A aprovação pelo senado de
projeto que criminaliza juízes e promotores por abuso de autoridade de, não
fosse a indiferença do povo às questões políticas, teria consequências
inimagináveis por ser uma bofetada na cara da sociedade já calejada de tanto
apanhar. É uma total inversão de valores. Futuras vítimas de condenações pela
Lava Jato, as “autoridades”, contrariando toda a população ansiosa por ver na
cadeia os ladrões do povo, aprovam um projeto capaz de tornar bandido o
mocinho. Como povo existe para ter o rabo esfolado, continuará mais interessado
nas trepadas de Neymar do que nesta nova esfolada de rabo. A imprensa dá a
dica, mas o povo não entende porque a própria imprensa o torna tão mentalmente
débil que prefere saber do mundo vulgar dos “famosos” e das “celebridades”, ainda
que diante da falência do sistema econômico anunciado pelo economista Ladislau
Dowbor em entrevista ao blog Outras Palavras.
Nesta entrevista, o grande economista pergunta: (“Como superar um
sistema econômico falido?”). Qualquer pessoa sensata chegará à resposta de
ser impraticável a deterioração de uma economia que tem por objetivo tornar os
pobres mais pobres e os ricos mais ricos. A imprensa noticia também que os
bilionários do agribiuzinesse sonegam bilhões em impostos e a ninguém é dado o
direito de saber que a roubalheira e o desperdício e não apenas a previdência
social é a causa da falta de dinheiro. Para salvaguardar a impunidade, os ladrões
do colarinho branco acusarão de abuso de poder os representantes da justiça se denunciarem
seus crimes contra os apreciadores de igreja, axé e futebola. Dentro deste sistema
cultural não pode haver salvação. Portanto, os pais que cuidem de ensinar a
seus filhos a necessidade de pensar também na atividade de viver porque isto
que está aí vai dar em cabeças cepadas fora do corpo, e suas crianças poderão
estar entre os cepadores de cabeça ou os de cabeça cepada.
O que não faltam são motivos sobre os quais se debruçar para refletir. Consultando
a imprensa percebe-se que as notícias giram em torno de crimes praticados
exatamente por pessoas encarregadas de zelar pela ordem pública. Ante tal
realidade, como pode a juventude ser indiferente a tais coisas, se disto
depende seu futuro? É necessário repetir à exaustão de não se poder abrir mão
de se dedicar algum tempo à meditação sobre a realidade de se encontrarem os
seres humanos ainda na imaturidade, o que absolutamente não se justifica, mas
que esta distorção só poderá ser corrigida por meio da atividade de pensar e
tirar conclusões. Como dizem pelaí, nunca é tarde para começar. Inté.