sábado, 27 de dezembro de 2014

ARENGA SETENTA E NOVE


Houve época em que a noção de realidade era totalmente desconhecida e os seres brutos daquela época acreditavam contar com o poder de forças misteriosas para ajudá-los a realizar seus desejos. O pouco desenvolvimento cerebral que limitava a capacidade de abstração fazia com que procurassem demonstrar materialmente às forças ocultas de quem esperavam um favor a necessidade que os levava a recorrer a elas. Sendo a comida a maior de todas as necessidades, pintavam animais sendo abatidos com sucesso como forma de mensagem às entidades misteriosas. Pois, apesar da grande distância do tempo em que se pensava assim, ainda assim se pensa porque ainda se vive fora da realidade. É como se existissem um mundo real, esse sobre o qual nos encontramos com os pés em cima dele, e um mundo de fantasias, no qual, sem saber, os enchedores de igrejas e de latrinas vivem separados da realidade. Quando abarrotam as casas de Deus em busca de proteção, não fazem outra coisa senão apelar para as mesmas forças ocultas e misteriosas das quais os bobos antigos esperavam obter proteção e a quem os bobos atuais chamam de primitivos. Entretanto, da crendice dos primitivos não decorria prejuízo para sua sociedade, o que, evidentemente, não acontece com a cretinice da crendice dos enchedores de igrejas e de saco com suas repetições enfadonhas e sem sentido das expressões “graças a Deus”, “se Deus quiser”, “fique com Deus”, “vá com Deus”. O estranho nisso tudo é não perceber que os lugares de maior religiosidade, onde mais apelos são feitos a Deus, são também os lugares onde há mais pobreza e desconhecimento até de noções de higiene, condições que propiciam a incidências de doenças e maior infelicidade a cada dia.

A incapacidade de pensar e refletir sobre a melhor forma de conduzir a vida faz com que a parte dos seres humanos não pensantes espere que seu bem-estar lhe seja dado pelas divindades, enquanto a outra parte espera alcançá-lo  pelo dinheiro. Como o bem-estar não pode ser encontrado por nenhum destes dois processos, o resultado é uma sociedade humana tão desumana que o país mais poderoso do mundo é também onde há o maior número de pessoas encarceradas sem culpa alguma porque à sociedade dos brutos “civilizados” cabe toda a culpa do sofrimento não só de quem amargura a perda da liberdade, mas também de todo o sofrimento do mundo porque a cultura até agora cultivada induz a erro, razão pela qual a sociedade é a única culpada pela existência de cárceres cheios e de latrinas cheias. Se qualquer zemané sabe que um adulto é o resultado da criança que foi, não tem justificativa para culpar por crimes quem foi criança aprendendo a ser criminoso e violento desde antes de nascer, quando sua mãe era bombardeada por emoções provenientes de cenas violentas de crimes, emoções negativas transmitidas àquela criança que agora tem as ruas por escola e a sarjeta como cama e mesa. Desse modo, de nada adianta montar um aparato policial dispendioso contra a violência porque ela está enraizada na personalidade de cada um dos bichos em que a sociedade transforma suas crianças dando-lhes por ídolos brutamontes físicos e brutamontes mentais transformados em “famosos” e “celebridades”, o que equivale a pregar para estas crianças o caminho mais fácil e menos digno como o melhor caminho a ser caminhado. Por ter passado da fase da sensualidade, atributo mais valorizado no mundo da cultura televisiva, importante atriz acaba de declarar que naquele mundo o sucesso depende de usar saia curta. Na verdade, os comportamentos valorizados pela sociedade são falsos e impedientes da elevação espiritual porque a preocupação é desenvolver os músculos, principalmente na bunda das mulheres. Como as feras que precisam de músculos para sobreviver,  a sociedade americana estimulou o pobre de espírito Cassius Clay a viver tomando e dando socos e hoje ele tem como consequência riqueza e mal de Parkinson como resultado. A preferência pelas coisas erradas leva os enchedores de igrejas e de latrinas à certeza de que os deserdados de dignidade são assim por sua própria vontade. Quem mandou eles não observarem direitinho o livre arbítrio? Cegos de todos os tipos de cegueira, os frequentadores de igrejas, axé e futebola são incapazes de perceber que essa história de livre arbítrio nada mais é do que uma grande covardia atrás da qual se esconde a irresponsabilidade pelo comportamento monstruoso de ser indiferente às crianças desamparadas.

A desorganização social é resultado do casamento entre a religião e a politicagem. Desta união maligna resultou o aborto de todos os males que afligem a humanidade porquanto estas duas instituições tem a mentira por base. Como toda mentira é substituída um dia pela verdade, e como nenhuma construção fica em pé sem uma base, quando a verdade destruir a mentira que forma a base da politicagem e da religiosidade todo o sistema de organização social virá abaixo. Quem disse isso foi quem sabe muitíssimo bem das coisas a esse respeito e não foi outra coisa que disse o governador de São Paulo quando afirmou que quando a verdade aparecer faltará guilhotina na praça. É uma situação insustentável a longo prazo, mas que as pessoas encaram como eterna e imutável em sua incapacidade de analisar as informações recebidas tanto da religião quanto da politicagem. Quem se dispuser a observar perceberá a impossibilidade de se alcançar posição social cômoda face ao antagonismo resultante de uma situação em que os ricos não podem ter sossego com medo de serem roubados, enquanto os pobres também não tem sossego pelos tormentos da pobreza e da tentação de roubar a riqueza dos ricos. Tal tem sido o modo de vida dos seres humanos que só deixarão de proceder como cupins devoradores de tudo, até da preciosa paz de espírito, quando a juventude transferir a atenção do telefone para o tipo de futuro que está sendo preparado para seus filhos.

A contraposição entre a realidade e o que se acredita ser a realidade é a razão pela qual a humanidade é incapaz de acertar o passo no rumo de um destino melhor. Continuar seguindo no mesmo caminho equivale a cavar a própria sepultura e não pode estar em paz quem abre o buraco onde vai ser enterrado. A ignorância que leva os bichos humanos a se acharem tão sábios a ponto de saberem como foram feitas as coisas que existem juntamente conosco no universo é sobeja demonstração de total desconhecimento de tudo. É tão grande o descompasso entre o modo violento de se viver e a aspiração de viver em paz alimentada pelos seres humanos capazes de raciocinar, coisa que não faz muita gente socialmente importante que até escrevem livros afirmando serem necessárias as guerras.

O Natal é mais uma confirmação do distanciamento da realidade da vida e os vários tipos de “faz de conta” em que se vive.  Há um faz de conta que os administradores empregam o dinheiro público em benefício da sociedade. Há um faz de conta que a felicidade está no céu, onde só se chega depois de passar a vida produzindo a riqueza que os pobres de espírito vão mostrar na revista Forbes. Há um faz de conta que pobres não precisam ser levados em consideração, e há outro faz de conta de que o vigor da juventude é eterno. Outro faz de conta adotado estupidamente pela humanidade é o Natal. Finge-se exortar a irmandade entre as pessoas, quando é a maior demonstração de desumanidade, ignorância, maldade e burrice, uma vez que se trata apenas de atender à necessidade nefasta de quem acumula riqueza ao custo da destruição da natureza. Não pode haver perversidade maior do que fazer zonzeira na cabeça em formação das criancinhas inocentes fazendo-as crer na mentira de Papai-Noel. O verdadeiro espírito de Natal pode ser conhecido numa matéria da redação do blog Outras Palavras intitulada A FANTÁSTICA FÁBRICA DE PAPAI-NOEL. Ali fica demonstrado o papel de idiota que fazem os enchedores de lojas e de latrinas ao tornar ainda mais tristes as pobres crianças pobres a quem esse merda de Papai Noel não leva presente.

Não se pode viver de ilusões e esta é a razão pela qual se vive mal. Tanto está errado quem entrega seu destino ao poder das divindades ou do dinheiro. Tanto as divindades quanto o ajuntamento de dinheiro desvia a atenção do procedimento correto para que se instale o bem-estar social impossível de existir enquanto houver quem busque um bem-estar individual. Só pode haver bem-estar coletivo. Enquanto houver quem não tenha direito a nada, destinado a apenas assistir uns gatos pingados terem direito a tudo, só a falta de raciocínio não deixa perceber em tal situação é na verdade um gerador de inveja que provoca o ressentimento proveniente do instinto de imitação inerente à personalidade do macaco que ainda predomina nos enchedores de latrinas e que os leva a embarcarem para Me Ame a fim de atender ao “ir às compras” ordenado pelo Mercado sob um manto de sacralidade envolvendo um senhor chamado Jesus Cristo cuja existência está sendo negada por um historiador, o que deixará com cara de marmota os bobalhões que celebram o nascimento de quem não nasceu.

Ao impor a desnecessidade de pensar, atrofiando a atividade mental, a religião torna as pessoas tão “inocentes” que nem lhes permite discernimento para perceber coisas simples como o fato de não poder a chuva chover apenas porque as pessoas precisam de chuva. A chuva só chove quando acontece de acontecer a simultaneidade de condições atmosféricas que fazem condensar as partículas de água em suspensão para formar gotas cujo peso as faz cair, se é que me lembro da lição que o professor Movér me deu. Pode o homem dar uma “ajudinha” à natureza fornecendo-lhe algum dos ingredientes químicos necessários para promover o ajuntamento das gotículas. Entretanto, só o afastamento da realidade justifica o seguinte comportamento de bruxaria noticiado na imprensa: “Rituais, orações e oferendas são feitos para 'chamar' chuva em SP”.

Esse é o tipo de mentalidade que dita o rumo da humanidade, e o resultado é cepar cabeças fora do corpo a fim de fazer bonito perante Deus. A cultura da mentira, do roubo e da desfaçatez do “faz de conta” é a forma na qual é moldada a personalidades das pessoas tidas como as mais importantes do mundo, razão pela qual o mundo não poderia estar mais esculhambado. Tão esculhambado que as pessoas de menos valor são as consideradas de maior valor. Nenhum valor para a sociedade tem os ajuntadores de riqueza. O emprego que justifica a aceitação do ajuntador de riqueza não passa de grande engodo porque só beneficia à sua riqueza. No ajuntamento de riqueza há esperteza em vez de sabedoria. A sabedoria está na sensatez de acomodar no mundo atual de modo diferente dos tempos em que as populações dos antigos reinos eram contadas em termos de milhares, quando a posse de riqueza talvez fosse menos perniciosa à sociedade do que atualmente quando as populações são contadas em milhões, o que exige uma forma de comportamento diferente porque quando chega mais gente é necessário comer o feijão com mais água. O cabresto colocado na humanidade faz com que as pessoas sigam obedientemente ordens transmitidas do além desde os tempos em que o além era o único lugar para se apelar. Quando o ser humano alcança algo desejado e pela qual tenha lutado com garra, atribui a Deus o seu sucesso. A uma espantosa incapacidade a religião reduziu a humanidade ao ensinar que a vida depende da vontade de forças divinas, inutilizando a busca da verdade pela curiosidade inata no ser humano.

Cá entre nós, a verdade sobre estas coisas às quais a juventude ignora e que são a causa de toda a dificuldade em se viver com dignidade está demonstrada numa reportagem que a jornalista Inês Castilho, publicou no blog Outras Palavras, matéria intitulada UMA ALTERNATIVA AO AJUSTE FISCAL, sobre um debate entre os economistas Ladislau Dowbor, Marco Antonio Cintra, Claudio Fernandes e Antonio Martins. Apenas três frases pronunciadas durante o debate dão prova da injustiça praticada por conta da ganância animalesca de brutos ajuntadores de riqueza que para satisfação de sua avareza arruínam o futuro da juventude ao fazê-la crer em sua incapacidade face à superioridade da capacidade divina, quando, na realidade, segundo observação de pessoas mais inteligentes e preparadas do que qualquer brutamontes ajuntador de dinheiro, nunca houve qualquer proteção fora da que podemos nos dar a nós mesmos contra as adversidades constantes que a natureza nos impõe. Por outro lado, além das adversidades naturais como as doenças e a velhice, o próprio ser humano cria outras tantas dificuldades para si mesmo em virtude do desconhecimento do lado nobre da vida, o lado espiritual, sem o qual não se diferencia dos irracionais. Nenhuma diferença há entre uma fera rosnando para defender a caça abatida e a expressão de euforia daquele jovem empresário com olhos esbugalhados anunciando na revista que sua empresa dobra a cada dez anos, mas que ele quer é ainda muito mais. É este o enfoque que os ignorantes de sociabilidade dão à vida como se pode ver nas três frases citadas no debate entre os economistas, que são as seguintes:

Vinte e cinco a trinta por cento do lucro mundial do banco Santander vem do Brasil.

O banco HSBC cobra das empresas 40,36% no Brasil e 7,86 no Reino Unido.

Há 519,5 bilhões de dólares de dinheiro do Brasil em paraísos fiscais.

Aí estão as verdadeiras causa do choro no corredor do hospital que os bobos atribuem ao livre-arbítrio. Inté.

 

 

 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

ARENGA SETENTA E OITO


Enquanto a juventude inculta e socialmente inútil, como ruminante, mastiga sem parar uma borracha açucarada prejudicial à saúde, ao tempo em que futuca telefone, mama veneno nas latas de todos os tipos de garapa conservada com produtos nocivos à saúde que os jovens denominam carinhosamente de refri, e ainda por cima se afundam no mundo das drogas, prejudicando a saúde que vai buscar nas academias onde acaba por prejudicá-la ainda mais, impossibilitando uma velhice menos turbulenta. É ou não é esse o perfil da juventude? E o pior é que tal debilidade se aprofunda cada vez mais a cada nova geração, o que se percebe pelo comportamento cada vez mais desinteligente dos jovens incapazes de pensar sobre a vida de bicho que vive a fim de descobrir a necessidade de superar tanta mediocridade espiritual. O Mestre do Saber, Einstein, afirmou do alto de sua sabedoria que uma força magnética é responsável pelo universo. Desse mesmo modo, também a força do dinamismo jovem é responsável pela sociedade. Quando a juventude é do tipo da nossa juventude, um ajuntamento de ruminantes, a sociedade fica do jeito que vou contar: Aqui em nossa cidade das poluições sonora e olfativa, e das caçadas intransitáveis, sem que nenhum jovem faça o que alguns gatos pingados e eu fizemos indo ao Ministério Público pedir proteção contra os males provenientes do esgoto sobre o asfalto e do barulho que entre outras coisas provoca envelhecimento precoce, nervosismo, ressecamento da pele e impotência sexual, males indiferentes à juventude futucadora de telefone que pelo fato de não ler não toma conhecimento deles. Se lessem, com absoluta certeza não viveriam no mundo medíocre dos “famosos” e das “celebridades” que na verdade não prestam para nada. A pouca estatura espiritual dos jovens os leva a sentir interesse pela biografia de parasitas que eles transformam em deuses sem nem de longe imaginar tratar-se de armadilha para manter na mediocridade sua capacidade de pensar um pouco mais elevado.

Como consequência desta baixeza espiritual dos jovens, nossa sociedade se encontra tão ruim que produz situações como a que vou contar. Nesta cidade fedorenta e barulhenta fui diagnosticado por um oftalmologista como necessitado de ser operado de catarata nos dois olhos. Como um amigo me aconselhou a procurar o doutor Rui Cunha, segui a sugestão por desconhecer que também é pastor aquele médico, e ele confirmou a necessidade da operação. Como a observação da vida ensina a pensar, consultei um terceiro oftalmologista, o doutor Hugo Vieira Matos, que concluiu pela desnecessidade de me submeter a uma cirurgia pelo menos por um ano, inclusive assinou um atestado nesse sentido. Confuso, resolvi consultar um desempatador e escolhi ninguém menos do que o doutor Roberto Abucham, mestre dos mestres nesse assunto lá em São Paulo e ele concluiu também pela desnecessidade até nova avaliação daqui a oito meses, como consta do laudo por ele assinado, confirmando o que disse o nosso doutor Hugo Vieira Matos em sua discreta eficiência.

Fatos como este constituem verdadeiros desmandos sociais aceitos pela juventude porque ela se enquadra perfeitamente na qualificação do Grande Mestre do Saber Leonardo da Vice ao afirmar que todos aqueles que se submetem a desmandos não passam de condutores de comida, sendo latrinas cheias a única marca que deixam de sua passagem pelo mundo. Realmente, só mesmo sendo um enchedor de latrina para ser indiferente à transformação da saúde em negócios de mercado. O fato de médicos indicando cirurgias desnecessárias demonstra uma desarrumação social tão grande que dela não se pode esperar nada que preste. Não tem tamanho o absurdo de um sistema educacional que ensina médicos a antecipar uma cirurgia nos olhos de alguém apenas para apressar o recebimento do dinheiro que ele só receberia bem mais adiante quando o paciente necessitasse de verdade ser submetido ao procedimento cirúrgico. A saúde é o bem maior que se pode ter, mas virou presa do mostro insaciável conhecido por Mercado. A venda indiscriminada de remédios, na busca de riqueza, vai provocar a morte de dez milhões de pessoas até a metade do século, em função da resistência que estes remédios dão às doenças. A incapacidade de pensar, entretanto, não permite aos jovens imbecilizados concluir que um destes dez milhões pode ser o filho para o qual ele projeta um baita futurão. Não precisa ser esperto, bastando não ser desesperto para perceber como estará o ambiente quando as crianças de hoje estiverem sob sua responsabilidade. Um futuro que nem o capeta quer terá uma sociedade cuja juventude se apoia numa muleta da necessidade de riqueza e noutra do desprezo pela sociabilidade que leva um ser humano a ser visto por outro ser humano como um objeto que pode ser prejudicado por uma intervenção cirúrgica desnecessária apenas para que o cirurgião ganhe dinheiro.

Como denominar de educacional um sistema que forma médicos mercenários, sendo eles as pessoas responsáveis pela nossa saúde? Tais médicos penduraram o juramento de Hipócrates junto às latrinas que vão deixar bem cheias como única prova de sua passagem pelo mundo. Infelizmente, estamos nesse ponto enquanto os responsáveis pela força que sustenta a sociedade ruminam veneno e futucam telefone indiferentes a tudo. Quando acontece de um jovem pensar, pensa errado. Lá na cidade de São Paulo, enquanto cheirava fumaça e aguardava minha vez de ser atendido, ouvi um jovem pai conversar com uma jovem mãe sobre filhos e drogas e ele dizia que procurava observar se seu filho chegava com cheiro estranho, enquanto sua interlocutora, na mesma linha, também dizia sandices a respeito de um assunto muito sério como é o assunto das drogas, incapazes de ir além dos aspectos proibitivo e punitivo pela influência da cultura religiosa que ensina a desnecessidade de pensar, bastando acreditar. Este procedimento enviesado a todos afeta independentemente de sua crença ou descrença. No caso das drogas, por exemplo, Aqueles jovens pais se ligavam apenas na materialidade, sem noção dos subterfúgios em torno dos quais gira o mundo das drogas. Pela segunda vez, creio, na tentativa de mostrar aos jovens pais a necessidade de parar um pouco e observar se não há alguma coisa esquisita no fato de vivermos matando e morrendo em vez de sermos gratos e afáveis com nossos semelhantes uma vez que não podemos viver senão na dependência mútua.  Quem não pensa não pode perceber a existência de um desânimo, que embora inconsciente, deixa nos jovens uma frustração desalentadora por terem sido reduzidos às mesmas atividades dos irracionais de apenas trabalhar, comer, cagar e trepar, atividades para as quais não é necessário pensar. Como é da essência do ser humano o exercício do pensamento, a supressão desta atividade mental produz uma sensação desagradável de vazio que leva a buscar refúgio nas drogas. Só mesmo a falta de análise a respeito justifica tratar este problema como assunto de polícia. Não é a primeira vez que mostro a opinião de ninguém menos do que o Dr. Alexandre Vital Porto, escritor e diplomata. Mestre em direito pela Universidade de Harvard, intitulada A UTOPIA DE UM MUNDO SEM DROGAS, no seguinte teor:

Os astecas comiam cogumelos alucinógenos; os antigos hindus fumavam maconha; os romanos misturavam ópio ao vinho. Parece que nunca houve sociedade sem drogas.

Sem contar os usuários das drogas já regulamentadas, como álcool e tabaco, atualmente, entre 3,4% e 6,6% da população adulta do mundo utilizam drogas ilícitas, como maconha, cocaína e anfetaminas.

A maioria destes fará uso eventual, sem maiores consequências ao longo da vida. No entanto, de 10% a 13% desenvolverão problemas de saúde, como dependência, ou contaminação por HIV e doenças infecciosas. O que era para ser recreativo vira patológico.

De cada cem mortes no mundo, uma decorre de atividades relacionadas ao tráfico de narcóticos. Estima-se que os custos dos problemas de saúde relacionados ao uso de drogas ilícitas alcancem de US$ 200 bilhões a US$ 250 bilhões anualmente.

Os prejuízos causados pela atividade ilegal – mas muito lucrativa – são absorvidos pelo conjunto da população. É como se o povo subsidiasse os traficantes com incentivos fiscais. É o pior de dois mundos.

Em 1961, a ONU aprovou sua Convenção Única sobre Entorpecentes com o objetivo de combater o problema das drogas por meio da repressão à posse, ao uso e à distribuição. O documento, assinado por 184 países, tornou-se, em grande parte, base conceitual para a elaboração das legislações mundiais sobre o tema.

No entanto, mesmo em países com leis especialmente severas, como Arábia Saudita e Cingapura, o tráfico e o consumo de drogas persistem. O exemplo clássico da ineficácia desse enfoque, a Lei Seca, tentou proibir o consumo de álcool nos EUA entre 1920 e 1933. O que acabou conseguindo foi transformar Chicago num antro de crime e criar personagens da linhagem de Al Capone.

Enquanto se persegue a utopia do mundo sem drogas, o comércio internacional de entorpecentes movimenta cerca de US$ 300 bilhões por ano. Em lugar de contribuir com impostos, esse dinheiro paga propinas e estimula a corrupção das instituições democráticas.

A história mostra que parte da população mundial vai continuar se drogando. Mesmo que, para isso, tenha de desafiar as leis. Se políticas de repressão estrita funcionassem, o Irã não teria uma das legislações mais severas quanto ao tema e um dos piores índices de dependência de heroína do mundo.

Os países que resolveram enfrentar a questão por meio de políticas inovadoras, que consideram o tema como de saúde pública e incluem a descriminalização do consumo de drogas leves, como a maconha, têm tido resultados encorajadores na reabilitação de usuários e no combate à criminalidade e outras consequências negativas da dependência.

A proibição das drogas só dá lucro aos traficantes. Não elimina o consumo nem seus efeitos deletérios, mas impede o controle, a tributação e potencializa o problema. Torna-se um fator de corrupção. Mas, acima de tudo, é irrealista. É tempo de considerar que "um mundo livre de drogas", como quis a ONU, talvez não seja possível. O jeito é conviver com elas pagando o menor preço.

Como se vê, para quem pensa, o problema das drogas vai muito mais longe do que acreditam aqueles jovens pais a quem a religião castrou a capacidade de raciocinar ao inutilizar sua capacidade de pensar. Os jovens que lotam igrejas para discutir as palavras de Cristo, deveriam pensar, por exemplo, no que diz o filósofo Josten Gaarder, na página 79 do maravilhoso livro O Mundo de Sofia, quando afirma que o fato de não ter Jesus Cristo, assim como Sócrates, deixado nada de escrito, tudo o que se sabe sobre eles foi dito por Platão, discípulo de Sócrates, e os apóstolos de Cristo, seus seguidores. Desse modo, muita coisa considerada oriunda do pensamento de Sócrates ou de Jesus Cristo pode ter sido envernizada pela tendência humana de dar às informações o colorido de sua preferência. É mesmo estranho que se possa ter como certo algo de que só se ouviu falar sobre o que alguém disse para alguém que finalmente chegou até ao ouvido dos jovens pobres de espírito que acatam todas as sandices que ouve sem a menor disposição de conferir se bate com a realidade. Outro dia, alguém que pela voz se tratava de uma jovem, ligou aqui para casa e pediu para falar com Sara. Depois, Sara me disse tratar-se de um convite para uma cerimônia religiosa. Lamentei não ter ela falado comigo. Com minha inexplicável preocupação com o destino das criancinhas rechonchudas, perdi a oportunidade de avisá-la para sair fora desse negócio de religião antes que ela lhe cepe fora do corpo a cabeça. Inté.

      

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

ARENGA SETENTA E SETE


Perde-se muito tempo com erudição em detrimento da sensatez de se dedicar tempo na busca do conhecimento da sociabilidade porque disto resultaria um modo mais inteligente e melhor de se viver. Empanturrar-se de veneno vindo dos alimentos, da água e do ar é um modo muito burro de viver, e é preciso passar isso pra os jovens ainda vivem na burrice. Entretanto, as pessoas mais capacitadas a soldados na batalha de colocar racionalidade nas sociedades humanas de modo que a gente não precisasse ter medo de nada. Mas tais pessoas são as primeiras a discutir se os anjos tem pintos ou xerecas em vez de se empenharem numa discussão inteligente sobre o porquê de tanta desarmonia se a ninguém é dado desconhecer a vantagem da harmonia. Algo de muito estranho acontece com a humanidade, e acontece em dobro nos locais considerados terreiro da humanidade onde os americanos das bundas brancas que saem das igrejas para jogar bombas sobre criancinhas e arrancar-lhes os braços vem depositar seu lixo hospitalar e pneus usados que os frequentadores de igrejas, axé e futebola de cá compram por ser “chic” rodar sobre pneus velhos, mas vindos de Me Ame.

Embora haja muita gente com capacidade suficiente para tirar do alheamento pobres infelizes que não tiveram oportunidade ainda de aprender que existem coisas infinitamente mais importantes na vida do que ajuntar dinheiro além do necessário para não precisar ficar no frio e com fome, as pessoas capacitadas para a nobre tarefa de levar algum conhecimento a quem desconhece embrenham-se na discussão sobre os assuntos sobre os quais os antigos pensadores pensaram. Uma conversa de ninguém menos do que frei Leonardo Boff exemplifica bem a afirmação de ser desperdiçado o tempo com a erudição em detrimento da prática. Nada há de importante no falatório daquele ilustre pensador do ponto de vista da preocupação com a triste realidade vivida pela sociedade com seus corredores de hospitais transformados em vale de lágrimas. Copiei um trecho da conversa do eminente professor de teologia e figura de destaque entre os poucos que se dedicam ao exercício do pensamento. Duvido que alguém possa encontrar ali algo que induza as pessoas ao conhecimento da solidariedade humana. O trecho copiado vem a seguir em negrito:    

  “Muito se fala hoje de quebra de paradigmas. Mas há um grande paradigma, formulado já há quase um século, que oferece uma leitura unificada do universo, da história e da vida. Ousamos apresentar algumas figuras de pensamento que o caracterizam.

 Número um: Totalidade/diversidade: O universo, o sistema Terra, o fenômeno humano estão em evolução e são totalidades orgânicas e dinâmicas construídas pelas redes de interconexões  das múltiplas diversidades. Junto com a análise que dissocia, simplifica e generaliza, faz-se mister síntese pela qual fazemos justiça a esta totalidade. É o holismo, não como soma mas como a totalidade das diversidades organicamente interligadas”. Então, se as pessoas que pensam empregam seu pensamento em palavreados inúteis e se às autoridades interessa uma população incapaz de pensar, fica impossibilitado ao povo tomar conhecimento de certas realidades que ele desconhece e que demorará tanto tempo para perceber quanto demorou para mim pelo fato de ter que descobrir por minha própria observação. Quando se tem quem as mostre, as tais realidades são percebidas com mais rapidez e chaga junto com a percepção do que quis dizer a promessa de guilhotina azeitada e afiada feita pelo governador de São Paulo. É aqui que a porca torce o rabo. A realidade da vida não pode ser do conhecimento de quem vive, o que não tem razão de ser. O que será que significa a frase do citado governador ao dizer que se o povo soubesse o que se passa por baixo do pano haveria de faltar guilhotinas? O que será que se passa por lá por baixo desses panos? Dá vontade de arribar prá olhar, dá não? Dá, sim. Como é que alguém chega no emprego esfarrapado e sei de lá nos trinques, lustroso e tão poderoso que vai trepar no céu? Embora estas coisas sejam de encabular, as pessoas ficam a jogar pensamentos fora em vez de ficarem intrigadas com elas. Eis o que disse um cientista da altura do doutor Christian Gauderer, de cuja capacidade se pode tomar conhecimento pedindo ao amigão Google  a matéria intitulada UM PSIQUIATRA INFANTIL FALA SOBRE MACONHA E OUTRAS DROGAS. Pois é um homem da capacidade de pensar demonstrada na matéria com o título acima que também é capaz de jogar pensamento fora ao afirmar o seguinte: A caça às bruxas se dá pela inveja que os homens têm do poder da mulher de gerar filhos”. Isto é desperdício imperdoável de pensamento porque não é crível que homem vá ter inveja do ato de parir atribuído pela natureza exclusivamente às fêmeas, considerando que homem sempre definiu quem encontra na fêmea sua necessária parceria sexual. Portanto, está o doutoríssimo também a desperdiçar pensamento. Entretanto, para piorar ainda mais as coisas, há quem desperdice seu pensamento induzindo pessoas ao erro. É falso que existam guerras necessárias, pelas quais vale a pena lutar porque o que vale mesmo é o bem-estar e ele não pode ser encontrado na guerra. Não obstante esta evidência, o historiador inglês Max Hastings afirma esta sandice em entrevista à revista Época, intitulada GUERRAS SÃO NECESSÁRIAS que o amigão Google terá prazer em mostrar a quem lhe pedir.

Então, vamos aproveitar o tempo para diminuir a falta de conhecimento dos pobres coitados que não sabem ainda ser a realidade da vida bem diferente daquela que imaginam. Embora os jovens nem mesmo acreditem que vão envelhecer, vão com toda certeza e seria melhor que esta cambada tirasse uma média entre as alegrias do requebramento e os gemidos da velhice cuja maior parte se deve exatamente aos requebros porque todos requebramos e todos gememos. Não há como escapar a esta realidade. Quem viver verá. Inté.