alguma diferença que não altera o sentido, este foi um comentário que fiz sobre matéria publicada no jornal Le Monde Diplomatique Brasil onde havia referência ao milagre da ressurreição de Lázaro, mas que foi censurado porque na cultura capitalista, como bem observou Orwell, a verdade representa ato revolucionário. Como revolução implica em mudança, o que não interessa aos ricos donos do mundo, não se pode falar a verdade. 

Decorrem coisas do arco da velha em consequência da necessidade de esconder a verdade. Se a humanidade fosse capaz de raciocinar sobre as informações nas quais fundamenta seu comportamento descobriria ser vítima de ludíbrios que se evitados muitos sofrimentos deixariam de existir.

Não questionar é contraditório com a capacidade de raciocinar. Por não raciocinar é que se dialoga com estátuas, compra feijão santo, água milagrosa e se festeja quando o momento exige muita cautela face às perspectivas negativas de futuro.

Não se pode deixar de questionar o fato de jovens aculturados serem alçados às alturas na estima coletiva por habilidades esportivas enquanto pensadores que contribuem com o desenvolvimento civilizatório do homem são ignorados e mesmo perseguidos a exemplo de Marx, Paulo Freire e tantos outros. Da mesma forma, ser a única preocupação dos seres humanos em relação à atividade de viver resumida ao aspecto material e de forma tão equivocada que torna o meio ambiente impróprio à vida para construir riqueza se para viver bem não não é preciso riqueza. Nem se deve negligenciar a realidade vivida de aparatos destinados a cultos religiosos, gastos astronômicos em armas quando basta observar o ensinamento de Cristo e dos Grandes Mestres do Saber para se concluir serem totalmente desnecessários. Nem se deve deixar de questionar porquê de ter a população de bancar  de desembolsar imensas fortunas além do custo para enriquecer quem lhe fornece as coisas necessárias como águe, luz, moradia, remédios etc. Nem se deve ignorar o erro existente em deixar a juventude por inocência encarar a velhice como algo repugnante que não lhe acontecerá jamais.

É por não pensar que a vida humana não difere da vida de bicho na qual inexiste atividade mental. Nem intelectuais deixam "escorregar" pelo fato de não pensado melhor sobre o que diz. Ana Cláudia Quintana de Arantes, por exemplo, no livro A Morte É Um Dia Que Vale A Pena Viver, Pág. 88, diz que o amor é que traz alguém à vida, quando o que traz alguém à vida é o relacionamento sexual que independe de amor como acontece no estupro e entre os bichos. Também em equívoco por não ter meditado incorreu Abrão em Êxodo 32:22 ao afirmar ser o povo propenso ao mal, o que não é verdade. Segundo mestre Platão, o comportamento do adulto resulta da orientação dada à criança pela educação. Aqui, sim, explode a sabedoria. O povo poderia ser sábio e bom se tais sentimentos lhe fossem ensinados em criança. Se é mau, como é, deve-se a não aprender quando criança os sentimentos de nobreza de espírito e a necessidade de tratar os outros do jeito que queremos ser tratados como ensinado por líderes verdadeiros como Cristo, Marx, Paulo Freire, entre outros.  



sexta-feira, 18 de junho de 2021

ARENGA 593

 

          Dia desses eu comentava em nossa melhor fonte local de informação, o jornal Tribuna da Bahia, uma das muitas notícias sobre os também muitos descalabros que infelicitam nossa medíocre sociedade de religiosos torcedores e carnavalescos, cabendo ressaltar, todavia, que estupidez e mediocridade não são privilégios da nossa republiqueta de banana apaixonada pelo “American Way of Life” uma vez que também nas sociedades consideradas superiores ocorre a mesma ausência de sentimentos nobres que distinguem o homem da fera. O fato de se fundamentar na riqueza material a “superioridade” das sociedades supostamente superiores torna inevitável a brutalidade e mesquinhez inerentes ao enriquecimento. Por força dessa circunstância, desconhecem o sentimento de irmandade que caracteriza uma sociedade realmente civilizada que até o momento não passa de utopia.

Na página 170 do livro História da Riqueza do Homem, do escritor Leo Huberman, tem duas pequenas amostras dos métodos que fizeram holandeses e ingleses os povos mais “civilizados” do século XVII e que põem abaixo a máscara de civilizados que eles ostentam idiotamente. São do seguinte teor: “Para conquistar Malaca, os holandeses subornaram o governador português. Ele os deixou entrar na cidade em 1641. Correram à sua casa e o assassinaram para “abster-se” do pagamento de 21.875 libras, o preço da traição. Onde punham o pé, provocavam a devastação e o despovoamento. Banjuwangi, província de Java, tinha em 1750 mais de 80.000 habitantes, em 1811 apenas 18.000”. “Na Índia em 1769-1770 milhares de nativos morreram de fome porque os ingleses haviam comprado todo o arroz e só vendiam a preços tão altos que os nativos não podiam comprar”. Mas a selvageria que justifica o dito de que por trás de toda grande fortuna há um ladrão não ficou para atrás. Acompanha a humanidade e atualmente se apresenta a pleno vapor na querela entre China e Estados Unidos disputando o troféu de troglodita espiritual mais rico.

Mas, como dizíamos entes de enveredar por outros pensamentos, falávamos do comentário na Tribuna da Bahia, quando então eu disse algo que não me saiu mais da cabeça: “Que mundo que fizeram do nosso mundo!” – disse eu. Realmente. É uma pena o que fizeram do nosso mundo. Tornaram-no impróprio de seres civilizados porque ao se procurar saber como tem se comportando a humanidade ao longo de sua história percebe ser insano seu comportamento, pelas seguintes razões:

 Da atividade econômica resultou a insanidade de apenas um por cento dos seres humanos terem se apossado de noventa e nove por cento da riqueza que devia ser utilizada em benefício dos cem por cento que integram a coletividade humana.   

E não fica por aí a insanidade humana. Não leva mais a conclusões inteligentes a atividade meditativa ou filosófica que fez dos gregos o povo mais evoluído espiritualmente do seu tampo, haja vista a baixa qualidade de vida da sociedade moderna. O raciocínio inteligente que levou os pensadores gregos a procurar coerência nas informações desapareceu de forma tão espetacular que na página 139 do livro História da Filosofia, de James Garvey e Jeremy Stangroom, consta que um senhor chamado Agostinho de Hipona, tido como o primeiro filósofo cristão, foi terrivelmente martirizado pelo arrependimento de ter-se deixado levar por uma invejável disposição sexual que o fez desfrutar das sublimes delícias guardadas no entre pernas das mulheres. É ou não é loucura total transformar em sofrimento lembranças que devem trazer prazerosas recordações de momentos tão verdadeiramente sublimes?

E tem mais: do ponto de vista da religiosidade, então, nem é bom falar.  Despreza-se a razão e se contenta com informações oriundas de crendices sem fundamento. Baseada a religiosidade num livro chamado Bíblia Sagrada, que apesar de considerado fonte de sabedoria inesgotável é, na verdade, um registro de guerras, assassinatos, inclusive em homenagem ao deus que não obstante de infinita sabedoria, faz questão de elogios, aplausos e louvação, como um reles político que gasta em propaganda de si próprio o dinheiro que estupidamente a massa bruta de povo entrega em suas mãos na esperança de ser usado em prol de bem-estar coletivo.

Do ponto de vista da vida social, a insanidade humana faz com que trabalhadores que prestam relevantes serviços à comunidade vivam em condições infinitamente inferiores a parasitas cujo nível intelectual corresponde ao de Baltazar da Rocha lendo o livro O Ultimato de Caxias, no programa humorístico A Praça da Alegria, apresentado por Manoel da Nóbrega.

No que diz respeito à ciência, vemos o cientista mais renomado, Albert Einstein afirmar que a ciência e a religiosidade se completam, não obstante ter a ciência derrubado a tese defendida a ferro e fogo pela religiosidade de que a Terra era quadrada e que a Peste Negra provinha de bruxaria. Ou o grande cientista não disse tamanha bobagem ou tinha tomado umas e outras para incorrer no disparate de afirmar que religião e ciência se complementam quando se sabe serem coisas opostas visto que a religiosidade se baseia em crendice e a ciência em fatos. 

Como ponderações vindas de um Zé Mané devem se fazer acompanhar do testemunho de alguém intelectualmente nobre, transcrevemos este trecho do livro Falando Francamente, do doutor Vinicius Bittencourt: “O flagelo da humanidade não é a peste, a guerra, a fome, a idolatria, a corrupção ou o crime. O flagelo da humanidade é a ignorância. Sem ela, essas calamidades não existiriam ou seriam drasticamente reduzidas. Apesar disso, o homem foge dos livros como o diabo da cruz. Reencarnando os párias, os impuros ou os intocáveis da velha Índia, nossos professores vivem na miséria. Os rebentos das classes abastadas desperdiçam o tempo com televisão e jogos eletrônicos. Os das classes pobres não têm livros, escolas, professores, nem motivação para estudar. Por toda parte alastra-se a ignorância. E nela se cevam os políticos, os curandeiros, os pastores de almas, os publicitários, a mídia eletrônica, a corrupção e o crime. A peste não existe onde há saneamento básico, assepsia, higiene. Na Idade Média, entretanto, a peste era atribuída a sortilégio e combatida com exorcismos. Em vez de matar os micróbios, cuja existência desconheciam, nossos antepassados matavam as feiticeiras. A guerra seria evitável se os povos não fossem ignorantes. Como disse Frederico, o Grande, se os soldados raciocinassem, abandonariam o comandante na primeira esquina. A fome não ocorre onde não há latifúndios improdutivos ou explosão demográfica. O fanatismo desaparece quando a sabedoria arranca a máscara dos ídolos ou sacode seus pés de barro. A corrupção elimina-se com a vigilância, a efetiva aplicação das leis e a transparência dos atos administrativos”.

 O que se vê e se tem na realidade justifica a observação de que a evolução espiritual priva de tudo que faz a alegria do povo porque ser alegre em meio à insensata estupidez em que chafurda a humanidade significa estado de completa demência.

 

 

sábado, 5 de junho de 2021

ARENGA 592

 

Só não se pode achar que são mentiras as façanhas que o doutor Eduardo Moreira atribui a si mesmo no importantíssimo livro O Que Os Donos Do Poder Não Querem Que Você Saiba por serem tais façanhas, apesar da grandiosidade, corroboradas tanto pelos doutores Jessé Souza e Márcio Calvet Neves nos prefácio e posfácio de outro grandioso livro do mesmo incrível doutor Eduardo Moreira, denominado Desigualdade, quanto pelos próprios livros cujo extraordinário conteúdo é imprescindível para que se possa prevenir contra a canalhice dos bancos que não obstante o endeusamento que papagaios de microfone fazem deles, extorquem impiedosamente quem conseguiu a duras penas poupar algum dinheirinho suado e precisando protegê-lo da corrosão inflacionária, cai na rede da ganância perversa dos malditos banqueiros. Um exemplo das muitas sacanagens contra os desavisados poupadores está nas páginas 35 e 36 do livro O Que Os Donos Do Poder Não Querem Que Você Saiba: “... imagine que a taxa básica de juros da economia brasileira seja de 12% e a inflação seja de 7%- a taxa de juros real é de 5%. Quando você investe em um título de capitalização de um banco, ele lhe paga os 7% desse nosso exemplo, referentes à inflação. E, com os 5% que sobram, compra alguns ou bilhetes de loteria para sortear entre os desinformados compradores dos títulos. E todo o resto do dinheiro embolsa como lucro. Títulos de capitalização não são investimentos, são sorteios da pior qualidade!”

Se a existência de seres humanos bons anula a tese de ser mau por natureza o ser humano, a maldade só pode ser aprendida. E é o que realmente acontece. Assim como no papel em branco se escrevem frases sublimes de grande sabedoria ou pornografias e baixarias apropriadas para “famosos” e “celebridades”, também no cérebro ainda em branco do recém-nascido podem ser registrados ensinamentos dos quais tanto pode resultar comportamentos adequados à formação de uma sociedade civilizada quanto de uma sociedade bárbara como é a sociedade humana sempre em guerras.

Partindo deste princípio reconhecido por Platão e conformado por Shakespeare (O destino que a educação inicia uma criança decidirá o seu destino). Como às crianças são ensinadas mentiras e a mentira nada constrói de bom e sólido, adultos que foram crianças que aprendera mentiras terão mentiras por verdade e nada melhor para ilustrar esta realidade do que a religiosidade que blinda a mente contra a entrada da verdade e torna o religioso um verdadeiro burro de carroça cujo tapa-olho não permite enxergar nada fora do caminho.

Tive oportunidade de vivenciar recentemente uma bela experiência nesse sentido: ao contestar a religiosidade de um doutor, argumentou alguém ser religiosa a maioria absoluta dos seres humanos. Entretanto, o fato de ser uma mentira considera verdade, mesmo que pela humanidade inteira, não quer dizer que seja verdade. Para a humanidade de outra época era verdade a mentira de que a Terra fosse quadrada.

A religiosidade, na verdade, faz à humanidade um grande mal que só pode ser reparado com a extinção ou da religiosidade ou da humanidade. Da influência maligna da religiosidade não escapam nem mesmo os cérebros mais brilhantes como o de Einstein, que apesar de não admitir deus, admitiu a existência de uma força superior desconhecida, quando a verdade é que por si mesma a natureza tanto cria quanto transforma independentemente de intervenção inteligente porque inexiste inteligência na natureza. Como manada estourada, a natureza segue seu rumo tanto criando curas quanto cânceres, bosta, crianças saudáveis, sem cérebro ou siameses.

O poder da crendice da religiosidade não poupou também o nosso doutor Eduardo Moreira ao afirmar haver sabedoria na bíblia. Como sabedoria se lá há regras para a escravidão (Êxodo 21:2,16 e Deuteronômio 15:12-18)? Se a criação divina é posta abaixo pela ciência? Que sabedoria pode haver em “Tudo o que é já foi, e tudo o que será também já foi”? (Eclesiastes 3:15). Onde estaria a sabedoria em recomendar em Deuteronômio 19:21 a pena de Talião para contradizer em Mateus 5:38 recomendando oferecer a outra face?

Dar-se-ia infinitamente melhor estaria a humanidade abandonando deus e cuidando de fiscalizar o que está sendo feito com o erário porque ele é o único responsável pala existência do bem-estar social. Além do mais, egoisticamente, religiosos só se preocupam consigo mesmos. Com o necessitado descarrega sua consciência na esmola. Seu egoísmo aparece na certeza de uma vida feliz ao lado de deus, na verdade uma vida da qual se deve fugir porque se resume em orações e nada de mulher prá trepar e uísque prá tomar.