quarta-feira, 4 de maio de 2022

ARENGA 654

 

Depois da religiosidade, entre as muitas outras falsas crenças nas quais se fundamenta o comportamento humano desponta a excelência da democracia como a segunda mais prejudicial. Embora pudesse ser benéfica à humanidade, a democracia é prejudicial. E não pode deixar de ser devido ao estado mórbido de ignorância que a religiosidade impõe aos seres humanos de forma tão avassaladora que praticamente anula no homem a capacidade de raciocinar e o torna tão inocente que é capaz de conversar com estátua e comprar feijão milagroso. Como poderiam seres tão ingênuos fazer uma escolha acertada para que as vantagens da democracia pudessem se materializar? Por esta razão é que para o bem da juventude os pais não devem prescindir de meditar profundamente sobre como evitar continuar transmitindo para os filhos o que aprenderam dos avós deles uma vez que deste aprendizado resultou a infelicidade das guerras, destruição da natureza, doenças, fome, violência e putaria televisiva invadindo os lares, transtorno mental levando jovens à depressão e suicídio além de tamanha estupidez que a meditação é considerada desperdício uma vez que tempo é dinheiro.

Se há implicância deste cantinho de pensar quanto à religiosidade, e realmente há, é uma implicância tão justificável quanto a de quem implicasse em não beber o veneno que lhe fosse oferecido. Não se pode prescindir de mudança se o mundo se encontra a mercê de um sistema financeiro que por meio de um estelionato legalizado se aproveita da falta de conhecimento de quem procura resguardar suas economias da inflação para lhes roubar livremente, mau exemplo aprendido da religiosidade que vendendo falsas promessas arranca imensa riqueza de pobres diabos que escrevem foi deus que mim deu em seus carrinhos ordinários. Nem é diferente com a política que de responsável pela organização da sociedade humana passou a ser responsável por sua desorganização vez se encontrar a sociedade humana em tamanha desordem que um por cento dos seres humanos detêm maior riqueza do que os noventa nove por cento restantes.  

É, portanto, boa ação implicar contra os males dessa trilogia satânica sistema financeiro/religiosidade/má política que desde sempre se nutre do desconhecimento a fim de desfrutarem seus líderes de vida faustosa de tripa forra. Enquanto a religião convence o ser humano de ser deus o responsável por seu destino, a má política disso se aproveita para dar expansão à maldade natural do ser humano ainda não civilizado para engendrar uma política tão má que entra em conluio com o sistema financeiro criminoso e o resultado são levas de necessitados infernizando a vida de quem ainda não precisa se marginalizar para tomar-lhe o que consegue ter a duras penas. Tudo é falso no mundo. Uma pergunta cala na consciência de quem superou a fase triste de povo: estará a humanidade condenada à infelicidade?

Não! Não é o que acontece. Se assim tem sido é por falta de interesse em viver a realidade em vez de se contentar com as mentiras de sempre que têm entre os males delas decorrentes o de eliminar a vantagem que poderia proporcionar ao bem-estar social o instituto da democracia de que tanto falam papagaios de microfone e cientistas de politicagem, mas que só não acontece em virtude de ser o eleitorado incapaz de distinguir entre falso e verdadeiro para que pudesse não se deixar iludir com falsas promessas e fazer melhor escolha entre a plêiade de malandros que se apresentam com intuito inconfessável. Como não é esse o caso, e a escolha é decidida por quem está mais interessado na cor da fumaça na chaminé do Vaticano, em saber com que “famoso” determinada “famosa” está trepando, ou se a bola passou do lado ou entre as pernas do goleiro, o resultado é se ter ladrão responsável pelo erário.

Embora com o tempo seja inevitável o despertar para a realidade, este despertar tem sido retardado propositadamente para que se perpetue este estado mórbido de indolência mental que tanto beneficia aproveitadores desavergonhados e perversos. No dia 02/05/2020, às cinco horas da manhã, na rádio Bandeirantes AM de SP, que desempenha o baixo papel de arauto do pão e circo, papagaio de microfone dizia de lá que Alagoas tem políticos importantes como Renan Calheiros e Artur Lyra. Quer dizer, então, que político que carrega a pecha de ladrão é importante? E ninguém se incomoda com tamanha inversão de valores? Por que o papagaio de microfone diz ser importantes dois políticos que respondem por roubo, mas não mencionou Heloisa Helena que não enriqueceu na política? Desta forma, sendo a preferência pela má política, estaremos concordando em viver numa sociedade de gatunos na qual não há lugar para verdade, moralidade e honradez. A malandragem é tão clara que a faculdade de escolha, a periodicidade e o direito de substituição do eleito que mija fora do penico, corolários dos arautos da democracia, caem por terra se do direito de escolha resultam ladrões no poder, da periodicidade e do direito à substituição resulta a reeleição e o continuísmo da locupletação. Se a cultura em voga no mundo do venha a mim e os outros que se danem tem a locupletação por finalidade, evidente é a impossibilidade de haver administração pública correta sem que o interesse do povo não seja trazido de deus e do pão e circo para o problema de estar o bem-estar social fundamentado numa tal de economia política a respeito da qual, na página 18 do livro Novas Confissões De Um Assassino Econômico, de John Perkins, é dito o seguinte: “... é importante notar que a palavra capitalismo se refere a um sistema econômico e político em que comércio e indústria são controlados por proprietários privados e não pelo Estado”. Aí está algo capaz de esclarecer a razão do descompasso humano. Sendo lucro ilimitado e a qualquer custo o combustível do proprietário privado, deixar que a usura desses degenerados mentais jogue solta sem que o Estado lhes encurte as rédeas resulta no descalabro de haver quem possua riqueza para viver mil vidas ao lado de quem morre de fome, o que, inevitavelmente, levará ao desastre.

Ou haja um trabalho que revertendo o efeito do pão e circo traga para a administração da riqueza pública o interesse do povo ou instalar-se-á o caos para infelicidade das criancinhas de hoje porque a realidade vivida é a seguinte: quando empresários (dos quais depende a economia da qual depende o bem-estar social) de determinado setor, como acontece nesse momento com o setor de combustíveis resolvem substituir por modelos mais novos seus iates e comprar novos para os filhos, adquirir jatinhos, celulares, automóveis, helicópteros e mansões mais luxuosos e modernos, se para fazer isso precisam aumentar em vinte por cento o preço de seu produto (combustível, como acontece nesse momento), aumentam-no em cinquenta por cento, provocando o tremendo alarido do ídolo de pau oco de uma juventude oca, Roberto Carlos. Infindáveis mexericos da papagaiada de microfone e cientistas de politicagem se alevantam então em grande alvoroço. Afirmam alguns deles não haver motivo para tamanho aumento; dizem outros ser o combustível mais caro do mundo e de qualidade mais inferior, enquanto garantem outros que a responsabilidade é da Rússia e para outros é do chuchu ou do pimentão. Passado o alvoroço e as imensas filas para encher o tanque de carrinhos ordinários onde se lê foi deus que mim deu e acostumado o povo com o aumento de cinquenta por cento, tomando Romanée Conti e mamando caviar Beluga em novos e esplendorosos iates, mansões com carrões na garagem e luxuosos helicópteros nos helipontos, os empresários retiram os trinta por cento excedentes do aumento e a malta ignara de frequentadores de igreja, axé e futebola respira aliviada e satisfeita enquanto a papagaiada de microfone e cientistas de politicagem fazem nova festa para enaltecer a democracia cuja política teria trazido tamanho benefício ao povo.

Vamos encerrar essa “prosa” sobre a impossibilidade de poder a instituição democracia funcionar bem lembrando que ela se fundamenta na faculdade de poder escolher a quem eleger, o que corresponde ao direito de decidir quem deve ir para o trono da vida dourada proporcionada pelo cofre do erário que garante tripa forra em devorteios mundo afora e riqueza para levar prá casa. Mas, como ensina Fábio Konder Comparato, na página 13 de A OLIGARQUIA BRASILEIRA, a decisão só é legítima quando não é influenciada por sedução. Portanto, será ilegítimo o direito democrático se a escolha é influenciada pela sedução da arte de explorar a estupidez humana, a propaganda, que a custo de cinco bilhões pagos a malandros habilidosos na arte de seduzir, conhecidos por marqueteiros, induzem o eleitorado a votar em fulano ou beltrano.

E assim é que entramos pelo pé de pinto e saímos pelo pé de pato e meu senhor mandou dizer prá contar mais quatro.